domingo, 23 de setembro de 2007

CIENTISTAS PRECISAM-SE-2

lixo-2-ie-ab>domingo, 23 de Setembro de 2007

PRAGAS & DOENÇAS: COMBATER NÃO CHEGA E SÓ PIORA

A resposta da ciência médica ao que se chama doença, é típica de uma mentalidade: «combate-se» a doença em vez de manter ou recuperar a saúde.
E chama-se «saúde» ao que é, pura e simplesmente, «doença».
É um insulto à inteligência de todos nós, contribuintes, que pagamos o equívoco e os custos deste discurso troca-tintas.
É a sintomatologia a vencer a causalidade.
É o ciclo vicioso da química a criar mais e novas doenças em vez de curar as antigas.
Afinal a analogia com o que vinha dizendo – combater as espécies invasoras com meios químicos e violentos em vez de as recuperar, reutilizar, reciclar – talvez não seja assim tão disparatado.
Temos um antecedente: a medicina profiláctica natural, a medicina metabólica, a medicina ecológica e holística já provou que a via não violenta é muito melhor (e fica muito mais barata ao orçamento) do que a via química e cirúrgica.
Deixo mais um convite aos senhores cientistas: um pequeno golpe de asa (um pouco mais de criatividade) e talvez que muitas «pragas» nossas conhecidas se extinguissem de vez.
Não é preciso ser idealista mas apenas seguir a ordem lógica, científica e natural das coisas. Será assim tão difícil à mentalidade de um especialista?
Será assim tão difícil chamar saúde ao que é saúde e doença ao que é doença?
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Notícia de 20 de Setembro de 2007:
«Cientistas do Porto provaram que o consumo de ecstasy causa danos nos neurónios que podem levar à morte das células cerebrais e que este efeito é travado com um medicamento usado no tratamento da doença de Parkinson.»
De certeza que os cientistas do Porto têm razão e que a sua descoberta é uma grande descoberta.
Para quem não é cientista e se fia apenas no instinto, na experiência ou na intuição, também há algumas certezas:
Qualquer droga química, admitida ou proibida, de farmácia ou de candonga, nunca é inócua e se mata 10 ou 100 ou cem mil células cerebrais ou outras, tanto faz, a fisiologia, a filosofia e a ética é a mesma; metais pesados deixam sempre marca, mesmo quando não têm efeito definitivamente acumulativo.
Que se utilize exactamente essa mesma lógica (fisiologia, filosofia e ética) para engrandecer uma outra droga de farmácia, é que me parece pouco razoável, quiçá imoral e bastante perverso. No mínimo, contraditório.
Teremos então que nos resignar a uma mentalidade dominante – a que chamei unideologia – que nos tem conduzido a uma lista negra enorme de efeitos:
Listas de espera nos hospitais
Escalada de novas e velhas patologias
Escalada de gastos do SNS
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É aqui que encaixa uma outra notícia recente: «Gastamos em saúde 10% de tudo o que produzimos» (DN, 14 de Setembro de 2007).
O jornalista Pedro Sousa Tavares, resume assim alguns itens deste dossiê definitivo (a doença a que se chama, teimosa e estupidamente, saúde):
a) 14, 5 mil milhões de euros foi a factura da saúde paga por todos os portugueses em 2005, segundo o INE
b) 9,7% do PIB foi investido no sector. O equivalente a 1.369, 74 euros por cada habitante.
c) Portugal gastou em 2005, 9,7% do produto interno bruto em despesas de saúde.

Quando tocamos nos milhões, tudo fica esclarecido e à mostra.

Uma mentalidade ecológica e causal em vez de sintomatológica e de sopas depois do almoço, ficaria indubitavelmente mais barata ao orçamento, para lá de evitar sofrimento desnecessário. Listas de espera, cirurgias, novas patologias, hospitalizações, etc.
Quem se trata por meios naturais, no entanto, terá de pagar tudo do seu bolso.
Quem faz auto-profilaxia alimentar e poupa no orçamento de Estado, ainda paga mais de impostos e nem sequer um obrigado recebe das autoridades de «saúde»
Quem modesta e ecologicamente contribui para diminuir aritmeticamente a dor do mundo (diria Albert Camus), só recebe risinhos dos cientistas e especialistas.
Quem aponta a pastilha elástica como um crime de consumo corrente (entre crianças) ainda é classificado de parvo e de pateta (acaba de aparecer no mercado uma marca que junta a pastilha elástica com drop!!!) .
Provavelmente tudo isto está certo e parvo é quem cá anda com militâncias estúpidas.
Mas às vezes dá vontade de gritar alto: «Chega, Basta».

CIENTISTAS PRECISAM-SE-1

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ESPÉCIES INVASORAS: COMBATER OU REAPROVEITAR
EM BENEFÍCIO DOS HUMANOIDES?

1- Todos os dias confirmamos de como sabemos afinal tão pouco de tudo.
Novidade absoluta vou encontrá-la no jornal «Metro» (20 de Setembro de 2007) :
«Os restos de comida da cadeia de restaurantes MacDonald’s vão ser reaproveitados para gerar energia em hospitais e teatros.»
Acção exemplar ou golpe de propaganda, a iniciativa não deixa de ser uma boa notícia e a notícia não deixa de ser uma boa iniciativa.
Não tenho conhecimentos que confirmem se tecnicamente é possível transformar alimentos em electricidade.
Mas alguma coisa hoje é impossível aos técnicos e engenheiros do Ambiente?
Por isso confio que os especialistas da Ambio possam esclarecer-nos a todos.
A ser possível (tecnicamente possível) a nossa fé nos cientistas de serviço é que fica profundamente abalada: se eles sabiam isto e não disseram, há aqui qualquer coisa que não bate certo.
Se não sabiam, ainda pior.

2 – Mas isto leva-me de um salto para um assunto no qual tenho pensado muito e de que já lançara aqui na Ambio, em tempos, um repto tipo apelo, dirigido à criatividade dos senhores cientistas.
Na altura estava (e ainda estou) obcecado com o jacinto de água, considerado praga pelos cientistas que só têm soluções do tipo «lança-chamas» e de contra-ataque violento.
E agora continuo magoadíssimo, claro:
a) Porque nunca vou ter resposta a esta minha angústia
b) Porque tanta matéria verde provavelmente nem sequer sequestra CO2 (o que hoje pode ser considerado um crime de lesa pátria global)
c) Porque as acácias são basto de bonitas e, francamente, face ao pepino celulósico (vulgo eucaliptus globulus) , preferia que usassem para este o dito lança-chamas.
Vira a coisa no programa Biosfera e volto a ver, num contexto alargado, a mesma questão que, na minha velha inocência., pusera: porque não se aproveitam os jacintos como biomassa?
Tecnicamente não é possível?
Comercialmente não é rentável?
Mas há impossíveis para os cientistas e engenheiros do ambiente?

3- O programa Biosfera , da RTP 2 (19 de Setembro de 2007) coloca a big questão das «espécies invasoras»: cuidado mesmo, porque são terrivelmente prolíficas e não há biodiversidade onde elas acampam.
A acácia das lindas flores amarelas é a primeira na fila das malditas.
Aqui, como calculam, o coração bateu-me forte: será que vão também incluir os eucaliptos globulus nas invasoras?
Sim, a Maria Grego, em menos de um segundo, citou (citou só) o eucalipto e passou adiante, pormenorizando, como se impunha as restantes infestantes.
E dei comigo a perguntar às jovens biólogas que tão bem falaram das várias espécies em tribunal: queridas, porque raio não é tecnicamente possível usar tanta matéria-prima para biocombustível, tanta biomassa para produzir mais electricidade?
Será que só têm soluções de contra-ataque (violento) para nos desembaraçarem da praga?

terça-feira, 18 de setembro de 2007

OZONO-3

ozono-3-ie> segunda-feira, 17 de Setembro de 2007

OZONO: HÁ JÁ 36 ANOS

Em Junho de 2007, deixei na Ambio algumas considerações sobre ozono (buraco), CO2, aviões a jacto, efeito de estufa e vários especialistas me criticaram a ousadia.
Hoje, trata-se de comemorar o 16 de Setembro (sucesso na diminuição do buraco, garantem eles) e não podia faltar à festa.
Nos meus arquivos de recortes, não localizei o texto e portanto refiro aqui apenas os dados para identificar o que foi um estudo da Aviação Civil Internacional sobre o ozono. Dados retirados do meu bloco-notas, que têm a data de 1993 mas que relembram um estudo de 1971:

«« 4/5/1993 - Se bem me lembro, o texto de 1971 sobre o efeito dos supersónicos na destruição da camada de Ozono, aludia já ao célebre buraco, pelo qual buraco, mais tarde, viriam a ser responsabilizados os Clorofluorcarbonetos. A hipótese que este texto levanta, em 1971, é de duplo horror: se os Clorofluorcarbonetos vieram para desculpar os supersónicos, temos neste momento 3 facilidades numa só:
1 - Mascarada a causa verdadeira, indromina-se a humanidade com uma falsa causa;
2 - Mascarada a causa verdadeira, ela continua a actuar e o buraco do Ozono a crescer sem perspectivas de diminuir
3 - Mesmo que fosse já tomada, a eliminação dos CFC's não iria alterar nunca a situação, deixando que ela se eternizasse com os verdadeiros culpados - continuando em campo.
Publicado pela organização da Aviação Civil Internacional, com sede em Monreal (Canadá), o texto de 1971 foi apresentado por aquela organização internacional à Conferência da ONU sobre Ambiente, em Estocolmo (Junho de 1972).»»
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OZONO: HÁ JÁ 20 ANOS


Sem querer estragar o pequeno almoço a ninguém, exumei aqui mais um texto do meu bloco-notas, de 1987, com vinte aninhos de idade. Cá vai em homenagem aos cientistas que nos «salvaram» do buraco e que irão salvar o mundo:

««LA PALICE E O PROFESSOR PANGLOSS: UMA HISTÓRIA DO APOCALIPSE

30/8/1987 - Quando a actualidade noticiosa, nomeadamente a informação televisiva, retoma técnicas de manipulação ideo1ógica que se julgavam mortas e que foram, várias vezes, crismadas de "alarmistas", o observador imparcial fica apreensivo: quando, há 10, 15 ou 20 anos, certos fenómenos de amplitude planetária começaram a ser denunciados por franco-atiradores mais angustiados com o próximo futuro da Terra e das espécies, incluindo a espécie humana, logo um clamor se levantou para os calar, considerando-os perigosos e desnecessariamente apocalípticos. Eles inseriam-se mesmo, segundo porta-vozes da Panglosseria, na onda de obscurantismo que persegue a humanidade em luta desesperada para sair das trevas e da caverna.
Recuperado pelo sistema o "ecológico" como especialidade científica sectorial, como uma das ciências biológicas, recuperados os movimentos independentes, anti-nucleares e alternativos por partidos ao serviço das grandes potências nucleares, esperava-se que os temas incómodos do tal Apocalipse desaparecessem do mapa para deixar todo o palco aos Panglosses e usufruidores do Festim.
Assim não foi, assim não tem sido. Os temas de há 10, 15 ou 20 anos são retomados pelo sistema estabelecido, que já não os considera obscurantistas nem apocalípticos nem alarmistas.
De tal modo que até o Tele-jornal de domingo (30 de Agosto de 1987) sai com uma apocalíptica notícia sobre a destruição do Ozono na alta camada da atmosfera. Investigadores norte-americanos estariam já na Antárctida para averiguarem se a percentagem de ozono destruído se mantém nos 2/3 ou se já vai a caminho do total.A imparcialidade tranquila - o neutralismo olímpico - com que estas notícias são transmitidas, anda de par com o optimismo da personalidade convidada a depor naquele telejornal de domingo, Eurico da Fonseca, que chamou então as atenções para os gases utilizados em instalações frigoríficas e também para os atomizadores ou aerossois ou sprays. Mas dos aviões a jacto, nada.
Eurico da Fonseca deve concordar com a tese da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que, em Novembro (dia 25) de 1978, proclamava , urbi et orbi, em Genebra, que "os aerossois são mais perigosos para a camada de ozono da estratosfera do que os aviões super-sónicos" (sic).
Tudo é relativo, como diria La Palice, primo irmão do Dr. Pangloss, mestre espiritual de quase todos estes cronistas do Planeta Terra, para os quais o futuro, mesmo com dois terços do ozono a menos, continua risonho e franco.
Segundo notícia publicada no jornal «A Capital» (25/11/1978), a OMM garantia assim que os aerossóis são mais perigosos para a camada de ozono do que os superjactos:
«Os aerossóis são mais perigosos para a camada de ozono da estratosfera do que os aviões supersónicos, segundo acaba de revelar a organização Meteorológica Mundial, em declaração publicada em Genebra.
«Situada na estratosfera, entre 10 e 45 quilómetros de altitude, a camada de ozono tem grande importância para a vida na Terra, por filtrar parte da radiação ultravioleta solar.
«A Organização Meteorológica Mundial lançou um alerta contra os perigos da utilização de certos gases nos atomizadores e nos sistemas de refrigeração, principalmente no que respeita aos clorofluorometanos, cujo lançamento na atmosfera destrói a camada de ozono.
«Determinou-se que esta última sofrerá uma rarefacção global de 5 a 15 por cento dentro de 20 anos, caso os referidos gases continuem a ser utilizados ao ritmo actual.Em contrapartida, os aviões supersónicos não apresentam praticamente quaisquer riscos para a camada de ozono, ao contrário do que habitualmente se afirma.
«Efectivamente, segundo a Organização Meteorológica Mundial, .uma frota importante de aeronaves supersónicas, voando a altitude inferior a 25 quilómetros, não terá efeitos significativos sobre a quantidade global de ozono da estratosfera.»
Assunto encerrado, pois, e vamos pôr os clorofluorometanos no banco dos réus, já que as indústrias de frigoríficos é que têm de ser reconvertidas e não, obviamente, as indústrias que fabricam aviões supersónicos.

RETROSPECTIVA CONFIRMATIVA:
http://ecologiaemdialogo.blogspot.com/search?q=clorofluorcarbonetos

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OZONO 2007 : PROJECTOS E PROJECÇÕES

O Canal Odisseia – e o jornal «Público» (16 de Setembro de 2007) - não deixaram de comemorar o que internacionalmente se classifica como uma grande vitória para «salvar» o Mundo.
Que – dizem os especialistas – parece estar à beira do colapso.
A BBC produziu um documentário – tecnicamente perfeito como é marca da casa – sobre o encontro da Califórnia, em 2006, onde vários cientistas de renome apresentaram projectos para combater o CO2.
«Propostas para Salvar o Planeta» - era o título do Canal Odisseia/BBC para mostrar o que 5 cientistas andam a projectar.
À parte a «árvore sintética» para enterrar o CO2, as outras quatro propostas são de arrasar qualquer amante da ficção científica.
Mas todos eles são, além de ilustres cientistas, figuras adoráveis: cabelos brancos, exalando boas intenções por todos os poros, com os netinhos ao colo, eles querem salvar o planeta das garras do CO2 , em nome das novas gerações, exactamente com a mesma mentalidade, a mesma ética, a mesma ingenuidade, a mesma inocência, a mesma ignorância com que ajudaram (e muito) a afundar o mesmíssimo Planeta.
Não é o paradoxo de Fermi mas é emocionante e comovente.
O Canal Odisseia, com toda a artilharia pesada da BBC (sempre que quer convencer as massas) produziu imagens sensacionalmente bonitas dos projectos. Até recorre à montagem de maquetes em cenário real para imprimir maior realismo e convicção ao delírio.
As ideias dos senhores cientistas até podem ser interessantes para um amante da ficção científica. A filosofia (a ética) que está por trás é que é bastante abjecta graças a Deus.
Apagar fogos com gasolina vai além do paradoxo.
Quando se diz que a saída do buraco (neste caso literalmente buraco) está em mais tecnologia espacial, apenas se confirma que continuamos sem saída.

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PERGUNTAS INCÓMODAS SOBRE UMA CÓMODA MENTIRA

Quando se trata de vários factores convergentes num determinado fenómeno (a maior parte deles imponderáveis ou indetectáveis com a refinada tecnologia espacial), e o discurso dominante dos cientistas e respectivos jornalistas isola apenas um dos múltiplos factores, o mínimo que alguém pode fazer é desconfiar. E perguntar. Continuar a fazer as perguntas incómodas sobre as cómodas verdades admitidas.

O «buraco do ozono» é exemplificativo dessa subtil confusão de narizes.
Para já, todos se felicitam porque o buraco diminuiu, em vinte anos, e promete ficar fechado até 2075: «entre 2050 e 2075 a concentração de ozono na atmosfera terá recuperado aos níveis de 1980, segundo a UNEP ».

Mas esta esperança requer algumas perguntas incómodas:
- Haverá ainda mundo em 2075?
- Além do célebre buraco na Antártida – que as fotografias assinalam a cor vermelha – não haverá outros buracos na atmosfera que nunca foram nem serão detectados? Quando se fala de atmosfera, creio eu, seria toda ela e não apenas uma zona conhecida, observada, estudada e avaliada.
- Além dos compostos clorados – a que se atribui toda a malevolência – não haverá, entre os milhares existentes, outros gases de que nem sequer se suspeita o efeito?
- O «buraco do ozono» será desligável do «efeito de estufa», do «aquecimento global», do CO2 e outros itens em que os especialistas continuam a localizar problemas de amplitude global?
- Algum dia se poderão inventariar todos os factores intervenientes na crise global ?
- Algum dia se poderá saber a forma como se inter-relacionam e potenciam uns aos outros?
- Além dos 191 países que já ratificaram o Protocolo de Monreal , quantos ficam de fora? E quanto deles não estão a produzir – em nome do desenvolvimento – os mesmos gases que o mundo ocidental produziu em nome do desenvolvimento?
- Como escreve Ricardo Garcia, no jornal «Público» (16 de Setembro de 2007) « alguns gases os HCFC, que substituíram os CFC – ainda são largamente utilizados . O seu consumo está mesmo a crescer nos países em desenvolvimento:» Entre estes, ao que julgo saber, China, Índia e Rússia encontram-se entre os maiores poluidores e não querem saber de protocolos de Monreal ou de Quioto, querem continuar a poluir em nome dos mesmos princípios de «progresso e desenvolvimento» que levaram o mundo ocidental à crise global
- Factores convergentes (omissos) não são, portanto, apenas de ordem física e ambiental em sentido estrito: são também de ordem política, económica, social, etc.
- O processo, portanto, é irreversível e os alarmes bastante tardios e grotescos
- Finalmente a última pergunta: já perguntaram ao Mundo se quer ser salvo? Salvo de quem e para quê?
Salvar o Planeta, porquê?
Combater o CO2, porquê?
Diminuir o buraco do ozono, porquê?
A resposta é só uma: para continuar tranquilamente tudo na mesma, já que está na «massa do sangue», na estrutura genética do sistema que tem destruído os ecossistemas.
Com estas perguntas, não quero incomodar os cépticos que tantas certezas têm: festejos, alarmes, projectos e previsões para «salvar o Mundo» é que me parecem cada vez mais inacreditáveis.
E aos «salvadores do Mundo» dirijo esta mensagem de felicitações: abram lá a garrafa de champanhe nos dias 16 de Setembro. Enquanto houver Setembro e garrafas de champanhe porque não hão-de ter uns minutos de alegria e boa disposição?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

QUÍMICOS + FOME

1946-2007: 60 ANOS DE LUTA

A despropósito ainda do milho transgénico e dos activistas do estilo verde-eufémia, José Júdice, colunista do jornal «Metro» ( 5 de Setembro de 2007), aproveitou para dizer mal dos ecologistas em geral e para tentar reanimar um morto totalmente morto(1766-1834): Thomas Robert Malthus. E o seu maltusianismo, completamente arrumado e enterrado, diga-se, pelo biologista, sociólogo e político Josué de Castro, em obras que estão hoje mais vivas do que quando foram publicadas, na segunda metade do século passado: Geopolítica da Fome, O Livro Negro da Fome, O Ciclo do Caranguejo e Geografia da Fome.
Ainda não há muito tempo, Luísa Schmidt, socióloga e especialista na área do Ambiente, rendia grandes elogios a este autor, um dos pensadores fundamentais da Idade Moderna. E considerava o livro «Geografia da Fome» (1946) o livro que mais a marcou. (In «Expresso», 1 de Setembro de 2007). Outros, mesmo não sociólogos, poderiam dizer o mesmo.
Josué de Castro foi voz de uma geração. Quando o Terceiro Mundo, a Fome e a Pobreza ainda eram tema de conversa. E de luta. E de combate. E de ódio ao poder que eterniza a miséria.
Que pena o cronista José Júdice, que de vez em quando diz umas coisas acertadas, não se ter lembrado deste autor e das suas obras fundamentais sobre as causas estruturais e conjunturais da fome.
Em vez disso, desenterra conversas antigas, do tempo em que os animais falavam e em que a famosa teoria de Malthus fazia carreira para pôr os ecologistas a ridículo.
Por causa dos transgénicos e dos activistas do verde Eufémia , o poeta não hesitou em reanimar o que já tinha sido definitivamente arrumado por Josué de Castro.
Escreve o articulista:
«A humanidade não morreu à fome porque o progresso da química, da biologia e da agronomia produziu nos últimos 15 anos adubos, pesticidas e novas plantas capazes de alimentar o planeta.»
Curiosamente, não invoca a explosão demográfica que era o grande cavalo de batalha dos malthusianos.
O dilema não é, como José Júdice falaciosamente afirma, entre agricultura química (com pesticidas, adubos químicos, transgénicos e etc) e agricultura biológica.
Qualquer das duas é, a curto, médio e longo prazo, insustentável: o que qualquer ecologista sensato defende é uma «agricultura sustentável» e não uma agricultura «biológica» para elites.
Não vale a pena manter antigas falácias para continuar a indrominar a malta.
Mais adubos químicos, mais pesticidas, mais transgénicos, mais biocombustíveis hão-de significar sempre mais fome. A curto, médio e longo prazo. Ponto final parágrafo.

RETROSPECTIVA CONFIRMATIVA:
http://pwp.netcabo.pt/big-bang/gatodasletras/casulo1/josué.htm

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

HÁ JÁ 17 ANOS

1-2 - dalai-md-1-2> quinta-feira, 6 de Novembro de 2003
1-2 - 90-09-06-ls> leituras do afonso - dalailam > - notas de leitura

MILHÕES DE AMIGOS(*)

[(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Leituras de Verão», 6-9-1990]

24/8/1990 - Depois que lhe foi atribuído, o ano passado, o Prémio Nobel da Paz, o 14º Dalai Lama, chefe político e religioso do Tibete (país ocupado, há quatro décadas, pela República Popular da China), tornou-se uma figura popular, vedeta dos «media» e um escritor conhecido.
Ainda que não estivesse inédito em livro, pois circulavam várias obras suas, em diversas línguas ocidentais, sobre doutrina e prática budista, só depois do Prémio Nobel essas obras passaram a ocupar lugar de relevo nos editores e escaparates de todo o Mundo.
Entre as editoras mais atentas aos «novos ventos da História», a Pensamento de São Paulo (Brasil) tem marcado pontos. Nada lhe escapa de importante e de essencial. Longe vai o tempo em que se considerava medíocre a edição brasileira. Hoje, em matéria de vanguarda, bate aos pontos as melhores editoras de Lisboa e Porto.
É assim que acaba de surgir, quase na mesma hora em que saiu em Nova Iorque a edição norte-americana, «Bondade, Amor e Compaixão»(*), discursos do Dalai Lama nos E.U.A., compilados por Jeffrey Hopkins e Elizabeth Napper. Onde quer que ia e fosse qual fosse o País que visitava (numa peregrinação que em alguns aspectos se assemelha à do Papa João Paulo II) ele conquistava milhões de amigos para si, para o seu povo mártir e para o «dharma» budista. Agora, com estes discursos de larga influência que pronunciou para vastas audiências e abertos a todos os credos, ele conquistará também o coração de milhares de leitores, falando uma linguagem que, de tão universal e intemporal, já quase se encontrava esquecida do mundo contemporâneo.
Com efeito, a mensagem de Sua Santidade Tenzin Gyatso - denominação que hierarquicamente lhe é devida na ordem iniciática a que pertence - , não se destina unicamente a crentes budistas mas a todas as pessoas que acreditam na possibilidade de transformação do homem como indivíduo e membro da sociedade. Entre outros assuntos, o chefe do povo tibetano no exílio fala sobre adestramento e transformação da mente através da meditação, sobra as divindades do budismo tibetano e sobre a arte de captar, além das aparências, a verdadeira natureza das pessoas e dos fenómenos.
O organizador e tradutor desta colectânea, Jeffrey Hopkins, é professor na Universidade de Virgínia, onde rege um curso de estudos budistas, tendo acompanhado o Dalai Lama em suas viagens pelos E.U.A., Sueste da Ásia e Austrália.
De leitura também interessante para o grande público é a obra « Minha Terra e Meu Povo»(**), testemunho sobre as vicissitudes do povo tibetano, em resistência contra o invasor chinês desde 1950.
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(*)«Bondade, Amor e Compaixão», Décimo Quarto Dalai Lama, Editora Pensamento, São Paulo
(**)«Minha terra e Meu Povo», Décimo Quarto Dalai Lama, Editora Palas Athena, São Paulo
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Leituras de Verão», 6-9-1990
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[publicado em «leituras de verão», eventualmente modificado] - -1043 caracteres - artes de viver - caminhos do maravilhoso – notas de leitura

ROTINA DO MILAGRE NA MAGIA TIBETANA

[13/5/1992 ] - O que vulgarmente se classifica de «mágico», acontece, em sociedades ainda ligadas às origens do Mundo, como um fenómeno normal de rotina.
Esta podia ser uma das conclusões a retirar do livro «Místicos e Mágicos do Tibete», da escritora Alexandra David-Neel, nascida em França, livro que se encontra em edição portuguesa das Publicações Europa-América (*)
O olhar que esta autora lança sobre o mistério tibetano é de um jornalista ou de um investigador científico, habituado ao nível racional e factual dos acontecimentos e sem ir muito além da casca ou superfície dos fenómenos. Ainda assim e se tivermos em conta que o Tibete (e o lamaísmo) já foi vítima de um «gangster» chamado Lobsang Rampa, pelo menos Alexandra David-Neel é honesta e de boa fé, com o mínimo de abertura a um tipo de sensibilidade completamente diferente da maneira de ser ocidental e a um fundo secular de sabedoria que nada tem a ver com os padrões em vigor nas tradições europeias.
Ela deixou-se apaixonar pela cultura tibetana e, se é certo que não compreende muito daquilo que observou, também é verdade que o mostra sem preconceitos, sem classificar de charlatanismo, como tantos fazem, tudo aquilo que não está à altura de compreender. É como se tivesse sido chamada à missão de divulgar no Ocidente a mais antiga tradição primordial viva. A sua vida tem sinais muito claros dessa predestinação, que ela, aliás, aceita e assume com a maior naturalidade. Ela percebeu, pelo menos, que nada acontece por acaso e que também a sua vida estava traçada... Alexandra David-Neel trouxe, assim, desse mundo «desconhecido e proibido» uma fabulosa amostra do tesouro que se contém no cofre do conhecimento milenar e secreto, a sabedoria prática (mágica) contida nas ciências ditas ocultas.
Nascida em Paris em 24 de Outubro de 1868, de uma família francesa protestante, faz a primeira escapadela para a Grã Bretanha aos dezassete anos. Estuda filosofia e línguas orientais. Uma manhã resolve ir para o Tibete, onde se iniciará no budismo. Até à guerra 1914-18, vem à Europa algumas vezes mas por pouco tempo. Da China aos Andes, muitas vezes a pé e como peregrina, atravessa todo o Tibete e conta essa experiência no livro «Viagem de uma Parisiense a Lassa». Bloqueada na China, durante a Segunda Guerra Mundial, volta a França com o filho adoptivo, o lama Yongden. Alexandra David-Neel morre em Digne, a 8 de Setembro de 1969, deixando duas dezenas de livros sobre o Tibete, o budismo e cultura oriental.
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(*) «No Rasto de Místicos e Mágicos do Tibete», Alexandra David-Neel, Publicações Europa América, Colecção «Portas do Desconhecido», nº 56■

terça-feira, 11 de setembro de 2007

HÁ JÁ 34 ANOS

corantes-1-ac-ab>

CONTAMINANTES ALIMENTARES: UMA HISTÓRIA MUITO ANTIGA

http://catbox.info/big-bang/vidanatural/dcm87-eh.htm

http://catbox.info/big-bang/vidanatural/silenc.htm

http://catbox.info/big-bang/vidanatural/dcm83-2.htm

http://catbox.info/big-bang/vidanatural/pao-1.htm
http://catbox.info/big-bang/vidanatural/pao-2.htm


http://catbox.info/big-bang/vidanatural/+ecologia%20alimentar+.htm


Ao que foi dito, escrito e publicado no meu livro «A Química que Mata», Ed. Estúdios Cor, Lisboa, 1973, sobre contaminação alimentar (conservantes, corantes e cª) , há apenas algumas novidades recentes entre as muitas que todos os dias se acumulam sobre alimentos que são contaminantes e prejudiciais à saúde do indígena.

A tal lista negra nunca está completa.

22 de Maio de 2006 – A federação das indústrias Agro-Alimentares quer criar um código de conduta para o sector sobre estilos saudáveis, que ajude a combater a obesidade, revelou ontem a directora-geral da organização.


22 de Julho de 2007 – Leite é o alimento que mais alergias provoca. O jornal «O Destak» sintetizava assim: o leite é a principal causa das alergias alimentares, e cólicas, nos bebés até aos 3 anos, mas muitos adultos também sofrem de intolerância à lactose. O pediatra Libério Ribeiro, especializado em alergias, aconselha o «leite extensivamente hidrolizado ou de soja.»

7 de Setembro de 2007 – Corantes contribuem para a hiperactividade: consumo de alguns aditivos acentua o défice de atenção das crianças. A jornalista do «DN», Maria João Caetano, apontava alguns alimentos «perigosos», onde os cientistas encontraram aditivos (seis corantes e um conservante) em vários produtos que integram a alimentação comum: bolos, refrigerantes, gomas e outros doces, iogurtes, molhos, filetes de peixe panados, gelados.
Crianças e adultos, portanto, ninguém está a salvo.
E o Governo tem medo de receber o Dalai Lama.

E sobre o Leite de Soja, aconselhado pelo pediatra Libério Ribeiro, ninguém está seguro, hoje, de que essa Soja não seja transgénica nem conservada por radiações ionizantes.
Do que todos podemos ter a certeza é de que estamos metidos em mais um buraco sem saída.
Até quando, Catilina?

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

HÁ JÁ 28 ANOS

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ECONOMIA MACROBIÓTICA: NOVA ORDEM ALIMENTAR À ESCALA MUNDIAL

27/10/1979 - 13 páginas dactilografadas e publicadas algures, creio que no Jornal da Via Macrobiótica: «A Economia Macrobiótica: Nova Ordem Alimentar à Escala Mundial ».
«Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és»
«Alimentação para a era pós-industrial»
«Macrobiótica e Luta de Classes.»
Motivos deste artigo:
No continente africano morre-se de fome, no continente europeu morre-se de indigestão. Entre exploradores e explorados, a economia macrobiótica é a terceira via.
A economia energética (ou ecologia) é a única que pode matar a fome à escala mundial: não é destruindo a vida na Terra, principal fonte alimentar mundial, que se dará comer a todos os homens, povos que exploram outros povos, continentes que exploram outros continentes: entre os milhões que morrem à fome e os milhões que morrem de indigestão, a macrobiótica impõe uma nova economia alimentar
Da bioenergia curativa à bioagricultura. os princípios ecoalimentares da macrobiótica desafiam a humanidade a construir uma nova ordem económica que reparta igualmente os recursos disponíveis da Terra.

RETROSPECTIVA CONFIRMATIVA:
  1. http://pwp.netcabo.pt/big-bang/vidanatural/+files%20a-z+.htm
  2. http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&cr=countryPT&q=+site:pwp.netcabo.pt+economia+macrobi%C3%B3tica:+nova+ordem+mundial

domingo, 9 de setembro de 2007

ECO-FILOSOFANDO

ELOGIO DA METÁFORA: RECURSOS DE UM APRENDIZ DE FILÓSOFO

Felizmente que há especialistas capazes de nos falarem, em termos de toda a gente, dos assuntos mais especializados, de economia, bolsa e finanças ou de Ambiente.
Foi o caso num artigo de António Peres Metelo, redactor principal do «Diário de Notícias» e um dos nossos melhores especialistas em jornalismo económico.
Várias lições podemos retirar desse magnífico editorial, («DN», 7 de Setembro de 2007) onde, entre outras metáforas certeiras, destaco esta: «a crise está na massa do sangue do nosso sistema económico».
Quem não percebe nada de economia e finanças, nunca se atreveria a escrever isto mesmo que o pensasse.
A metáfora exprime um vasto conjunto de ideias e factos que o discurso analítico normal nunca poderia exprimir com tanta clareza e, curiosamente, com tanta exactidão. Com tanto rigor.
No artigo de António Perez Metelo, detectei outras metáforas igualmente elucidativas e que fazem o leitor comum compreender matérias altamente especializadas:
«o efeito dominó»
«panaceia»
«velocidade da luz»
«transparência»
«lambem as feridas»
«os ventos da fortuna»
«febres cíclicas»
E finalmente, a frase-chave: «A existência de ciclos, com as suas inevitáveis crises, por mais que não se queira, está na massa do sangue do sistema económico que nos rege.»
Sem metáforas, o jornalista nunca se poderia fazer entender em matérias tão especializadas.
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Dá gosto ver e ler um especialista que eco-filosofa sobre o essencial e o estrutural.
Porque, sendo o essencial o sistema no seu intérmino labor de destruir os ecossistemas, há sempre ocasião de um economista falar de ecologia falando de economia, ou falar de economia falando de ecologia, prestando bons esclarecimentos ao entendimento causal de tudo o que acontece e inter-relaciona (porque, para o bem e para o mal, tudo se inter-relaciona com tudo).
Se tudo é Ambiente – outra banalidade de base a que podemos recorrer – então nenhuma especialidade, só por si, pode dar um contributo consistente a uma visão global do enredo (ou rede) chamado ecossistema Terra.
Quem é suficientemente genial para falar de várias especialidades e relacionar (acima de tudo relacionar) umas com as outras? Nem Leonardo da Vinci hoje o conseguiria.
Quem não é génio, nem Leonardo da Vinci da Ecologia, mas não desiste de pensar as inter-relações de causalidade, refugia-se na única coisa que qualquer um pode fazer: eco-filosofar livremente.
E eco-filosofando, tentar relacionar as partes com o todo, o todo com as partes.
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Já vimos que, ao falar de sistema (o todo no seu conjunto), a metáfora dá bastante jeito, embora o cientista especialista, aí, fale de Retórica.
Dou exemplos da minha Retórica:
«a sociedade industrial desemboca em vários becos sem saída»
«ao puzzle do sistema faltam sempre peças»
«a crise é estrutural a um sistema crítico que vive de ir matando os ecossistemas: não pode viver sem matar».
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Uma aproximação filosófica ao meio ambiente não é evidentemente uma ciência de rigor. Mas será possível uma ecologia de rigor? As ciências humanas e as ciências da vida poderão ser ciências de rigor?
A arte de filosofar não é uma ciência de rigor. É uma arte de conhecer, por aproximações sucessivas, um pouco melhor a realidade ambiente que nos cerca.
O dever de filosofar sobre o (estado do) Ambiente deveria estar inscrito como direito, na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
E o direito à metáfora para expressar ideias gerais.
E o direito a errar, já que errar é caminhar.
O caminho da análise (científica) já nos levou longe demais na atomização da realidade ambiente. Na pulverização do seu entendimento. Na parcelarização do que só faz sentido em pequenos, médios e grandes conjuntos.
Julgo saber que a parte e o todo é um problema por resolver na epistemologia institucional, a que hoje se reduz a Filosofia admitida.
É esta outra dificuldade básica para quem quer pensar sobre o meio ambiente: é que qualquer «todo» que se considere é sempre parte de um «todo» maior. Daí que tenhamos de falar em «ciência alargada» e em «ecologia alargada».
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A eco-filosofia postula-se em uma banalidade de base:
Reconhecer e pensar o óbvio: Tudo é ambiente.
Por exemplo: relacionar uma patologia com o ambiente (exógeno ou endógeno) que a provoca, é um óbvio ainda não reconhecido oficialmente pela ciência médica oficial. Este óbvio não será reconhecido enquanto a doença for rentável. Enquanto a doença for rentável , nunca mais teremos uma eco-filosofia da saúde (Holística , ou lá o que lhe quiserem chamar).
A ciência médica recusa-se a reconhecer o óbvio – a doença está no ambiente – porque isso contraria uma indústria que é, depois do armamento e do automóvel, uma das mais lucrativas.
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Outro óbvio ululante é a existência de um continuum energético: a matéria seria apenas um grau de condensação do espírito criador: a eternidade, o infinito.
O microcosmos seria apenas a outra «ponta» do macrocosmos. Por isso se diz que filosofar sobre o óbvio é repetitivo, volta-se muitas vezes ao mesmo ponto para avançar mais alguns (espiral) .
Este postulado óbvio (outra metáfora) inutiliza muitas teorias que a ciência se gaba de ter produzido mas principalmente a última em data que dá pelo nome de «teoria do todo».
Uma tolice ainda no limbo, ao que parece, e que como tolice irá continuar.
Como é, aliás, óbvio.
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Entropia e Neguentropia, Nómeno e Fenómeno voltam a entrar no vocábulo básico de uma eco-filosofia.
Os 4 elementos de Empédocles e os 5 elementos da biocosmologia taoista são metáforas muito úteis a quem quer filosofar sobre o todo ambiente.
Fazem um corte transversal – outra metáfora! – onde a ciência analítica cria mais um nicho e faz casuística sistemática (?).
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Além da metáfora o aprendiz de filósofo dispõe de outros recursos na sua tarefa artesanal de pensar com a própria cabeça: as listas de inventário são outra forma (artesanal, concordo) de nos aproximarmos de uma realidade complexa e, por vezes, inflacionária.
A «lista negra» das poluições, por exemplo, é o menos que podemos invocar quando se pretende apontar uma entre mil poluições.
Os transgénicos são outro exemplo de como a discussão acaba por se polarizar apenas num capítulo do todo que é o horror da biotecnologia e respectivas putifarias (esta das patifarias é outra metáfora útil).
Mas quem diz listas de inventário, diz títulos de jornal: resumem em duas linhas o que levaria páginas a explicar analiticamente.
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A Retórica , outro recurso muito mal visto nos meios académicos, presta relevantes serviços a quem não conhece todas as especialidades de todas as ciências e matérias sobre as quais tem que se pronunciar, não de maneira analítica mas sintética: como faz a metáfora. E lá vai chegando onde pode, por aproximação e com margem de erro maior ou menor. Afinal, o que a ciência académica também faz. Apenas com maior arrogância.
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Como o artigo de António Perez Metelo confirma, um bom editorial de um bom jornal (a ilacção geral a partir de um caso particular) é mais um bom caminho de nos aproximarmos à realidade ambiente.
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Saber é poder. E lucro.
Não vale a pena fingir que ignoramos um dado básico em toda esta questão: com o «monopólio da verdade», quer das religiões quer das universidades, a arte de filosofar deixou de ter legitimidade. O que não for atestado pelas corporações, atestado pela universidade ou abençoado pelas igrejas, é zero.
Mas é nesse zero que os marginalizados do sistema ainda conseguem arranjar espaço para se pronunciarem sobre o que «sabem» (pensar é recordar). O direito a pensar há muito que foi proibido pelas inquisições e instituições. A quem fica de fora – ainda somos uma boa maioria silenciosa – só resta filosofar. Só resta ir eco-filosofando.
E seja o que Deus quiser.

RETROSPECTIVA CONFIRMATIVA:

http://ecologiaemdialogo.blogspot.com/
http://myweb26.com.sapo.pt/+hemeroteca+.htm
http://catbox.info/big-bang/ecologiaemdialogo/+deep%20ecology+.htm