quinta-feira, 28 de junho de 2007

UTOPIAS

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MAIS DO MESMO CLIQ’AQUI:

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A SUSTENTABILIDADE EM DUAS VELOCIDADES

A publicação em português de dois livros da série inglesa «Cadernos Schumacher para a sustentabilidade» é uma boa oportunidade para dizer que o eco-ambientalismo não nasceu ontem nem anteontem mas que mergulha raízes no pensamento profético de alguns autores que pressentiram com alguma antecipação as variações do sistema que vive de ir massacrando os ecossistemas.
Um dos mais inspiradores foi E.F. Schumacher com a sua obra seminal «The Small is Beautiful», paráfrase providencial do «Black is beautiful», quando o racismo ainda era prioridade e tema de conversa nos meios intelectuais da «intelligentzia» dita burguesa.
Mas não sei se E.F. Schumacher teria, alguma vez, falado em «sustentabilidade», nomenclatura esta recente ou que só recentemente se vulgarizou.
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O conceito de «sustentabilidade» ou «desenvolvimento sustentável», já adoptado pela nova classe dirigente – os eco-tecnocratas – vem assim substituir conceitos «antiquados» e «fora de moda» do realismo ecológico ou eco-realismo. Classificados, desde sempre, como «folclore» pelo tecnocrata puro e duro.
Inspirado na utopia ecológica dos anos 70 e 80 do século passado, o «desenvolvimento sustentável» chamava-se então «eco-desenvolvimento» e é precisamente o seu oposto.
Nada de saudosismos, porém: esta oposição tem duas vantagens:
Primeiro, deixa intacta a utopia ecológica que os eco-tecnocratas se encarregaram sempre de denegrir;
Segundo, mostra em todo seu esplendor, o que é a eco-tecnocracia.
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Com o título «Sustentabilidade», os maiores e melhores empresários do País editaram uma espécie de Anuário compilando os muitos, vários e lucrativos negócios que a «sustentabilidade» pode sustentar.
É um bocado pró caro e só pude folhear na Livraria. Mas parece-me que tem uma omissão grave: ainda lá não figura a empresa de energias renováveis que acaba de entrar na Bolsa de Lisboa com extraordinário (estrondoso) êxito e uma outra que se prepara também para lá chegar. Uma segunda edição, porém, irá actualizar o panorama de empresas e empresários verdes em rápido crescimento.
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Tal como o Al Gore definiu, a filosofia é: «não mudes de sistema mas faz algumas alterações (de fachada) no sistema com o que terás muitíssimo a lucrar. E vai depressa. Só tens até ao dia 21 do 12 de 2012 para mostrar o que vales.»
A utopia ecológica ou eco-realismo onde o conceito de «sustentabilidade» foi beber é precisamente o oposto e diz: «muda o sistema e o estilo de vida, contribuindo para uma sociedade paralela ou eco-alternativa.»
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É claro, portanto, que a sustentabilidade deste «pool» de empresários não tem muito a ver com a sustentabilidade dos livros agora traduzidos e publicados pela editora do meu amigo José Carlos Marques, a «Sempre em Pé», com a qualidade que já se tornou proverbial em tudo o que o José Carlos dá à estampa.
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E é claro também que a «sustentabilidade» destes dois autores – James Robertson e Herbert Girardet – se filia na utopia ecológica de E.F. Schumacher e outros e não nas utopias eco-tecnocráticas que proliferam hoje como cogumelos.
Quem vai ganhar este primeiro round é mais do que previsível.
Já é mais imprevisível quem irá ganhar a guerra.
Trata-se da batalha final – a do Armagedão – e essa continuará em segredo dos deuses até ao minuto final.
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O que hoje os adeptos da «sustentabilidade» classificariam de «folclore» são alguns itens usados pelo realismo ecológico e que foram automatica e completamente banidos do actual discurso verde:
Crescimento exponencial e logarítmico
Deseconomias externas
Eco-alternativas de vida
Eco-desenvolvimento
Eco-realismo
Lógica absurda do crescimento
Macrocefalia urbana
Macrossistema contra ecossistemas
Megalópolis tentacular
Monopolismo industrialista
O gigantismo é sempre anti-ecológico
Pan-economicistas
Realismo ecológico
Sociedade paralela
Tecno-estruturas
Tecnologia intermédia
Tecnologias doces
Tecnologias leves
Tendência concentracionária
Utopia ecológica
Vida Alternativa
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Sobre estes e outros conceitos fora de moda (remontam aos anos 1981, 85 e 87 do século passado), talvez ainda se encontrem uns restos em sites ditos esotéricos ou folclóricos e alguns indexados pelo Google:

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quarta-feira, 27 de junho de 2007

COISAS DA ESTRATOSFERA

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OU SOBEM PARA BAIXO?


Meu Caro Tiago Pais: Não queria ocupar muito espaço na Ambio, evitando poluir o Ambiente e aumentar a taxa de CO2, mas tenho que lhe agradecer as linhas que dedicou à minha prosa dos fluorcarbonetos.
Juro que não percebi essa dos quilómetros de altitude e o que tem a ver com o caso - «efeito de estufa» e/ou a«destruição da camada de ozono» - o número de quilómetros que distam da nossa biosfera e dos nossos frigoríficos. O que tem a ver a bota com a perdigota.
Sem dúvida, a sua estimativa está certíssima: já lá estive, na estratosfera, e posso garantir os seus números: camada de ozono acima dos 15 KM de altitude e os aviões voando à altitude de 10-11 quilómetros.
Tudo isso é correcto, pude confirmá-lo in loco.
Mas o que tem o ozono a ver com as calças é que não consigo perceber: mais quilómetro menos quilómetro, para onde é que vão os gases emitidos, não sei quais são mas devem ter CO2?
Das três uma:
ou os aviões não emitem gases e guardam-nos em casa ( o que até é possível, pois à ciência nada é impossível) e eu tenho que saber isso;
ou as emissões de gases dos jactos e superjactos não se comportam como os clorofluorcarbonetos dos frigoríficos (que, segundo consta, sobem para cima);
ou os gases de aviões se comportam de maneira inversa aos dos frigoríficos (ou seja, sobem para baixo) e nesse caso teríamos aí uma verdadeira questão não contemplada na minha prosa e na tese que debitei. Eu é que estaria então a ver a fita ao contrário. Do que antecipadamente peço desculpa.
Mas sobre mecânica dos fluidos, o melhor é mesmo chamar de urgência um especialista. Sugiro um especialista da UNL ou, se não houver disponível, sugiro o Prof . Delgado Domingos, que me honra com a sua amizade e que pode esclarecer devidamente essa particularidade dos gases emitidos por jactos e superjactos: se for provado que os gases sobem para baixo e não para cima, estou pronto a dar a mão à palmatória e a levar as merecidas reguadas.
A minha intenção era boa mas de boas intenções, pelos vistos, está este inferno cheio: apenas quis chamar a atenção para mais um factor que concorre no efeito de estufa e portanto no estafado «aquecimento global» e no ainda mais estafado CO2.
Quando, depois ou antes dos carros e das habitações, devem ser os aviões que lançam na atmosfera a maior quantidade desse dióxido (a menos que alguém o engula), não me parece abusivo ter aqui chamado a atenção para o texto do «Diário de Notícias» que em poucas palavras nos puxava as orelhas a todos e às nossas desatenções.
E chegamos ao busílis da questão: Se a lista negra dos poluentes químicos que se juntam ao CO2 deve orçar a centena, senão mesmo o milhar, acho uma discriminação intolerável apontar a dedo só um ou dois dos responsáveis, deixando os outros todos na paz de alma e no descanso.
É injusto.
Discriminação negativo, não.
Intolerância racial, nunca.
Demos a César o que é de César e a Deus o que é do Anti-Cristo.
+
Não sei como isto se faz mas deixo o texto que teve a gentileza de me dirigir na Ambio.
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Afonso,sempre pensei que a camada de Ozono se situava principalmente acima dos15Km de altitude?!Não? Os aviões circulam a uma altitude normalmente de10-11Km. Por outro lado tem sido observado uma recuperação gradual desta mesma camada de Ozono. Ora os aviões não deixaram de voar nem passaram a fazê-lo a cotas mais baixas. Por vezes a ciência serve para alguma coisa...Percebo que o Afonso não acredite em toda a informação cientifica que vem a lume. Não percebo é que acredite sistematicamente com mais facilidade em toda a informação que não está na "moda" especialmente quando sobre esta não existem quaisquer estudos, científico ou não científicos.
AbraçoTiago

BOAS NOTÍCIAS

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ME CULPA, MEA GRANDE CULPA

Ontem, 25 de Junho de 2007, descobri várias coisas que passo a comunicar a todos os meus amigos, tenham ou não valores na Bolsa de Lisboa.

-As boas e grandes notícias de Ambiente e/ou Ecologia devem ser procuradas nas páginas de Economia dos jornais generalistas (no «Diário de Notícias», pelo menos, e devido ao sempre atento António Perez Metelo) ou nos diários e semanários económicos, verbi gratia «Jornal de Negócios», «Diário Económico» e «Agência Financeira» que julgo ser apenas on line.

-Compreendo agora que o José Amoreira me tivesse criticado por eu não falar de Ambiente na Ambio: de facto, a minha insistência em referir o biodiesel, o biocombustível, as fotovoltaicas, a termoeléctrica, a biomassa, as barragens, as eólicas (claro!) e a desertificação, é imperdoável, pois tudo isso pertence à área da economia e dos especialistas em Economia.
Ambiente e ambientalistas não têm que se meter nisso. Arrependo-me sinceramente de lá ter ido meter o nariz.

- Compreende-se também que as notícias de Arte devam começar a ser procuradas nas páginas e semanários de economia, secção Bolsa de Valores. O caso de um conhecido magnata, que ofereceu ao País uma colecção de Arte, vem apenas comprovar o que se disse. E também, como é óbvio, vai desembocar na Bolsa.

- Quem anda a ver navios somos nós, os pitosgas, que não percebemos nada disto mas que deveríamos aprender. Mas que temos de aprender: a utopia ecológica anarco-liberal já lá vai, é tempo de alinhar pelo espírito do tempo.

- Para já, a entrada na Bolsa de uma empresa agora especializada em energias renováveis, foi um dos maiores acontecimentos dos últimos anos, pois, como refere António Perez Metelo, no «DN» (25 de Junho de 2007) «a entrada na praça financeira de uma empresa já não acontecia há vários anos.»
Mesmo os que estão dentro do assunto, devem ter ficado surpreendidos.
E vão, como eu, comprar desde já umas acçõezinhas ao preço irrisório de 8 euros.

- É óbvio que vamos todos ficar ricos e ao Ambiente, perdão, às energias renováveis, o devemos.
Finalmente está explicado o enigma que me intrigava – a escalada de notícias avulsas sobre a proliferação de projectos - e penitencio-me de algumas críticas que pudesse ter feito sobre os biocombustíveis e até mesmo sobre as simpáticas eólicas (muitas e boas). Mas principalmente com o alarmismo da desertificação: a culpa foi da AEE , que coloca Portugal entre os três países mais desertificados da Europa, mas que tem isso a ver com Ambiente?
Tanto mais que o meu colega Jeremy Rifkin veio a Lisboa e confirmou que Portugal irá liderar a produção de Energias Renováveis na Europa.
Se é assim e se ele tem autoridade moral, científica, astronómica, para o dizer, rendo-me às evidências e peço desculpa.

- Mas as boas notícias não acabam aqui: além da empresa que acaba de entrar na Bolsa, uma outra empresa trabalha activamente e é notícia na segunda página de Economia, secção de Ambiente (?), do «DN» do mesmo dia.
Irá liderar a «estratégia para as centrais de biomassa».

- Mais: as duas empresas vão processar o estado Português: uma vai «relançar na Comissão Europeia a queixa apresentada contra Portugal por violação à lei da concorrência»; a outra, prepara-se para processar o Estado por imposto de selo.
A filosofia de António Sá da Costa está certa: «Deixem-nos trabalhar».

Como hoje não falei de Ambiente e muito menos critiquei fosse o que fosse, já sei que um grande silêncio irá receber esta minha mensagem. Paciência. A vida tem destas coisas.
O que eu pedia aqui na Ambio, em 22 de Junho, um directório que coordenasse as notícias para a gente ver o panorama que se desenha, vem agora, três dias depois, com todo o pormenor em três páginas de um jornal generalista.
Ainda bem que tudo acaba em bem. A malta bem informada, confortada com umas boas acções e umas férias de Verão que se aproximam. Afinal lideramos o mercado de energias renováveis da Europa. Não será um bom motivo de orgulho e satisfação?
O 21 de Junho é bem dado, pelo calendário Maya, como a data de viragem entre dois ciclos, um que morre e o outro que nasce.
Que o ciclo que nasce – o tempo das Energias Renováveis - seja auspicioso e nos traga as maiores prosperidades.
A filosofia do Al Gore está certíssima: «Não mudem de sistema e aproveitam o que está com algumas reformas de fachada. Só têm a lucrar com isso. E até 21 de Dezembro de 2012 o mais tardar».

MAIS DO MESMO CLIQUE AQUI:
http://news.google.pt/news?hl=pt-PT&ned=&q=martifer&btnG=Pesquisar+not%C3%ADcias

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O «NIM» DE JEREMY RIFKIN

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30 ANOS DE BIOTECNOLOGIA
O «NIM» DE JEREMY RIFKIN: A MAIORIA SILENCIOSA CONTINUARÁ SILENCIOSA

A segunda edição do «Thinkeconomics», em Lisboa, trouxe à tona da actualidade um dos nomes fundamentais do nosso tempo-e-mundo, nome com o qual temos de contar para tentar perceber como anda e se metamorfoseia a ideia ecológica, frente à tecnocracia dominante e totalitária.
Jeremy Rifkin, presidente da Foundation on Economic Trends, é um nome incontornável e foi boa ideia trazê-lo a Lisboa.
Tentarei 4 ou 5 pontos de referência, porque me interessa falar de Jeremy Rifkin e do pouco que dele conheço, através dos três livros que tem traduzidos em português.
1.Para começar, a obra seminal «Entropia», traduzida por Henrique de Barros e editada pela Universidade do Algarve quando era reitor o Prof. Gomes Guerreiro. Sub-intitulada «uma visão nova do mundo», recomenda-se a crianças de todas as idades e a todos os graus de ensino, para quem quiser saber o fundamental da ideia ecológica. Só com uma advertência: o que ele chama uma «nova visão do mundo» - entropia versus neguentropia - é a mais antiga sabedoria do mundo, a dialéctica dos opostos complementares, encontrável nas civilizações superiores como a egípcia e a taoísta. A ciência moderna – e Jeremy Rifkin pertence à ciência moderna – por vezes distrai-se e chama «novo» ao que é novo há milénios.
2.Outra área em que Jeremy Rifkin se tornou uma referência deste nosso tempo-e-mundo foi a da biotecnologia: a sua obra «O Século Biotech», felizmente editada em português pela Europa América, 1998, é um tratado sobre o que convém saber das patifarias bio.
Entre a utopia ecológica e a utopia tecnocrática, Jeremy Rifkin fica em uma zona de fronteira ou terra de ninguém que dá para o catalogar na pasta do «NIM», nem sim nem não às imensas patifarias da era megatecnológica. Ele o diz, em 1998, no prefácio a «O Século da Biotech», página 17. Por causa dessa posição «nim» e pelas intermináveis bibliografias e notas de rodapé com que recheia os seus livros (ele é acima de tudo um erudito), alguém o terá interpelado como ele comenta:
«Quando um colega leu uma primeira versão deste livro, comentou que a lista de pormenores citados no manuscrito era tão convidativa que ficara a pensar se eu estaria a fazer a apologia das novas biotecnologias. A minha resposta foi sim e não.»
3.É esta característica – o «nim» - que o torna um adorno adorável das nossas estantes: o «nim» é precisamente a invariável dominante na eco-tecnocracia dominante. E como qualquer ser humano normal, de cérebro normal, nunca poderá abranger a erudição avassaladora que Jeremy Rifkin manipula com particular agilidade, o seu «nim» impõe-se à maioria dos leitores.
4.Mesmo os da utopia ecológica – que não são assim tão poucos e fazem uma boa maioria silenciosa – hesitam em dar um rotundo não às patifarias da biotecnologia de que Jeremy Rifkin nos dá uma sinopse muito pedagógica que devemos anotar na página 13 do prefácio:
« [Em 1978] entre outras coisas , predissemos que as espécies transgénicas, as quimeras e clones de animais, os bebés-proveta, o aluguer de úteros, o fabrico de órgãos humanos, e a engenharia genética humana haveriam de ser todos concretizados antes do final deste século. Também dissemos que a despistagem de doenças genéticas viria a ser uma prática generalizada , suscitando graves questões relativamente à discriminação genética pelos empregadores, companhias de seguros, e escolas. Expressámos a nossa preocupação pela crescente comercialização do material genético da Terra por parte de firmas farmacêuticas, químicas e biotecnológicas, e levantámos questões sobre os impactos potencialmente devastadores a longo prazo de libertar no meio ambiente organismos geneticamente manipulados. Na época, os biólogos moleculares, os líderes políticos, os pânditas mediáticos, e os escritores de editoriais e de artigos científicos do país [E.U.A.], qualificaram as nossa previsões de alarmistas e artificiais. (...) Era um dado adquirido, entre os cientistas, que não havia necessidade de examinar as implicações ambientais, económicas, sociais e éticas daquilo que afirmavam ser um futuro «hipotético». »»
Como a gente te compreende, Jeremy !
Fazendo jus a quem o convidou para vir a Lisboa, Jeremy resolver também botar palavra sobre alterações climáticas (óbvio!) e termina as suas declarações à «Agência Financeira» com um elogio à febril hiperactividade de Portugal (devem ter-lhe sussurado aos ouvidos e ele quis ser cortês). Segundo a entrevistadora, Martha Dahnis, Jeremy disse estar seguro de que Portugal assume a liderança das energias renováveis da Europa.
Sem reticências nem aspas, deixa-nos, evidentemente, impantes de orgulho.
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Um conselho de avô à maioria silenciosa: nunca percam o pé desta dialéctica, entropia/neguentropia. É a melhor amarra para não ser arrastado na corrente.
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Da «Agência Financeira» - publicação on line – transcrevo uma notícia relacionada com o evento:
««O hidrogénio como fonte de energia vai ser o gerador da III revolução industrial, afirma o presidente da Foundation on Economic Trends, Jeremy Rifkin, que está preocupado com a leveza com que o mundo olha para as alterações climáticas.
O responsável, que se encontrava na segunda edição do Thinkeconomics, considera que o mundo «tem a ideia errada das mudanças climáticas e que somos demasiado conservadores a ver a rapidez com que está a avançar» esta fatalidade. «As alterações climáticas estão a acelerar muito mais rápido do que aquilo que imaginámos. Ainda não percebemos que a nossa espécie e biodiversidade estão em risco», apontou o mesmo, sublinhando que alterações climáticas que o mundo tinha previsto que acontecessem no século XXII já estão a acontecer agora e outras irão dar-se em breve.

««Para Jeremy Rifkin, a forma de tentar contornar este problema passa, sem dúvida, pela consciencialização destes problemas por parte de todas as nações e pelas energias renováveis, mas também por reservas de hidrogénio que podem garantir energia quando não há sol, vento, (..). «O hidrogénio vai gerar a III revolução industrial», realça. Renováveis e hidrogénio são assim as grandes apostas do futuro próximo.

««Por outro lado, opõe-se ao nuclear ao ver uma série de problemas que lhe são intrínsecos. «É demasiado cara, ainda não sabemos como fazer desaparecer o lixo que provoca, daqui a 20/25 anos vamos ter falta de urânio e não temos água».

««Quanto à armazenagem do dióxido de carbono, também não vê com bons olhos. «Não se perspectiva tecnologia que permita armazenar CO2, e como o faríamos sem que houvesse fugas», aponta.

«Estamos a iludir-nos se pensamos que podemos voltar às fontes de energia anteriores», referiu Jeremy Rifkin que se mostrou seguro de que Portugal assume a liderança das energias renováveis na Europa.»»
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Do «Jornal de Negócios» on line:
««Energias renováveis marcam arranque do Thinknomics
O presidente da Foundation on Economic Trends, Jeremy Rifkin, propôs ao Governo português que aproveite a presidência da União Europeia (UE) para dar mais espaço às energias renováveis, um tema que marcou o início do Thinknomics, um fórum de discussão promovido pelo Ministério da Economia e da Inovação, que se realiza hoje em Lisboa.»»
Miguel Prado
Miguelprado@mediafin.pt
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MAIS DO MESMO CLIC AQUI:

http://pwp.netcabo.pt/big-bang/gatodasletras/casulo1/rifkin.htm

http://pwp.netcabo.pt/big-bang/gatodasletras/rifkin-1.htm

http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&cr=countryPT&q=+site:pwp.netcabo.pt+%C2%ABentropia%C2%BB+de+jeremy+rifkin

SAUDADES DE PORTUGAL

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A MAIORIA SILENCIOSA QUE FALE

Se ninguém diz «basta», se não há um Ministério da Energia que tutele e coordene a superactividade produtiva que está a verificar-se – das eólicas aos biocombustíveis e aos PIN - , talvez não fosse má ideia que ao nível da informação se criasse um Directório, ou uma Alta Autoridade reguladora , não para pôr ordem na desordem instalada (impossível!) mas para que o excelentíssimo público esteja minimamente informado dos projectos que nos vão afectar a todos de forma drástica e irreversível.
Leitor de jornais por profissão, confesso que estou a ficar um pouco cansado de ter que acompanhar, de maneira avulsa, as novidades que todos os dias emanam do sector e dos lobbies do sector. Que, evidentemente, vão bater e bater forte no Ambiente ou, se preferem, no Meio Ambiente porque de Ambiente é coisa que já não se pode falar em território português.
Os jornais fazem o impossível para acompanhar a «grande farra» mas por vezes não conseguem: têm as suas prioridades e não podem só falar de empresas fosforescentes e de projectos energéticos redentores. Se nem os muitos diários e semanários de economia já não conseguem acompanhar a passada, muito menos o podem fazer os jornais generalistas e a agência Lusa.
No estado a que chegámos, com os governos a assobiar pró ar, este avulso de notícias é que não pode ser. Já que não temos direito a uma política energética decente, inteligente, coordenada, viável, humana, sensata, equilibrada, ao menos reivindiquemos uma informação sistemática e coordenada que nos mantenha em dia com os paraísos que nos prometem, a electricidade a pataco, os amanhãs que cantam e as belas flores de girassol a ilustrar as notícias.
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Um documentário sobre o PIN de Mira foi apresentado, quarta-feira, 20 de Junho de 2007, no programa Biosfera, da RTP 2, tecnicamente impecável e ideologicamente correcto. Teremos que agradecer este verdadeiro serviço público.
Afinal, da imensa maioria silenciosa a que estamos reduzidos, outra vez, com os 33 anos da chamada democracia, já se ouvem gritos de «basta» por parte de organizações responsáveis e militantes civicamente empenhados no interesse público e já que não existe governo em Portugal
O caso de Mira – uma estação de aquacultura que quer ser a maior do Mundo – é emblemático mas não é único, antes pelo contrário, os PIN proliferam como cogumelos pelo que resta do chamado território português transformado em terra de ninguém, geograficamente o faroeste da Europa.
Mas é também emblemático pela resposta que está a ter por parte de duas organizações empenhadas em dizer «basta»: a Quercus da parte portuguesa e a ADEGA da parte da Galiza que também conhece bem o peso da colonização espanhola.
Estas duas organizações estão a fazer impossíveis para não deixar cair no silêncio o que ali se está a passar com a maior unidade de aquacultura do Mundo, já com equipamento instalado mesmo antes de estar licenciada e de se saber o resultado do estudo de impacto ambiental. Se alguém as ajudar, talvez a Quercus e a ADEGA consigam levar o caso a tribunal europeu para que, no mínimo, se faça cumprir a legislação europeia. Não seria muito, mas seria alguma coisa. Depois de arrombado...
Nós, maioria silenciosa, o mínimo e o máximo que podemos é dizer que não colaborámos na loucura e na destruição.
Se o tempo é de apocalipse, como os adoradores da chuva insistem em predizer, que se afundem eles. Eu e os meus gatinhos vamos emigrar para os Himalaias – a minha Pátria -, onde já temos um apartamento reservado, quando chegar o dilúvio.
Entretanto e mesmo aceitando que o País que nos resta é para estragar – assim o desejam as carpideiras do Juízo Final – há uma coisa que se chama consciência e que nos obriga a dizer, em silêncio, trinta mil vezes basta.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

SATÉLITES ESPIÕES

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DESERTIFICAÇÃO, FOME E ETC

Antes que me esqueça, façam link para o Bloco de Esquerda, que, no intervalo de embargar túneis, traduz um texto do espanhol sobre agrocombustíveis e fome e Lester Brown:
http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=3145&Itemid=40
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O prof Gomes Guerreiro já cá não está mas temos que nos governar com o que temos. Algumas notícias, acabadas de sair, convergem no tema que provavelmente não tem nada a ver com Ambiente: causas e consequências da desertificação acelerada.

1. Que os devotos da biomassa não iam ficar-se pelos despojos das matas, já se previa, tal como tentei dizer nesta Ambio, trazendo à tona o tema das agro-culturas esgotantes, em 1 de Abril de 2007 e outras datas seguintes.
Modesta e anonimamente, um administrador da PRIO – empresa do grupo Martifer – anunciou ao País que vai produzir oito mil toneladas de biodiesel por mês a partir do 3º trimestre de 2007 para o que pretende produzir duas mil toneladas de óleo de girassol através de uma parceria com 350 agricultores a trabalhar numa zona de 15 mil hectares. «O Girassol é uma excelente cultura energética para Portugal – diz o administrador da empresa PRIO – devido às condições climatéricas e é uma cultura de baixo custo para os agricultores.»

2. Logo que o Girassol seja insuficiente para as necessidades do País, esperemos que o Cártamo – outra agro-cultura esgotante que se dá muito bem nas nossas condições climatéricas – mereça também o epíteto de excelente.

3. De certeza que um dia destes vou ouvir a Quercus – ou outra prestigiada organização ambientalista, quiçá mesmo o Bloco de Esquerda – pedir um estudo de impacto ambiental para as culturas esgotantes como o Girassol, o Cártamo e já agora o Eucalipto ou Pepino Celulósico, responsáveis – suponho eu – por um bocadinho da desertificação que, agora, as trombetas da Agência Espacial Europeia (AEE) anunciam, por causa das «comemorações» do Dia Mundial da Luta Contra a Desertificação».

4. É sempre altura de aprender alguma coisa: e eu já ganhei o dia ao saber que existe uma AEE e um Dia do Deserto, com direito a ser comemorado. Aproveitemos, pois, os satélites espiões da AEE, porque só daqui a um ano, em outro dia mundial do Deserto, iremos ouvir falar outra vez em desertificação. Para a qual, além do Cártamo e do Girassol, o Eucalipto também contribui com uma generosa prestação.
Como não podia deixar de ser, o lema deste ano foi: «Desertificação e Alterações Climáticas.» Para o Ano, quem sabe, talvez o lema seja: «Desertificação e Agro-Culturas Esgotantes». Ou «Desertificação exporta portugueses para a estratosfera.»

5. Os satélites espiões da AEE concluíram: «Portugal é um dos três países mais desertificados da Europa, juntamente com a Itália e a Turquia».

6. Ainda não havia satélites espiões mas já havia gente inteligente neste nosso território, em 1953, quando a Editora Sá da Costa (nome prestigiado que é agora também o apelido do presidente da APREN ) publicou o livro «A Floresta na Conservação do Solo e da Água», esgotadíssimo hoje e que nenhum editor, nem mesmo a Gradiva, nem mesmo a Sá da Costa, nem mesmo a Universidade do Algarve (onde Gomes Guerreiro foi Reitor) se tem lembrado de reeditar. Há coisas mais interessantes e importantes, claro.

7. A desertificação agora notada, com grande surpresa, pela AEE, já estava diagnosticada – causas e feitos – na obra do saudoso Prof. Gomes Guerreiro, que chegou a ser Secretário de Estado do Ambiente.

8. Nunca é tarde e por isso espero ardentemente que a Quercus – a organização ambientalista mais prestigiada do País ou quiçá o Bloco de Esquerda – venha exigir ao Governo um estudo de impacto ambiental (mais um) de todas as culturas esgotantes, tal como aqui referi na Ambio, em 1 de Abril de 2007 (dia das mentiras) sem que ninguém, rigorosamente ninguém tivesse reagido aos meus dislates :
««Agro-Culturas esgotantes de A-Z:
Algodão
Beterraba
Borracha
Cacau
CaféCana-do-Açúcar
CastanhaChá
Girassol
Milho
Óleo de Palma
Tabaco
Dizia ainda, profetizando: ««Com um bocadinho de jeito, talvez se arranjasse ainda um quintalinho nas traseiras das celuloses para:
Mais eucaliptos
Mais girassol
Mais tabaco
Mais beterraba.»

Bruxo! O administrador da PRIO já revelou: para começar vai ser o Girassol. Até esgotar. Só não me lembrou (nesta lista verde) do Cártamo, do que peço desculpa a todos e principalmente ao José Amoreira, que não me vai perdoar, mais uma vez, de ter falado do meu ego em vez de abordar as questões efectivamente importantes do Ambiente.»

Bom dia e Bom Deserto para todos.

Afonso Cautela

MAIS EÓLICAS

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«DEIXEM-NOS TRABALHAR»

Leio, no «Diário de Notícias», 15 de Junho de 2007, as declarações de António Sá da Costa, presidente da APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis – e o meu coração de português começou a bater mais forte, com tendência para a taquicardia.
Pergunta do jornal: «Com tantos parques eólicos a nascer pelo País não corremos o risco de ficar rapidamente sem espaços para instalar este tipo de projectos?
Resposta do presidente da APREN: «Corremos. A alternativa é armazenar energia eólica, através de reforços de potência em barragens com sistema de bombagem.»

Se o assunto puder ser considerado de Ambiente (será?) e se houver alguém, na Ambio, entendido em armazenamento de energia, agradecia que tranquilizasse o meu coração de português, destroçado com estas adrenalinas.

O Google dá cerca de 1.090.000 resultados para o nome de António Sá da Costa.

Na impossibilidade de os ler a todos, destaco na entrevista à «ingenium» uma frase apenas: «Deixem-nos trabalhar», diz o presidente da APREN.

Mais duas coisas: Já existe, como certamente repararam, um Dia Europeu do Vento (15 de Junho) e mais de cem parques eólicos em construção.

Arrisco uma profecia: dentro de pouco tempo só duas coisas permanecerão de pé no meu querido Portugal: Eólicas e Eucaliptos.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

LIXO DOS CIENTISTAS

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AINDA O LIXO DA CÉLULA: ATÉ QUANDO CATILINA?

A notícia veio na revista «Nature» (um grande artigo), na Revista «Genome Research» (28 artigos) e foi primeira página do jornal «Público» (14.Junho.2007) com o título «Cientistas provam que o lixo do ADN é fundamental para a vida». Refere-se, como todos sabem, à zona do ADN molecular que os biólogos oficiais consideravam, até hoje, «lixo da célula» por não lhe conhecerem a função.
Agora conhecem um pouco melhor, já não consideram lixo (pelo que o jornal não usa aspas) mas daí até o considerarem um segundo código genético ainda vão ser necessários mais uns anos, quiçá uns séculos, para que mais 35 grupos de investigadores de mais 80 instituições espalhadas pelo mundo cheguem a alguma conclusão.
A questão do segundo código genético foi aqui levantada, como alguns ambionautas talvez se lembrem, e escandalizou várias pessoas. Mas não o Pedro Martins Barata, que investigou o caso.
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De facto e tal como Pedro Martins Barata afirmou na Ambio, em 27 de Abril de 2007, «a teoria da segunda string de ADN é efectivamente uma teoria científica comprovada e em discussão, embora em moldes completamente diferentes dos que se encontram em sites esotéricos. Mais uma vez, uma consulta rápida à base Scirus ou à Web of Knowledge confirma o mesmo.»
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Desta vez o assunto «lixo da célula» não foi encontrado em sites esotéricos, mas, talvez ainda pior, é notícia de primeira página do jornal «Público», em texto assinado por Ana Gerschenfeld, em 14 de Junho de 2007.
Está bem que a jornalista – especialista na área científica - se baseia na revista «Nature» e em mais 28 artigos da revista «Genoma Research», mas não sei até que ponto o Pedro Martins Barata dará crédito a estas duas revistas: a «Nature» que é sempre a primeira a dar as últimas e a «Genoma Research» que, pelo andar da carruagem e pela quantidade de artigos que publicou sobre o «lixo», deve ser o porta-voz do célebre consórcio ENCODE , fabricado para comercializar o mapeamento do Genoma (que parece ter terminado em Abril de 2003) e «para compilar a lista de todos os elementos - não apenas genes – que dentro da gigantesca molécula de ADN , possuíssem algum tipo de função biológica».
Mesmo assim – o ENCODE reune apenas 35 grupos de investigação de 80 instituições espalhadas pelo Mundo – mesmo assim, digo, duvido que a notícia mereça algum crédito ao Pedro Martins Barata. Já que foi veiculada por uma jornalista e por um jornal.
Quiçá que seja mesmo e apenas um engano mais. E alguma coisa que nem sequer exista como aconteceu com a investigação que o Pedro Martins Barata realizou sobre o nome e a carreira de Etienne Guillé: dissera eu que fora Etienne o descobridor, pelo menos há vinte anos, do segundo código genético (no tal «lixo da célula»), para o qual lixo foram precisos agora 35 grupos de investigação de 80 instituições de todo o mundo.
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Pensando no aviso do José Amoreira – nunca falo de ambiente na Ambio e apenas do meu ego – hesitei em mandar esta mensagem. Mas como o assunto é lixo e devidamente avalizado por cientistas, penso que se poderá enquadrar, sem escândalo, nesta lista de assuntos de Ambiente.
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Lendo o artigo, que a seguir retransmito para a Ambio, percebe-se que a grande descoberta se resume a bem pouco: «nem tudo é lixo, afinal, nessa zona do ADN – como até agora diziam os cientistas – mas o que é e para que serve continua um grande, um imenso mistério. Lá vão precisar de mais 4 anos e de mais 35 grupos de investigadores de 80 instituições mundiais para descobrir o que está descoberto há um quarto de século. E que no tal lixo da célula esteja afinal a segunda string a que aludia o Pedro Martins Barata, no dia 27 de Abril de 2007, aqui na Ambio, iremos precisar mais outros tantos anos de outras tantos cientistas de outras tantas instituições.
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Esotéricos ou não esotéricos, seres humanos que apenas têm de gramar tudo isto, a pergunta continuará a ser a mesma: por quantos anos ainda iremos ter de os gramar sem sequer os poder mandar àquela parte?
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Sem mais comentários, a notícia do «Público», 14 de Junho de 2007:

««ESTUDO PÕE EM CAUSA VISÃO TRADICIONAL
PARTES DO ADN HUMANO QUE SE JULGAVAM ADORMECIDAS AFINAL ESTÃO ACTIVAS
14.06.2007 - 09h36

Por Ana Gerschenfeld

Quando, em Abril 2003, ficou concluída a leitura da totalidade do genoma humano, os cientistas tinham perante os seus olhos um gigantesco livro de instruções (com três mil milhões de "caracteres") para a construção do corpo dos homens e das mulheres. Mas ainda estavam longe da meta: conseguir decifrar a língua em que esse livro está escrito para perceber exactamente como é que as diversas partes do corpo são fabricadas - e como, por vezes, as coisas correm mal, dando origem a doenças.

A visão convencional do ADN é que ele contém cerca de 30 mil genes cuja sequência serve para fabricar as proteínas, que são os tijolos de base das células vivas. O resto - 98 por cento do património genético - era considerado "lixo" desprovido de função biológica. Daí que os esforços dos geneticistas tenham ido, em geral, no sentido de identificar e estudar exclusivamente os genes que codificam proteínas, à procura das causas das doenças que assolam a humanidade.

Contudo, tudo indicava que o "lixo" do ADN continha outros elementos importantes para a construção do organismo - sem ir mais longe, elementos que regulavam a expressão dos próprios genes. Foi por isso que, logo a seguir à sequenciação do genoma, foi lançado um consórcio (ENCODE) com o objectivo de compilar pela primeira vez a lista de todos os elementos - não apenas os genes - que, dentro da gigantesca molécula de ADN, possuíssem algum tipo de função biológica.

Numa primeira fase, os 35 grupos de investigadores de 80 instituições espalhadas pelo mundo que integram o consórcio - liderado pelos National Institute of Health (NIH) norte-americanos -, decidiram olhar para apenas um por cento do ADN, escolhendo cuidadosamente as partes que iriam analisar mais a fundo, para testar estratégias que permitissem identificar outros elementos funcionais do genoma. O objectivo pode parecer modesto, mas não é: a prova disso é que o batalhão de cientistas envolvidos demorou quatro anos a completar o trabalho, que hoje culmina com a publicação de um grande artigo na revista "Nature" e mais 28 "artigos companheiros" na revista "Genome Research".

Mais: as surpresas que o estudo desta pequena fracção do genoma já revelou deixam vislumbrar que, para além de algumas respostas, irão sobretudo surgir muitas novas perguntas, cuja resposta irá pôr em causa a visão convencional do ADN.

Para já, há "a descoberta de que a esmagadora maioria do ADN no genoma humano é transcrito para moléculas funcionais, chamadas ARN, e que estas transcrições apresentam grandes zonas de sobreposição em relação umas as outras", explica um comunicado dos NIH. Ou seja, grandes zonas que repetem as mesmas sequências genéticas. "Os novos dados indicam que o genoma contém muito poucas sequências inutilizadas", diz o mesmo documento. Porquê? Mistério. Mas o certo é que, de uma penada, morre assim o conceito de "lixo" no ADN.

"Tornou-se claro", diz John Greally, do Einstein College of Medicine, num artigo de comentário na "Nature", "que existe uma organização em grande escala do genoma". O genoma não é apenas uma colecção de genes independentes, mas uma rede complexa, dentro da qual os genes são apenas uma categoria de actores.

Os novos resultados poderão ter profundas implicações para a maneira como se estuda a origem genética das doenças humanas. "Para perceber as causas das doenças, temos de perceber qual é a função desta maioria de não-genes", diz Greally.»»

quinta-feira, 14 de junho de 2007

A IDEIA ECOLÓGICA

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14 de Junho de 2007

Há mais de uma semana que não actualizava este blog.
Volto hoje para transcrever a mensagem que acabo de enviar para a Ambio Archives sobre matéria altamente controversa: será que o Ambiente tem alguma coisa a ver pouco, muito ou nada) com a ideia ecológica?
Eis a mensagem:

«« IDEIA ECOLÓGICA & AMBIENTE

Cat Books

Agradecendo mais uma vez ao José Moreira, meu interlocutor na Ambio Archives, aproveitei os feriados e as pequenas férias na Ambio, para colocar no meu site pessoal, em seguimento do tema «eco-tecnocracia», mais algumas páginas de diário e de bloco-notas, tentando cobrir alguns itens dos muitos que se relacionam com esta temática.
Não dizendo respeito ao Ambiente, acho que poderão ter algum interesse para alguns dos amigos ambionautas interessados na ideia ecológica:


a desastrosa sociedade industrial
a ideia ecológica à luz da globalização
a ideia ecológica: 40 anos de um oscilador cósmico
a lista negra dos produtos químicos
a utopia trágica do crescimento económico infinito e exponencial
ambientopatologia ou ecologia humana
biocracia cega
bio-informação – a a z
carta ao meu compadre al gore
consumismo desenfreado
crescimento da fome mundial
da tecnocracia à eco-tecnocracia: ambiente e a nova classe dirigente
destruição das duas florestas equatoriais:Amazónia e África Central, pela ganância de muitos gananciosos
do biocídio à biocracia
eco-equívocos
economias do desperdício
exaustão de recursos planetários
exploração do terceiro mundo pelo imperialismo capitalista
imperativo cósmico: a grande esperança
índices de entropia e neguentropia
mecanismo vibratório do cancro: o microcosmos é igual ao macrocosmos
o desenvolvimento do subdesenvolvimento
o ecocídio e a esquerda necrófila
o eco-fascismo segundo michel bosquet
o oportunismo político de algumas teorias científicas
o sistema que vive de ir matando os ecossistemas
os cronófagos
os demónios da entropia
os energívoros
os hidróvoros
os novos sofistas 40 anos depois
palavras-chave para compreender a vida
poluições e/ou desemprego: a chantagem habitual
projecto 2012: a biblioteca de alexandria
retrocessos do progresso
se a ciência é rei, o rei vai nu
sociedade paralela das eco-alternativas: a saída pela vertical
utopia ecológica versus utopia tecnocrática»»

terça-feira, 5 de junho de 2007

A LISTA NEGRA

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É SÓ FAZER CONTAS: CO 2 E EFEITO DE ESTUFA

Parece anedota mas é capaz de ser muito sério, talvez uma das coisas mais assisadas e certeiras que se escreveram nos media sobre o CO2.
E, desta vez, falo a sério.
Transcrevo a seguir a notícia que deve pertencer à jornalista Patrícia Viegas, uma das duas jornalistas que assinam as duas páginas sobre a viagem de Sócrates a Paris (Diário de Notícias, 4 de Junho de 2007): «Sócrates emitiu 1,34 toneladas de dióxido de carbono na viagem.»
Porque, como ela diz, transcrevendo Guterres, é só fazer contas.
Dito o que custou em dióxido de carbono o voo de Sócrates, é só fazer contas e saber quanto custam ao Ambiente os milhares de voos, de centenas de aviões, os dias todos de todos os anos.
Tenho a impressão que, feitas as contas, vamos ter aqui a remake de uma outra história (quase esquecida, ainda estou para perceber porquê) que foi a da destruição da camada de Ozono, atribuída então aos cloro-fluorcabonetos e nunca, jamais aos grandes e verdadeiros destruidores da camada de ozono que são os jactos e super-jactos.
Com a ajuda empenhada da então Margaret Tatcher, lá conseguiram encontrar um inimigo à altura do acontecimento estratosférico: os cloro-fluorcabonetos emitidos por frigoríficos (?) eram o bode expiatório ideal, pois obrigavam a respectiva indústria a reciclar a produção, substituindo os ditos por outros ditos frigoríficos que «não destruíam a camada de ozono.»
Conseguido o objectivo em vista, com a grande ajuda da Madame Tatcher, raramente ou nunca se fala de cloro-fluorcabonetos e do ozono estratosférico.
A laracha do dia, agora, passou a ser o CO2.
Antes de transcrever a notícia, eis o comentário que me permito acrescentar: o que mais custa a suportar, neste tempo-e-mundo, não é que o mundo esteja cada vez mais imundo pelos que, em nome do sacrossanto progresso, deliberadamente o puseram assim: o mais difícil de gramar é que nos matem, nos mintam e ainda por cima nos gozem contando histórias da carochinha.
O artigo que digitalizei e que vou transcrever, não é mais uma história da carochinha: consegue ser uma lança em África e levantar, talvez pela primeira vez nos media, a questão do CO2 na sua verdadeira face: aquela que mais do que proibida é tabu. Num eco de muito bom humor, a jornalista consegue quebrar esse tabu e será talvez o primeiro contributo decente, não mistificado nem sofisticado, à conversa fiada e dita polémica do CO 2 e seus arredores.
Finalmente identifica-se o inimigo principal.
Um dos milhares candidatos ao título, pelo menos.
Segundo se pode ler num dos manuais para a instrução primária, os gases de estufa já identificados são: anidrido carbónico, ácido carbónico, metano óxido nitroso, dióxido sulfúrico e fluorcarbonetos.
Num livro da 2ª classe, que está mais à altura da minha formação e inteligência, li esta frase que se transmite às crianças, cidadãs de um futuro que não vai haver:
«Os cloro-fluorcarbonetos, para além de outros produtos químicos produzidos pelo homem, são os grandes responsáveis pela destruição da camada de ozono.»
A chatice das poluições é que, se falamos de uma, ficam à espera de ser referidas centenas ou milhares de outras: saber as mais e menos responsáveis por determinado fenómeno – o «efeito de estufa» e/ou a «destruição da camada de ozono» - faz parte de uma lista negra que ninguém estuda porque excede a capacidade humana de analisar a asneira e a porcaria produzidas.

Eis então a notícia, a deliciosa notícia que venho a referir:
««-AS EMISSÕES DE CO2 PELO PRIMEIRO-MINISTRO SÓCRATES
««- EMITIU 1,34 TONELADAS DE DIÓXIDO DE CARBONO NA VIAGEM

««A viagem de José Sócrates de Lisboa à Áustria e a Paris emitiu 1,34 toneladas de dióxido de carbono
Como diria Guterres, é fazer as contas. Uma viagem de avião produz toneladas de dióxido de carbono. José Sócrates partiu de Lisboa num Falcon, rumo a Viena. Foram 2.298 quilómetros, correspondentes à emissão de meia tonelada de dióxido de carbono.
De Viena a Paris - uma distância de 1033 quilómetros - Sócrates e a sua pequena comitiva, para se reunirem com Nicolas Sarkozy, prejudicaram o ambiente com a emissão de mais 350 quilos de dióxido de carbono. Finalmente, para chegar a Portugal, o primeiro-ministro terá que percorrer no seu Falcon mais 1.452 quilómetros, durante os quais vão ser emitidos 490 quilos de dióxido de carbono.
No total, o périplo de José Sócrates neste fim-de-semana custou ao ambiente 1,34 toneladas de dióxido de carbono, correspondentes aos 4.783 quilómetros de avião que percorreu em dois dias. Na deslocação à Austria, José Sócrates reuniu-se com todas as autoridades do país e discursou sobre a presidência portuguesa da União Europeia e sobre o futuro institucional. Em Paris, reuniu-se com Sarkozy. Se tivesse usado um avião de carreira regular, as emissões seriam as mesmas, mas o custo ambiental per capita, por passageiro, seriam menores.»

domingo, 3 de junho de 2007

WORDS, WORDS, WORDS

palavra-1-ac-ms>quarta-feira, 30 de Maio de 2007

PALAVRAS E DISCURSOS: USOS, SUB-USOS E ABUSOS

A palavra e seu peso, a palavra e sua função iniciática, mágica, mística, poética, religiosa ou meramente comercial (a única vigente na nossa cultura), sugere pistas interessantes e convergentes no tema essencial que talvez nos deva interessar: subir um pouco na vertical, tal como ensina a cruz de Cristo e que sempre esquecemos.
Tal como nos ensina a constituição trinitária do ser humanoide: corpo, alma e espírito.
Tal como nos ensina a dialéctica eterna céu/terra, suporte vibratório/energias vibratórias.
Tal como nos ensina toda a sabedoria que sai do Kiballion, do legado egípcio, dos templos e dos sacerdotes das escolas de mistérios.
Depois das funções inerentes à palavra (e ao discurso sobre ela construído), temos alguns casos de sub-uso que não interessam nem ao menino Jesus.
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Um desses usos é particularmente irritante e dá vontade de dizer um certo número não de palavras mas de palavrões: Rapps e graphitis têm o condão de me pôr azul de raiva.
Psicólogos e antropólogos esforçam-se para dar um estatuto «cultural» aos rabiscos merdosos dessa tropa, uma das formas mais abjectas de poluição visual, um caso puro e simples de polícia que nem aos alegados ambientalistas parece incomodar.
Hoje mesmo, no «Diário de Notícias» (29 de Maio de 2007), tive a satisfação de ler o que penso num colega jornalista, o Ferreira Fernandes, que desmonta a mitologia dessa corja de alarves e malfeitores, tão acarinhados por autarcas que parece assim terem parte no negócio de tintas gastas pelos gangs de sarjeta.
Há sempre um militante de esquerda, respeitoso dos pobrezinhos coitadinhos, pronto a (des) culpar essa sub-cultura (?) rap com a historieta habitual de que os gangs são de jovens desalinhados, coitadinhos, e de excluídos dos bairros pobres. Quem subsidia as tintas, então, para eles sujarem o horizonte visual de toda a gente e que é propriedade pública?
Este e outros sub-casos ilustra os vários mitos modernos que, construídos de palavras e com palavras, destronam os mitos antigos e verdadeiros, para imporem a ditadura do mau gosto, da porcaria, do feio, da desarmonia, da abjecção e para dizer tudo numa palavra.
Ilustra até que ponto a ciência ordinária também já engendrou um discurso para justificar, analisar, compreender o dito sub-fenómeno, como já tinha arranjado a técnica do rótulo para rotular quem se lhe oponha criticamente, chamando Retórica às palavras que exprimem ideias.
Ilustra também que o poder autárquico se apoia no discurso dos especialistas (na palavra indiscutível dos especialistas) para manipular as massas que as autarquias controlam: quando, uma vez em mil, mandam limpar as paredes pintadas, é com o nosso dinheiro que o fazem. E logo no dia seguinte a parede (particular ou pública) aparece borrada outra vez.
Ilustra o sempre inalienável discurso ideologicamente correcto, a favor dos pobrezinhos (?), a favor da criatividade popular (?), a favor da ocupação dos tempos livres (?), a favor da juventude coitadinha que até nem é delinquente por gosto mas por necessidade de dar largas ao seu desespero.
Não sei se certo ou errado, se justo ou injusto, mas associo o «rapper», o «pop», e etc, a uma praga moderna que dá pelo nome pomposo de «mitos urbanos», o que é desde logo um insulto ao sentido literal da palavra mitos e suas palavras associadas: logos, retórica, símbolos, metáfora, poesia, mística, magia, sentido religioso da vida.
Praga moderna que cabe em duas palavras: Abjecção Ambiente.
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Pode confundir-se mas acho que não tem nada a ver com esta onda de pornografia gráfica do grafitti o gosto pelo calão e pela gíria e até pelas linguagens peculiares que os jovens em grupo hoje arranjam; algumas até são poeticamente interessantes, mas a questão relativamente a todo o lixo verbal é mesmo essa: uma triagem de bom gosto que salve as coisas esteticamente interessantes das coisas abomináveis.
O calão, aliás, tem dado esplêndida literatura e ocorrem-me os nomes de James D. Ferrel, de Piero Paolo Pasolini, de Sinclair Lewis e outros que julgo ter citado em textos que estão na Net (resta descobri-los, quando for o caso).
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Ao falar das palavras e do peso das palavras, já sei que se classifica de mística (os rótulos são outro item deste interminável tema), uma qualquer atitude em que, para lá do estritamente literal, se procura a ressonância profunda (vibração) que as palavras felizmente transportam, umas mais do que outras e outras vazias de qualquer ressonância. E aí começa outra longa história que eu tenho sérias dificuldades em resumir.
Tentarei algumas alíneas.
Na pior ou na melhor das hipóteses terei que me assumir como um místico, que fui envergonhado primeiro e depois à descarada, sem ocultar hoje as etapas seguintes dessa torpe escalada na vertical do transcendente: as etapas iniciática, religiosa, poética, mágica.
Fiquei-me na mística e na etapa poética, quando verifiquei que a religiosa, iniciática e mágica (principalmente mágica) reclamaria mais umas vidas das 700 que tenho de cumprir, durante o ano cósmico (25.920 anos), na roda das minhas reencarnações.
Vamos ver, até ao fim deste meu ciclo, o que irei conseguir: e confesso que já vou um bocado tarde, atendendo que só em 1992 descobri Etienne Guillé e só em 2006/2007 descobri que a fonte original de toda a sabedoria é a fonte egípcia dos hierofantes e das escolas de mistérios. De onde emanaram todas as religiões tradicionais e modernas (maçonaria, rosa cruz, illuminati, teosofia blavatskiana) necessariamente variáveis e com variantes, o que até não deixa de ser interessante: quero ser, quando for grande, e vier cá outra vez, um especialista em religiões comparadas e em história das religiões.
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Um discurso que às vezes me ocupa o tempo e os ócios é o discurso do poder (poder médico, poder mediático, poder financeiro, poder político, etc.) Esse todos os dias nos é atirado à cara e temos, no mínimo, que o retirar e limpar a cara.
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Mas do que eu sou mesmo fã é do discurso proverbial, máximas e aforismos populares, provérbios, sentenças. Eles a trabalhar e eu a descansar. Tenho uma prateleira com uma boa colecção, prateleira com o rótulo (sempre o rótulo) de pistas do maravilhoso.
Maravilhoso é também o rótulo de outra prateleira, logo ao lado, para outra colecção afim desta e que guardo com o maior carinho nos caixotes desta casa.
Já não vou a tempo de criar um blog com as capas e textos desses meus livros da instrução primária mas regalo-me, sempre que posso a folheá-los como um ritual. O meu amigo Carlos Filipe desafiou-me, mas ainda não me sinto capaz de encetar nova empreitada : digitalizar o naif e o maravilhoso que abunda nesta casa.
Sublinho apenas que desses livros e imagens emana o mágico, ingrediente a ter sempre em conta na manipulação mística ou poética ou inicática das palavras.
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A literatice dos literatos: já dei para esse peditório e hoje estou calmo e já fiz as minhas escolhas definitivas. Saramagos e outros saramagos, nunca. Nóbeis, até alguns e estou a lembrar-me de alguns que fizeram as delícias da minha juventude: Selma Lagerloff, Samuel Beckett, Romain Rolland, Thomas Mann, André Gide, Juan Ramon Jimenz, Alberto Camus.
Sobre literatura e literatos já fiz a triagem mas ainda tenho de fazer mais, restaram ainda demasiados livros e autores nesta casa de estantes e caixotes.
Mas que tive os meus favoritos, é verdade: Coccioli, Lawrence , Lull, S. João da Cruz, Raul de Carvalho (ver o que está on line) enfim, os místicos, rótulo que me faz um jeitão aqui em casa.
Das múltiplas sangrias (mais ou menos sangrentas) de livros que tem havido por aqui, salvei ainda bastantes, mais do que aqueles que conseguirei ainda reler. Mas pelo menos vou vendo as lombadas todos os dias.
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Aos especialistas em historiografia (bíblica e nem só), em criptografia, em arqueologia, em simbologia, em alfabetos sagrados, em tantas e tantas disciplinas do maravilhoso é que fica destinado o melhor quinhão que as palavras oferecem: quando eu cá voltar, na minha centésima septagésima reencarnação, quero ser uma coisa dessas: decifrar hieróglifos, traduzir os alfabetos sagrados na grelha das letras (linguagem vibratória de base molecular), dando curso à sentença: «No princípio era o Verbo».
Só esta frasesinha dá para ocupar uma vida, quando eu cá voltar.
Prometo que também vou aprender mais coisas de inglês e que irei corrigir a minha pronúncia nessa língua de comerciantes mas inegavelmente prática e que faz mexer as bolsas. E que facilita a globalização, inclusive a globalização da asneira. E não tem acentos, que são uma chatice.
+
Como estou a falar de coisas tão pessoais, remeto esta prosa para comprovativo de que efectivamente li o que digo adorar (ou detestar):

1. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/casulo1/+lista%20a-z+.htm

2. http://myweb26.home.sapo.pt/+biblioteca+.htm

3. http://bookscat.blogspot.com/

4. http://gatodasletras.blogdiario.com/

5. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/+files%20a-z+.htm

6. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/+leituras%20selectas+.htm

7. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/+biblioteca%20do%20gato+.htm

8. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/+lista%20a-z+.htm

9. http://myweb26.home.sapo.pt/+releituras+.htm

SINDROMA AL GORE

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CUIDADO COM O TSUNAMI

Li que George W. Bush está a pensar (?) negociar a redução de emissão de gases com efeito de estufa na próxima cimeira dos países industrializados. E que «os EUA vão trabalhar com outros países para estabelecer um novo quadro para as emissões de gases quando expirar o protocolo de Quioto em 2012».
Li também que a chancelarina alemã, Angela Merkel e o ainda primeiro ministro inglês, Tony Blair, e o ex-primeiro ministro Durão Barroso se pronunciaram considerando a ideia (?) de Bush um «passo em frente» para o abismo.
Só o Comissário europeu para o Ambiente, um grego da época clássica, Stavros Dimas, condenou a ideia (?) Bush que não propõe metas mas apela a um acordo, em 2008, entre os 15 países mais poluidores do Planeta, incluindo a Índia e a China.
Organizações ecologistas e a imprensa europeia consideram a ideia (?) de Bush uma forma de torpedear a proposta de Merkel ao G8.
Temos portanto uma semana de promessas e desejos, de ideias (?) e previsões, pois pelos vistos todos eles ainda acreditam que vão cá estar em 2012, gozando de perfeita saúde.
Parte o presidente Bush e os  da Cimeira de um dado (dado como adquirido) que outros previsionistas também costumam adoptar: de que vai haver mundo, Planeta Terra, gente, negociantes em negócios verdes de ambiente e consumidores dos produtos que eles vão continuar a fabricar e a vender.
Não quero desiludir ninguém  mas a probabilidade de haver mundo até 2012 é de 1 para 100, porque fui à bruxa e ela me garantiu.
De modo que não se percebe porque se fazem promessas, reuniões, previsões, protocolos, em Quioto ou Bali,a tão largo prazo.
Isto está por dias e são eles (os oito ou dezoito) os primeiros a saber e a insistir nisso. Não lhe chamam dilúvio, chamam-lhe tsunami ou CO2 mas vai dar no mesmo.
Quanto a mim só pode haver uma razão de tanta fé no futuro e que já tenho referido, lembrando o velho provérbio da minha avozinha e que faz sempre jeito ter à mão: «Morra Marta, morra farta».
Provérbio que explica, aliás, uma onda de eco-verdismo que nos começa a assolar, a que alguns chamam o «sindroma pós Al Gore» e de que tenho de fazer aqui o resumo para não gastar muitos bytes .
Recapitulemos no último mês, salteando as datas e aproveitando os títulos dos meus jornais de estimação:
Alemanha quer ser o país mais «verde» do Mundo – Ministro alemão promete atingir a maior eficácia energética de sempre (31.Maio.2007)
Produção de etanol pode originar penúria alimentar (15.Abril.2007)
Comissão Europeia faz relatório – Tecnologias limpas defendem clima – As empresas ecológicas aumentaram (4. Maio.2007)
Ministério do Ambiente pretende cobrar taxas aos visitantes de áreas protegidas (in «Público», 4. Maio.2005)
Entidades do Estado obrigadas a fazer compras ecológicas ( in «Diário de Notícias», 8 de Maio de 2007)
Centenas de novas empresas da área das tecnologias verdes invadiram a paisagem de Silicon Valley. A TerraPass limpa a consciência dos cidadãos mais poluentes investindo em empresas amigas do ambiente. O negócio vai de vento em popa (in «Público», 5.Maio.2007)
O turismo sustentável está na moda – Eco-turismo ou «turismo responsável» são faces de uma tendência recente na indústria de viagens. No mundo há cada vez mais adeptos, mas está a dar os primeiros passos em Portugal . (In «Público», 11. Maio.2007)
Energias Renováveis em Portugal e Espanha (anúncio do BES in jornal «Diário de Notícias»)
EDP investe 163 milhões por ano em ambiente (In «Diário de Notícias», 6.Maio.2007)
Cidadania ambiental – Rumando a um desenvolvimento sustentado com uma educação do respeito pelo meio ambiente. (In «Perspectiva», Maio de 2007)
Galp à frente da Iberdrola nas eólicas (in «Diário de Notícias», 12.Maio.2007)
Protecção ambiental está no topo da lista dos empresários europeus. (In jornal «Metro», 10.4.2007)
Direcção Geral licencia exploração de recursos (in «Público», 11. Maio. 2007)
Esta exaustiva busca de títulos que ofereço aos amigos ambionautas pode servir de guia para uma exploração mais desenvolvida dos itens no Google News, ferramenta que não podemos deixar de ter à mão.
Quanto aos 8 dos G8, uma severa advertência. Os que forem a Bali previnam-se de escafandro ou submersível. Apesar de ser uma estância turística de luxo, recomenda-se alguma cautela, porque a ilha é vulcânica e nunca se sabe se a Índia, o Paquistão, a China ou mesmo a França (atol da Muroroa) vão aproveitar para mais um rebentamento subterrâneo de bomba termo-nuclear. E lá teríamos um pequeno, médio ou grande tsunami (nome que modernamente chamam ao dilúvio), tsunami que rapidamente se atribuiria às placas tectónicas, as marotas, que têm, como se sabe, costas largas. Ou ao vulcão mais próximo.
Cuidado, pois, amigos do G8, toda a precaução é pouca por esta zona.
Resumindo e concluindo: O eco-verdismo, a que alguns  mais científicos, chamam sindroma de Al Gore, não dá tréguas. Todos os dias se atropelam notícias de empresários verdes, de turismo verde, de negócio verde, de oportunismo verde. A intenção é mesmo deixar-nos verdes. De cansaço ou fastio.

LIXOS & LUXOS

DESPERDÍCIOS:O BUSÍLIS DA QUESTÃO

CARTA A MANUELA SOARES

Manuela: fui logo a correr procurar o que diz na Ambio sobre lixos e afinal não
há nada para «bater», antes pelo contrário: concordo e aprovo , mesmo os
pontos e vírgulas. De maneira menos contundente e menos pedagógica já o
tentei dizer algumas vezes e acho que usei a palavra «hipocrisia social»
para não falar das desigualdades de tratamento entre indústria e particulares. É evidente para nós (menos para os luminares que nos governam) que os energívoros e hidróvoros não são os cidadãos (mesmo quando são) mas as indústrias que se banqueteiam com o maior quinhão dos desperdícios. Todos os conselhos ao consumidor são, além de hipócritas, absolutamente inúteis para melhorar um ápice as coisas. Mas
nada há a recear porque vai haver (vai ver) na Ambio alguém que virá, como
nos anos 70, 80 e 90, a defender as eco-tácticas anti-poluição com manuaizinhos para as escolas com bons conselhos às criancinhas que hão-de ser cidadãos civicamente
educados. Acho que também já chamei a isto um psico-moralismo repugnante,
com que o Al Gore fecha o seu filme.
Mais que óbvio: estas guerras do alecrim e manjerona, poluição e anti-poluição, apenas beneficiam os maiores gastadores e destruidores, que nos querem a poupar para eles gastarem, poluirem, destruirem, desperdiçarem mais à fartasana.
Desde a década de 70 que se sabia que as indústris do futuro seriam as dos anti-poluentes.
Desde a década de 70 que eu aconselho a indústria nuclear a refrigerar os reactores com painéis solares.
+
De boas intenções está o inferno cheio, já dizia a minha avózinha querida.
Até nem se trata de ter posições materialistas mas dialécticas relativamente às coisas:pura e simplesmente abrir os olhos e ver o óbvio.
+
Uma ditadura da qualidade, sim, é urgente se ainda quisermos salvar alguma
coisa: o que não me parece ser o caso de quem governa e muito menos dos
lobbys que em Bruxelas decidem do nosso destino aqui, pressionando tudo o
que é Governo nacional ou local.
Sabe que 4.000 grupos de pressão se remexem, dia e noite, em Bruxelas para conduzir o negócio dos lobbys da destruição?
Segundo a Direcção-Geral Administrativa da Comissão Europeia, só na capital comunitária existem cerca de 4.000 lobbys que dão emprego a 15.00 pessoas, repartidas pelos departamentos de «assuntos reguladores», agências de relações públicas, consultoras de «assuntos públicos» ou escritórios de advogados.
+
Não será com estes eco-oportunismos que vamos evitar o dilúvio: porque a
mudança de Era já não dará tempo a ninguém, nem mesmo aos eco-oportunistas
do eco-verdismo ou eco-merdismo triunfante.
Há um rótulo já preparado para esta posição crítica, sua e minha: o de
fundamentalista, como o deputado António de Almeida Santos acentuava num
livro muito ecológico, intitulado «Vivos ou Dinossauros» publicado em 1994.
+
A um nível muito menos anedótico mas confirmativo de que vivemos de facto
uma ditadura com o nome (rótulo) de democracia, é o que ontem, 1 de Junho,
se noticiava desta maneira alucinante:
«O Tribunal de Contas detectou, ns suas auditorias, mais de 700 milhões de
euros de despesa pública irregular durante o ano passado.Ou seja, quase
dois milhões de euros por dia em actos ilegais que vão desde contratações
até despesas com trabalhos a mais.»
Para se saber isto, tivemos que gastar, em 2006, mais 24 milhões com o
funcionamento do Tribunal de Contas, que agora vem apresentar serviço.
As duas páginas do «Correio da Manhã» dedicadas ao assunto falavam ainda de
«gestores milionários» que recebem muito mais do que o permitido por lei e
não fazem declaração de rendimentos.
Civismo é, portanto, continuar a pagar estas orgias do nosso bolso.
Vamos estar certos de que esta notícia de ontem, hoje já está esquecida e
pronto.Vamos continuar a poupar na luz e nos trocos, que o banquete irá continuar.
E já estou a pedir desculpas se vier a publicar esta prosa na Ambio porque
isto dos milhões, como todos sabem, não é uma questão de ambiente. Apenas
uma questão de mau cheiro. Ou de poluição gasosa.
Afonso Cautela
+
Post Scriptum: afinal o assunto dos gastos do Governo não morreu ao segundo dia e ressuscitou dos mortos com as declarações, basto ofendidas, do ministro que acha justificadas todas as despesas encontradas a mais pelo Tribunal de Contas. Aí é que está o busílis: que sejamos nós todos a pagar as despesas, justificadas por uns e injustificadas por outros.



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sexta-feira, 1 de junho de 2007

BIOMASSA A MAIS

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Estereótipos & arquétipos

20% DA MATÉRIA ORGÂNICA

Já no terreno, a ideologia da biomassa prossegue aceleradamente o seu glorioso objectivo: fornecer ao país 15 centrais de produção de energia eléctrica a partir da dita biomassa.
Os gananciosos do desperdício já se lambem. Mais electricidade e mais desperdício correspondente será a lei lógica inerente a esta mentalidade brilhante, que tem o alto patrocínio dos melhores cérebros pensantes e das maiores autoridades em várias e desvairadas especialidades.
O discurso que lá conduz continua invariável – com jornais e telejornais a ajudar à festa – e não haja dúvidas que tudo irá acontecer conforme o previsto (as tais 15 centrais de que temos tanta, tanta falta, bom deus!).
Poderá haver um pequeno obstáculo mas também esse removível com mais umas páginas de jornal (e telejornal) «dando voz às populações» que têm direito a ser devidamente esclarecidas. É o que faz uma belíssima reportagem da jornalista Sílvia Nogal Dias, no «Diário de Notícias» (28 de Maio de 2007), informando que «a população da Abrunheira, concelho de Sintra, reivindica debate público alargado».
Um «Prós e Contras» para uso local.
Porque uma cornucópia de vantagens vai advir desse empreendimento na Abrunheira:
1.A central poderá abastecer mais de cem mil pessoas (o que é bué de giro)
2. Orçada em 15 milhões de euros, a central da Abrunheira trará a criação de postos de trabalho, numa localidade em que dos 4.000 habitantes, mais de 230 estão desempregados. Mais milhão menos milhão, tenho a vaga impressão de que já ouvi esta.
3. Para o vereador da CDU, Pedro Ventura, a central é «um investimento estruturante», já que promoverá a criação directa de 25 a 30 microempresas, um factor que «revitalizará a economia da zona»: à parte as «microempresas», também me parece que já ouvi esta, provavelmente em uma minha anterior reencarnação;
4. Resta anunciar que a AMES é a Agência Municipal de Energia de Sintra, o que vale dizer que tudo está em boas mãos e vai prosseguir em velocidade de cruzeiro: calma mas irremediavelmente.
Fernando Seara, presidente da Câmara Municipal de Sintra, parece alheado desta iniciativa e apenas destacou, em Março, a vertente de valorização energética, ao combinar o uso de resíduos florestais e de lamas, provenientes das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que representariam cerca de 20 por cento da matéria orgânica utilizada. «No entanto – frisa a jornalista Sílvia Nogal Dias – a participação das ETAR municipais no processo de produção de energia pode já não vir a concretizar-se.»
A terminar com chave de ouro, diz a jornalista:
«« Apesar da vertente das lamas ter sido equacionada inicialmente, Luís Fernandes, da Agência Municipal de Energia de Sintra, disse ao DN que «na solução técnica esta não estava prevista.» O director daquele organismo admite que a introdução das lamas pode já não constar do projecto, devido ao «incremento dos custos associados ao transporte» dos resíduos das ETAR para a central de biomassa.»»
Em linguagem vulgar, quer-se dizer que o incremento dos lucros seria menor com o aproveitamento das lamas.
Mais claro do que isto nem por música.
Tenho a vaga impressão de que já ouvi esta melodia em outras alturas.
+
Das 15 previstas, já vamos na segunda, na Abrunheira. A primeira foi em Mortágua e deu pouco que falar, julgo. A população ainda não estava «sensibilizada». Agora, no concelho de Sintra, com a população mais sensibilizada (ou não estivesse à testa da autarquia um homem de sensibilidade) nada de novo no discurso apologético debitado: apenas os estereótipos já tetra-conhecidos da gente em outras ocasiões, circunstâncias e lugares. Estereótipos que, devidamente martelados pela manipulação mediática, se instalam como arquétipos no subconsciente colectivo das populações que acabarão por aceitar o que lhes quiserem impor.
Qualquer dia vamos ter notícia da terceira central eléctrica de biomassa, das 15 previstas.
Moralidade da história: «Desenrasca a tarefa e safa-te.»