domingo, 28 de dezembro de 2008

HÁ JÁ 24 ANOS

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EUCALIPTAR SEMPRE: DUAS POSIÇÕES DE 1984

O semanário «Cidade de Tomar», em 27-7-1984, publicava duas notícias que continuam actuais e sem resposta cabal dos especialistas.
A que ordens obedecemos? Que estratégia está institucionalizada? Quem manda afinal nos eucaliptos a plantar e a desplantar?
Em 1985, já o PREC ia longe. Mas ainda houve alguém, em Santarém, que tentou discordar para logo tudo voltar ao silêncio dos túmulos.
O assunto, 22 anos depois, tem duas alíneas que passamos a transcrever:
a)O Banco Mundial, sempre intrometido nos negócios internos do País, mandava vir aconselhando Portugal a «florestar» , quer dizer, a eucaliptar ainda mais.
b) Um seminário na Escola Superior Agrária de Santarém, em 24 de Junho do mesmo ano, discordava do programa de florestação a mando do tal Banco.
Agora as 2 notícias, tal e qual:

Notícia nº 1

««MAIS ÁREA PARA FLORESTAS E MENOS PARA A AGRICULTURA
«ACONSELHAM OS TÉCNICOS DA BANCO MUNDIAL

«A exploração florestal em território português (continental) ocupa uma área correspondente a 34 por cento, enquanto um pouco mais de 50 por cento é dedicado à exploração agrícola - precisamente o contrário do que devia acontecer.
«Quem o afirma são os autores de um estudo do Banco Mundial sobre o Programa de Assistência Técnica do Projecto Florestal Português, os quais, no seu relatório, dizem que, «de acordo com a aptidão do solo português, 59 por cento deveria estar afecto à exploração florestal e apenas 25 por cento à exploração agrícola.»
«Segundo os especialistas do Banco Mundial, a utilização do solo português tem-se caracterizado por profundas distorções face à sua aptidão e a política florestal não tem conseguido uma maior racionalização da gestão dos recursos florestais,
«Quanto ao regime de propriedade, os autores do estudo salientam a importância do sector privado, que representa 73,5 por cento da área florestal no abastecimento dos produtos florestais, e a área de arborização de eucalipto, feita pelas empresas industriais, que é de 88 por cento.
«Na região centro do país, que engloba os distritos de Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Leiria e Santarém, a área florestal corresponde a 38,3 por cento, enquanto no conjunto do país esta região ocupa 44,1 por cento da área.
«O sector dos produtos florestais é, no entanto, fortemente exportador, registando um saldo comercial favorável ao país que, em 1983, foi de cerca de 60 milhões de contos.
«As reduzidas arborizações efectuadas entre 1960 e 1980 são a causa principal da redução da oferta da madeira em bruto no que respeita ao pinheiro e ao eucalipto, revela um trabalho efectuado por técnicos da FAO e referidos neste estudo do Banco Mundial.
«No âmbito do projecto florestal em curso em Portugal, que é apoiado pelo Banco Mundial, deverão ser arborizados entre 1981 e 1985 cerca de 150 mil hectares , sendo 100 mil com pinheiro e 50 mil com outro tipo de árvores, com especial incidência no eucalipto.
«O trabalho salienta que este «repovoamento florestal constitui uma medida indispensável para a autosuficiência do mercado interno no abastecimento industrial de resinosas e folhosas.»
«O aumento do preço das matérias-primas importadas e a tendência para a diminuição da oferta no mercado externo constituem um elemento condicionador da rentabilidade das indústrias nacionais de transformação de madeira», refere ainda o estudo.
«Quanto à posição das indústrias florestais no quadro das indústrias transformadoras, o estudo salienta que «o número de estabelecimentos é irregular, devido à fragilidade estrutural e à pequena dimensão das unidades fabris». »»
+
Notícia nº 2

««SEMINÁRIO SOBRE O VALE DO TEJO
«DISCORDA DO ACTUAL PROGRAMA DE FLORESTAÇÃO DO BANCO MUNDIAL

«No «I Seminário sobre o Vale do Tejo» - Problemas e Perspectivas, realizado na Escola Superior Agrária de Santarém, 24 de Junho, apontaram-se as seguintes conclusões:
Florestas
Devem ser criadas as condições de desenvolvimento de produtos florestais, quer através de melhor lotação dos povoamentos e da melhoria genética e tecnológica, quer pelo aproveitamento de incultos e terras marginais para a agricultura.
«Este desenvolvimento deverá ter em consideração as condições ecológicas da zona e os interesses dos agricultores e população, o que não acontece com o actual programa de florestação do Banco Mundial que cobrindo de eucaliptos zonas de boa aptidão agrícola irá criar prejuízos gravíssimos a curto e médio prazo.
«No caso particular da lezíria onde se encontram os terrenos de melhores potencialidades agrícolas do país foram apontados problemas respeitantes à defesa dos respectivos campos, nomeadamente a necessidade de acções de limpeza das valas, electrificação, melhoria da rede viária, abastecimentos de água, etc..
Foi apontada a necessidade de estudar o problema de reconversão da vinha no sentido da sua localização nos terrenos sem outra aptidão agrícola, acompanhado de apoio técnico e financeiro, da definição de uma política de comercialização e exportação e de uma correcta intervenção da J.N.V..
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NOTA DA REDACÇÃO - Seria interessante que alguns dos nossos colaboradores, técnicos desta matéria, se pronunciassem sobre este assunto.
Que nos diz a isto, Afonso Cautela, em nome das realidades ecológicas?