terça-feira, 10 de maio de 2011

MICHEL FOUCAULT: HISTÓRIA DA LOUCURA


O «milagre» de que algumas terapias apropriadas são «acusadas», é apenas um fenómeno vulgar que o estado pré-científico da ciência médica explica e provoca. O «milagre» resulta de uma simples relação lógica e ecológica, linear, de causa-efeito, que a medicina ainda não conseguiu enquadrar. Neste sentido, a medicina moderna está cada vez mais afastada da ciência das evidências ou do «fiat lux» que é a relação causa-efeito, repentinamente descoberta. Quanto mais a ciência moderna se afasta da condicionante ecológica, mais se afasta da relação entre causas e efeitos.
Quando se trata a história da Medicina, no entanto, sempre em termos de glorificação heróica, identifica-se com a história do combate (a posteriori) à doença, evidencia-se o carácter épico, desmesurado e ciclópico dessa luta. A história da loucura narrada por Michel Foucault na sua obra célebre «Histoire de la Folie à l'Age Classique», é um hino colossal à tenacidade humana contra esse flagelo - a loucura - que assolou e assola a espécie.
Poder-se-á perceber a reacção violenta que as soluções terapêuticas simples de Alquimia Alimentar - como a Oligoterapia, a Homeopatia ou a Macrobiótica - poderão obter ainda das pessoas, doutrinadas numa ideia de complexidade abismal em que a doença ainda mergulha. Vamos supor que o tratamento de um terreno orgânico carente em lítio, por exemplo, pode eliminar todos os sintomas da esquizofrenia (rótulo usado pela Psiquiatria). Quem irá acreditar, se a medicina nunca conseguiu debelar essa doença? Quem irá aceitar a simplicidade da terapia? Não admira que algumas proezas rocem o fantástico, quando a actuação humana é ainda tão pouco científica, quer dizer, tão incapaz de relacionar causa e efeito e de ir à causa rerum do que acontece. [1990]