quarta-feira, 28 de novembro de 2007

PONHAM LUTO-1


TESTES TERMO-NUCLEARES
Balanço da France Press em Jacarta, 26 de Novembro de 2007: «três mortos – entre eles uma criança de 5 anos – e 554 feridos: sismos de magnitude 6,7 na Ilha Indonésia de Sumbawa.»
Mais uma vez (infelizmente) a rotina dos sismos ao domingo foi confirmada. Desta vez e para ajudar, coincidiu com a Lua Cheia.
Mais uma vez o Geological Survey norte-americano, que sabe tudo sobre magnitudes na escala de Richter, não nos poderá elucidar da coincidência e da relação causa-efeito, entre os rebentamentos termo-nucleares subterrâneos (os chamados testes) e os sismos devastadores como foi o tsunami de Dezembro de 2004, 220 mil mortos ou desaparecidos.
Mais uma vez ficamos sem saber quem fez rebentar a bomba: Coreia do Sul, China, Índia, Paquistão ou França (atol da Muroroa).
O Geological Survey norte-americano devia saber.
Sabe-se , no entanto, que é conhecido por vários nomes: Instituto de Geofísica Norte-Americano, departamento de estudos Geológicos e Geological Survey: as notícias só não localizam onde funciona este atento observatório.
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Em qualquer caso, ao domingo como são a maioria , ou às quintas-feiras como também acontece, a rotina dos sismos no chamado «anel de Fogo do Pacífico» tem um bom alibi: ali ocorrem, segundo as estatísticas, 7.000 sismos por ano.
Embora, claro, só os que provocam mortos, feridos, desaparecidos ou edifícios destruídos sejam naturalmente notícia, ora da Reuters ora da France Press.
Entretanto as Ilhas do Arquipélago da Indonésia continuam um lugar atractivo para turistas.
«Quer conhecer Bali? Praias paradisíacas, Nusa Dua, Kuta Sanyur, Ubdu, Candi» - anunciam múltiplos sites na Net.
E Tsunami Frontier é, como se sabe, uma marca de computadores hoje muito popular.
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Ainda a paradisíaca Ilha de Bali.
O Francisco Ferreira, da Quercus, vai lá estar, conforme nos anuncia no jornal «Meia Hora», 27 de Novembro de 2007: é a chamada megaconferência ambiental da ONU, a 13 de Dezembro, não deve haver problema porque está a Lua em quarto minguante e é uma quinta-feira. Pode ser apenas que tremam alguns edifícios.
Perante esta rotina dos fins de semana com Lua Cheia, portanto, só nos resta pôr luto pelos mortos e aguardar outra Lua Cheia, e outra, e outra...
Enquanto houver ilhas paradisíacas.

PONHAM LUTO-2


CRONOLOGIA DOS EVENTOS
2007-11-26 - 09:01:00

Com a magnitude de 6,4 na escala de Richter
Sismo mata seis pessoas na Indonésia

Pelo menos seis pessoas perderam a vida e 45 outras ficaram feridas na sequência de um forte sismo com a magnitude de 6,4 graus na escala de Richter registado a noite passada na região oriental da Indonésia.

Um balanço provisório das autoridades da ilha de Sumbawa, a mais afectada pelo tremor de terra, dezenas de edifícios foram destruídos ou bastante danificados.

O sismo, registado por volta das 23h00 locais, teve o epicentro localizado a cerca de 40 quilómetros da cidade de Raba, na província de Nusa Tenggara Ocidental.

Horas mais tarde, cerca das 03h00 locais desta segunda-feira, a região foi sacudida por um novo tremor de terra, com 6,3 graus na escala de Richter.

Os sismos são frequentes na Indonésia, um imenso arquipélago situado numa zona de risco elevado denominado "Anel de Fogo do Pacífico”, onde ocorrem cerca de 7.000 sismos por ano.
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26.11.2007 - 12h02

(AFP)

Na ilha de Sumbawa
Sismo de 6,7 na Indonésia faz três mortos e 55 feridos

Um sismo de magnitude 6,7 abalou hoje a ilha indonésia de Sumbawa, fazendo, pelo menos, três mortos – entre eles uma criança de cinco anos - e 55 feridos, segundo um balanço oficial.

“As pessoas estão nas ruas. Algumas preferiram dirigir-se para o campo de futebol. Ninguém quis ficar sozinho”, contou Adit, um habitante da cidade de Bima, na rádio Elshinta.

A maioria dos ferimentos foi causada pelo desabamento de estruturas, segundo fonte do hospital geral do distrito de Dompu, em Sumbawa. Neste momento continuam hospitalizadas 20 pessoas, com fracturas de ossos e ferimentos no crânio.

O epicentro do sismo, no mar, localiza-se a 349 quilómetros de Denpasar (ilha de Bali), informou o Instituto de Geofísica Americano (USGS).

O sismo foi sentido nas ilhas vizinhas de Lombok e Bali.
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2007-11-26 - 15:00:00

Sismo de 6,2 graus
Terra treme no centro do Japão

Um sismo com a magnitude de 6,2 graus na escala aberta de Richter abalou esta segunda-feira a região central do Japão. Não há registo de vítimas ou de danos materiais.

De acordo com o Instituto Geológico norte-americano, o tremor de terra teve o seu epicentro localizado cerca de 70 quilómetros a nordeste da cidade de Iwaki.
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2007-11-27 - 00:00:00

Centenas de pessoas ficaram sem casa
Sismo mata seis na Indonésia
Famílias ficaram sem nada

(Reuters)

Dois sismos registados na Ilha de Sumbawa, na Indonésia, causaram anteontem seis mortos, 45 feridos, centenas de desalojados e dezenas de edifícios ficaram destruídos.

O primeiro sismo atingiu os 6,7 graus na escala de Richter e registou-se pouco depois da meia-noite. O segundo ocorreu quatro horas mais tarde e foi ainda mais forte, com 6,8 graus de magnitude.

Entretanto, um sismo com a magnitude de 6,2 graus na escala de Richter abalou ontem a cidade de Iwaki, no Japão, mas não se registaram vítimas nem danos materiais.
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2007-11-23 - 09:14:00

Na província de Aceh
Sismo de magnitude 6 na Indonésia

Um sismo com a magnitude 6,1 na escala aberta de Richter foi sentido, esta sexta-feira, na província indonésia de Aceh. Não há registo de vítimas ou danos materiais e não foi lançado qualquer alerta de tsunami.

De acordo com Instituto de Geofísica norte-americano, o sismo, que ocorreu às 06h02 (23h02 de quinta-feira em Lisboa), teve o seu epicentro localizado no mar 113 quilómetros a sudoeste de Banda Aceh.

Os tremores de terra são frequentes na Indonésia, um imenso arquipélago situado numa zona de risco elevado denominado "Anel de Fogo do Pacífico”, onde ocorrem cerca de 7.000 sismos por ano.

Em Dezembro de 2004, um sismo com a magnitude de 9,3 nesta mesma região provocou um tsunami (ondas gigantes) que atingiu as costas de vários países causando cerca de 220mil mortos ou desaparecidos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

o stress dos cientistas-4

barata-3-ac-ab> segunda-feira, 5 de Novembro de 2007

CRIME E CASTIGO:
O ININPUTÁVEL, O PROGROM E O RESTO

Depois disto tudo, ainda há quem não queira que se fale de Juízo Final e dos quatro cavaleiros do Apocalipse e das trombetas do Armagedão?

A bem do meio ambiente, o melhor é não diminuir o simbolismo do caso James Watson, os que condenaram James Watson e o demitiram de todos os cargos, porque o homem usou o direito à opinião e disse o que pensava.
Se o próprio George Steiner, na sua histórica vinda a Lisboa (Fundação Gulbenkian) se sentiu na obrigação de o defender, é porque o ambiente kafkiano, no tempo-e-mundo em geral e na comunidade científica em particular, também está a fazer holocaustos.
Sem que ninguém, dos que tanto se comovem com o holocausto, venha dizer basta.
Também há covardes a fingir de heróis.
O episódio do Prémio Nobel, julgado (sem julgamento formal), condenado e expulso pelos seus pares, assume a categoria de símbolo.
E um símbolo, tal como a imagem, diz mais do que mil palavras.
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Os novos inquisidores estão mais activos do que nunca: os homens de negro, em que falam os adeptos da ovniologia, começam a reaparecer pelos cantos, ora de cinzento ora de vermelho ora cor de burro quando foge.
O tempo não vai decididamente para heroísmos, nem sequer para a gente dizer o que pensa.
Aqui na Ambio, elogiei o judeu George Steiner e o P.M.B. não se cansa de gritar que o insultei. Quando um elogio é considerado um insulto, valha-me deus que a perversão vai adiantada e a noite do obscurantismo ainda mais negra.
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O ambiente só não é inteiramente kafkiano, porque Kafka seria o primeiro, nestes tribunais do povo improvisados, neste contexto de progrom, seria o primeiro a quinar, se se atrevesse a escrever, na Ambio, uma sinopse d’ «O Processo».
Entre Doistoewsky, Kafka e a tragédia clássica – estilo Sófocles e/ou Ésquilo – o actual panorama de culpas e desculpas, culpados e condenados é de trevas (tenebroso) e, embora de pechisbeque, todos os dias desconta novos capítulos.
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Incluindo o ambiente político, onde a sanha persecutória dentro do partido todos os dias é notícia, há que ver a coisa de cima e à distância.
Por toda a parte se convida a punir o ininputável, a julgar, a fiscalizar, a indemnizar.
O progrom solicitado pelo P.M.B. aqui na Ambio, está aí afinal em todo o seu esplendor.
Há um tribunal permanentemente montado e em sessões contínuas, onde se representa mais uma cena de crime e castigo. Quando não há o flagrante delito, inventa-se.
As televisões já não vivem sem isso e o J.R. dos Santos não sorri – de orelha a orelha - se não tem uma boa notícia de perseguição policial para dar.
A malta quer é histórias de Maddie, polícias, ladrões, detectives, espiões, delactores, perseguidos e perseguidores. Nova religião da nova inquisição: «Chercher le criminel».
Apito Dourado, Operação Furacão, o espectáculo não pode parar.
Algoz e vítima, há lá coisa que se compare a este forrobodó?
«Corrupção», o filme sobre Carolina Salgado e Pinto da Costa, fez mais de 20 mil espectadores num dia ( 4.Novembro.2007).
Escutas? Vendem-se na Loja dos 300, na Feira da Ladra e na Feira das Vaidades. Já há descartáveis, as legais e as ilegais.
Em nome da democracia e dos valores da democracia.
Logo aparece um a dizer que ainda há quem sonhe com os fantasmas da PIDE. Que ideia!
Onde iriam os semanários inventar capa a cores, se não fossem estas belas intervenções de quem pode intervir.
Escuta que escuta e logo ouvirás o que não gostas.
Ruídos estranhos no telemóvel?
É das manchas solares: e quando a Vera Lagoa, mulher das direitas e à direita, denunciava no então semanário «O Diabo» as escutas que lhe chegavam aos ouvidos de jornalista bisbilhoteira (um bom jornalista tem que ser bisbilhoteira e fazer de polícia), caíam os andaimes todos da democracia em construção. Que pelos visto ainda está nos andaimes. E sem tecto. Assim que os senhores deputados aprovaram a lei respectiva, passou então a haver escutas: legais e ilegais, claro.
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E ainda falta a outra vertente do sistema que destrói ecossistemas: o espírito de clube, o ganhar e o perder, o totobola a toda a hora, a lotaria todos os dias: aí a lista não acaba mesmo.
Metas e mega-metas a atingir, até ao ano 2013, 2020, 2030, 2050, etc.
Pois é: isto de fazer planos futuros dá muito jeito para fazer esquecer o momento presente.
Olimpíadas e corridas olímpicas, iodeto de prata sobre nuvens, a China há dezassete anos que trabalha esta tecnologia, atrasara-se mas agora, com as corridas à porta, acelera.
Aqui em Portugal, no perímetro de Valladolid, fizeram-se, não sei se ainda se fazem, ou se o iodeto de prata se acabou na despensa: que os cientistas façam de nós cobaias, depois de fazerem de nós parvos, não é nada e ainda lhes dão mais um prémio Nobel.
Na pátria de Putin é a «guerra sem tréguas entre serviços secretos» (4.Novembro.2007)
O sistema já deve ter esgotado os ecossistemas que destrói e agora, autofagicamente, devora-se a si mesmo, pela cauda, como a serpente da fábula.
Depois disto, ainda o meu amigo Mário Heleno me diz que eu levo tudo muito a sério.
Depois disto tudo, ainda há quem não queira que se fale de Juízo Final e dos quatro cavaleiros do Apocalipse e das trombetas do Armagedão.
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Invariáveis deste tempo-e-mundo: biocídio, biocracia, homicídio, genocídio, etnocídio, o holocausto que preocupa o P.M.B. e os holocaustos que não o preocupam.
Palavras mais comuns no discurso quotidiano dos jornais:
«paranóia sancionatória» (Carlos Brito, in RCP)
«sanha sancionatória»
Verbos mais vezes conjugados:
acusar
perseguir
odiar
vingar-se
insultar
proibir
desconfiar
queixar-se
Ismos mais usados:
Revanchismo
Justicialismo
A complicar o quadro de culpas e culpados, o hinduísmo (que o George Steiner considera a cultura do futuro) vem com o Karma, a contabilidade, o deve e haver das almas: aí temos mais um tribunal onde iremos responder, ou em que já estamos a responder sem saber. Inocentes e culpados exactamente porque inocentes.
Do verdadeiro juízo e do verdadeiro julgamento é que ninguém parece muito (pre) ocupado: o da Ordem cósmica, a que os egípcios deram o lindo nome de MAAT. E os taoístas Princípio Único.
Mas isso é outra história e não a misturemos nesta salada russa, neste folhetim de polícias e ladrões que todos os dias se debita para diversão da malta.

o stress dos cientistas-3

barata-2-ac-ab> sexta-feira, 2 de Novembro de 2007

P.M.B.: OS ESPIRROS DE UM ESBIRRO
A NOVA INQUISIÇÃO E A NEW AGE

Ódio, vingança e revanchismo é o resumo desta ideologia e que este caso (digno de estudo) ilustra

Depois da queixa contra o Holocausto, vem o convite ao progrom. E ao linchamento (do negro ou do ambionauta distraído)

Já tinha dado por arrumado o assunto do P.M.B. – e seus espirros de esbirro aqui na Ambio – quando o meu anjo da guarda me segreda no ombro: «cautela, afonso, olha que ele quer indrominar-te, diz que se afasta mas é só para te jogar a unha na primeira esquina. Estes intelectuais do holocausto são vingativos e andam sempre à procura de pretexto para lixar (linchar) alguém».
Como, de facto, o que era o assunto inicial por mim proposto – os limites da ciência e o stress dos cientistas George Steiner e James Watson (tema claramente ambiental e com cabimento na Ambio) – descambou numa sujeira verbal do P.M.B. com adjectivos e apelos à punição do ininputável A . C. , lá tive que voltar ao assunto mas desta vez no Blogue «Ecologia em Diálogo», deixando aqui na Ambio apenas o essencial da minha defesa.
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Como eu não sabia o que era ininputável e até que ponto o P.M.B. me insultara (ou elogiara) fui ver a um Dicionário do José Pedro Machado mas não encontrei a palavra. Só encontrei punição e aí fiquei perfeitamente elucidado: o P.M.B. queria a punição e apelou ao povo da Ambio para que se fizesse um progrom ao desgraçado.
Esta terminologia jurídico-legal – imputável e ininputável - atrofia-me um bocado mas temos que fazer um esforço quando um rufia nos sai ao caminho a gritar : «És culpado, és culpado e tens que ser punido mesmo sem ser julgado»
Mas culpado de quê, minha Nossa Senhora?!
Isto seria kafkiano se não fosse pura e simplesmente estúpido.
Desta feita o gendarme que me abordou à queima roupa apelou a toda a comunidade da Ambio para que apoiassem o seu gesto e me linchassem na pública praça.
Por acaso não apareceu ninguém a punir o ininputável AC, antes pelo contrário: o João Soares acorreu em minha defesa (corajosamente, aliás) e a Manuela Soares, indirectamente, disse as palavras certas sobre o que havia a dizer sobre o tema de fundo por mim proposto e desde logo ignorado pelo polícia de costumes que me abordou, chamando-me ininputável.
Eles tratam de tudo com adjectivos, imprecações e insultos: mas que merda é esta e porque teremos que os aturar?
Desta vez, o P.M.B. não conseguiu que o seu apelo ao progrom surtisse efeito. Pode ser que na próxima tenha mais sorte. Desejo-lhe sucesso na sua missão de purificar os ares de agentes perniciosos à ordem pública, de gentalha como eu que costuma chamar aos bois pelo seu nome, quer dizer, se o George Steiner é judeu porque não encarecer e elogiar e enaltecer essa qualidade?
Foi o que fiz.
Se este elogio é, para o P.M.B., um insulto, aí está mais uma prova de que ele vê tudo ao contrário e terá que regular as diopterias. Ou então pedir protecção à Associação Protectora dos Animais.
O P.M.B. fala em «shoah» e em outros termos que eu também conheço porque tenho estudado a Kabbalah e o Talmude e me interesso profundamente por tudo o que é a grande tradição hebraica do sagrado, ao lado evidentemente de outras tradições que ele igualmente despreza: a maya e a egípcia, para começar.
Ele está é empenhado em rotular tudo o que encontra, mete tudo no saco da New Age e vá de bater, às cegas, sobre aquilo que diz defender.
Mas há pachorra para aturar esta geringonça?
Se o P.M.B se sente benzinho na sua mediocridade (e no seu interminável ódio), porque raio há-de querer toda a gente lá dentro?
Desculpem lá mas que ele me tivesse chamado ininputável, execrável e outras adjectivações, é lá com ele e com a sua indigência mental que só conhece adjectivos e nada de substantivo tem na cabeça: agora que nem sequer defenda o que diz defender, não entendo nem admito. Digo e repito: não admito.
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P.M.B. chamou execrável à minha prosa sobre Steiner e Watson. Além de execrável nem o P.M.B. sabe os nomes que já lhe chamei a ele. Além dos mais comuns, claro: um chatarrão do caraças e que nunca mais se cala com as queixinhas do costume. Coitado dele, vítima do holocausto.
Porque é execrável falar da New Age (a mais complexa constelação de ideias que o mundo conheceu) sem saber peva do que se fala e aprioristicamente, com todos os preconceitos e chavões do costume, exalar os estereótipos da estupidez. Chega! Basta!
Ele sonha com fantasmas e só pensa, quando acorda, em punir, punir, punir. Daí a pergunta patética do P.M.B: Será o AC ininputável?
Não há ninguém na Ambio - «dos mais vocais» como ele diz - para punir este palestiniano que reivindica o território que lhe pertence?
Agora a Ambio também serve para discutir religiões?
E política?
Andam sempre à procura da autoridade policial que os avalize na sua sanha (febre) persecutória crónica.
O que o P.M.B. ansiava mesmo era um linchamento à boa maneira dos progroms famosos.
Enganou-se, porque ninguém lhe ligou boia.
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Desviando a questão central e inicial e até interessante para a Ambio – os limites da ciência e o stress dos cientistas Steiner e Watson – para uma coisa perfeitamente lateral e ainda por cima fictícia – o que raio é isso de sionismo e anti-sionismo? - o P.M.B., mais do que um tipo irritado e aos espirros, é um caso de estudo para sociólogos, psiquiatras e outros especialistas.
A gritar para que toda a gente lhe dê atenção e lhe vá cofiar o pelo.
A questão central que ele ilustra de maneira perfeita era e continua a ser apenas uma: a nova inquisição, a pretexto de ciência e da reverência à ciência (que de científica nada tem e é apenas uma religião degradada) entende por bem proibir, proibir, proibir. Há que proibir e punir os que se querem abrir à multiplicidade de caminhos e de conhecimentos e correntes e tendências e ideias e ciências (novas e antigas), de tradições, tecnologias, alternativas de vida, etc, etc
Tal como a Manuela Soares aqui acentuou, a criatividade é que conta. Não os epígonos de régua e esquadro, a recitarem (ainda por cima mal) a lição que julgaram aprender (mal) de qualquer especialidade (ou de especialidade nenhuma).
Só que não tenho a paciência e a serenidade da Manuela Soares, a explicar bem explicadinho ao senhor P.M.B que ciência não é o papagueio que ele quer, nem andar às cabeçadas chamando nomes – ainda por cima elogiosos ecologicamente – ao «lixo da New Age».
Não tenho a vocação pedagógica da Manuela Soares nem tempo para acompanhar clinicamente estes atrasos de vida. Deixá-los rosnar até que se cansem.
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Com o rei na barriga, com os estereótipos todos do progresso e do caminho para a luz (se até a luz da Kaballah é para eles obscurantismo!), o «study case» de P.M.B. não termina aqui: no ódio a uma coisa – a New Age – de que não percebe patavina.
Há outro ódio que ele quer alimentar e a que chama anti-sionismo!
Valha-me Nossa Senhora, se o Deus de Israel não me puder valer nesta trapalhada: quem criou o anti-sionismo (se é que tal coisa existe) foram os «pensadores» do jaez do P.M.B. que tratam de tudo em «ismos», bem alimentados a ódio, vingança e revanchismo até dizer chega.
Uma gente para quem a New Age é toda lixo, não vê (o ódio os cega) que, entre as grandes tradições está precisamente a Kaballah judaica: preferem falar do que não existe (sionismo e anti-sionismo) em vez de proclamar os valores eternos de uma cultura eterna, uma das grandes tradições que a New Age veio trazer corajosamente à luz (do obscurantismo) da idade moderna, apesar dos novos inquisidores estarem a cada canto, ancorados nos seus preconceitos de raça, religião e ideologia, apesar dos esbirros que dia e noite nos fiscalizam, nos policiam, nos ameaçam, nos insultam, nos chateiam.
Colocar a coisa em termos de semitismo e de anti-semitismo, além de ridículo, é de uma altíssima inteligência: quem produziu o anti-semitismo foi o semitismo, valha-nos o Deus de Israel.
Já agora: será que o Deus de Israel também é obscurantismo? E a sublime Kaballah? E a grande tradição do esoterismo / misticismo judaico? E os ideogramas hebraicos? E a numerologia Kabalística?
Ou será que o P.M.B quer fazer da gente estúpidos? E parvos? E ignorantes? E covardes que nem sequer defendem o que dizem defender?
Droga de conversa: o que em princípio poderia e deveria ser uma discussão de ideias minimamente civilizada, o senhor P.M.B. quer transformar em questão religiosa ad hominem (ou racista, ainda por cima). Será que não temos ainda loucos e fundamentalismos suficientes à solta?
Alguma coisa de muito errado está aqui, se em nome do próprio semitismo (ou lá o raio que é) e do anti-obscurantismo, também metemos no «lixo» da New Age a grande tradição da mística judaica, insultando um dos tesouros da cultura humana – a Kaballah, uma das doze ciências sagradas – para lá de todas as fraldiqueirices da ciência moderna, do racionalismo irracionalista, da ciência paranoica, dos paranóicos da ciência, dos reverenciadores da religião dita científica e que nem sequer tem nada a ver com a ciência daqueles que a criaram porque são pura e simplesmente os chulos daqueles que criaram alguma coisa.
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Estou certo de ciência certa do que entendo do tempo novo que está nascendo, com o rótulo de New Age ou seja lá o que for. Venham os P.M.B. que vierem a queixarem-se do calo que lhes dói.

o stress dos cientistas-2

barata-1-ac-ab> 30 de Outubro de 2007

«OS MEMBROS MAIS VOCAIS DESTA LISTA» (PEDRO MARTINS BARATA):
APELO AO PROGROM ?

A questão não é bem como o Pedro Martins Barata a coloca, em 28 de Outubro passado, nesta Ambio, na rubrica «o stress dos cientistas».
Se «os membros mais vocais desta lista» não aparecem a contestar a «indigência extrema» das minhas prosas - como ele se queixa - é porque o clima de «medo» de há muito está instalado nesta lista e não é só o P.M.B. a contribuir para isso, não.
A prova de que as pessoas têm «medo» das peixeiradas que ocupam dias e dias desta compassiva lista e desse compassivo robô que até as gralhas reproduz na íntegra!, é que no caso concreto deste item - «o stress dos cientistas» - recebi em particular palavras de apoio e simpatia.
Só o João Soares teve «coragem» de publicar o que achava e de me cumprimentar pelo que eu disse de George Steiner – do que G.S achou por bem dizer em Lisboa, na Fundação Gulbenkian – que aliás foi do conhecimento público e ao qual não acrescentei nem (mais)uma vírgula.
Não conheço o G.S. de banda nenhuma, não quero conhecer e nem sequer era ele o tema central mas o que a Fundação Gulbenkian entendeu ser pertinente (por sugestão do próprio G.S.): «Terá a ciência limites»?
Vai daí, o P.M.B. esquecendo o fundo da questão (como vai sendo regra nesta lista), dá conta das suas alergias (dos seus espirros) pessoais, apelando ao povo da Ambio -«os membros mais vocais desta lista» - que o apoiem e aplaudam nas suas irritações e subjectivismos e estados de alma e soberbas e stresses e ódios:
«espanta-me que»
«o meu nojo por»
«é uma tristeza que»
«de uma indigência extrema»: esta é a prosa altamente rica, profunda, filosófica, do P.M.B. face à «extrema indigência» da minha.
Não hão-de as pessoas fugir disto? Alhear-se disto?
Graças a Deus que temos uma lista onde cada um tem o direito de dizer o que pensa (a questão é que pense!).
O problema é que a cada canto de um virtual arame farpado há um guarda do gulag (costumam andar aos pares!), pelo que as pessoas de boa fé e de boas intenções que por aqui navegam - «os membros mais vocais desta lista» - se retraiem, preferindo comunicar em privado em vez de publicar opiniões.
Não responde mais a nenhum mail sobre este assunto – garantiu o P.M.B.
Nem precisa. Já disse de facto tudo. Bate e foge – ainda é uma atitude de grande incidência moral.
De uma, porém, não se livra: «os membros mais vocais desta lista» talvez se resolvam a fazer o que ele pede, neste seu vibrante e comovente apelo ao «progrom» contra um outro membro da lista.
Até agora ainda não resultou mas pode ser que resulte. Quando o director da lista – também incluído, é óbvio, nos «membros mais vocais desta lista» - quiser tomar uma atitude e quando as pessoas perderem o «medo» que os P.M.B. instauraram neste espaço de potencial liberdade.
Tal como os que falam do Holocausto (com toda a razão) mas esquecem os holocaustos, também não esqueço que o P.M.B. me chamou mentiroso e ignorante porque eu citei o autor de «L’Alchimie de la Vie» e a sua descoberta do 2º código genético há vinte anos.
Também, como cristão novo, não vou esquecer o que ele desta vez me chamou.
Mais uma vez, o que seria uma questão para elevar o nível filosófico desta lista foi rotulado de «esotérico» e lançado no caixote do lixo da New Age. Como aconteceu agora, a pretexto do G.S.
Dá vontade de dizer uma palavra feia.
Não hão-de as pessoas - «os membros mais vocais desta lista» - ter «medo» disto e destes guardas do gulag? Dos rótulos e estereótipos? Dos subjectivismos e alergias pessoais? De serem sistematicamente enxovalhados e humilhados? De dizerem alhos e responderem-lhe bugalhos? De psicomoralismos e paternalismos? De arrogâncias e outras doenças crónicas? De soberbas e desabafos? De polícias do pensamento e directores de opinião?
De apelos ao «progrom» contra o palestiniano que está do outro lado da fronteira?
Cruzes, canhoto.

o stress dos cientistas-1

1-4-stress-1-ac-ab> sábado, 27 de Outubro de 2007

O «LIXO» DA NEW AGE E O LIXO DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL
O SURREAL-ABJECCIONISMO DE GEORGE STEINER

A comunidade científica anda em grande stress e o stress, segundo dizem os cientistas (clínicos), não faz nada bem à saúde deles. A somatização da ansiedade é o pior que há e fala-se em psicosomática como causa das patologias mais horríveis. É a ecologia do stress.

1-George Steiner, que sofreu as passas do Algarve nos tempos nazis (embora as sinopses biográficas não assinalem se esteve ou não em campos de concentração ), tem todo o direito a debitar (continuar debitando) o discurso de ódio que contra o chamado Holocausto ouvimos por tudo o que é mídia, todos os dias e a toda a hora (como se não houvesse holocaustos no plural).
Mas que os próprios cientistas não escapem às suas setas envenenadas é que torna a aparição de Steiner em Lisboa, a convite da Fundação Gulbenkian, um «study case» a ter em conta e a analisar ao microscópio electrónico.
Aliás, foi ele quem sugeriu o tema – Os limites da Ciência – ao qual a Fundação se limitou a acrescentar um ponto de interrogação. (!)

2-Um outro caso de agudo stress foi o de James Watson, co-descobridor da estrutura helicoidal do ADN molecular, por causa das declarações consideradas racistas a um jornal inglês:«Branco é mais inteligente que negro» - acho que ele disse. Não só lhe cancelaram o programa de palestras no Reino Unido como, em fim de festa, o demitiram de todos os cargos no Instituto de Investigação de Spring Harbor, em Nova Iorque. «Prémio Nobel da Medicina despedido» - dizia laconicamente o título da notícia (26.10.2007). Isto é o que hoje se faz a um Prémio Nobel, faria se não fosse.
Conforme o jornalista Luís Miguel Queirós acentuava no jornal «Público» (26.Outubro.2007), Steiner aproveitaria o contacto com os jornalistas para deixar clara a sua condenação da recente campanha movida contra James Watson, lamentando que este tenha sido perseguido pelas suas opiniões «numa sociedade que afirma prezar a liberdade de expressão».
Bingo! O homem disse uma acertada, a frase conveniente no meio de um discurso todo ele de non sense surrealista, em que se fartou de gozar com o pagode, à conta do macio colchão de penas que aqui acolhe sempre todo e qualquer renomado cientista, diga ele o que disser, faça ele o que fizer. Prémio Nobel ou não.
Quanto ao James Watson, apetece mesmo dizer: «não batam mais no homem, por amor de Deus». Eu próprio estou com remorsos de ter aqui na Ambio feito alguns reparos ao seu discurso bio-tecnocrático, classificado na altura, aliás, pelo Carlos Aguiar de «inclassificável» (eu e o que disse). Vamos a ver é se o demitem também do conselho científico da Fundação Champallimaud: espero bem que não. Seria o Holocausto em que fala o G.S.
Ainda por cima, não se sabe se o prémio Nobel insultou os negros ou se foi um elogio dizendo os brancos mais inteligentes. Afinal parece que a famosa inteligência branca dos europeus e arredores só deu porcaria: à luz dos holofotes agora montados pelo G.S e da tese por ele desmontada, tudo afinal parece lixo e não vejo que seja mais ou menos lixo do que a New Age.
Portanto...

3-Mas a crueldade inter-pares parece não ter limites, ao contrário da ciência que, segundo a Fundação Gulbenkian, tem limites e para isso se fez um colóquio internacional.
Embora vendo a fita toda ao contrário – os dois mil anos de ciência europeia que teriam lançado a sociedade ocidental numa rota de «progresso» – George Steiner acha que estamos agora em total decadência:
«Onde estão os Platões, os Bachs, os Mozarts de hoje?».
Para lá de surrealista nos plurais, a questão é por demais peregrina e entra numa figura de retórica a que se chama petição de princípio.
Partindo da tese que Platão, Bach e Mozart são produtos da «civilização», estamos outra vez a ver a fita ao contrário: eles foram o que foram, e guardamo-los no coração, exactamente contra e apesar do que se chama progresso, do que ele G.S. chama progresso, civilização, ciência, etc. Eles foram as grandes almas que foram: mas essas estão sempre connosco, antes e depois dos G.S. e dos J.W. deste triste tempo-e-mundo.
Além disso, nada nos diz de que os Mozart não estão hoje aí, todos os dias, e até em maior número: com os estereótipos do estilo G.S. é que nunca os iremos ver e reconhecer.

4 - Com postulados destes, o non sense das suas afirmações faz então todo o sentido:
«A Índia florescerá em breve numa civilização plena de arte, ciência e literatura.» Para a afirmação ficar mais completa deveria ele acrescentar: ao tornar-se potência atómica e fazendo regularmente rebentamentos termo-nucleares subterrâneos, que provocam tsunamis devastadores, a Índia, de facto, está a atingir os picos do progresso.

5 - Necessaria e contraditoriamente, lançou outra das suas boutades: «gerações de europeus que preferem lixos New Age, como as astrologias e outras superstições.»
Para quem disse as asneiras que disse, esta pretensamente ofensiva adjectivação da New Age acaba por ser elogiosa.
Por várias razões ecológicas:
Lixo é hoje a matéria-prima mais valiosa em tempo-e-mundo de luxos e lixos;
Na New Age cabe tudo e mais alguma coisa, inclusive os orientalismos e neo-hinduísmos de que ele, uma linha atrás, faz o pomposo elogio;
Os próprios que trabalham em eco-alternativas de vida vêm-se gregos para se demarcar da avalanche de «atrasos de vida» de que o mercado New Age está hoje a abarrotar: como bom judeu, deve ser essa – o marketing New Age e respectivos lucros - a parte que o magoa mais;
O Mozart terá sido uma criança índigo e hoje as crianças índigo proliferam, segundo algumas teses defendidas no âmbito daquilo a que o senhor G.S. chama «lixo New Age»;
Arranjar um saco chamado New Age onde se mete tudo o que nos incomoda porque incomoda os establishments e negócios do establishment, também não é sinal de grande inteligência: mas ninguém nos disse que o senhor G.S. tinha que ser inteligente.
O que confirma também o stress em que anda a comunidade científica: e não me venham dizer que não os avisei do perigo de AVC’s.

6 - Enfim, o homem achou-se em terra de bantus e quis mesmo impressionar a malta, especialmente os jornalistas que têm sempre que gramar este tipo de notabilidades: Filomena Naves foi a vítima no «Diário de Notícias» e Luís Miguel Queirós no «Público». Sei bem o que isso custa.
E quando tentou redimir-se com algumas verdades óbvias – que têm a ver com a noção de progresso científico e tecnológico por ele advogada – já ninguém o levou a sério.
«Ricos que se passeiam nas suas limusines, a malnutrição e a fome de crianças, a religião do futebol, a pornografia, o dinheiro como valor supremo.»
Tudo isso, afinal, perguntamos nós, o óbvio do óbvio, não foi produzido pelo mesmo sistema de progresso que agora, de repente, se acha em decadência?
O que é que raio está em causa e ele quer (ou não quer) pôr em causa?
Não será exactamente o progresso, a ideia de progresso a que alguns chamam retrocesso, a ideia de desenvolvimento a que alguns chamam sub-desenvolvimento, a «racionalidade europeia», o positivismo, a ideologia tecno e biocrática, a corrida para metas megalómanas, a destruição ambiental, o latrocínio de recursos os mais preciosos, etc, etc, todos os estereótipos, ciclos viciosos, becos sem saída, paradoxos de um sistema que vive de ir matando os ecossistemas?

7 – Mas toda esta crónica tem uma grandessíssima vantagem: se o senhor G.S. é «um dos mais prestigiados pensadores contemporâneos», como os jornais lhe chamaram e por isso a Fundação o convidou, então podemos avaliar do que são os outros menos prestigiados.
Vamos é fugir antes que eles cá cheguem.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

TEORIAS CIENTÍFICAS

fim-do-mundo-1> terça-feira, 23 de Outubro de 2007

CULTURA DO SUSTO
O FIM-DO-MUNDO A PRESTAÇÕES

Quando o semanário «Folha de Portugal», órgão da Igreja IURD, grita «Apocalipse», é claro o objectivo do alarme (alarmismo?): levar mais fiéis às reuniões da Igreja.
Mas quando Al Gore (e os algoristas) gritam ó da guarda, qual é o objectivo?
Vender livros no caso do José Rodrigues dos Santos?
Presidir aos EUA, no caso de Al Gore?
A cultura do medo, a onda negra, os gritos de alarme, os sustos e desesperos porquê?
Uma intenção política de submeter os povos já submissos?
Se a previsão maya (para 21 do 12 de 2012) estiver certa, talvez tudo seja muito mais simples do que os actuais epígonos do Apocalipse proclamam: se o eixo da Terra se inclinar como aconteceu por volta dos 13.200 anos antes de Cristo, talvez possamos assistir à extinção dos actuais dinossauros...
E vai valer a pena identificar quem são hoje os dinossauros que uma providencial oscilação do eixo da Terra poderá extinguir de uma vez por todas. Para alívio e sobrevivência das criaturas que de facto merecem habitar este Planeta lindíssimo visto do Céu: flores, árvores e gatos, por exemplo, para só falar dos que mais adoro.
Já tenho a minha lista de candidatos e vou continuar todos os dias a juntar mais uns quantos: o poder (político, financeiro, industrial, cultural, mediático) todos os dias fornece nomes de dinossauros, digladiando-se uns aos outros pela conquista de mais poder.
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Provavelmente o fenómeno a que actualmente assistimos – a exploração do medo à escala industrial – tem apenas uma explicação comercial e de marketing: o susto tornou-se mais lucrativo do que tem sido sempre e há que o rentabilizar antes que seja tarde.
A enxurrada engrossa, de dia para dia, de hora para hora.
Mas há quem se interrogue se não haverá razões de outra ordem, digamos mesmo transcendente e se, já agora, também este gosto pelo fim-do-mundo (e a sua exploração claramente comercial) não estará escrito (em código) na Bíblia... Que é o lugar seguro para todos estes sustos, à conta do S. João de Patmos que, escrevendo no seu exílio, o Livro da Revelação, acabou responsável pelo Livro do Apocalipse com a conotação catastrofista conveniente.
Dir-se-á que cronistas, romancistas, algoristas e catastrofistas em geral também não podem fazer outra coisa, movidos pela lógica de uma sociedade que tem nos genes o gene da catástrofe : assustar, porque de facto o fim do mundo é um facto e a curto prazo.
Enquanto isto dura, aproveitemos o que resta dos restos e vamos ganhar uns euros, dólares e petrodólares com a desgraça. Porque não?
Morra Marta morra farta, diz a cruel sabedoria popular.
O que não faz muito sentido é, na linha seguinte ou na coluna ao lado do jornal, cantarem-nos mais uma previsão para 2013, 2050, 2070, 2 mil e tantos... Mais um amanhã que vai cantar.
Se estamos condenados, para quê previsões, inclusive a de ir fazer turismo na Lua, paradoxalmente uma das mais patéticas e caricatas?
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Há trinta anos eras alarmista, fascista, catastrofista e inimigo do progresso se falasses das ameaças globais (já que nem só do aquecimento global vive o homem). Hoje, dão-te o Nobel e fazem de ti best-seller.
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Se os egípcios construíram em pedra é porque construíram para lá dos aquecimentos globais, dos dilúvios, das catástrofes e dos apocalipses astronomicamente previsíveis.
Serão, portanto, os únicos a sobreviver à próxima calamidade global.
E os que, com eles, ganharam igualmente o nome de civilizações megalíticas. Os mayas, claro.
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Entre as espécies animais, que são tantas, nenhuma se compara a estes canibais do tempo-e-mundo actual: ganham com a própria morte que, em boa parte, ajudaram a consumar. «Ceux qui vivent, vivent des morts», diria o Antonin Artaud, meu poeta de cabeceira.
Porque todos ajudámos, valha-nos deus. E comem os despojos à maneira dos abutres: mas ainda é ofender os abutres.
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Há duas teorias hoje na moda e que são modelo de retórica apocalíptica.
De facto, a teoria do aquecimento global compara-se, em força de convencimento, à teoria das viroses: a ciência mostrou, nesses dois casos e em muitos outros, a sua perfeição ao engendrar as duas teorias do moderno eco-horror e que melhor servem à prorrogação do sistema que vive de ir matando os ecossistemas.