domingo, 28 de dezembro de 2008

HÁ JÁ 19 ANOS

Lisboa, 9/12/1989 - Só tinha previsto, na Crónica do Planeta Terra, que se usasse a energia solar para refrigerar reactores de centrais nucleares.
Afinal já está na rua, no mercado, a energia solar para irradiar doentes. Confesso que essa não me tinha passado pela mente.
Coloca-se assim, mais uma vez, a questão das ecotácticas desligadas de uma ecoestratégia, questão tantas vezes referida nestas CPT.

HÁ JÁ 21 ANOS

1-6-chumbo-1- merge de 8 files de 1987-todos estes files existem individualizados, com títulos de data e alguns com recorte anexo – inéditos ac com anexos

8 CENAS DE CAÇA EM 1987: 3.3.1987 A 1.12.1987
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87-03-03>
3. Março.1987
Como o uso da gasolina sem chumbo obriga a meter no carro um conversor que custa 100 contos - preços do primeiro semestre - espera-se que milhares, mesmo milhões de portugueses com carro vão já a fugir meter conversor no carro só para proteger o ambiente e para que o ar não seja mais poluído com Chumbo.
Pergunta de um "chumbado" : será mesmo como foi dito ou é mais uma forma de gozar ao Carnaval com as vítimas de sempre?

Fazer depender a saúde pública dos contribuintes, de uma despesa de 100 contos a fazer por cidadãos particulares também contribuintes, o que será senão uma bisnagada de Carnaval?

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«INGERÊNCIA» NOS NEGÓCIOS INTERNOS

19.Março.1987

A ciência está de facto entre essas entidades supra-nacionais, que se permitem entrar portas adentro de um País, devassando, investigando, explorando, rotulando, sem pedir licença e sem que ninguém diga basta, ao abrigo não sei de que imunidade .
O que os cientólogos do Hospital Claude Bernard, de Paris, se permitiram fazer em Cabo Verde, a pretexto de aí pesquisarem, em Março de 1987, os portadores do vírus da sida (como eles dizem) exemplifica o poder que determinadas entidades possuem para, completamente fora de qualquer lei, e provavelmente até ao abrigo de qualquer acordo científico e tecnológico, agirem e devassarem até à vida privada os cidadãos de um país.
Ponto de partida que serviu de pretexto à invasão: rotulado de sida, um doente cabo-verdiano internado em Lisboa, no Hospital Egas Moniz, foi o pretexto para que uma equipa médica do Hospital Claude Bernard caísse em bando nas ilhas do Sal e Santiago, onde recolheram 360 amostras de sangue, em hospitais, cadeias e estabelecimentos militares.
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1-3

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87-05-08

8.Maio.1987

De vez em quando vem a público um caso, como o da senhora vítima de um desastre no autocarro da Carris ( Semanário " Tal & Qual", 8.Maio. 1987), que espera justiça há 19 anos!
Não só estes casos fazem qualquer pessoa embasbacar de espanto, não só as intocáveis instituições implicadas, intocáveis continuam, como ficam por revelar os casos intermédios e anónimos que todos os dias ocorrem, sem advogado que os defenda (porque o advogado também leva a dinheiro e só tem advogado quem o pagar).

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87-06-27>

EIS O NOVO TESTE PSICOTÉCNICO

27.Junho.1987

A lembrar que a luta de classes não foi uma invenção de Karl Marx mas permanece, no dia a dia aparentemente pacífico das nossas sociedades, eis o novo teste psicotécnico, com o nome de "Token-Teste", apresentado no Porto, em 26 de Junho de 1987.
Segundo o especialista que apresentou mais esta maravilha da técnica, da psicotécnica, temos - sob a capa da ciência avançada - os clássicos ingredientes do ódio de classes, só que já devidamente liofilizado , com os "inferiores" suficientemente neutralizados para não darem problemas aos manipuladores das inteligências infantis e juvenis.
O discurso da classe dominante sublinha, várias vezes, os "mais inferiores", os mais dotados, os mais altos, os mais infelizes, os mais abjectos, os mais menos e os menos mais.
Quem estabelece todas estas hierarquias, quem escolhe, quem avalia, quem rejeita, quem elimina, quem aproveita, quem examina, quem decide que alguém é inteligente, estúpido ou assim-assim?
É a cena eterna: vencidos e vencedores, frente a frente, no eterno espectáculo do niilismo humano.
Que hoje chama os jornais e dá conferências de Imprensa, em nome da ciência e do progresso.
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87-08-11

INFORMAÇÃO ACESSÓRIA PARA DESINFORMAR

11. Agosto.1987

O diluvio de informação acessória para desinformar ou não informar sobre o essencial, eis uma das constantes do Macro-sistema detectáveis no intervalo dos acontecimentos importantes.
Um vespertino, hoje mesmo, 10 de Agosto de 1987, descobre como novidade uma realidade que está mesmo debaixo dos nossos olhos e que topamos na rua sem dar por ela.
Independentemente do grau de demagogia que sempre possa haver nestas descobertas de "assuntos escaldantes" por parte de uma Imprensa que se especializou em frivolidades (talvez por exigência do leitorado) e só se ocupa de questões sérias quando falta assunto (Verão ou Natal, por exemplo), independentemente do exagero que haja nesta generalização, o que importa reter desta reportagem sobre as inalação de cola pelos jovens, é isto:
- A Informação é hoje,  uma forma de desinformar
- O conhecimento prático dos problemas e dramas é inversamente proporcional a avalanche inflacionaria do chamado conhecimento científico, teórico e abstracto
- Estas toneladas de ciência que nos afogam, esta inflação de informação funciona, por esmagamento, como um dos principais factores de não-informação e desinformação
- As prioridades na sociedade industrial estão invertidas e o que toca o número, o cifrão, o dólar, o barril de petróleo, o cálculo, a contabilidade, é sempre mais importante do que o que fala dos dramas humanos, das pessoas, do sofrimento dos que sofrem.

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87-09-09

AVENTURAS DE UMA RETRO-ESCAVADORA

9.Setembro.1987

A eventualidade de Lisboa ficar coberta de gás butano desencadeou, no dia 9 de Setembro de 1987, uma série de mecanismos mentais que  parecem típicos do sistema e a que ele recorre  para sair ileso e impune (moralmente ileso e impune) dos delitos cometidos.
Foi óptimo  porque foi acidente, foi "asneira" de uma retro-escavadora mecânica (falha humana, leia-se), quando andava, em Beirolas, em operações não se sabe de quê, mas pressupõe-se de construção civil, a febre do século.
Mas andaria mesmo a retro-escavadora em andanças de construção civil?
Serviço de tanta necessidade e transcendência, é claro que não se pode questionar o facto de haver toneladas de gás butano armazenadas com uma cidade de um milhão de pessoas ao lado.
Todos fazemos por esquecer esse tipo de pesadelo, pois já nos bastam outros. E como os órgãos de informação têm que dizer alguma coisa, verberam então a falta de "planos" com a rede de pipelines subterrâneos, de modo a que os construtores civis em acção na respectiva área saibam onde não devem furar.
Mas que andava a escavadora a escavar numa área minada de canalizações de gás?
Mais: Nossa Senhora de Fátima já disse, em entrevista à Agência Lusa, que protegia esta terra portuguesa. Mas não estaremos nós a abusar das boas graças da santa?
Porque - note-se - mais uma vez e como é típico da tragédia  portuguesa, a grande catástrofe só não aconteceu pela tal unha negra, que começa também a ser uma das nossas instituições mais queridas.
Quis Deus, para quem acredita n' Ele, que o gás saído da conduta furada pela escavadora (que andava a escavadora ali a fazer?) se incendiasse de imediato.
De contrário, ter-se-iam espalhado por Lisboa e arredores as 70 toneladas de gás butano.

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87-12-01

A OUTRA ORELHA DE VAN GOGH

l. Dezembro.1987

"Baixa a bolsa, sobem as cotações na (bolsa da) Arte" - dizia Amaral Pais, no "Jornal das Nove" (e dez) do dia l de Dezembro de 198?.
Era a propósito de um Van Gogh "Os Lírios", que atingiu, ao que parece, o valor de sete milhões de contos, quase o Orçamento do Estado português.
A relação de vasos comunicantes entre a Bolsa de Valores e a Bolsa das Artes Plásticas é, de há muito, uma evidência , sem que, no entanto, haja  um grande interesse em enfatizar essa evidência.
Convém que o negócio esteja relativamente resguardado dos curiosos e, principalmente, dessa praga que são os amadores metendo-se ao jogo de mistura com os profissionais.
Longe vão os tempos em que o Van Gogh escrevia ao seu irmão Lheo pedindo-lhe que lhe valesse num suprimento de comida, longe vai o tempo em que o fisco perseguia os poetas e artistas, longe vai o tempo em que o artista (plástico) comia (quando não comia pau de marmeleiro) o pão que o diabo amassava com vinagre, às segundas, quartas e sextas feiras, guardando aos domingos o santo nome de Deus.
A velocidade das "mudanças" só assusta os covardes:cada dia uma nova moda, e agora a moda é o que está a dar.
Cada dia a bolsa sobe, cada dia desce, cada dia um artista sobe na girândola da fama, cada dia desce.
E nós, os escribas acocorados, cá estamos para o sobe-e-desce de todas as bolsas.
Um Van Gogh por sete milhões?
"Se lá no assento etéreo onde subiu, memória desta vida se consente, seria que o Van Gogh cortaria, de raiva e de horror, a outra orelha?■

HÁ JÁ 24 ANOS

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EUCALIPTAR SEMPRE: DUAS POSIÇÕES DE 1984

O semanário «Cidade de Tomar», em 27-7-1984, publicava duas notícias que continuam actuais e sem resposta cabal dos especialistas.
A que ordens obedecemos? Que estratégia está institucionalizada? Quem manda afinal nos eucaliptos a plantar e a desplantar?
Em 1985, já o PREC ia longe. Mas ainda houve alguém, em Santarém, que tentou discordar para logo tudo voltar ao silêncio dos túmulos.
O assunto, 22 anos depois, tem duas alíneas que passamos a transcrever:
a)O Banco Mundial, sempre intrometido nos negócios internos do País, mandava vir aconselhando Portugal a «florestar» , quer dizer, a eucaliptar ainda mais.
b) Um seminário na Escola Superior Agrária de Santarém, em 24 de Junho do mesmo ano, discordava do programa de florestação a mando do tal Banco.
Agora as 2 notícias, tal e qual:

Notícia nº 1

««MAIS ÁREA PARA FLORESTAS E MENOS PARA A AGRICULTURA
«ACONSELHAM OS TÉCNICOS DA BANCO MUNDIAL

«A exploração florestal em território português (continental) ocupa uma área correspondente a 34 por cento, enquanto um pouco mais de 50 por cento é dedicado à exploração agrícola - precisamente o contrário do que devia acontecer.
«Quem o afirma são os autores de um estudo do Banco Mundial sobre o Programa de Assistência Técnica do Projecto Florestal Português, os quais, no seu relatório, dizem que, «de acordo com a aptidão do solo português, 59 por cento deveria estar afecto à exploração florestal e apenas 25 por cento à exploração agrícola.»
«Segundo os especialistas do Banco Mundial, a utilização do solo português tem-se caracterizado por profundas distorções face à sua aptidão e a política florestal não tem conseguido uma maior racionalização da gestão dos recursos florestais,
«Quanto ao regime de propriedade, os autores do estudo salientam a importância do sector privado, que representa 73,5 por cento da área florestal no abastecimento dos produtos florestais, e a área de arborização de eucalipto, feita pelas empresas industriais, que é de 88 por cento.
«Na região centro do país, que engloba os distritos de Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Leiria e Santarém, a área florestal corresponde a 38,3 por cento, enquanto no conjunto do país esta região ocupa 44,1 por cento da área.
«O sector dos produtos florestais é, no entanto, fortemente exportador, registando um saldo comercial favorável ao país que, em 1983, foi de cerca de 60 milhões de contos.
«As reduzidas arborizações efectuadas entre 1960 e 1980 são a causa principal da redução da oferta da madeira em bruto no que respeita ao pinheiro e ao eucalipto, revela um trabalho efectuado por técnicos da FAO e referidos neste estudo do Banco Mundial.
«No âmbito do projecto florestal em curso em Portugal, que é apoiado pelo Banco Mundial, deverão ser arborizados entre 1981 e 1985 cerca de 150 mil hectares , sendo 100 mil com pinheiro e 50 mil com outro tipo de árvores, com especial incidência no eucalipto.
«O trabalho salienta que este «repovoamento florestal constitui uma medida indispensável para a autosuficiência do mercado interno no abastecimento industrial de resinosas e folhosas.»
«O aumento do preço das matérias-primas importadas e a tendência para a diminuição da oferta no mercado externo constituem um elemento condicionador da rentabilidade das indústrias nacionais de transformação de madeira», refere ainda o estudo.
«Quanto à posição das indústrias florestais no quadro das indústrias transformadoras, o estudo salienta que «o número de estabelecimentos é irregular, devido à fragilidade estrutural e à pequena dimensão das unidades fabris». »»
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Notícia nº 2

««SEMINÁRIO SOBRE O VALE DO TEJO
«DISCORDA DO ACTUAL PROGRAMA DE FLORESTAÇÃO DO BANCO MUNDIAL

«No «I Seminário sobre o Vale do Tejo» - Problemas e Perspectivas, realizado na Escola Superior Agrária de Santarém, 24 de Junho, apontaram-se as seguintes conclusões:
Florestas
Devem ser criadas as condições de desenvolvimento de produtos florestais, quer através de melhor lotação dos povoamentos e da melhoria genética e tecnológica, quer pelo aproveitamento de incultos e terras marginais para a agricultura.
«Este desenvolvimento deverá ter em consideração as condições ecológicas da zona e os interesses dos agricultores e população, o que não acontece com o actual programa de florestação do Banco Mundial que cobrindo de eucaliptos zonas de boa aptidão agrícola irá criar prejuízos gravíssimos a curto e médio prazo.
«No caso particular da lezíria onde se encontram os terrenos de melhores potencialidades agrícolas do país foram apontados problemas respeitantes à defesa dos respectivos campos, nomeadamente a necessidade de acções de limpeza das valas, electrificação, melhoria da rede viária, abastecimentos de água, etc..
Foi apontada a necessidade de estudar o problema de reconversão da vinha no sentido da sua localização nos terrenos sem outra aptidão agrícola, acompanhado de apoio técnico e financeiro, da definição de uma política de comercialização e exportação e de uma correcta intervenção da J.N.V..
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NOTA DA REDACÇÃO - Seria interessante que alguns dos nossos colaboradores, técnicos desta matéria, se pronunciassem sobre este assunto.
Que nos diz a isto, Afonso Cautela, em nome das realidades ecológicas?

CAUSA E EFEITO

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domingo, 26 de Março de 2006

COMPAIXÃO PELOS COITADINHOS

Os especialistas de aviário e seus sequazes mediáticos, querem fazer esquecer que tudo vai dar ao dilema moral: ser ou não ser pela vida, ser ou não ser pela liberdade de todos os seres sensíveis e não só a do predador humano.
Querem fazer esquecer que a ciência em geral e a ecologia em especial, é uma questão de sensibilidade, de compaixão, de amor.
Fogem eles com o rabo à seringa, ou seja, julgam-se (do alto da sua arrogância) a salvo da lei de causa e efeito, a lei científica que tudo rege e a que alguns, para chatiar o AEloy, chamam lei kármica e outros, para chatiar o Buho, princípio único taoísta.
Ou seja: julgam eles que nunca serão julgados nem punidos pelas malfeitorias e patifarias que, em nome da ciência, continuam a alimentar, no comércio aviário e nem só.
Aliás, todos nós, mesmo os que não comem carne, estamos implicados, pela nossa passividade pusilânime, nesta responsabilidade universal e seremos julgados pela deusa Maat que é igual a justiça.
A lei de causa e efeito (outrora indicada como eixo viário da ciência experimental que era de facto ciência e não a fantasmagoria moderna) nos julgará a todos.
Por mim, prefiro que seja já: e o facto de ser vegetariano, ocasionalmente carnívoro, só me ajudará a que a punição venha mais rapidamente, de preferência antes da viagem para o outro lado.
Quando tiver que ir, que vá um pouco menos carregado e um pouco mais leve.
Os especialistas de aviário, responsáveis pela obscena manipulação de massas em curso, que se cuidem.
E que não me chateiem com os seus discursos virais e outras tretas e petas.
Mal sai um jornal, neste caso uma revista, que decide desmistificar a grande mistificação ideológica e logo um intelectual de aviário se passeia na Ambio com o rótulo de A Eloy – o coitadinho – a vociferar contra o editorialista da revista «Discovery Salud» que fez a desmistificação política da gripe, faltando agora quem tenha paciência para deslindar a outra metade que é a mentira, a sofística laboratorial em que aquela se apoia.
Quando isso for feito, espero bem que os proliferantes coitadinhos impludam de vez e deixem de nos chatiar os cornos.
Não sei quem é esse senhor Buho mas as suas fantasmagóricas aparições na Ambio são sempre um presságio de nevoeiro, envoltas na tal neblina mental em que nada se distingue de nada.
Não é coisa que me incomode nem é importante mas dou um doce a quem me souber dizer se o tal AEloy é contra ou a favor da mistificação aviária exactamente denunciada (que eu saiba, pela primeira vez), pelo editorialista da «Discovery Salud».
Em qualquer caso, todos metidos na gaiola aviária (onde actualmente metem as inocentes aves) seria o melhor destino a dar-lhes: punham os ovos e davam continuidade à linhagem, enquanto nos deixavam a nós, carnívoros e vegetarianos, em paz.
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Acho que já falei disto mas nunca é demais garantir as frases lapidares proferidas pelos intelectuais de aviário que proliferam por tudo o que é mídia ideologicamente correcto:
Em 24 de Fevereiro de 2006, no jornal «Público», o inesquecível Eduardo Prado Coelho, que assina «professor universitário» para pôr em respeito os ignorantes como eu, escrevia mansamente este naco de prosa dourado:
«o agora celebrado Agostinho da Silva (apesar de nunca o ter visto dizer duas coisas pertinentes)»

sábado, 27 de dezembro de 2008

ECO-REALISMO 1983

1-3- lumpen-1> os dossiês do silêncio – manifesto do lumpen - inéditos & publicados em 1975, 81(*)

SOMOS TODOS UMA ESPÉCIE EM VIAS DE EXTINÇÃO

Sumário:
- Proteger também a espécie humana
- Para um manifesto do lumpen proletariat
- Para um manifesto do eco-realismo
- Ecologia, luta do povo (CPT,21 /3/1981)
- O fascismo quotidiano

18/4/1983 ( in «A Capital») - Se todos os explorados e todas as espécies em vias de extinção compreendessem que travam a mesma luta, o movimento alternativo seria rapidamente uma poderosa realidade.
Se um minuto de consciência súbita colectiva - a que alguns chamam "milagre" - unisse todas as vítimas do mesmo inimigo principal comum, unisse tacitamente todos os que resistem ao ecocídio, ao etnocídio e ao biocídio, o movimento surgiria por si sem precisar de vanguardas.
Se todos compreendessem que não estão sós, o movimento avançaria como uma necessidade vinda das bases.
Era apenas necessário compreender - sentir, intuir - que a luta é a mesma nas várias frentes:
o pequeno agricultor que luta contra a invasão do latifúndio capitalista ou colectivizado;
o artesão que luta, à sua banca, contra o desemprego, a inflação e a conspiração organizada do trabalho proletarizado e proletarizante, a neo-escravatura a que se chama "trabalho assalariado";
o peão que luta para não ser passado a ferro por um tráfego liberalmente assassino;
o activista que não quer centrais nucleares ;
o objector de consciência que enfrenta os aparelhos da Hierarquia;
o escritor que, por não ter aderido ao sindicato dos virtuosos, morre com uma obra de génio realizada, num asilo, só e desamparado;
o operário da média e pequena empresa, que não pode fazer greve porque a arma da greve é só para os privilegiados das estatizadas e porque a greve numa média empresa significa o desemprego a curto prazo;
a dona de casa que toda a vida trabalhou por três e a quem não foi ainda reconhecido estatuto, porque à direita basta a retórica da família como célula da Nação e à Esquerda não interessa reconhecer um trabalho que evita a proletarização;
o pequeno proprietário rural a quem a Celulose, as Auto-Estradas, o Eucalipto, a Petroquímica, as todo-poderosas Barragens, os Oleodutos da NATO, as Cimenteiras, etc. , pura e simplesmente expropriaram os bens "em favor da colectividade";
o contribuinte que, além de espoliado pelo fisco, passou a ser apenas um número para o Estado que se vangloria de moral e de levar em conta a Pessoa Humana, quando afinal se limita a arrancar-nos pele e a deixar-nos no osso;
o eleitor que, como carne de canhão, apenas serve para depor votos na urna e a quem, antes e depois do funeral, os partidos votam o mais absoluto desprezo;
o jovem que na escola é tiranizado por programas absurdos, depois da escola é convidado a empregar-se no desemprego e que em resposta ao futuro cor-de-rosa prometido pelos papás - altos funcionários da Engrenagem tecnocrática - apenas lhe oferecem a droga, a prostituição, o Suicídio, etc;
o doente colonizado por uma medicina demencial que adoece propositadamente, que fabrica doentes, que reproduz consumidores de fármacos, de análises, de operações, de consultas, que estropia e produz à sua conta o maior contingente de deficientes;

SIMBOLOS DA RESISTÊNCIA

A destruição, se entra na rotina, chama-se progresso.
Um lagar de varas ainda a funcionar, na freguesia de Meimão, pode ser um símbolo da Resistência quando a barragem de Meimão vier.
A Aldeia da Luz, no concelho de Mourão, a fábrica de reciclagem de papel, o monumento megalítico de Monsaraz e o monumento romano da Lousa (Luz) podem ser outros tantos símbolos desta resistência à destruição, à pilhagem, ao dessoramento que eles chamam progresso.
A Foz do Dão, outra aldeia engolida pela Barragem da Aguieira é, como foi Vilarínho das Furnas, outro símbolo da Resistência que desistiu.
Os proprietário da área de Sines, expoliados de terras, casas, bens, alfaias, culturas, são outro fenómeno da Resistência Humana ocupada, invadida e esmagada pelo canibalismo tecnocrático, a Leste e a Oeste.
" Hermes da Cruz Passarinho vai ficar sem seis dos seus sete prédios, em Meimão, quando vier a barragem" diziam os jornais com o seu habitual jeito de quem debita frivolidades (15.2.1980).
Se a indústria dos louseiros, em Valongo, baseada na ardósia das minas, entrou em crise pura e simplesmente pela concorrência da quinquilharia plástica - e para uso coercivo do papel em vez de ardósia nas escolas... - não vamos acreditar que foi tudo progresso e que era inevitável banir a ardósia dos costumes escolares.
Nunca como agora, em que o frenético desperdício de papel se tornou na corda que nos há-de enforcar a todos, nunca como agora a ardósia podia e devia ser promovida a produção de primeira grandeza neste País de gente mesquinha e estúpida, de cérebros atravessados e lavados por todas as ladainhas dos progressistas da Morte .
A chamada "empresa familiar", da qual o agrocrata fala com tanto desprezo, também não é nada que se conserve em redoma ou meta em vitrine de museu.
Ou vive e sobrevive como sector alternativo da sociedade - ou será um bocado do País e da sociedade que morre com cada uma dessas empresas familiares que forem desaparecendo. Que forem sendo exterminadas, porque é disso que deliberadamente se trata.

APRENDER COM OS OUTROS A DIFÍCIL ARTE DE RESISTIR

Numa visão sem preconceitos, penso que podemos e devemos tentar aprender junto de organizações que não tendo aparentemente afinidades com este projecto, são, no entanto, muito mais significativas, enquanto pequeno trabalho reformista dentro da Engrenagem do que supostas e pretensas organizações pomposamente designadas de culturais.
Por exemplo: as corporações de bombeiros, as ordens monásticas e as Casas do Gaiato dão informações de funcionamento muito úteis a uma reaprendizagem da resistência local contra o monopólio da Engrenagem central e das sub-engrenagens centrais.
Os ciganos e suas vicissitudes no seio das sociedades ditas democráticas, são outro exemplo bem flagrante do carácter etnocida e segregacionista dos nossos costumes cristãos.
Eles são outra espécie que resiste à paranói. E de tal maneira têm sido, por isso, obrigados a degradar-se que, recorrendo ao último recurso de subsistência, o comércio, esqueceram as suas práticas taradicionais de trabalho e economia de auto-abastecimento.
Quando a retórica pseudo-ecologista apresenta os defensores do ambiente isolados deste contexto étnico - esquecendo que pertencem à mesma raça de explorados, à mesma espécie das espécies em vias de extinção, esquece que a resistência das minorias rácicas é um dos aliados naturais com o qual deviam fazer frente comum. Ecológica ou não.

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(*) Publicado no jornal «A Capital»(Crónica do Planeta Terra), 18/4/1983

HÁ JÁ 14 ANOS

1-1-aldeias> 2097 caracteres aldeias>chave> - os dossiês do silêncio – ideias de 5 estrelas – chave ac para os anos 70

O SILÊNCIO DAS ALDEIAS

2/6/1994 - Classificado no conjunto de atados como Situação 3, há um tema que permanece motivo de interesse jornalístico, embora tivesse ficado para sempre como um tema «oculto» e «silenciado» por natureza: é o das aldeias engolidas por barragens, exemplo flagrante da contradição fundamental [traduzida nas frases que se tornaram clássicas: retrocessos do progresso, a vida que o progresso vai matando, malefícios da macrocefalia, o desenvolvimento do subdesenvolvimento, o outro lado da prosperidade, indústrias que a indústria matou, pesca e indústria pesada, artesanato e indústrias, etc. Neste aspecto, as «aldeias portuguesas» são também uma «espécie em vias de extinção» como pode ler-se no frontespício do atado de originais.
Outros títulos desse atado:
-«Aldeia da Luz apagada pela Barragem de Alqueva?», in «Portugal Hoje», 31/Maio/1980
- «A propósito de património - Três aldeias sacrificadas pelo progresso de uma barragem», in «Portugal Hoje», 20/1/1980
- «Natureza e Cultura são valores que o povo defende» , 1º artigo de ac publicado no primeiro número de «Portugal Hoje», 6/10/1979
- «A cidade e as serras», in «Portugal Hoje», 23/12/1979
- «Macrocefalia - fenómeno totalitário do sistema» (inédito? - 5 pgs A4)
- «Cidade-Cancro», in revista «Arte Opinião»
- «A cidade Morreu, viva o campo», in «A Capital» («O Mundo da ecologia»), 8/7/1978
- «Doenças da Macrocefalia - O sindroma de Sintra», in «A Capital», 8/7/1978
- «Montijo - um exemplo de concentração industrial», in «A Capital», (?)
-«Quando Lisboa foi beber água de Alenquer, agravaram-se os problemas do Rio Triana»
-«Campo rural contra campo de concentração» , in «O Século», 10/5/1976
-«Assimetrias de um crescimento canceroso», in «O Século», 10/5/1976
- «Casas do Portinho - Tempestade num copo de água, in «A Capital», 10/8/1978
- «Engenharia Hidráulica no Vale do Lis», in «Portugal Hoje», 25/8/1971
- «Quando será a cultura prioritária no meio da conjuntura que nos afoga de imediato?» (inédito?)
- «O pesadelo da cidade, auge do desperdício», inédito?
- «Oliveiras já não dão fruto», in «Portugal Hoje»

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

COSMOSOFIA 2012

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Lisboa, 8/11/1992

BOM DIA, ETIENNE GUILLÉ

[12-10-1994]- O movimento holístico tem finalmente o seu grande profeta, depois de alguns precursores que assinalaram o caminho e apontaram a direcção em que era preciso andar para sair do Buraco. Chama-se Etienne Guillé e surge após Michio Kushi, Fritjof Capra, Carl Jung, Khrishnamurti, Lanza del Vasto, Edgar Morin e outros grandes engenheiros da ponte entre Ocidente e Oriente, Ciência de ponta ocidental e Tradição Primordial Viva. O novo profeta chama-se Etienne Guillé, é Doutor em Ciências, agregado de Matemática e depois de Fisiologia-Bioquímica, professor-investigador na Universidade de Paris Sul (Orsay). Há vários anos, que estuda o mecanismo do Cancro no Departamento de Biologia Molecular d'Orsay e no Instituto Curie.
É autor de três livros: «L'Alchimie de la Vie - Biologie et Tradition», com a colaboração de Christine Hardy, Editions du Rocher, Paris, 1983 (250 pgs); «Le Langage Vibratoire de la Vie (II volume de «L'Alchimie de la Vie»), Editions du Rocher, 1990 (388 pgs); «L'Énergie des Pyramides et l'Homme», Ed. L'Originel, Paris.
Em «L'Alchimie de la Vie - I», Etienne Guillé propõe um novo modo de leitura da informação genética contida nos cromossomas. Uma interpretação energética da hereditariedade celular é revelada através das propriedades recentemente descobertas da molécula de ADN: uma diz respeito à presença de metais no ADN e a outra à capacidade que esta molécula tem de transmitir uma informação à distância. Estes factos permitem confrontar os dados recentes da Biologia Molecular e da Genética com os da Alquimia. O método global de análise dos sistemas é aplicado ao estudo da indução do Cancro, à medicina, à análise dos Sonhos e a uma nova forma de ensino.
Em «Le Langage Vibratoire de la Vie», Etienne Guillé confronta os dados actuais da ciência em Biologia e Medicina, com os dados da tradição, utilizando o crivo do método geral de análise dos sistemas. O balanço deste confronto surge sem ambiguidades: os dados tradicionais são muito mais eficazes do que os dados científicos e fornecem, portanto, modelos do Universo muito mais próximos da realidade do que a ciência actual. O estudo das características vibratórias dos hieróglifos egípcios e dos Authioth hebraicos, a aplicação sistémica das propriedades elementares do Binário SV-EV (Suporte Vibratório-Energia Vibratória) definido em «L'Alchimie de la Vie», conduzem à descoberta de uma nova linguagem vibratória. Esta linguagem é baseada sobre as emissões vibratórias de sequências de ADN que realizam conformações específicas nas células de todos os seres vivos. As propriedades numéricas e holísticas desta linguagem, tornam-na perfeitamente apta a descrever a constituição visível e invisível do ser vivo.
A aplicação desta linguagem a toda a espécie de acontecimentos da vida e suas perturbações, descrita ao mesmo tempo pela Ciência e pela Tradição, permite chegar a uma conclusão surpreendente: todo o ser vivo seria o suporte de duas espécies de hereditariedade; uma hereditariedade material, transportada pela molécula de ADN, ligada ao arranjo linear dos seus Nucleótidos; e uma hereditariedade vibratória que vem sobrepor-se à primeira, animando-a de energias específicas...
A linguagem vibratória assim definida, dá a possibilidade de apreender a vida em todas as suas manifestações. Todas as unidades elementares detentoras de vida podem ser caracterizadas pela trilogia Corpo-Alma-Espírito e reveladas com a ajuda das forças opostas e complementares que estruturam o processo da incarnação. Uma das condições necessárias para conseguir compreender e portanto vencer esses flagelos da humanidade actual que são o cancro, a sida, a esclerose em placas, etc., parece ser o acordar desta linguagem pela qual o homem assegura e utiliza plenamente os seus laços com o conjunto do Universo.
No campo das técnicas holísticas operativas, os dois volumes de «L'Alchimie de la Vie» bem podem comparar-se ao I Ching ou Livro das Mutações, codificado pelo rei Wen de Tchu, 1.150 anos antes de Cristo. É Etienne Guillé, aliás, que chama a atenção para o facto -- sintomático -- que pode não ser acaso ou mera coincidência: as 64 combinações de nucleótidos (ou combinações nucleotídicas) do código genético foram codificadas, no seu suporte energético, nos 64 hexagramas do I Ching... Nesse caso, estaria a fechar-se em 1990 o ciclo iniciado pelo I Ching há 3.150 anos, mais coisa menos coisa... E Etienne Guillé seria o Rei WEN dos tempos do Aquário, que se iniciaram, segundo ele defende na obra, em 9 de Dezembro de 1983.

PARADIGMA 2012

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1996

RADIESTESIA HOLÍSTICA

A Radiestesia segundo Etienne Guillé é um método iniciático que abre caminhos de luz e de liberdade na perplexidade da encruzilhada contemporânea.
Este método de radiestesia e os resultados que ele fornece demonstram-nos claramente que é preciso utilizar a análise sistémica para apreender o mundo que nos rodeia e explicar o seu funcionamento e, portanto, o nosso próprio funcionamento e as relações e acções que nós temos com e no universo.
Terapeutas e doentes podem encontrar, nesta abordagem de um paradigma holístico, uma técnica segura de autodiagnóstico e de autoconhecimento, mas também de profilaxia e cura.
Todos podem (e devem) aprender a pegar no Pêndulo. Todos se podem iniciar na leitura da gnose vibratória apresentada por Etienne Guillé nos seus 6 volumes publicados.
O objectivo dos encontros de estudo sobre "Radiestesia Holística", é o de transmitir os utensílios didácticos imprescindíveis para que a abordagem dessa obra colossal se possa fazer da maneira mais correcta e proveitosa.
Se estiver interessado em receber mais esclarecimentos sobre esta metodologia de autoconhecimento e de autodiagnóstico, peça-nos mais informações.

domingo, 14 de dezembro de 2008

HÁ JÁ 29 ANOS

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Sexta-feira, 18 de Julho de 2003

AS METAS DA MORTE(*)

3/6/1979 - Com o terceiro maior desastre da história da aviação civil, o «dc-10» que se despenhou no aeroporto de Chicago, morrendo as 273 pessoas que seguiam a bordo e, possivelmente, mais duas crianças de colo, alguma coisa parece que terá de mudar no capítulo do gigantismo moderno.
O orgulho dos grandes aviões, capazes de meter lá dentro este mundo e o outro, levou inclusivamente a uma guerra de marcas em que os «boeing» americanos e os «airbus» europeus, travaram a mais renhida disputa.
No meio destas rivalidades, a catástrofe. E no meio da catástrofe, de novo as rivalidades que emergem de um montão fumarento de destroços...Chegou a correr o boato de que os «airbus» estavam também incluídos na ordem de paragem dada para todos os «dc-10». Mas o representante em Paris apressou-se a rectificar o que classificou do «erro involuntário». Afinal, o «airbus» continua de perfeita saúde e poderá, como todas as outras marcas, beneficiar deste súbito crack sofrido pelos 30 dc-10 nos Estados Unidos e mais outros tantos distribuídos por várias companhias de vários países do mundo: Japão, Espanha, Nigéria, Noruega, Dinamarca, Suécia, Itália, Canadá, RFA e França estão na lista.
E aqui se poderá dizer que começa a segunda catástrofe a que a primeira deu lugar. O gigantismo aéreo e a corrida entre os rivais que ele implica, tem este outro aspecto «apocalíptico»: desencadeia reacções em cadeia (quase) incontroláveis. E o que era, há minutos, a soberba segurança de viajar sem problemas, torna-se o pesadelo de milhares de utentes eventuais deste tão útil e rápido meio de transporte. O tráfego irá afunilar e sobrecarregar os aviões de outras companhias, tornando os voos destas, por congestionamento, também mais perigosos.
Se é certo que a dentuça branca do lucro se arreganha por trás desta sombra negra, para milhares de pessoas a viagem de avião deixou de ser aquela «alegria» segura e sem sombras que sempre se pretendeu fazer crer que era. Mesmo quando se realizava o balanço dos mortos que esse «meio de progresso» já dera ao Mundo, ressaltava, em última análise, o pressuposto de que o progresso não se faz, afinal, sem um certo custo em sangue, suor e lágrimas.
E a qualidade de vila, tão cantada pelos discursos dos desenvolvimentistas, onde está? Tal como os milhões de habitantes que, na Pensilvânia, viram todo o sou conforto de americanos afundar-se no horror de um súbito regresso às cavernas (caso o reactor de Three Mile Island tivesse derretido), onde está, afinal, a tão prometida felicidade que todas estas maravilhas do progresso nos iriam trazer?
De repente (questão de segundos) a mais avançada civilização tecnológica coloca as pessoas em situações que começam a ter laivos impressionantes de barbárie a mais cruel. De repente, o preço pelo «conforto» começa a ser demasiado alto e pesado. Exigem-nos a vida, a saúde, a segurança. E também a alma. A engrenagem triunfalista do desenvolvimento, das proezas tecnológicas, das indústrias pesadas e altamente tóxicas ou perigosas, o absurdo e crescente gasto de energia, o famoso produto nacional bruto, as metas a atingir para vencer A, B e Z, esta corrida absurda e fanática para o abismo e a morte - eis que alguns começam vagamente a compreender que tudo isto é o tal progresso, a tal felicidade, a tal «qualidade de vida», o tal «desenvolvimento», o tal «conforto» que nos prometeram e de que tanto nos falam, quando querem meter-nos no Mercado Comum europeu, a pretexto de que estamos atrazadíssimos nessas metas todas.
De facto, se o progresso é ter cada vez mais catástrofes aéreas, petroleiros partidos, cancros, suicídios, toxicómanos, centrais nucleares com graves erros de instrumentação e aviões com defeitos graves e potencialmente perigosos, como em relação aos «dc-10» reconheceu oficialmente a Administração Civil Americana (FAA), qual o português que não estará ansioso por se meter no Mercado Comum e poder ter isso tudo, com fartura, ao almoço, ao jantar e à ceia? Quem não aspirará a tanta qualidade de vida», nós que temos vivido, até agora, principalmente, os desastres e as catástrofes do subdesenvolvimento tecnológico?
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «Correio da Manhã» (Lisboa) , 3/6/1979

HÁ JÁ 29 ANOS

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OS SINTOMAS DA DOENÇA(*)

[22/6/1979] - Não são acidentes, acasos, acontecimentos fortuitos e sem ligação uns com os outros. O que se está passando, com frequência sistemática, são manifestações sintomáticas do Sistema que, moribundo, exibe as suas mortais contradições e exala os venenos, tóxicos, poluições, incêndios que dentro de si acalentou.
Durante muito tempo - e porque os sintomas eram relativamente distanciados no tempo e no espaço - o sistema conseguiu encobrir, fingindo que não notava. Agora, não há praticamente um dia sem desastre, catástrofe ou acidente, a excepção tornou-se sistemática. É a rotina do Ecocídio.
Um poço de petróleo, no golfo do México, derrama desde o dia 3 de Junho, trinta mil barris por dia no mar, não se sabendo quando e se se poderá apagar este incêndio. As hipóteses que se aventam são tão tímidas, que denunciam imediatamente uma inviabilidade de fundo: ainda que viável, só daqui a três meses, na melhor das hipóteses, poderia estar pronto um outro poço, à distância de 80 metros, que diferisse o petróleo do primeiro... Operação demasiado complicada e morosa para que alguém acredite nela.
E até se esgotar, petróleo e gás vão espalhar-se no mar das Caraíbas, não se ficando por aí, evidentemente, já que o oceano é uma unidade e não há divisórias nem fronteiras. Se não é o fim, é um sinal bastante esclarecedor do fim. E não são as tentativas desesperadas, por parte do sistema (informação incluída), de minimizar as dimensões colossais deste derramamento, que o tornam menos assustador e menos ameaçador.
A 28 de Março passado, o acidente de Three Mile Island é uma data que não esgotará tão cedo as suas implicações e repercussões. Mau grado os esforços para o minimizar, para o recuperar a favor do sistema, e principalmente as tentativas para o isolar como facto singular (quando é todo o sistema nuclear dos Estados Unidos que está em panne e, onsequentemente, todo o sistema nuclear mundial), Three Mile Island é mais um nítido sinal de apocalipse, a evidência indiscutível de que se foi longe de mais. Recuar, agora, será possível? Ou já será demasiado tarde e as «bestas do apocalipse» sabem muito bem (tão bem como os ecologistas) que, não dominando a engrenagem, só resta agora ir arrastado por ela até ao fundo do abismo?...
Também o «dc-10» que se esmagou no solo com 275 pessoas a bordo e que fez, no aeroporto de Chicago, o maior acidente da aviação civil norte-americana, accionou consequências em cadeia que estão longe de ter terminado e que, mau grado os esforços para as minimizar, lançam sobre a sociedade tecnológica mais uma sombra negra de pesadelo e retrocesso. .
Não é só a poluição que anuncia o «crack». A poluição é apenas um dos sintomas da Doença. A poluição não é a única consequência do crescimento infinito. Um parafuso de avião ou uma bolha de gás que esteve prestes a explodir na torre de refrigeração de Three Mile Island são indícios mais importantes da grande doença que mina a Terra. Da crise ecológica.
Além de fingir que não nota, de tentar sempre mostrar o acidente como um incidente (mais um), outro ardil comum é, como disse, isolá-lo para parecer que é algo de singular e único.
Mas ainda mais subtil e frequente é dar todos (mas todos) estes sinais do fim ou ecos de «débacle» como «imperfeições do sistema» (que a ciência e a tecnologia se encarregarão de aperfeiçoar), doenças de infância naturais da «evolução científica e tecnológica».
Ora não se trata de moléstias infantis, mas de sinais evidentes não só de sensibilidade e esgotamento mas de apodrecimento. Não se trata de erros passageiros que mais ciência e mais tecnologia irão emendar mas de erros estruturais ao próprio sistema tecnológico e industrial tal como ele se desenvolve na engrenagem do crescimento infinito.
É o crescimento exponencial e logarítmico que todos estes acidentes denunciam na sua estrutural violência. E que totalmente põem em causa.
O facto de o sistema continuar a rolar, por mais poços de petróleo em chamas, por mais «dc-10» que se esmaguem no solo, por mais acidentes e incidentes verificados em centrais nucleares, significa que ele não quer nem poder parar. Mas não será isso que o isenta de culpas maiores no extermínio da Espécie e da Natureza humanas.
Engrenagem que ainda por cima só sabe cantar, triunfalisticamente, o extermínio de que é autora, leva os dias inventando anos internacionais da criança ou brancas pombas de paz e Helsínquia, dizendo que descobriu novas técnicas que vão beneficiar imenso os intestinos da Humanidade sofredora.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado, com este título, no jornal diário «Correio da Manhã»( Lisboa), 22/6/1979