domingo, 28 de dezembro de 2008

HÁ JÁ 19 ANOS

Lisboa, 9/12/1989 - Só tinha previsto, na Crónica do Planeta Terra, que se usasse a energia solar para refrigerar reactores de centrais nucleares.
Afinal já está na rua, no mercado, a energia solar para irradiar doentes. Confesso que essa não me tinha passado pela mente.
Coloca-se assim, mais uma vez, a questão das ecotácticas desligadas de uma ecoestratégia, questão tantas vezes referida nestas CPT.

HÁ JÁ 21 ANOS

1-6-chumbo-1- merge de 8 files de 1987-todos estes files existem individualizados, com títulos de data e alguns com recorte anexo – inéditos ac com anexos

8 CENAS DE CAÇA EM 1987: 3.3.1987 A 1.12.1987
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87-03-03>
3. Março.1987
Como o uso da gasolina sem chumbo obriga a meter no carro um conversor que custa 100 contos - preços do primeiro semestre - espera-se que milhares, mesmo milhões de portugueses com carro vão já a fugir meter conversor no carro só para proteger o ambiente e para que o ar não seja mais poluído com Chumbo.
Pergunta de um "chumbado" : será mesmo como foi dito ou é mais uma forma de gozar ao Carnaval com as vítimas de sempre?

Fazer depender a saúde pública dos contribuintes, de uma despesa de 100 contos a fazer por cidadãos particulares também contribuintes, o que será senão uma bisnagada de Carnaval?

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«INGERÊNCIA» NOS NEGÓCIOS INTERNOS

19.Março.1987

A ciência está de facto entre essas entidades supra-nacionais, que se permitem entrar portas adentro de um País, devassando, investigando, explorando, rotulando, sem pedir licença e sem que ninguém diga basta, ao abrigo não sei de que imunidade .
O que os cientólogos do Hospital Claude Bernard, de Paris, se permitiram fazer em Cabo Verde, a pretexto de aí pesquisarem, em Março de 1987, os portadores do vírus da sida (como eles dizem) exemplifica o poder que determinadas entidades possuem para, completamente fora de qualquer lei, e provavelmente até ao abrigo de qualquer acordo científico e tecnológico, agirem e devassarem até à vida privada os cidadãos de um país.
Ponto de partida que serviu de pretexto à invasão: rotulado de sida, um doente cabo-verdiano internado em Lisboa, no Hospital Egas Moniz, foi o pretexto para que uma equipa médica do Hospital Claude Bernard caísse em bando nas ilhas do Sal e Santiago, onde recolheram 360 amostras de sangue, em hospitais, cadeias e estabelecimentos militares.
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1-3

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87-05-08

8.Maio.1987

De vez em quando vem a público um caso, como o da senhora vítima de um desastre no autocarro da Carris ( Semanário " Tal & Qual", 8.Maio. 1987), que espera justiça há 19 anos!
Não só estes casos fazem qualquer pessoa embasbacar de espanto, não só as intocáveis instituições implicadas, intocáveis continuam, como ficam por revelar os casos intermédios e anónimos que todos os dias ocorrem, sem advogado que os defenda (porque o advogado também leva a dinheiro e só tem advogado quem o pagar).

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87-06-27>

EIS O NOVO TESTE PSICOTÉCNICO

27.Junho.1987

A lembrar que a luta de classes não foi uma invenção de Karl Marx mas permanece, no dia a dia aparentemente pacífico das nossas sociedades, eis o novo teste psicotécnico, com o nome de "Token-Teste", apresentado no Porto, em 26 de Junho de 1987.
Segundo o especialista que apresentou mais esta maravilha da técnica, da psicotécnica, temos - sob a capa da ciência avançada - os clássicos ingredientes do ódio de classes, só que já devidamente liofilizado , com os "inferiores" suficientemente neutralizados para não darem problemas aos manipuladores das inteligências infantis e juvenis.
O discurso da classe dominante sublinha, várias vezes, os "mais inferiores", os mais dotados, os mais altos, os mais infelizes, os mais abjectos, os mais menos e os menos mais.
Quem estabelece todas estas hierarquias, quem escolhe, quem avalia, quem rejeita, quem elimina, quem aproveita, quem examina, quem decide que alguém é inteligente, estúpido ou assim-assim?
É a cena eterna: vencidos e vencedores, frente a frente, no eterno espectáculo do niilismo humano.
Que hoje chama os jornais e dá conferências de Imprensa, em nome da ciência e do progresso.
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87-08-11

INFORMAÇÃO ACESSÓRIA PARA DESINFORMAR

11. Agosto.1987

O diluvio de informação acessória para desinformar ou não informar sobre o essencial, eis uma das constantes do Macro-sistema detectáveis no intervalo dos acontecimentos importantes.
Um vespertino, hoje mesmo, 10 de Agosto de 1987, descobre como novidade uma realidade que está mesmo debaixo dos nossos olhos e que topamos na rua sem dar por ela.
Independentemente do grau de demagogia que sempre possa haver nestas descobertas de "assuntos escaldantes" por parte de uma Imprensa que se especializou em frivolidades (talvez por exigência do leitorado) e só se ocupa de questões sérias quando falta assunto (Verão ou Natal, por exemplo), independentemente do exagero que haja nesta generalização, o que importa reter desta reportagem sobre as inalação de cola pelos jovens, é isto:
- A Informação é hoje,  uma forma de desinformar
- O conhecimento prático dos problemas e dramas é inversamente proporcional a avalanche inflacionaria do chamado conhecimento científico, teórico e abstracto
- Estas toneladas de ciência que nos afogam, esta inflação de informação funciona, por esmagamento, como um dos principais factores de não-informação e desinformação
- As prioridades na sociedade industrial estão invertidas e o que toca o número, o cifrão, o dólar, o barril de petróleo, o cálculo, a contabilidade, é sempre mais importante do que o que fala dos dramas humanos, das pessoas, do sofrimento dos que sofrem.

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87-09-09

AVENTURAS DE UMA RETRO-ESCAVADORA

9.Setembro.1987

A eventualidade de Lisboa ficar coberta de gás butano desencadeou, no dia 9 de Setembro de 1987, uma série de mecanismos mentais que  parecem típicos do sistema e a que ele recorre  para sair ileso e impune (moralmente ileso e impune) dos delitos cometidos.
Foi óptimo  porque foi acidente, foi "asneira" de uma retro-escavadora mecânica (falha humana, leia-se), quando andava, em Beirolas, em operações não se sabe de quê, mas pressupõe-se de construção civil, a febre do século.
Mas andaria mesmo a retro-escavadora em andanças de construção civil?
Serviço de tanta necessidade e transcendência, é claro que não se pode questionar o facto de haver toneladas de gás butano armazenadas com uma cidade de um milhão de pessoas ao lado.
Todos fazemos por esquecer esse tipo de pesadelo, pois já nos bastam outros. E como os órgãos de informação têm que dizer alguma coisa, verberam então a falta de "planos" com a rede de pipelines subterrâneos, de modo a que os construtores civis em acção na respectiva área saibam onde não devem furar.
Mas que andava a escavadora a escavar numa área minada de canalizações de gás?
Mais: Nossa Senhora de Fátima já disse, em entrevista à Agência Lusa, que protegia esta terra portuguesa. Mas não estaremos nós a abusar das boas graças da santa?
Porque - note-se - mais uma vez e como é típico da tragédia  portuguesa, a grande catástrofe só não aconteceu pela tal unha negra, que começa também a ser uma das nossas instituições mais queridas.
Quis Deus, para quem acredita n' Ele, que o gás saído da conduta furada pela escavadora (que andava a escavadora ali a fazer?) se incendiasse de imediato.
De contrário, ter-se-iam espalhado por Lisboa e arredores as 70 toneladas de gás butano.

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87-12-01

A OUTRA ORELHA DE VAN GOGH

l. Dezembro.1987

"Baixa a bolsa, sobem as cotações na (bolsa da) Arte" - dizia Amaral Pais, no "Jornal das Nove" (e dez) do dia l de Dezembro de 198?.
Era a propósito de um Van Gogh "Os Lírios", que atingiu, ao que parece, o valor de sete milhões de contos, quase o Orçamento do Estado português.
A relação de vasos comunicantes entre a Bolsa de Valores e a Bolsa das Artes Plásticas é, de há muito, uma evidência , sem que, no entanto, haja  um grande interesse em enfatizar essa evidência.
Convém que o negócio esteja relativamente resguardado dos curiosos e, principalmente, dessa praga que são os amadores metendo-se ao jogo de mistura com os profissionais.
Longe vão os tempos em que o Van Gogh escrevia ao seu irmão Lheo pedindo-lhe que lhe valesse num suprimento de comida, longe vai o tempo em que o fisco perseguia os poetas e artistas, longe vai o tempo em que o artista (plástico) comia (quando não comia pau de marmeleiro) o pão que o diabo amassava com vinagre, às segundas, quartas e sextas feiras, guardando aos domingos o santo nome de Deus.
A velocidade das "mudanças" só assusta os covardes:cada dia uma nova moda, e agora a moda é o que está a dar.
Cada dia a bolsa sobe, cada dia desce, cada dia um artista sobe na girândola da fama, cada dia desce.
E nós, os escribas acocorados, cá estamos para o sobe-e-desce de todas as bolsas.
Um Van Gogh por sete milhões?
"Se lá no assento etéreo onde subiu, memória desta vida se consente, seria que o Van Gogh cortaria, de raiva e de horror, a outra orelha?■

HÁ JÁ 24 ANOS

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EUCALIPTAR SEMPRE: DUAS POSIÇÕES DE 1984

O semanário «Cidade de Tomar», em 27-7-1984, publicava duas notícias que continuam actuais e sem resposta cabal dos especialistas.
A que ordens obedecemos? Que estratégia está institucionalizada? Quem manda afinal nos eucaliptos a plantar e a desplantar?
Em 1985, já o PREC ia longe. Mas ainda houve alguém, em Santarém, que tentou discordar para logo tudo voltar ao silêncio dos túmulos.
O assunto, 22 anos depois, tem duas alíneas que passamos a transcrever:
a)O Banco Mundial, sempre intrometido nos negócios internos do País, mandava vir aconselhando Portugal a «florestar» , quer dizer, a eucaliptar ainda mais.
b) Um seminário na Escola Superior Agrária de Santarém, em 24 de Junho do mesmo ano, discordava do programa de florestação a mando do tal Banco.
Agora as 2 notícias, tal e qual:

Notícia nº 1

««MAIS ÁREA PARA FLORESTAS E MENOS PARA A AGRICULTURA
«ACONSELHAM OS TÉCNICOS DA BANCO MUNDIAL

«A exploração florestal em território português (continental) ocupa uma área correspondente a 34 por cento, enquanto um pouco mais de 50 por cento é dedicado à exploração agrícola - precisamente o contrário do que devia acontecer.
«Quem o afirma são os autores de um estudo do Banco Mundial sobre o Programa de Assistência Técnica do Projecto Florestal Português, os quais, no seu relatório, dizem que, «de acordo com a aptidão do solo português, 59 por cento deveria estar afecto à exploração florestal e apenas 25 por cento à exploração agrícola.»
«Segundo os especialistas do Banco Mundial, a utilização do solo português tem-se caracterizado por profundas distorções face à sua aptidão e a política florestal não tem conseguido uma maior racionalização da gestão dos recursos florestais,
«Quanto ao regime de propriedade, os autores do estudo salientam a importância do sector privado, que representa 73,5 por cento da área florestal no abastecimento dos produtos florestais, e a área de arborização de eucalipto, feita pelas empresas industriais, que é de 88 por cento.
«Na região centro do país, que engloba os distritos de Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Leiria e Santarém, a área florestal corresponde a 38,3 por cento, enquanto no conjunto do país esta região ocupa 44,1 por cento da área.
«O sector dos produtos florestais é, no entanto, fortemente exportador, registando um saldo comercial favorável ao país que, em 1983, foi de cerca de 60 milhões de contos.
«As reduzidas arborizações efectuadas entre 1960 e 1980 são a causa principal da redução da oferta da madeira em bruto no que respeita ao pinheiro e ao eucalipto, revela um trabalho efectuado por técnicos da FAO e referidos neste estudo do Banco Mundial.
«No âmbito do projecto florestal em curso em Portugal, que é apoiado pelo Banco Mundial, deverão ser arborizados entre 1981 e 1985 cerca de 150 mil hectares , sendo 100 mil com pinheiro e 50 mil com outro tipo de árvores, com especial incidência no eucalipto.
«O trabalho salienta que este «repovoamento florestal constitui uma medida indispensável para a autosuficiência do mercado interno no abastecimento industrial de resinosas e folhosas.»
«O aumento do preço das matérias-primas importadas e a tendência para a diminuição da oferta no mercado externo constituem um elemento condicionador da rentabilidade das indústrias nacionais de transformação de madeira», refere ainda o estudo.
«Quanto à posição das indústrias florestais no quadro das indústrias transformadoras, o estudo salienta que «o número de estabelecimentos é irregular, devido à fragilidade estrutural e à pequena dimensão das unidades fabris». »»
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Notícia nº 2

««SEMINÁRIO SOBRE O VALE DO TEJO
«DISCORDA DO ACTUAL PROGRAMA DE FLORESTAÇÃO DO BANCO MUNDIAL

«No «I Seminário sobre o Vale do Tejo» - Problemas e Perspectivas, realizado na Escola Superior Agrária de Santarém, 24 de Junho, apontaram-se as seguintes conclusões:
Florestas
Devem ser criadas as condições de desenvolvimento de produtos florestais, quer através de melhor lotação dos povoamentos e da melhoria genética e tecnológica, quer pelo aproveitamento de incultos e terras marginais para a agricultura.
«Este desenvolvimento deverá ter em consideração as condições ecológicas da zona e os interesses dos agricultores e população, o que não acontece com o actual programa de florestação do Banco Mundial que cobrindo de eucaliptos zonas de boa aptidão agrícola irá criar prejuízos gravíssimos a curto e médio prazo.
«No caso particular da lezíria onde se encontram os terrenos de melhores potencialidades agrícolas do país foram apontados problemas respeitantes à defesa dos respectivos campos, nomeadamente a necessidade de acções de limpeza das valas, electrificação, melhoria da rede viária, abastecimentos de água, etc..
Foi apontada a necessidade de estudar o problema de reconversão da vinha no sentido da sua localização nos terrenos sem outra aptidão agrícola, acompanhado de apoio técnico e financeiro, da definição de uma política de comercialização e exportação e de uma correcta intervenção da J.N.V..
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NOTA DA REDACÇÃO - Seria interessante que alguns dos nossos colaboradores, técnicos desta matéria, se pronunciassem sobre este assunto.
Que nos diz a isto, Afonso Cautela, em nome das realidades ecológicas?

CAUSA E EFEITO

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domingo, 26 de Março de 2006

COMPAIXÃO PELOS COITADINHOS

Os especialistas de aviário e seus sequazes mediáticos, querem fazer esquecer que tudo vai dar ao dilema moral: ser ou não ser pela vida, ser ou não ser pela liberdade de todos os seres sensíveis e não só a do predador humano.
Querem fazer esquecer que a ciência em geral e a ecologia em especial, é uma questão de sensibilidade, de compaixão, de amor.
Fogem eles com o rabo à seringa, ou seja, julgam-se (do alto da sua arrogância) a salvo da lei de causa e efeito, a lei científica que tudo rege e a que alguns, para chatiar o AEloy, chamam lei kármica e outros, para chatiar o Buho, princípio único taoísta.
Ou seja: julgam eles que nunca serão julgados nem punidos pelas malfeitorias e patifarias que, em nome da ciência, continuam a alimentar, no comércio aviário e nem só.
Aliás, todos nós, mesmo os que não comem carne, estamos implicados, pela nossa passividade pusilânime, nesta responsabilidade universal e seremos julgados pela deusa Maat que é igual a justiça.
A lei de causa e efeito (outrora indicada como eixo viário da ciência experimental que era de facto ciência e não a fantasmagoria moderna) nos julgará a todos.
Por mim, prefiro que seja já: e o facto de ser vegetariano, ocasionalmente carnívoro, só me ajudará a que a punição venha mais rapidamente, de preferência antes da viagem para o outro lado.
Quando tiver que ir, que vá um pouco menos carregado e um pouco mais leve.
Os especialistas de aviário, responsáveis pela obscena manipulação de massas em curso, que se cuidem.
E que não me chateiem com os seus discursos virais e outras tretas e petas.
Mal sai um jornal, neste caso uma revista, que decide desmistificar a grande mistificação ideológica e logo um intelectual de aviário se passeia na Ambio com o rótulo de A Eloy – o coitadinho – a vociferar contra o editorialista da revista «Discovery Salud» que fez a desmistificação política da gripe, faltando agora quem tenha paciência para deslindar a outra metade que é a mentira, a sofística laboratorial em que aquela se apoia.
Quando isso for feito, espero bem que os proliferantes coitadinhos impludam de vez e deixem de nos chatiar os cornos.
Não sei quem é esse senhor Buho mas as suas fantasmagóricas aparições na Ambio são sempre um presságio de nevoeiro, envoltas na tal neblina mental em que nada se distingue de nada.
Não é coisa que me incomode nem é importante mas dou um doce a quem me souber dizer se o tal AEloy é contra ou a favor da mistificação aviária exactamente denunciada (que eu saiba, pela primeira vez), pelo editorialista da «Discovery Salud».
Em qualquer caso, todos metidos na gaiola aviária (onde actualmente metem as inocentes aves) seria o melhor destino a dar-lhes: punham os ovos e davam continuidade à linhagem, enquanto nos deixavam a nós, carnívoros e vegetarianos, em paz.
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Acho que já falei disto mas nunca é demais garantir as frases lapidares proferidas pelos intelectuais de aviário que proliferam por tudo o que é mídia ideologicamente correcto:
Em 24 de Fevereiro de 2006, no jornal «Público», o inesquecível Eduardo Prado Coelho, que assina «professor universitário» para pôr em respeito os ignorantes como eu, escrevia mansamente este naco de prosa dourado:
«o agora celebrado Agostinho da Silva (apesar de nunca o ter visto dizer duas coisas pertinentes)»

sábado, 27 de dezembro de 2008

ECO-REALISMO 1983

1-3- lumpen-1> os dossiês do silêncio – manifesto do lumpen - inéditos & publicados em 1975, 81(*)

SOMOS TODOS UMA ESPÉCIE EM VIAS DE EXTINÇÃO

Sumário:
- Proteger também a espécie humana
- Para um manifesto do lumpen proletariat
- Para um manifesto do eco-realismo
- Ecologia, luta do povo (CPT,21 /3/1981)
- O fascismo quotidiano

18/4/1983 ( in «A Capital») - Se todos os explorados e todas as espécies em vias de extinção compreendessem que travam a mesma luta, o movimento alternativo seria rapidamente uma poderosa realidade.
Se um minuto de consciência súbita colectiva - a que alguns chamam "milagre" - unisse todas as vítimas do mesmo inimigo principal comum, unisse tacitamente todos os que resistem ao ecocídio, ao etnocídio e ao biocídio, o movimento surgiria por si sem precisar de vanguardas.
Se todos compreendessem que não estão sós, o movimento avançaria como uma necessidade vinda das bases.
Era apenas necessário compreender - sentir, intuir - que a luta é a mesma nas várias frentes:
o pequeno agricultor que luta contra a invasão do latifúndio capitalista ou colectivizado;
o artesão que luta, à sua banca, contra o desemprego, a inflação e a conspiração organizada do trabalho proletarizado e proletarizante, a neo-escravatura a que se chama "trabalho assalariado";
o peão que luta para não ser passado a ferro por um tráfego liberalmente assassino;
o activista que não quer centrais nucleares ;
o objector de consciência que enfrenta os aparelhos da Hierarquia;
o escritor que, por não ter aderido ao sindicato dos virtuosos, morre com uma obra de génio realizada, num asilo, só e desamparado;
o operário da média e pequena empresa, que não pode fazer greve porque a arma da greve é só para os privilegiados das estatizadas e porque a greve numa média empresa significa o desemprego a curto prazo;
a dona de casa que toda a vida trabalhou por três e a quem não foi ainda reconhecido estatuto, porque à direita basta a retórica da família como célula da Nação e à Esquerda não interessa reconhecer um trabalho que evita a proletarização;
o pequeno proprietário rural a quem a Celulose, as Auto-Estradas, o Eucalipto, a Petroquímica, as todo-poderosas Barragens, os Oleodutos da NATO, as Cimenteiras, etc. , pura e simplesmente expropriaram os bens "em favor da colectividade";
o contribuinte que, além de espoliado pelo fisco, passou a ser apenas um número para o Estado que se vangloria de moral e de levar em conta a Pessoa Humana, quando afinal se limita a arrancar-nos pele e a deixar-nos no osso;
o eleitor que, como carne de canhão, apenas serve para depor votos na urna e a quem, antes e depois do funeral, os partidos votam o mais absoluto desprezo;
o jovem que na escola é tiranizado por programas absurdos, depois da escola é convidado a empregar-se no desemprego e que em resposta ao futuro cor-de-rosa prometido pelos papás - altos funcionários da Engrenagem tecnocrática - apenas lhe oferecem a droga, a prostituição, o Suicídio, etc;
o doente colonizado por uma medicina demencial que adoece propositadamente, que fabrica doentes, que reproduz consumidores de fármacos, de análises, de operações, de consultas, que estropia e produz à sua conta o maior contingente de deficientes;

SIMBOLOS DA RESISTÊNCIA

A destruição, se entra na rotina, chama-se progresso.
Um lagar de varas ainda a funcionar, na freguesia de Meimão, pode ser um símbolo da Resistência quando a barragem de Meimão vier.
A Aldeia da Luz, no concelho de Mourão, a fábrica de reciclagem de papel, o monumento megalítico de Monsaraz e o monumento romano da Lousa (Luz) podem ser outros tantos símbolos desta resistência à destruição, à pilhagem, ao dessoramento que eles chamam progresso.
A Foz do Dão, outra aldeia engolida pela Barragem da Aguieira é, como foi Vilarínho das Furnas, outro símbolo da Resistência que desistiu.
Os proprietário da área de Sines, expoliados de terras, casas, bens, alfaias, culturas, são outro fenómeno da Resistência Humana ocupada, invadida e esmagada pelo canibalismo tecnocrático, a Leste e a Oeste.
" Hermes da Cruz Passarinho vai ficar sem seis dos seus sete prédios, em Meimão, quando vier a barragem" diziam os jornais com o seu habitual jeito de quem debita frivolidades (15.2.1980).
Se a indústria dos louseiros, em Valongo, baseada na ardósia das minas, entrou em crise pura e simplesmente pela concorrência da quinquilharia plástica - e para uso coercivo do papel em vez de ardósia nas escolas... - não vamos acreditar que foi tudo progresso e que era inevitável banir a ardósia dos costumes escolares.
Nunca como agora, em que o frenético desperdício de papel se tornou na corda que nos há-de enforcar a todos, nunca como agora a ardósia podia e devia ser promovida a produção de primeira grandeza neste País de gente mesquinha e estúpida, de cérebros atravessados e lavados por todas as ladainhas dos progressistas da Morte .
A chamada "empresa familiar", da qual o agrocrata fala com tanto desprezo, também não é nada que se conserve em redoma ou meta em vitrine de museu.
Ou vive e sobrevive como sector alternativo da sociedade - ou será um bocado do País e da sociedade que morre com cada uma dessas empresas familiares que forem desaparecendo. Que forem sendo exterminadas, porque é disso que deliberadamente se trata.

APRENDER COM OS OUTROS A DIFÍCIL ARTE DE RESISTIR

Numa visão sem preconceitos, penso que podemos e devemos tentar aprender junto de organizações que não tendo aparentemente afinidades com este projecto, são, no entanto, muito mais significativas, enquanto pequeno trabalho reformista dentro da Engrenagem do que supostas e pretensas organizações pomposamente designadas de culturais.
Por exemplo: as corporações de bombeiros, as ordens monásticas e as Casas do Gaiato dão informações de funcionamento muito úteis a uma reaprendizagem da resistência local contra o monopólio da Engrenagem central e das sub-engrenagens centrais.
Os ciganos e suas vicissitudes no seio das sociedades ditas democráticas, são outro exemplo bem flagrante do carácter etnocida e segregacionista dos nossos costumes cristãos.
Eles são outra espécie que resiste à paranói. E de tal maneira têm sido, por isso, obrigados a degradar-se que, recorrendo ao último recurso de subsistência, o comércio, esqueceram as suas práticas taradicionais de trabalho e economia de auto-abastecimento.
Quando a retórica pseudo-ecologista apresenta os defensores do ambiente isolados deste contexto étnico - esquecendo que pertencem à mesma raça de explorados, à mesma espécie das espécies em vias de extinção, esquece que a resistência das minorias rácicas é um dos aliados naturais com o qual deviam fazer frente comum. Ecológica ou não.

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(*) Publicado no jornal «A Capital»(Crónica do Planeta Terra), 18/4/1983

HÁ JÁ 14 ANOS

1-1-aldeias> 2097 caracteres aldeias>chave> - os dossiês do silêncio – ideias de 5 estrelas – chave ac para os anos 70

O SILÊNCIO DAS ALDEIAS

2/6/1994 - Classificado no conjunto de atados como Situação 3, há um tema que permanece motivo de interesse jornalístico, embora tivesse ficado para sempre como um tema «oculto» e «silenciado» por natureza: é o das aldeias engolidas por barragens, exemplo flagrante da contradição fundamental [traduzida nas frases que se tornaram clássicas: retrocessos do progresso, a vida que o progresso vai matando, malefícios da macrocefalia, o desenvolvimento do subdesenvolvimento, o outro lado da prosperidade, indústrias que a indústria matou, pesca e indústria pesada, artesanato e indústrias, etc. Neste aspecto, as «aldeias portuguesas» são também uma «espécie em vias de extinção» como pode ler-se no frontespício do atado de originais.
Outros títulos desse atado:
-«Aldeia da Luz apagada pela Barragem de Alqueva?», in «Portugal Hoje», 31/Maio/1980
- «A propósito de património - Três aldeias sacrificadas pelo progresso de uma barragem», in «Portugal Hoje», 20/1/1980
- «Natureza e Cultura são valores que o povo defende» , 1º artigo de ac publicado no primeiro número de «Portugal Hoje», 6/10/1979
- «A cidade e as serras», in «Portugal Hoje», 23/12/1979
- «Macrocefalia - fenómeno totalitário do sistema» (inédito? - 5 pgs A4)
- «Cidade-Cancro», in revista «Arte Opinião»
- «A cidade Morreu, viva o campo», in «A Capital» («O Mundo da ecologia»), 8/7/1978
- «Doenças da Macrocefalia - O sindroma de Sintra», in «A Capital», 8/7/1978
- «Montijo - um exemplo de concentração industrial», in «A Capital», (?)
-«Quando Lisboa foi beber água de Alenquer, agravaram-se os problemas do Rio Triana»
-«Campo rural contra campo de concentração» , in «O Século», 10/5/1976
-«Assimetrias de um crescimento canceroso», in «O Século», 10/5/1976
- «Casas do Portinho - Tempestade num copo de água, in «A Capital», 10/8/1978
- «Engenharia Hidráulica no Vale do Lis», in «Portugal Hoje», 25/8/1971
- «Quando será a cultura prioritária no meio da conjuntura que nos afoga de imediato?» (inédito?)
- «O pesadelo da cidade, auge do desperdício», inédito?
- «Oliveiras já não dão fruto», in «Portugal Hoje»

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

COSMOSOFIA 2012

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Lisboa, 8/11/1992

BOM DIA, ETIENNE GUILLÉ

[12-10-1994]- O movimento holístico tem finalmente o seu grande profeta, depois de alguns precursores que assinalaram o caminho e apontaram a direcção em que era preciso andar para sair do Buraco. Chama-se Etienne Guillé e surge após Michio Kushi, Fritjof Capra, Carl Jung, Khrishnamurti, Lanza del Vasto, Edgar Morin e outros grandes engenheiros da ponte entre Ocidente e Oriente, Ciência de ponta ocidental e Tradição Primordial Viva. O novo profeta chama-se Etienne Guillé, é Doutor em Ciências, agregado de Matemática e depois de Fisiologia-Bioquímica, professor-investigador na Universidade de Paris Sul (Orsay). Há vários anos, que estuda o mecanismo do Cancro no Departamento de Biologia Molecular d'Orsay e no Instituto Curie.
É autor de três livros: «L'Alchimie de la Vie - Biologie et Tradition», com a colaboração de Christine Hardy, Editions du Rocher, Paris, 1983 (250 pgs); «Le Langage Vibratoire de la Vie (II volume de «L'Alchimie de la Vie»), Editions du Rocher, 1990 (388 pgs); «L'Énergie des Pyramides et l'Homme», Ed. L'Originel, Paris.
Em «L'Alchimie de la Vie - I», Etienne Guillé propõe um novo modo de leitura da informação genética contida nos cromossomas. Uma interpretação energética da hereditariedade celular é revelada através das propriedades recentemente descobertas da molécula de ADN: uma diz respeito à presença de metais no ADN e a outra à capacidade que esta molécula tem de transmitir uma informação à distância. Estes factos permitem confrontar os dados recentes da Biologia Molecular e da Genética com os da Alquimia. O método global de análise dos sistemas é aplicado ao estudo da indução do Cancro, à medicina, à análise dos Sonhos e a uma nova forma de ensino.
Em «Le Langage Vibratoire de la Vie», Etienne Guillé confronta os dados actuais da ciência em Biologia e Medicina, com os dados da tradição, utilizando o crivo do método geral de análise dos sistemas. O balanço deste confronto surge sem ambiguidades: os dados tradicionais são muito mais eficazes do que os dados científicos e fornecem, portanto, modelos do Universo muito mais próximos da realidade do que a ciência actual. O estudo das características vibratórias dos hieróglifos egípcios e dos Authioth hebraicos, a aplicação sistémica das propriedades elementares do Binário SV-EV (Suporte Vibratório-Energia Vibratória) definido em «L'Alchimie de la Vie», conduzem à descoberta de uma nova linguagem vibratória. Esta linguagem é baseada sobre as emissões vibratórias de sequências de ADN que realizam conformações específicas nas células de todos os seres vivos. As propriedades numéricas e holísticas desta linguagem, tornam-na perfeitamente apta a descrever a constituição visível e invisível do ser vivo.
A aplicação desta linguagem a toda a espécie de acontecimentos da vida e suas perturbações, descrita ao mesmo tempo pela Ciência e pela Tradição, permite chegar a uma conclusão surpreendente: todo o ser vivo seria o suporte de duas espécies de hereditariedade; uma hereditariedade material, transportada pela molécula de ADN, ligada ao arranjo linear dos seus Nucleótidos; e uma hereditariedade vibratória que vem sobrepor-se à primeira, animando-a de energias específicas...
A linguagem vibratória assim definida, dá a possibilidade de apreender a vida em todas as suas manifestações. Todas as unidades elementares detentoras de vida podem ser caracterizadas pela trilogia Corpo-Alma-Espírito e reveladas com a ajuda das forças opostas e complementares que estruturam o processo da incarnação. Uma das condições necessárias para conseguir compreender e portanto vencer esses flagelos da humanidade actual que são o cancro, a sida, a esclerose em placas, etc., parece ser o acordar desta linguagem pela qual o homem assegura e utiliza plenamente os seus laços com o conjunto do Universo.
No campo das técnicas holísticas operativas, os dois volumes de «L'Alchimie de la Vie» bem podem comparar-se ao I Ching ou Livro das Mutações, codificado pelo rei Wen de Tchu, 1.150 anos antes de Cristo. É Etienne Guillé, aliás, que chama a atenção para o facto -- sintomático -- que pode não ser acaso ou mera coincidência: as 64 combinações de nucleótidos (ou combinações nucleotídicas) do código genético foram codificadas, no seu suporte energético, nos 64 hexagramas do I Ching... Nesse caso, estaria a fechar-se em 1990 o ciclo iniciado pelo I Ching há 3.150 anos, mais coisa menos coisa... E Etienne Guillé seria o Rei WEN dos tempos do Aquário, que se iniciaram, segundo ele defende na obra, em 9 de Dezembro de 1983.

PARADIGMA 2012

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1996

RADIESTESIA HOLÍSTICA

A Radiestesia segundo Etienne Guillé é um método iniciático que abre caminhos de luz e de liberdade na perplexidade da encruzilhada contemporânea.
Este método de radiestesia e os resultados que ele fornece demonstram-nos claramente que é preciso utilizar a análise sistémica para apreender o mundo que nos rodeia e explicar o seu funcionamento e, portanto, o nosso próprio funcionamento e as relações e acções que nós temos com e no universo.
Terapeutas e doentes podem encontrar, nesta abordagem de um paradigma holístico, uma técnica segura de autodiagnóstico e de autoconhecimento, mas também de profilaxia e cura.
Todos podem (e devem) aprender a pegar no Pêndulo. Todos se podem iniciar na leitura da gnose vibratória apresentada por Etienne Guillé nos seus 6 volumes publicados.
O objectivo dos encontros de estudo sobre "Radiestesia Holística", é o de transmitir os utensílios didácticos imprescindíveis para que a abordagem dessa obra colossal se possa fazer da maneira mais correcta e proveitosa.
Se estiver interessado em receber mais esclarecimentos sobre esta metodologia de autoconhecimento e de autodiagnóstico, peça-nos mais informações.

domingo, 14 de dezembro de 2008

HÁ JÁ 29 ANOS

1-2 - metas-1-na > notícias do apocalipse - retrocessos do progresso
Sexta-feira, 18 de Julho de 2003

AS METAS DA MORTE(*)

3/6/1979 - Com o terceiro maior desastre da história da aviação civil, o «dc-10» que se despenhou no aeroporto de Chicago, morrendo as 273 pessoas que seguiam a bordo e, possivelmente, mais duas crianças de colo, alguma coisa parece que terá de mudar no capítulo do gigantismo moderno.
O orgulho dos grandes aviões, capazes de meter lá dentro este mundo e o outro, levou inclusivamente a uma guerra de marcas em que os «boeing» americanos e os «airbus» europeus, travaram a mais renhida disputa.
No meio destas rivalidades, a catástrofe. E no meio da catástrofe, de novo as rivalidades que emergem de um montão fumarento de destroços...Chegou a correr o boato de que os «airbus» estavam também incluídos na ordem de paragem dada para todos os «dc-10». Mas o representante em Paris apressou-se a rectificar o que classificou do «erro involuntário». Afinal, o «airbus» continua de perfeita saúde e poderá, como todas as outras marcas, beneficiar deste súbito crack sofrido pelos 30 dc-10 nos Estados Unidos e mais outros tantos distribuídos por várias companhias de vários países do mundo: Japão, Espanha, Nigéria, Noruega, Dinamarca, Suécia, Itália, Canadá, RFA e França estão na lista.
E aqui se poderá dizer que começa a segunda catástrofe a que a primeira deu lugar. O gigantismo aéreo e a corrida entre os rivais que ele implica, tem este outro aspecto «apocalíptico»: desencadeia reacções em cadeia (quase) incontroláveis. E o que era, há minutos, a soberba segurança de viajar sem problemas, torna-se o pesadelo de milhares de utentes eventuais deste tão útil e rápido meio de transporte. O tráfego irá afunilar e sobrecarregar os aviões de outras companhias, tornando os voos destas, por congestionamento, também mais perigosos.
Se é certo que a dentuça branca do lucro se arreganha por trás desta sombra negra, para milhares de pessoas a viagem de avião deixou de ser aquela «alegria» segura e sem sombras que sempre se pretendeu fazer crer que era. Mesmo quando se realizava o balanço dos mortos que esse «meio de progresso» já dera ao Mundo, ressaltava, em última análise, o pressuposto de que o progresso não se faz, afinal, sem um certo custo em sangue, suor e lágrimas.
E a qualidade de vila, tão cantada pelos discursos dos desenvolvimentistas, onde está? Tal como os milhões de habitantes que, na Pensilvânia, viram todo o sou conforto de americanos afundar-se no horror de um súbito regresso às cavernas (caso o reactor de Three Mile Island tivesse derretido), onde está, afinal, a tão prometida felicidade que todas estas maravilhas do progresso nos iriam trazer?
De repente (questão de segundos) a mais avançada civilização tecnológica coloca as pessoas em situações que começam a ter laivos impressionantes de barbárie a mais cruel. De repente, o preço pelo «conforto» começa a ser demasiado alto e pesado. Exigem-nos a vida, a saúde, a segurança. E também a alma. A engrenagem triunfalista do desenvolvimento, das proezas tecnológicas, das indústrias pesadas e altamente tóxicas ou perigosas, o absurdo e crescente gasto de energia, o famoso produto nacional bruto, as metas a atingir para vencer A, B e Z, esta corrida absurda e fanática para o abismo e a morte - eis que alguns começam vagamente a compreender que tudo isto é o tal progresso, a tal felicidade, a tal «qualidade de vida», o tal «desenvolvimento», o tal «conforto» que nos prometeram e de que tanto nos falam, quando querem meter-nos no Mercado Comum europeu, a pretexto de que estamos atrazadíssimos nessas metas todas.
De facto, se o progresso é ter cada vez mais catástrofes aéreas, petroleiros partidos, cancros, suicídios, toxicómanos, centrais nucleares com graves erros de instrumentação e aviões com defeitos graves e potencialmente perigosos, como em relação aos «dc-10» reconheceu oficialmente a Administração Civil Americana (FAA), qual o português que não estará ansioso por se meter no Mercado Comum e poder ter isso tudo, com fartura, ao almoço, ao jantar e à ceia? Quem não aspirará a tanta qualidade de vida», nós que temos vivido, até agora, principalmente, os desastres e as catástrofes do subdesenvolvimento tecnológico?
- - - - -
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «Correio da Manhã» (Lisboa) , 3/6/1979

HÁ JÁ 29 ANOS

1-2 - metas-2-eh-ie> - retrocessos do progresso

OS SINTOMAS DA DOENÇA(*)

[22/6/1979] - Não são acidentes, acasos, acontecimentos fortuitos e sem ligação uns com os outros. O que se está passando, com frequência sistemática, são manifestações sintomáticas do Sistema que, moribundo, exibe as suas mortais contradições e exala os venenos, tóxicos, poluições, incêndios que dentro de si acalentou.
Durante muito tempo - e porque os sintomas eram relativamente distanciados no tempo e no espaço - o sistema conseguiu encobrir, fingindo que não notava. Agora, não há praticamente um dia sem desastre, catástrofe ou acidente, a excepção tornou-se sistemática. É a rotina do Ecocídio.
Um poço de petróleo, no golfo do México, derrama desde o dia 3 de Junho, trinta mil barris por dia no mar, não se sabendo quando e se se poderá apagar este incêndio. As hipóteses que se aventam são tão tímidas, que denunciam imediatamente uma inviabilidade de fundo: ainda que viável, só daqui a três meses, na melhor das hipóteses, poderia estar pronto um outro poço, à distância de 80 metros, que diferisse o petróleo do primeiro... Operação demasiado complicada e morosa para que alguém acredite nela.
E até se esgotar, petróleo e gás vão espalhar-se no mar das Caraíbas, não se ficando por aí, evidentemente, já que o oceano é uma unidade e não há divisórias nem fronteiras. Se não é o fim, é um sinal bastante esclarecedor do fim. E não são as tentativas desesperadas, por parte do sistema (informação incluída), de minimizar as dimensões colossais deste derramamento, que o tornam menos assustador e menos ameaçador.
A 28 de Março passado, o acidente de Three Mile Island é uma data que não esgotará tão cedo as suas implicações e repercussões. Mau grado os esforços para o minimizar, para o recuperar a favor do sistema, e principalmente as tentativas para o isolar como facto singular (quando é todo o sistema nuclear dos Estados Unidos que está em panne e, onsequentemente, todo o sistema nuclear mundial), Three Mile Island é mais um nítido sinal de apocalipse, a evidência indiscutível de que se foi longe de mais. Recuar, agora, será possível? Ou já será demasiado tarde e as «bestas do apocalipse» sabem muito bem (tão bem como os ecologistas) que, não dominando a engrenagem, só resta agora ir arrastado por ela até ao fundo do abismo?...
Também o «dc-10» que se esmagou no solo com 275 pessoas a bordo e que fez, no aeroporto de Chicago, o maior acidente da aviação civil norte-americana, accionou consequências em cadeia que estão longe de ter terminado e que, mau grado os esforços para as minimizar, lançam sobre a sociedade tecnológica mais uma sombra negra de pesadelo e retrocesso. .
Não é só a poluição que anuncia o «crack». A poluição é apenas um dos sintomas da Doença. A poluição não é a única consequência do crescimento infinito. Um parafuso de avião ou uma bolha de gás que esteve prestes a explodir na torre de refrigeração de Three Mile Island são indícios mais importantes da grande doença que mina a Terra. Da crise ecológica.
Além de fingir que não nota, de tentar sempre mostrar o acidente como um incidente (mais um), outro ardil comum é, como disse, isolá-lo para parecer que é algo de singular e único.
Mas ainda mais subtil e frequente é dar todos (mas todos) estes sinais do fim ou ecos de «débacle» como «imperfeições do sistema» (que a ciência e a tecnologia se encarregarão de aperfeiçoar), doenças de infância naturais da «evolução científica e tecnológica».
Ora não se trata de moléstias infantis, mas de sinais evidentes não só de sensibilidade e esgotamento mas de apodrecimento. Não se trata de erros passageiros que mais ciência e mais tecnologia irão emendar mas de erros estruturais ao próprio sistema tecnológico e industrial tal como ele se desenvolve na engrenagem do crescimento infinito.
É o crescimento exponencial e logarítmico que todos estes acidentes denunciam na sua estrutural violência. E que totalmente põem em causa.
O facto de o sistema continuar a rolar, por mais poços de petróleo em chamas, por mais «dc-10» que se esmaguem no solo, por mais acidentes e incidentes verificados em centrais nucleares, significa que ele não quer nem poder parar. Mas não será isso que o isenta de culpas maiores no extermínio da Espécie e da Natureza humanas.
Engrenagem que ainda por cima só sabe cantar, triunfalisticamente, o extermínio de que é autora, leva os dias inventando anos internacionais da criança ou brancas pombas de paz e Helsínquia, dizendo que descobriu novas técnicas que vão beneficiar imenso os intestinos da Humanidade sofredora.
- - - - -
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado, com este título, no jornal diário «Correio da Manhã»( Lisboa), 22/6/1979

quarta-feira, 16 de julho de 2008

HÁ JÁ 38 ANOS

1-2 - 70-04-15-ie-et> sexta-feira, 29 de novembro de 2002-scan

PARA UMA POLÍTICA PLANETÁRIA (*)

(*) Este texto de Afonso Cautela, com este título, serviu de prefácio ao livro «O Suicídio da Humanidade», Nº 3 da colecção «Cadernos do Século», por ele dirigida na editorial «O Século», Abril de 1970 (data da tipografia)

[Abril de 1970 ] - Não falta quem considere bastante platónicos os apelos que, desde Setembro de 1968, por iniciativa da UNESCO, até Janeiro de 1970, por iniciativa do Conselho da Europa, foram lançados, no sentido de conservar a natureza e proteger o homem.
De facto, não se vê como é que uma civilização tão orgulhosa do seu poderio e tão empenhada em dominar a natureza, irá abdicar desse domínio e renunciar aos seus próprios detritos.
Há também quem veja nesses sinais de alarme e toques de reunir uma manobra de distracção política. Sendo o problema da poluição um problema de metapolítica (ou, na terminologia de Edgar Morin, antropolítica), porque respeita a toda a Humanidade e não a parcelas nacionais, a este ou àquele país ou continente ou bloco, falar dele antes que os imediatos conflitos e as próximas violências estejam sanados ou em vias de solução seria - para os mais duros, mais ortodoxos, mais míopes - uma embaladora maneira de nos iludirmos.
No entanto, e segundo os peritos que têm vindo a enriquecer o dossier Poluição (em parte transcrito no presente caderno), estamos muito mais próximos de um suicídio colectivo e de uma total destruição do que os distraídos ou optimistas supõem e do que as guerras locais e semilocais deixam perceber.
Daí que o Conselho da Europa tenha decidido lançar uma campanha contra a poluição e suas nefastas consequências sobre o habitat humano.
Trata-se, no fundo, menos de combater o próprio mal que se denuncia, do que mobilizar os espíritos, esclarecer a opinião (primeiro) e aproveitar (depois) a força que de muitas opiniões unânimes e conjugadas sobre um determinado alvo-objectivo pode advir.
Trata-se, inclusive, de pedir um cessar fogo imediato nos conflitos localizados e dizer, pedir à Humanidade, que, em vez de se entredestruir, em vez de se combater (todas as guerras são civis), tente a sua última oportunidade de sobreviver em conjunto e de em conjunto viver.
Se a biosfera se satura de venenos letais, se o meio ambiente se degrada e polui, se o encombrement ameaça sufocar, afogar e paralisar o homem, todos devem saber se ainda vão a tempo de emendar a civilização, de se defender e de preparar um mundo mais habitável aos que vierem.
Em Outubro de 1968, o semanário L'Express, a propósito da já citada conferência promovida pela UNESCO, escrevia:
« A Terra está em perigo! Eis o grito de alarme lançado por cerca de 300 peritos, representando uns 50 países, a fim de proporem «bases científicas para a utilização racional e para a conservação dos recursos da biosfera.»
Mas em 1968, o tema era ainda de lunáticos (sábios e cientistas, na emergência, mas lunáticos). Os sensatos, os do imediato, os do improviso, os do curto prazo, os do deixa andar, riam-se e duvidavam de que a poluição pudesse constituir problema, ou sequer tema de simpósios internacionais.
Vozes isoladas - o franco-atirador, o poeta, o filósofo, o pedagogo, o urbanista, o espírito prospectivo - teimavam em denunciar a situação, mas sem eco nos círculos da administração política. Em Janeiro de 1969, o Le Courier da UNESCO publicava um número especial com uma capa triste: um pinguim sucumbia, de asas pendidas como um símbolo, à invasão da toalha de óleo que, em qualquer oceano, deixara um cargueiro gigante. E perguntava: «Poderemos tornar o nosso planeta habitável?»
Dessa inabitabilidade surgiriam ecos cada vez mais insistentes, até que a administração Nixon (um homem político secundava, pela primeira vez, a inquietação dos lunáticos) fazia do combate à poluição um dos seus propósitos centrais (caso de vida ou de morte para muitas megalópolis norte-americanas) até 1980.
Dois anos, portanto, bastaram: através de manifestações na América e na Europa - campanhas de Imprensa, declarações de homens políticos e mesmo medidas governamentais - o homem da rua descobre, neste princípio de ano e de década, os perigos que impendem sobre o seu habitat natural.
Consagrado normalmente a problemas de instância política imediata, não é talvez por acaso que o mensário Le Monde Diplomatique resolve consagrar aos Perils de L'Environnement um dossier especial, no seu número de Fevereiro de 1970. Neste volume o reproduzimos, acrescentando-lhe alguns textos que possam completá-lo ou reforçar os pontos de vistas expostos.
Limitando-se à biosfera, esse dossier e, portanto, este caderno, não considera mas pressupõe outros capítulos igualmente importantes do ecossistema: a civilização industrial condiciona não só os corpos mas também as mentes dos indivíduos.
Quando Herbert Marcuse denuncia o processo ou circuito fechado, sem pontos de ruptura, está a referir-se, nem mais nem menos, do que à poluição mitológica ou cultural que envolve o grupo humano urbanizado - grupo que deixa de se poder auto-discutir e que, portanto, se autodestrói O problema Poluição é assim e finalmente um problema total, digamos mesmo global (relativo a globo terrestre) implicando, por isso, perspectivas e soluções de política planetária.
- - - -
(*) Este texto de Afonso Cautela, com este título, serviu de prefácio ao livro «O Suicídio da Humanidade», Nº 3 da colecção «Cadernos do Século», por ele dirigida na editorial «O Século», Abril de 1970 (data da tipografia) ©

terça-feira, 8 de julho de 2008

HÁ JÁ 19 ANOS

1-2 -tecnodis1-deep ecology
O TECNODISCURSO

28/4/1989 - Quando se proclamam defensores da Natureza e da Floresta os plantadores de Eucaliptos, classificando de provocadores os movimentos conservacionistas e do Ambiente.
Quando se chama de Saúde o ministério da Doença - dos Hospitais, da Sintomatologia, dos medicamentos e de tudo o que é o contrário da Saúde.
Quando se chama Economia ao sistema que se baseia no desperdício sistemático de recursos, valores, pessoas e culturas
Quando se chama Desenvolvimento de um país ao processo que é feito à custa do subdesenvolvimento agravado de outros países e continentes
Quando se chama Estado de Direito àquele onde os direitos fundamentais do cidadão sãoviolados e onde um sistema que se diz de Justiça todos os dias agrava as injustiças e desigualdades sociais.
Quando as radiações ionizantes que produzem cancro são medicamente indicadas como terapêutica contra o Cancro.
Quando o rebentamento de bombas nucleares subterrâneas que produzem ondas sísmicas, é preconizado como processo de prevenção sísmica.
Quando na frente de luta pela vida e pela qualidade de vida (a saúde) se encontra um produto que leva consigo o nome de "antibiótico".
Quando os conceitos e as palavras significam exactamente o seu contrário,
Que se pode esperar de todo um sistema e de toda uma mitologia que se baseia neste discurso contraditório?
Contraditório em si mesmo e contraditório da realidade, da qual completamente se divorcia por antagonismo?

Será por isso que as ideologias do sistema são  mitologias ?
Um discurso que constantemente significa o seu contrário, oposto, inverso ou antónimo, onde nos conduzirá este discurso?


INIMIGO PRINCIPAL - IMPERIALISMO INDUSTRIAL - BIOCÍDIO
"O Homem mata o Meio Ambiente." Lê-se frequentemente este tipo de discurso , em que se mitifica um Homem abstracto com H maiúsculo.

Qual "Homem" e quais homens é que matam o Ambiente?
O conceito de inimigo principal nesta matéria é também muito importante. Convém não escamotear o principal inimigo - o imperialismo industrial - com eufemismos e inimigos secundários. Neste caso, um mito.
Quem mata a Natureza é o imperialismo industrial e quem directamente o serve enquadrado No sistema.

Por exemplo: de que modo o mito da explosão demográfica da tal abstracta humanidade tem servido ao sistema para perpetrar os seus desvarios?
A verdade é que nunca houve nem haverá gente a mais no Planeta: mas, para justificar a mortandade de populações inteiras, o imperialismo manda os seus ideólogos apregoar que o "aumento da população é culpado número 1 da Poluição e da Destruição do Meio Ambiente."


A INFLAÇÃO DAS TEORIAS
A inflação das teorias não abre um espaço de tolerância mas de cepticismo.
Quando se quer impor o Nuclear, o melhor é encenar um debate pluralista com a participação de vários quadrantes partidários, de preferência com assento parlamentar.
Quando se quer estabelecer a confusão no espírito das pessoas, quando se quer condicionar propiciatoriamente o consumidor, arranja-se uma panóplia de teorias, contraditórias umas das outras, levando o consumidor (receptor da mensagem que explicita essas teorias) à conclusão, regra geral sub-consciente, de que afinal nada é certo nem seguro,
No campo alimentar, este niilismo produzido pela multiplicidade das teorias, prepara um terreno propício à recepção do discurso publicitário, aos spots televisivos sobre todos os delitos alimentares.
O cepticismo é, em nome da tolerância, do livre pensamento, da independência intelectual, da neutralidade e objectividade científica, o caminho aberto à aceitação resignada, pelo consumidor, da religião publicitária.
E sobre essa há uma só opinião. É regime de partido único.■

terça-feira, 17 de junho de 2008

HÁ JÁ 31 ANOS

socicultur-1-ml-LEGENDA E CAPA DO LIVRO!
segunda-feira, 12 de Fevereiro de 2007
Este texto  foi publicado na contracapa do livro «Ecologia e Luta de Classes em Portugal», edição Socicultur, 1977,Nº 3 da colecção «Sobreviver», impresso sobre um fundo azul escuro que o deixou totalmente ilegível. Aqui o recupero, preto no branco, trinta anos depois de ter sido escrito e publicado.

O LIVRO
Era urgente encetar o dossiê da luta de classes no campo da Ecopolítica.
Era urgente porque:
Ninguém até hoje o tentou. Poucos desejariam levantar problemas pouco populares nas cinturas industriais das grandes cidades onde os partidos operários recrutam a sua maior força e clientela, lisonjeando as indústrias e a capacidade das indústrias para absorver mão-de-obra. A luta ecológica é assimilada ainda , por alguns quadrantes reaccionários ditos de esquerda, a uma luta de direita, conservadora, retrógrada.
Porque revistas, organizações e movimentos ecológicos estrangeiros perguntam o que se passa em Portugal quanto a ecologia e luta de classes, convencidos de que se passa alguma coisa...
Para definir uma estratégia revolucionária total é imprescindível e urgente saber o que já se fez, o pouco que já se fez para instrução e alento dos que desejem prosseguir ou encetar via idêntica de luta, dos que sabem poder reforçar o poder popular e a unidade popular através da luta ecológica, desde que p reconceitos tecnofascistas não emperrem a investigação e a luta.
Por todas estas razões, tentámos mais este ensaio de ecopolítica, num quadro de iniciativas em que há dois anos temos empenhado tempo, energia, bolsa e saúde, sob a indiferença e a hostilidade sensacional das elites pensantes e actuantes e governantes deste sensacional País.
Daí que, como esforço individual que é, o dossier da luta de classes e ecopolítica em Portugal fique apenas encetado para que outros mais habilitados, mais espertos, mais endinheirados e seguramente mais revolucionários (trinta vezes mais, por certo) não só possam emitir sobre esse trabalho as críticas sobresuficientes do costume, não só o utilizem como base de trabalho e ponto de partida omisso depois nas beligerantes bibliografias exaustivas exibidas, mas para que façam muito mais , muito melhor e com muito melhor resultado, no mercado da edição.
O Autor
Nasceu em Ferreira do Alentejo a 19 de Fevereiro de 1933. Professor Primário em Faro, foi afastado por pressões políticas. Depois de ser bibliotecário e funcionário público, tornou-se jornalista profissional em 1965. Em 1968, entrou para a redacção de «O Século», onde se mantém. Dirige o jornal «Frente Ecológica» e é autor do livro «O Alentejo na Reforma Agrária» (Diabril).

HÁ JÁ 28 ANOS

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SERÁ DIFÍCIL ADIVINHAR O QUE VAI SER A DÉCADA DE 80?

1/1/1980 - Se o sistema tem as suas próprias regras e não pode nem quer sair delas, não é preciso ser bruxo para prever o que vai acontecer.
Tal como a Polícia já prevê, antes de cada Natal ou Páscoa, o número de pessoas que será assassinada nas estradas pelo automóvel, é possível prever, com rigor estatístico, tudo o mais que deriva inevitavelmente do Sistema em luta apocalíptica contra os ecossistemas.
Saber o que vai acontecer não é uma questão de adivinhação ou bruxaria mas de observação atenta às tendências da realidade ambiente.
O sistema caracteriza-se exactamente pelas tendências e não pelo que de acidentalmente pode ocorrer, por azar ou acaso.
Será fácil, portanto, seguindo as tendências, prever o que irá acontecer.
Há 5000 satélites em órbita, 20 dos quais com reactores nucleares, e um destes já se espatifou no solo da Terra.
Tudo indica (e não é preciso ser astrólogo) que outros se irão estatelar.
Petroleiros derramados: será difícil prever que há-de haver cada vez mais? Os 200 que já se partiram não são obra do azar mas algo intrínseco ao sistema.
O nuclear evidenciará cada vez mais as suas contradições e a sua falência, mas por isso mesmo os nuclearistas hão-de recorrer a processos cada vez mais terroristas para impor o que ninguém já quer. Inclusive, irão mudar a táctica e defender os reactores reprodutores em vez dos clássicos. Ainda que seja a loucura da superloucura, será difícil prever que a escalada prosseguirá porque é de sua natureza não poder parar?
Aumentará a percentagem de cancros: também não é preciso ser adivinho, para o saber . Basta lembrar que o número de produtos químicos reconhecidamente cancerígenos (entre outros factores) aumentará.
Uma guerra nuclear é possível mas não é provável, pois as superpotências têm possibilidade de ir destruindo a humanidade de maneira avulsa e com meios mais económicos e menos bombásticos: com os sismos catastróficos provocados pelos rebentamentos subterrâneos de bombas termonucleares.
Os desertos hão-de crescer, porque se continua a derrubar florestas para imprimir tudo o que por aí se vê no campo do desvario papelístico.
Os incêndios hão-de continuar, não porque sejam climaticamente inevitáveis mas porque é necessário e urgente ganhar terreno para plantar eucaliptos.
Incêndios no Verão, em Portugal, também não faltarão (como nunca faltaram), enquanto as celuloses precisarem vorazmente de eucaliptos e de serras para os plantar.
Os supersónicos continuarão a destruição do ozono, e portanto, a alteração drástica dos climas e do regime de irradiação solar da biosfera, bem como tudo o que dessa irradiação depende. Continuará também o sofisma de culpar unicamente pela destruição do ozono os clorofluorcabonetos, quando eles são, mais uma causa, a juntar aos superjactos.
Como não se recicla sistematicamente (mas esporadicamente, apenas como medida de propaganda autárquica), porque é contrário às premissas irracionais do sistema, continuará, como até aqui, a desperdiçar-se metade da energia disponível.
O fenómeno da eutrofização dos lagos há-de agravar-se, porque se continuam a encher as águas de pesticidas e matéria orgânica que provém, entre outras fontes, dos detergentes.
Se ninguém vai parar com os detergentes e outros poluentes das águas, é evidente que haverá mais lagos e rios mortos.
Se se continuar a dizer - com um ar que finge não admitir dúvidas - que é preciso despovoar os campos, é evidente que a agricultura continuará na ruína e as cidades-pesadelo a serem o cancro que são.
Bruxo quem adivinhar isto?
Portugal vai ser invadido de Petroquímicas: é evidente que os acidentes no transporte, em veículos longos, desses produtos perigosíssimos não vão evidentemente diminuir.
Bruxo será adivinhá-lo já? Ou estúpido será escamoteá-lo, enquanto todos os hinos de louvor se tecem à Petroquímica? Quem lava o cérebro a quem? E quem promove a doença? Quem ganha com a nossa morte?■

domingo, 15 de junho de 2008

HÁ JÁ 28 ANOS

1-2 - adivinhar-1-di>

SERÁ DIFÍCIL ADIVINHAR O QUE VAI SER A DÉCADA DE 80?

1/1/1980 - Se o sistema tem as suas próprias regras e não pode nem quer sair delas, não é preciso ser bruxo para prever o que vai acontecer.
Tal como a Polícia já prevê, antes de cada Natal ou Páscoa, o número de pessoas que será assassinada nas estradas pelo automóvel, é possível prever, com rigor estatístico, tudo o mais que deriva inevitavelmente do Sistema em luta apocalíptica contra os ecossistemas.
Saber o que vai acontecer não é uma questão de adivinhação ou bruxaria mas de observação atenta às tendências da realidade ambiente.
O sistema caracteriza-se exactamente pelas tendências e não pelo que de acidentalmente pode ocorrer, por azar ou acaso.
Será fácil, portanto, seguindo as tendências, prever o que irá acontecer.
Há 5000 satélites em órbita, 20 dos quais com reactores nucleares, e um destes já se espatifou no solo da Terra.
Tudo indica (e não é preciso ser astrólogo) que outros se irão estatelar.
Petroleiros derramados: será difícil prever que há-de haver cada vez mais? Os 200 que já se partiram não são obra do azar mas algo intrínseco ao sistema.
O nuclear evidenciará cada vez mais as suas contradições e a sua falência, mas por isso mesmo os nuclearistas hão-de recorrer a processos cada vez mais terroristas para impor o que ninguém já quer. Inclusive, irão mudar a táctica e defender os reactores reprodutores em vez dos clássicos. Ainda que seja a loucura da superloucura, será difícil prever que a escalada prosseguirá porque é de sua natureza não poder parar?
Aumentará a percentagem de cancros: também não é preciso ser adivinho, para o saber . Basta lembrar que o número de produtos químicos reconhecidamente cancerígenos (entre outros factores) aumentará.
Uma guerra nuclear é possível mas não é provável, pois as superpotências têm possibilidade de ir destruindo a humanidade de maneira avulsa e com meios mais económicos e menos bombásticos: com os sismos catastróficos provocados pelos rebentamentos subterrâneos de bombas termonucleares.
Os desertos hão-de crescer, porque se continua a derrubar florestas para imprimir tudo o que por aí se vê no campo do desvario papelístico.
Os incêndios hão-de continuar, não porque sejam climaticamente inevitáveis mas porque é necessário e urgente ganhar terreno para plantar eucaliptos.
Incêndios no Verão, em Portugal, também não faltarão (como nunca faltaram), enquanto as celuloses precisarem vorazmente de eucaliptos e de serras para os plantar.
Os supersónicos continuarão a destruição do ozono, e portanto, a alteração drástica dos climas e do regime de irradiação solar da biosfera, bem como tudo o que dessa irradiação depende. Continuará também o sofisma de culpar unicamente pela destruição do ozono os clorofluorcabonetos, quando eles são, mais uma causa, a juntar aos superjactos.
Como não se recicla sistematicamente (mas esporadicamente, apenas como medida de propaganda autárquica), porque é contrário às premissas irracionais do sistema, continuará, como até aqui, a desperdiçar-se metade da energia disponível.
O fenómeno da eutrofização dos lagos há-de agravar-se, porque se continuam a encher as águas de pesticidas e matéria orgânica que provém, entre outras fontes, dos detergentes.
Se ninguém vai parar com os detergentes e outros poluentes das águas, é evidente que haverá mais lagos e rios mortos.
Se se continuar a dizer - com um ar que finge não admitir dúvidas - que é preciso despovoar os campos, é evidente que a agricultura continuará na ruína e as cidades-pesadelo a serem o cancro que são.
Bruxo quem adivinhar isto?
Portugal vai ser invadido de Petroquímicas: é evidente que os acidentes no transporte, em veículos longos, desses produtos perigosíssimos não vão evidentemente diminuir.
Bruxo será adivinhá-lo já? Ou estúpido será escamoteá-lo, enquanto todos os hinos de louvor se tecem à Petroquímica? Quem lava o cérebro a quem? E quem promove a doença? Quem ganha com a nossa morte?■

ANTES DA SERRA MECÂNICA

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[2-12-2005]
Agradeço ao Canal Odisseia que, num pequeno intervalo, me deu quase uma hora sobre os carvalhos de uma região da Alemanha que nos dizem estar «protegida». Ainda bem. Agradeço aos esquilos e outras criaturas visíveis que apareceram no documentário, felizes no seu habitat e antes que chegue a serra mecânica. Agradeço a todos os que, mais do que sobreviver, ainda conseguem descobrir o maravilhoso que apesar de tudo persiste em existir neste mundo de tsunamis provocados por rebentamentos nucleares subterrâneos. Ou de pandemias virais provocadas por uso e abuso de antibióticos.
Para que conste, deixo a notícia do «Diário de Notícias», pela qual soube do referido documentário:
«« A história do carvalho no Canal Odisseia
«O carvalho é considerado como a árvore entre as árvores, símbolo de força, sabedoria, perseverança e resistência. Um documentário que o Canal Odisseia apresenta em estreia em Portugal, vai dar a conhecer melhor esta espécie.
«O ciclo vital do carvalho corresponde ao de dez vidas humanas e a abertura do seu tronco serve de casa a mais de 500 espécies diferentes de animais e plantas.
«O documentário do Canal Odisseia, que pode ser sintonizado no cabo, intitulado «A Árvore Entre as Árvores», foi realizado por Yves Riou e Philippe Pouchain e produzido pela Cinétévé, de França, em 2005.
«Este documentário acompanha a vida destes gigantes naturais, através de cada uma das estações do ano.
«O carvalho vai ter de superar as altas temperaturas do Verão, as tempestades de Outono e as quedas de neve do Inverno, antes de chegar à Primavera.
«Esta história natural é contada do ponto de vista biológico, cultural, histórico e até mitológico.
«A Árvore Entre as Árvores estreia-se às 21.00, voltando a ser exibido amanhã em duas sessões: 05.00 e 12.00.»»

HÁ JÁ 12 MESES

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14-4-2007

BIOMASSA, BICOMBUSTÍVEIS, EMPRESÁRIOS VERDES & ETC: RESTOS DE UM TEMA QUE FICOU POR DISCUTIR

Já aludi neste blog ao fracasso que foi a publicação do meu texto sobre o problema da biomassa (o que eu julguei ser problema mas que afinal parece que não é), texto que foi recebido com um ruidoso e fúnebre silêncio de morte. Num forum de discussão como a Ambio Archives, raramente ou nunca acontece tão grande e estrondoso silêncio. Discute-se tudo e muito e às vezes bem.
Tendo acontecido, a culpa é portanto e totalmente minha.
Por isso volto ao tema com mais algumas notas do meu bloco-notas, onde dou largas às minhas angústias existenciais, uma das quais, neste momento, é o tsunami da biomassa com que nos ameaçam.
Notícia do «Diário de Notícias»:
«O incentivo à produção de etanol nos Estados Unidos pode originar «consequências devastadoras para os mais pobres e sérias consequências na segurança alimentar mundial», lê-se num estudo a ser publicado no número de Maio/Junho da revista «Foreign Affairs».
A utilização do milho como biocarburante fez subir o preço deste cereal e, segundo os professores da Universidade do Minnesota, Ford Runge e Benjamin Senauer, o facto ameaça a dieta de mais de 2,7 mil milhões de pessoas que vivem com menos de dois dólares por dia.»
É das tais notícias que não precisam de comentário.
Poucas palavras a dizerem tudo.
O que facilita a minha campanha contra o etanol, os biocombustíveis, a indústria da biomassa e etc.
+
Tratando-se de biomassa , os poderes vão todos muito contentes cortar a fita nas badaladas inaugurações. E ainda comentam que é preciso discutir o nuclear.
Ele há coisas fantásticas não há?
Ou serei eu que estou a delirar?
+
Afinal existe um secretário de Estado da Energia.
Hélas!
Não estamos entregues à embriaguês dos verdes: ele chama-se, segundo li, Humberto Rosa.

HÁ JÁ 38 ANOS

1-1- josué-1> notícias do futuro - releituras

JOSUÉ DE CASTRO E A URGÊNCIA DE MUDAR(*)

12-8-1970

Josué de Castro voltará a Lisboa neste mês de Agosto. Cidadão do Mundo, ele é hoje a grande voz da esperança que se levanta para falar ao presente dos futuros possíveis.
Desde que em 1951 escreveu «Geopolítica da Fome», o seu pensamento não cessou de evoluir, de acompanhar os acontecimentos e os pressentimentos, de propor cada vez mais interrogações de índole prospectiva.
E quando em Março último, Josué de Castro pronunciou em Lisboa, na Sociedade de Geografia, a sua comunicação sobre «O Futuro Biológico do Homem», não foi surpresa para nós que nela falasse tanto em mutação e em necessidade de mudança, não foi surpresa que um dos mais lúcidos críticos das trágicas carências do mundo contemporâneo olhasse o futuro e dele nos viesse falar, dele exigisse o método, a via, a solução e a salvação.
Entre a explosão demográfica e o sub-desenvolvimento, Josué de Castro vê agora o Terceiro Mundo como a definitiva aposta do homem. Ou mudamos (Josué de Castro falou insistentemente de mutação biológica) ou sucumbimos. O velho adágio «ou cresce, ou morre» é agora mais verdadeiro do que nunca e para o tornar mais nítido, mais óbvio, basta que à palavra «crescer» se acrescentem os seus mais urgentes sinónimos: desenvolver, progredir, evoluir, mudar.
Sem um esforço prospectivo de mentalização (a que Josué de Castro se consagra hoje com a fé do apóstolo, a inteligência do pensador e o rigor do cientista) para uma política planetária, o homem-enquanto-espécie encontrar-se-á no fosso sem saída de que já se anunciam os mais trágicos sintomas em matéria de destruição dos recursos naturais.
- - - - -
(*) Este texto foi publicado no diário «O Século» (Lisboa) , na rubrica do autor «Etapas para o Ano 2000», em 14/8/1970, e no diário «Notícias da Beira (Moçambique), na rubrica do autor intitulada «Notícias do Futuro» , em 12/8/1970

HÁ JÁ 36 ANOS

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A menos que se verifiquem mudanças fundamentais nas opções de todos os governos, o mundo correrá inexoravelmente para a catástrofe antes de um século.
Relatório do MIT, Janeiro de 1972

CPT 1989

eco-tácticas-1>

Lisboa, 9/12/1989 - Só tinha previsto, na Crónica do Planeta Terra, que se usasse a energia solar para refrigerar reactores de centrais nucleares.
Afinal já está na rua, no mercado, a energia solar para irradiar doentes. Confesso que essa não me tinha passado pela minha mente perversa, sempre à procura de perversidades.
Coloca-se assim, mais uma vez, a questão das ecotácticas desligadas de uma ecoestratégia, questão tantas vezes referida nestas CPT.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

BIG BANG 2ª EDIÇÃO

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16 de Abril de 2008

2 CONSÓRCIOS E MUITAS SIGLAS

Ainda não decorreu um ano sobre o que aqui se disse da fusão nuclear e respectiva confusão (Projecto europeu ITER & Cª), mas nova e bombástica notícia surge sem que os meios científicos se sintam minimamente abalados com o choque: o CERN/LHC (o maior acelerador de partículas do mundo) vai ser finalmente inaugurado em Agosto, mês quente por excelência.
Está tudo sob controle, dizem eles. Mas isso é o que dizem sempre, antes da catástrofe suceder.
Os especialistas que me desculpem mas lá tenho eu que voltar às generalidades.
Em dois pontos:
ponto 1, relembrando o que ficou publicado aqui em 19 de Julho e 4 de Agosto de 2007:
ponto 2, relembrando o que ficou publicado aqui em 15 de Abril de 2008.
Ponto por ponto coincidem em nos preparar o fim-do-mundo e até do Cosmos conhecido.
Única dúvida do macaco: é que o CERN/LHC, já em Agosto, pode perfeitamente invalidar o projecto ITER (liderado pelo professor Carlos Varandas do CFN)
Assim como assim nem dá já para fazer as malas e arrumar bagagem.
Repito o rogo: deixem ao menos abrir os Jogos de Pequim, sempre tínhamos uma festa armada e muitos foguetes para celebrar.
+
PONTO 1
varandas-1-ac-ab> 19 de Julho de 2007
CORRIDA CONTRA O TEMPO: A META ESTÁ PRÓXIMA
Carlos Varandas, catedrático do IST, sobe ao podium e será o presidente do Conselho de Administração do consórcio europeu para o projecto ITER, a maior experiência mundial de fusão nuclear.
Uma glória para Portugal, agora que recebemos a triste notícia (via Saramago) de que iremos, dentro de meses, fazer parte, como província, de Madrid.
Não faço ideia do que seja a (con) fusão nuclear e o ITER mas deve ser giro e caber em pouco espaço. Quiçá nos amplos terraços do IST, ali ao cimo da Alameda D. Afonso Henriques, fundador da nacionalidade. Em último caso, porque não em Marte?
Haverá com certeza alguém, no âmbito da Ambio, capaz de nos explicar em pormenor o que significa todo esse progresso desse projecto: «demonstrar cientifica e tecnicamente a viabilidade da energia de fusão e testar a operação simultânea das tecnologias necessárias para o operação de um reactor nuclear de fusão».
Voltamos a ser pioneiros e aí está o reactor de Sacavém a provar de que antes de o ser já o éramos. Faz cá falta é o Kaulza de Arriaga, um dos grandes fundadores da Pátria logo seguido do D. Afonso Henriques.
Para Carlos Varandas, o novo cargo é motivo de contentamento, já que traz «prestígio ao País e também algumas vantagens em termos de contratos»: bem me parecia que a vertente comercial estava à espreita neste grandessíssimo projecto de alta investigação científica.
Resta dizer que o reactor de (con) fusão nuclear não tem data marcada para a inauguração mas tudo se prepara para arrancar em breve: se o acelerador de partículas cabe na fronteira Suíça/França, porque não há-de o tal da fusão caber em território ainda português e já que estamos com o pé no lado espanhol?
Entretanto, a exaltar estas glórias euro-patrióticas, continuam chegando notícias de desastres com centrais nucleares já velhotas e a cair da tripeça: uma no Japão (culpa do sismo de grau 6,8 ) e outras duas das 17 na Alemanha, como lembrava José Carlos Marques na Ambio.
Só discordo do José Carlos em uma coisa: o nuclear não treme, nunca tremeu nem nunca tremerá: está de pedra e cal. Quando cair, cai de vez e em monobloco. Como, é o que eu lhe posso dizer particularmente e em privado. Nunca aqui.
+

PONTO 2
15 de Abril de 2008
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CATÁSTROFE CÓSMICA É O MÍNIMO
Não é todos os dias que o maior acelerador de partículas do mundo (CERN/LHC) é inaugurado com pompa e circunstância.
Não é todos os dias que os jornais anunciam o segundo (e provavelmente último) big-bang como se estivessem a contar amendoins.
Não é todos os dias que dois cientistas nucleares se viram contra os seus colegas, acusando-os de vir provocar o fim-do-mundo, o que já não era sem tempo.
Não é todos os dias que os leigos como eu ficam a saber de mais outra maravilha moderna idêntica ao CERN/LHC, embora de proporções mais modestas: o FERMILAB ( Fermi National Accelerator Laboratory), algures nos EUA.
Não é todos os dias que se anuncia um buraco negro e uma catástrofe cósmica que «engolisse Genebra, a Suíça e toda a Terra», como faz o jornal «Público» (14/Abril/2008) em artigo assinado pela jornalista Ana Gerschenfeld.
Em construção há 15 anos, sem quase ninguém dar por isso, nem sequer os franceses que moram à superfície, esta obra-prima do engenho humano(?), chamada CERN/LHC, tem características únicas e é constituído por:
Um túnel subterrâneo de 27 quilómetros de circunferência (de largura, portanto) por debaixo da fronteira Suíça/França;
A notícia não explicitava se a circunferência abrangia ou não a espessura das paredes do túnel que deverá ser bem à vontade entre 5 e seis metros.
Nem se é uma plataforma redonda e sem comprimento, apenas largura (!!!).
Esta e outras dúvidas bem podiam ser explicadas ao povo pelos responsáveis portugueses implicados no processo: sabemos que há uma equipa de portugueses a trabalhar lá e sabemos que o ministro Mariano Gago foi ou ainda é um dos elementos da equipa, capaz portanto de explicar ao povo as virtudes e vantagens do CERN/LEH. Afinal eles também ajudaram a construir o que vai ser o nosso túmulo comum e global. Pertence-lhes essa honra. Têm 4 meses para mostrar o que sabem
Quanto aos custos do empreendimento rondam os cinco mil milhões de euros, o que nem sequer é muito para acabar com isto e fazer o superapocalipse que deixará o aquecimento global e o Dilúvio como episódio menor.
Os autores do processo a correr no tribunal de Honolulu com o número CV08000136 são Luís Sancho e Walter Wagner, cientistas ao que se julga do ramo e visam, além do FERMILAB e do CERN/LEH, o Departamento de Energia dos EUA e a National Science Foundation norte-americana.
«Catástrofe cósmica» alegam eles. Também me parece exagero: bem se deve ralar o Cosmos com estas brincadeiras dos iminentes cientistas do LERN/LHC e do FERMILB, agora com um processo às costas que os deve ralar muitíssimo: aliás, Honolulu, Hawai, onde fica isso?
Segundo o jornal «Estado de São Paulo» que esteve lá no túnel em reportagem «o processo também acusa o laboratório na fronteira entre a Suíça e a França de não ter feito os estudos ambientais necessários e que as consequências do teste poderiam ser fatais. O teste está marcado para meados do ano, depois de vários atrasos e mais de 14 anos de estudos com cientistas de todo o mundo, inclusive brasileiros.»
E portugueses, acrescentamos nós, com grande orgulho patriótico.
E já agora: a inauguração do maior acelerador de partículas do Mundo está prevista para Agosto. Façam lá o obséquio de deixar ainda que se realizem os Olímpicos de Pequim. Jogo por jogo, até prefiro este.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

SEMPRE OS MESMOS

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TENHAM DÓ DELES
FOCAS, BALEIAS E TIBETANOS: 
UMA CAUSA COMUM

31/Março/2008

São sempre países colocados na 1ª linha do chamado progresso industrial e do desenvolvimento.
Ora o Japão a matar Baleias, como se as baleias lhes tivessem feito algum mal.
Ora o Canadá a matar Focas à paulada para competir em Pequim na modalidade «exterminadores eficazes».
E não há quem os pare.
Este ano – dizia a notícia – o Governo canadiano autorizou o abate de 275 mil focas dos 5,5 milhões que vivem na sua costa oriental. Nem mais uma nem menos uma. (in «Diário de Notícias», 31 de Março de 2008)
Os títulos dos jornais são conclusivos. E sempre indicativos do sado-masoquismo que inspira estes benfeitores da humanidade.
«Caça à baleia mancha imagem do Japão» - dizia outro com ar moralizador.
Mancha, mancha, e de sangue que é mancha inapagável.
As consciências dos executantes, se as houvesse, é que se mantêm imaculadas e brancas.
Só há uma maneira de haver justiça: que façam a eles o que eles estão fazendo às focas, baleias e tibetanos. Olho por olho, dente por dente, já dizia o Talião que entendia desta coisas e que foi aprender à deusa Maat, verdade e justiça como se sabe desde que o mundo é mundo.
Os tiques do poder estabelecido estão bem à vista para nos fingirmos distraídos: há coisas na Agenda para os responsáveis resolverem e serem julgadas na primeira altura que calhe.
E já agora. Façam à ASAE o que a ASAE faz com os pequenos e médios comerciantes. Com o Governo, como sempre e em tudo o que é da sua competência (?), a assobiar pró-lado. E os opinion makers – crânios da Pátria – preocupados com o acessório, o lateral e o miudinho, para esquecer o essencial.

O juízo é outro.
Proponho, isso sim, que nas Olimpíadas de Pequim seja criado mais um récorde: os caçadores de baleias, focas e já agora de tibetanos. Logo os veriam todos no Podium.
Mas não vale a pena desesperar. Mais cedo ou mais tarde,  justiça cósmica será feita.

VAI TUDO RASO

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FLAMINGO AMIGO O POVO ESTÁ CONTIGO
PROGRESSO DESTRUINDO O PROGRESSO

9 de Abril de 2008

Já tem maquete, vai ser metálica e fica pronta em 2014.
De um dia para o outro, é a já famosa ponte Chelas/Barreiro que irá destruir, para ser construída, tudo à sua passagem, progresso e tudo, no concelho do Barreiro em geral e na freguesia do Lavradio em especial.
Conforme pormenorizava a notícia, no contexto do artigo assinado pela jornalista Leonor Matias (in «Diário de Notícias», 9 de Abril de 2008) vai tudo raso. E as demolições são em série para o comboio de alta velocidade (CAV) passar.
Ainda não veio a Quercus, mas há-de vir, a requisitar uma de «impacto ambiental», mas a razia vai começar e descreve-se assim:
A ponte Chelas/Barreiro, com uma estrutura idêntica à ponte 25 de Abril, vai obrigar (na freguesia do Lavradio) a uma série de demolições, afectando principalmente o Bairro dos Engenheiros, onde serão demolidas quatro vivendas (quatro!).
Simbolicamente, a série de demolições vai afectar principalmente este Bairro dos Engenheiros. Quem com ferro mata, com ferro (neste caso metal) morre.
Quanto à Escola Básica Álvaro Velho, o termo moderno do progresso é «deslocalização»: a escola fica no enfiamento do traçado do comboio de alta velocidade, pormenorizava a notícia.
Nem o hipermercado Feira Nova, à entrada da Quimiparque escapará, «assim como a maior parte do parque industrial , que terá de ser alvo de um longo processo de descontaminação ao nível dos solos, onde são visíveis grandes montes de resíduos resultantes da extracção das pirites», sublinhava a notícia.
Ficamos também a saber que a partir de agora uma tal Rave (com ar de sigla mas em minúsculo) vai passar a ser muito falada. Trata-se, com certeza, de uma nova sigla, criada de um dia para o outro (tal como a Ponte) e quando se trata de siglas os jornais partem do princípio de que toda a gente já sabe a tradução.
Mas esperem aí que a coisa ainda não terminou:
«As indústrias localizadas na zona de amarração vão ter de sair do Parque e entre elas está a IPODEC, que faz a incineração dos resíduos hospitalares.»
E a pequena grande notícia terminava com uma nota de vida: «apesar da degradação e poluição, a zona ribeirinha é habitada por dezenas de flamingos.»
Claro: os únicos que em 2014 (data da prevista ponte metálica) irão sobreviver por ali: se sobreviveram à primeira e segunda «revolução industrial» , irão evidentemente sobreviver também à 3ª e última.
Do resto, progresso e fanfarrões do progresso, espero que nem restos haja.
Nas fileiras dos flamingos, a palavra de ordem já se ouve: contra as pirites, o betão e agora o ferro metálico, marchar, marchar. Não são os heróis do Mar, são os heróis do Rio.
Só mais um pormenor sem importância no meio destas singelezas: como não existem em Portugal metalomacânicas suficientes com capacidade para fornecer a nova estrutura, «as metalomecânicas espanholas já estão a cobiçar», conforme realçou realçando o responsável da Rave nas declarações que fez à jornalista Leonor Matias, in «dn», 9 de Abril de 2008.

MARKETING & CONSUMOS

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ALERGIA ÀS SIGLAS - Caiu-lhes a depuralina no mel

4/Abril/2008

Não conseguiram até agora uma gripe das aves e de acordo com as profecias mas vingam-se no que está à mão.
O Inimigo principal dos estimados cosumidores, cada vez mais protegidos pelas autoridades protectoras, com a habitual redundância do agora «Diário de Notícias»: uma tal depuralina ou spirulina ou termulina ou lá o que é para os (as) que querem emagrecer. E que já tem levado – conseguem os jornais saber – algumas vítimas ao hospital.
A correlação causa/efeito destas guerras de marketing não precisa de ser provada nem comprovada: basta que os jornais digam e acciona-se de imediato o mecanismo persecutório, com a ASAE a comandar o pelotão, e já está.
Proibir é mesmo a única coisa que o Poder sabe fazer melhor.
Até a Direcção Geral de Saúde (DGS), que tem estado calada à espera da gripe das aves e para não espantar a caça, lá veio apoiar a queixa contra a empresa por sinal espanhola e que não vai em folclores à portuguesa.
Espero bem que a coisa da depuralina termine com uma estocada bem dada, como é esperável de nuestros hermanos.
A DGS fez-se acompanhar neste «raid» pelo Infarmed e o Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura (uf! que nome e que sigla GPPMA). Não fora a Depuralina e não saberíamos que tal coisa existia à superfície da Terra.
Alexandra Bento, da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) , também veio ao palco e disse ao jornal Metro: «Acima de tudo, procurar um nutricionista».
Ricardo Leite, director técnico da Dielab, uma das empresas que distribuem o produto em Portugal, acrescentou o óbvio ululante: «Não é por haver hipersensibilidade (alergia) aos cereais ou à lactose que deixa de haver pão no mercado. »
O mesmo jornal, num belo trabalho da jornalista Patrícia Tadeia, indagou ainda outra fonte, a naturopata Paula Branco, que obviamente declarou o óbvio: «Se uma pessoa é alérgica a morangos, quando os come tem uma reacção alérgica, borbulhas, falta de ar, ou um choque anafilático».
Se tudo vai dar à alergia e todos somos alérgicos, a Patrícia Tadeia não me perguntou mas eu poderia dizer-lhe que alergias ou hipersensibilidade alérgica é consequência das vacinas. Não vem nos livros, os doutores fingem não saber e desta vez ninguém faz a correlação causa/efeito.
Nem a ASAE, nem a DGS, nem o GPPMA, nem o INFARMED; nem a APN, nem ninguém fala do óbvio: alergias = vacinas e vacinas= alergias. Como eu sou alérgico às siglas, continuarei portanto a estar tramado, pelo menos enquanto não desistir de ler os nossos jornais (gratuitos) para me refrescar, todos os dias, a memória.
«Andam a partir-nos as pernas» - disseram-me num restaurante, por sinal de categoria e de 1ª.
Em última hora, a notícia refrescante ( 4 de Abril de 2008): « ASAE já apreendeu 514 quilos de «Depuralina». Sim senhor, boa malha: ao quilo é mais barato.
O Governo (não) ignora e tá tudo bem. O que a gente precisa mesmo é menos empregos, menos empresas médias e pequenas, quando puserem o País à venda já vai mais levezinho. E mais siglas, claro, muitas siglas a defender o consumidor, a saúde do consumidor, a qualidade de vida do consumidor.
Quanto ao resto, o futuro será promissor, seguindo os conselhos da jornalista São José Almeida, no jornal «Público» (29 de Março de 2008) que se queixa da «histeria securitária» em nome da nossa querida democracia. Resumindo a douta tese, fica assim: Como para salvar as nossas queridas democracias não podemos cair na histeria securitária (São José de Almeida dixit) o melhor mesmo é depositar a justiça nas mãos da transcendência, porque desta imanência não há muito a esperar.
Nunca estive tão de acordo.

domingo, 6 de abril de 2008

HAJA OU NÃO HAJA

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domingo, 1 de Outubro de 2006

HAJA OU NÃO HAJA DILÚVIO,
HAJA OU NÃO HAJA APOCALIPSE CLIMÁTICO,
HAJA OU NÃO HAJA AQUECIMENTO GLOBAL

Cronobiologia pode ser a palavra-chave, equivalente de cosmobiologia, para englobar a matéria de estudos fulcral para a construção do novo paradigma, para o projecto que designei de projecto 2012 (e que se segue ao projecto alexandria 2000) e para o domingo, 23 de Dezembro de 2012, data que, segundo o calendário maya, marcará um antes e um depois.

HAJA OU NÃO HAJA DILÚVIO,
HAJA OU NÃO HAJA APOCALIPSE CLIMÁTICO,
HAJA OU NÃO HAJA AQUECIMENTO GLOBAL

Os livros reunidos na biblioteca do gato e que devo tentar conservar como unidade inviolável, sob a rubrica –CB (cronobiologia) são portanto decisivos no projecto 2012 (ou do imperativo cósmico como também lhe chamei). São, portanto, decisivos e quero que sejam preservados sem dispersões como embrião de uma futura nova biblioteca de Alexandria, em grande parte constituída pelo que for possível reaver do célebre incêndio (?).
Mesmo com a Internet e o Canal Infinito TV, este conjunto de livros será um guia que me honro de ter colocado à disposição de quem vier e viver e sobreviver.
E serão todos. As gerações que terão de construir um mundo em sintonia (sincronia) macro-microcósmica.
Cronobiologia continua a resumir em poucas letras (13!) os itens ou matérias centrais num futuro curso de alfabetização acelerada.
Tenho a certeza de que será como digo.

HAJA OU NÃO HAJA DILÚVIO,
HAJA OU NÃO HAJA APOCALIPSE CLIMÁTICO,
HAJA OU NÃO HAJA AQUECIMENTO GLOBAL

Não me estraguem o esquema nem me dispersem o que tanto trabalho deu a reunir, grão a grão, num conjunto coerente e com um sentido muito preciso na flecha do tempo: aquilo a que chamo imperativo cósmico.
Tenho aberto o livro que irei incluir no grande tópico –CB (cronobiologia) e que os cépticos de sempre talvez classifiquem de medíocre. (*)
Para mim e para o projecto 2012 o capítulo introdutório – história do tempo – é uma sinopse perfeita e didáctica do que de essencial há a dizer sobre o teme dos temas. As noções-chave aí estão em cascata, vou a seguir enumerá-las se tiver paciência:
Flecha do tempo
Arquétipo
Entropia
Sincronia
Cronometria
Visão cíclica
Relógios
Clepsidra
I Ching
[---]
Bem como os autores trazidos a terreiro:
Prigogine
Newton
Einstein
Fritjof Capra
Carl Jung
[---]
----
(*)OLIVIER COUDRON – «LES RYTHMES DU CORPS – CHRONOBIOLOGIE ET SANTÉ» – NIL ÉDITIONS, 1997 -

segunda-feira, 31 de março de 2008

NOTÍCIAS DE KALI-YUGA

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NA TRANSIÇÃO PARA AQUÁRIO

30/4/1992 - Talvez não tivesse feito asneira em guardar estes milhares de páginas, agora normalizados em formato A4 - mercê de alguns milhares de fotocópias - sobre a Era da Catástrofe, não porque esteja muito preocupado em lisonjear meu congénito pessimismo ou aprofundar os meus conhecimentos sobre Ecologia Humana, mas porque, de repente, me apercebi como era inspirador todo esse rol de notícias, quer para escrever narrativas de terror-ficção, quer para escrever mesmo poesia do mais doce lirismo. E depois gosto de inventários: tenho a mania das listas, dos glossários, dos dicionários. Ora há lá nada mais divertido do que uma boa e suculenta lista negra (de pesticidas no mercado, por exemplo, ou de agentes patogénicos para a guerra bactereológica.) Mas outros projectos menos literários podem ir buscar a esse lote de lixo tóxico material informativo que levou centenas de horas a coligir (cortar, colar, formatar em fotocópias A4, arrumar, classificar, subdividir em lotes temáticos, etc) e que ninguém teria tido jamais a pachorra de reunir nesta câmara de horrores em que se transformou o meu arquivo de recortes, afinal a minha casa (eu devo ter acertado com a profissão que escolhi, de contrário já estaria internado em hospital ou enterrado em cemitério). Títulos não faltam para os projectos de livro que irei realizar um dia, na minha reforma:
- «Notícias de Kali-Yuga»
- «De Kali-yuga para o Aquário»
- «Notícias do Apocalipse»
- «Dicionário do Terror Industrial»
- «Prontuário de Ecologia Humana»
- «A Lista Negra»
- «Ambientopatologia para as escolas»
- «As Multinacionais do Cancro»
- «O Mercado da Doença»
- «A Lista Negra»
- «Inventários da Guerra»
- «A Era da Catástrofe»
- «Notícias do Biocídio»
- «Os Cavaleiros do Apocalipse: Guerra Nuclear (o paraíso radioactivo), Guerra Química, Guerra Bactereológica, Guerra Electrónica, Guerras do Petróleo, Sindroma sísmico-nuclear, etc»
- «De Hiroxima a Chernobyl: a imparável escalada»
- «De Hiroxima a Chernobyl: Laboratórios de Ecologia Humana»
- «Símbolos de uma Civilização: Serra Mecânica, Concorde, Supérfénix, Camião-Cisterna, Olimpíadas, »
- «Os Escândalos do Progresso»
- «Os Retrocessos do Progresso»etc
Títulos para narrativas de Terror-ficção:
- «A Câmara de Horrores»
- «Em casa de Frankenstein»
- «Domicílio no Paraíso»
- «Narrativas do Inferno»
- «Histórias do Apocalipse»
etc.

HÁ JÁ 31 ANOS

socicultur-1-ml-LEGENDA E CAPA DO LIVRO!

segunda-feira, 12 de Fevereiro de 2007
Este texto  foi publicado na contracapa do livro «Ecologia e Luta de Classes em Portugal», edição Socicultur, 1977,Nº 3 da colecção «Sobreviver», impresso sobre um fundo azul escuro que o deixou totalmente ilegível. Aqui o recupero, preto no branco, trinta anos depois de ter sido escrito e publicado.
O LIVRO

Era urgente encetar o dossiê da luta de classes no campo da Ecopolítica.
Era urgente porque:
Ninguém até hoje o tentou. Poucos desejariam levantar problemas pouco populares nas cinturas industriais das grandes cidades onde os partidos operários recrutam a sua maior força e clientela, lisonjeando as indústrias e a capacidade das indústrias para absorver mão-de-obra. A luta ecológica é assimilada ainda , por alguns quadrantes reaccionários ditos de esquerda, a uma luta de direita, conservadora, retrógrada.
Porque revistas, organizações e movimentos ecológicos estrangeiros perguntam o que se passa em Portugal quanto a ecologia e luta de classes, convencidos de que se passa alguma coisa...
Para definir uma estratégia revolucionária total é imprescindível e urgente saber o que já se fez, o pouco que já se fez para instrução e alento dos que desejem prosseguir ou encetar via idêntica de luta, dos que sabem poder reforçar o poder popular e a unidade popular através da luta ecológica, desde que p reconceitos tecnofascistas não emperrem a investigação e a luta.
Por todas estas razões, tentámos mais este ensaio de ecopolítica, num quadro de iniciativas em que há dois anos temos empenhado tempo, energia, bolsa e saúde, sob a indiferença e a hostilidade sensacional das elites pensantes e actuantes e governantes deste sensacional País.
Daí que, como esforço individual que é, o dossier da luta de classes e ecopolítica em Portugal fique apenas encetado para que outros mais habilitados, mais espertos, mais endinheirados e seguramente mais revolucionários (trinta vezes mais, por certo) não só possam emitir sobre esse trabalho as críticas sobresuficientes do costume, não só o utilizem como base de trabalho e ponto de partida omisso depois nas beligerantes bibliografias exaustivas exibidas, mas para que façam muito mais , muito melhor e com muito melhor resultado, no mercado da edição.
*
O Autor

Nasceu em Ferreira do Alentejo a 19 de Fevereiro de 1933. Professor Primário em Faro, foi afastado por pressões políticas. Depois de ser bibliotecário e funcionário público, tornou-se jornalista profissional em 1965. Em 1968, entrou para a redacção de «O Século», onde se mantém. Dirige o jornal «Frente Ecológica» e é autor do livro «O Alentejo na Reforma Agrária» (Diabril).

+11 AFORISMOS AC

VARIAÇÕES SOBRE A NATUREZA


Estamos em dívida com a Natureza, ajude-nos a pagá-la.
A Natureza acaba onde o capitalismo começa.
Descolonizar o homem e a Natureza.
O homem é apenas um átomo da Natureza.
A Natureza vencerá porque é mais forte.
A Natureza não precisa de ser protegida, protege-nos.
Não se pode libertar o homem sem libertar a Natureza.
A ciência ocidental está agora a descobrir os maiores lugares-comuns da ciência original de todos os tempos. Por exemplo este, lançado como slogan da conferência de Estocolmo, em Junho de 1972: «A Terra é só uma...». Mas sempre foi, oh malta.
Soltaram o leão, agora queixem-se.
Tudo normal, Deus Nosso Senhor ainda não voltou à Terra, o céu ainda não caiu, não há novidade.
É o que eu digo: se este país não existisse, tinha que ser inventado.

+ 29 AFORISMOS AC

BOM AMBIENTE

 Não se trata de mudar a sociedade mas de mudar de sociedade.

 A luta pelas alternativas é a luta pela sobrevivência planetária.

 Sejam quais forem as aplicações (ditas pacíficas ou ditas bélicas) ao serviço de regimes capitalistas ou de regimes socialistas, a energia nuclear é intrinsecamente reaccionária.

 A energia electro-nuclear consome mais energia (eléctrica) do que aquela que produz.

 Sem atender aos imperativos ecológicos, nenhuma política, seja ela qual for, se pode formular em termos revolucionários: seja uma política de saúde, uma política económica, umas política industrial, uma política energética, uma política de ambiente.

 A aspirina é reaccionária.

 veterinário trata os animais como gente.

 médico trata a gente como animais.

 Antibióticos - o fascismo por via oral

 Vacinas - o fascismo por via intravenosa

 Supositórios - o fascismo por via anal

 Lixo a lixo enche o capitalismo o papo.

 A poluição a quem a produz.

 Morte na estrada: quilómetros de prazer.

 Nem só de merda vive o homem

 Aquele tecnocrata era tão delicado, que em vez de merda só dizia poluição.

 Ecomilitante é o que mantém a imunização natural ao ópio da poluição e a todo o tipo de intoxicação que a sociedade da porcaria o obriga a suportar.

 Aquela doença a que Marx chamou Alienação.

 Pela terminologia se conhece a ideologia.

 Agir já: abaixo os empatocratas.

 Nenhum reformista gosta de se ver ao espelho da revolução.

 Fazer da sociedade de consumo uma arma para a voltar contra si própria.

 Alimentar a fome: alvo da agricultura química.

 Sociedade de consumo: morte da civilização, civilização da morte.

 A exploração do homem pelo homem só termina com a manipulação do homem pelo homem.

 Neste tempo e mundo, só vale tirar olhos

 Progresso capitalista, retrocesso humano.

 Colonialismo industrial hiperpoluente: fase agonizante do imperialismo que explora e pilha o Terceiro Mundo.

 Sobre o Terceiro Mundo verte o imperialismo os excrementos que já não quer.