domingo, 8 de fevereiro de 2009

OCEANOS 1980

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O MISTÉRIO DOS CARGUEIROS NAUFRAGADOS

Lisboa, 26/10/1980 - Consultando a lista de cargueiros afundados durante os anos de 1978, 1979 e 1980, salta à vista a frequência de desastres, explosões, afundamentos, desaparecimentos «misteriosos» ou naufrágios em condições que testemunhas e entidades responsáveis confessam «estranhas» ou «impossíveis».
O afundamento da plataforma petrolífera «Alexander Kielland» por exemplo, era considerado «impossível» ... antes de acontecer.
Entre as várias hipóteses possíveis para explicar esta frequência, eis que a mais cruel e desabrida imaginação se recusa a colocar aquela que é provavelmente a mais lógica e a mais próxima de ser a causa verdadeira. A causa que «explica» tantos desastras inexplicáveis. E a hipótese entre todas inimaginável - como quase tudo o que hoje sucede no campo dos impactos ecológicos provocados pelo terror tecno-industrial - é que a lógica desse sistema de destruição leva os proprietários de cargueiros à sua destruição.
Dado que os seguros são, muitas vezes, quantias substanciais e atractivas, torna-se mais rentável (a palavra mágica da civilização do holocausto) destruí-los do que mantê-los, especialmente se já se encontram na fase de receber frequentes e caríssimas reparações em estaleiros como os da Lisnave, cada vez mais congestionados.
Mesmo parados, em qualquer porto, o aluguer é, normalmente, tão elevado, que nenhum armador tem interesse em manter paralisados cargueiros em geral e petroleiros em particular.
Melhor solução, porque mais económica: afundá-los, de preferência com cargas de resíduos perigosos e tóxicos, eles também com problemas de arrumação e despejo por todo o Mundo, por causa das campanhas dos perigosos ecologistas.
Junta-se assim o útil ao agradável, ou seja, de uma cajadada (afundamento «acidental») matam-se dois coelhos: cargueiro com o prazo de validade já ultrapassado e resíduos que não tenham onde cair mortos.
Se o afundamento de cargueiros obedece de facto a esta «lógica», é evidente que vamos assistir, ritmadamente, a esse espectáculo, até que as agências noticiosas, quando a coisa se banalizar, deixem de dar a notícia.
Se as duas razões apontadas são causa dos afundamentos, é óbvio que a série não vai parar: o que irá parar, evitando o escândalo e se é que o escândalo ainda é possível quando se tornou rotina, são as notícias dos afundamentos.
Como se sabe, o que hoje em dia não é notícia, especialmente notícia de telejornal, ou não vem na Internet, não existe.

Maremotos, ondas gigantes em mar calmo, e outras estranhas (ou apenas anómalas) ocorrências são hoje frequentes nos noticiários das agências internacionais. Verifica-se também que esses desastres têm o ar de «vir às ondas», quer dizer, de vez em quando regista-se uma «revoada» de desastres idênticos, em vários locais do globo.
Mero e puro acaso, dirá o místico de serviço.
A hipótese de um movimento ecologista internacional que estivesse a tentar sabotar o progresso e o desenvolvimento da magnífica sociedade industrial, é plausível, até porque os ecologistas se têm notabilizado por usar meios terroristas de acção e não se coíbem de colocar bombas onde cheira a progresso.

Outra hipótese, mas esta de rejeitar à partida, porque já todos os sismólogos, antropólogos e outros especialistas em progresso afirmaram que tal hipótese não tem sentido nem faz lógica nenhuma, é de que estas séries de desastres com cargueiros possam ter origem nos famosos rebentamentos subterrâneos de bombas atómicas no atol da Muroroa (França), deserto do Nevada ( USA) e no perímetro de Semipalatinsk (URSS), os tais rebentamentos que também não existem, porque as agências noticiosas internacionais raramente os noticiam.
E os que raramente noticiam, nunca chegam aos Telejornais e à Internet: motivo mais que óbvio para que nunca se tenham realizado os 5.798 rebentamentos subterrâneos de bombas termonucleares que já se realizaram.
Especialmente as bombas francesas, que rebentam no Atol da Muroroa, parecem ter o seu maior impacto sísmico nos mares e oceanos.
No deserto do Nevada (USA) e no Semipalatinsk (URSS) os reflexos sísmicos são principalmente na parte emersa da crosta ou plataforma continental, até porque aquelas duas superpotências, com a experiência de 16 anos que já têm, podem teleguiar os sismos com muito maior rigor e segurança.
Não é preciso falar de guerra sísmico-nuclear, porque ela é um facto. Mas a verdade também é que não existe, porque as agências noticiosas internacionais não falam disso, muito menos os jornais e tele-jornais, e muito menos a Internet-que-sabe-tudo-de-tudo, alguma vez registou essa palavra.
Estamos no domínio da pura ficção científica.

Mais uma hipótese, vulgar mas plausível, para explicar esta série de cargueiros afundados, é que começa a existir um stock de cargas indesejáveis, de lixos e detritos, de substâncias venenosas, tóxicas ou explosivas, que os proprietários têm sérias dificuldades em armazenar, porque os espaços estão cada vez mais congestionados, porque há países com legislações de meio ambiente muito severas e porque, no fim de contas, é muito fácil - a pretexto de naufrágio acidental - deixar no fundo do oceano as cargas que de outra maneira criariam inúmeros e mesmo incalculáveis problemas.
A hipótese da destruição deliberada de navios com cargas poluentes de primeira classe, torna-se tanto mais verosímil quanto mais terríveis forem estes poluentes e maiores dificuldades, por culpa dos ecologistas, haja onde os lançar.
É uma hipótese de ficção científica mas, observando a lista de cargueiros partidos, naufragados, desaparecidos, etc, é caso para a gente exclamar: «Si non e vero, é benne trovato».
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quinta-feira, 7 de novembro de 2002

OCEANOS: UM TEMA A QUE TENHO DE VOLTAR ANTES DA EXPO 98

[18-6-1994] - Quando, em 26/10/1980 me interrogava, no jornal «A Capital», sobre «Os Mistérios do Mar» e sobre «O Mistério dos Afundamentos de Cargueiros» - fenómeno então quase diário - , podia lá saber que, em 26/Maio/1993, 13 anos mais tarde, o Comissário Mega Ferreira iria enviar-me uma carta a convidar-me para um brain storming sobre os oceanos, porque entrementes os oceanos ficaram na moda, todos os comissários começaram a defendê-los e a ficar preocupados com o suicídio das baleias e outros mamíferos de grande porte que não era costume, antes do petróleo e das radiações, suicidarem-se.
Espero que a Expo 98, auge da civilização que deu mundos ao mundo e extinguiu praticamente as espécies, incluindo as de alto mar, venha dar a resposta às perguntas que ficaram sem resposta - sobre a extinção dos oceanos, no meu artigo de 26/10/1980 e de 15/11/1980 de «A Capital». Que até nem tenho a certeza se ficou inédito. Por isso guardo o original, bastante mal dactilografado, graças a Deus.
Mais títulos publicados sobre Oceanos:
- Internacional Ecologista, in CPT, 15/11/1980
- Alarmismo, CPT, 15/11/1980
- Fundos Oceânicos, CPT, 15/11/1980
- Sismos no Mar - A Grande Vaga do Natal, CPT, 3/1/1981
- SOS Oceanos, CPT, 28/3/1981

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