domingo, 3 de junho de 2007

SINDROMA AL GORE

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CUIDADO COM O TSUNAMI

Li que George W. Bush está a pensar (?) negociar a redução de emissão de gases com efeito de estufa na próxima cimeira dos países industrializados. E que «os EUA vão trabalhar com outros países para estabelecer um novo quadro para as emissões de gases quando expirar o protocolo de Quioto em 2012».
Li também que a chancelarina alemã, Angela Merkel e o ainda primeiro ministro inglês, Tony Blair, e o ex-primeiro ministro Durão Barroso se pronunciaram considerando a ideia (?) de Bush um «passo em frente» para o abismo.
Só o Comissário europeu para o Ambiente, um grego da época clássica, Stavros Dimas, condenou a ideia (?) Bush que não propõe metas mas apela a um acordo, em 2008, entre os 15 países mais poluidores do Planeta, incluindo a Índia e a China.
Organizações ecologistas e a imprensa europeia consideram a ideia (?) de Bush uma forma de torpedear a proposta de Merkel ao G8.
Temos portanto uma semana de promessas e desejos, de ideias (?) e previsões, pois pelos vistos todos eles ainda acreditam que vão cá estar em 2012, gozando de perfeita saúde.
Parte o presidente Bush e os  da Cimeira de um dado (dado como adquirido) que outros previsionistas também costumam adoptar: de que vai haver mundo, Planeta Terra, gente, negociantes em negócios verdes de ambiente e consumidores dos produtos que eles vão continuar a fabricar e a vender.
Não quero desiludir ninguém  mas a probabilidade de haver mundo até 2012 é de 1 para 100, porque fui à bruxa e ela me garantiu.
De modo que não se percebe porque se fazem promessas, reuniões, previsões, protocolos, em Quioto ou Bali,a tão largo prazo.
Isto está por dias e são eles (os oito ou dezoito) os primeiros a saber e a insistir nisso. Não lhe chamam dilúvio, chamam-lhe tsunami ou CO2 mas vai dar no mesmo.
Quanto a mim só pode haver uma razão de tanta fé no futuro e que já tenho referido, lembrando o velho provérbio da minha avozinha e que faz sempre jeito ter à mão: «Morra Marta, morra farta».
Provérbio que explica, aliás, uma onda de eco-verdismo que nos começa a assolar, a que alguns chamam o «sindroma pós Al Gore» e de que tenho de fazer aqui o resumo para não gastar muitos bytes .
Recapitulemos no último mês, salteando as datas e aproveitando os títulos dos meus jornais de estimação:
Alemanha quer ser o país mais «verde» do Mundo – Ministro alemão promete atingir a maior eficácia energética de sempre (31.Maio.2007)
Produção de etanol pode originar penúria alimentar (15.Abril.2007)
Comissão Europeia faz relatório – Tecnologias limpas defendem clima – As empresas ecológicas aumentaram (4. Maio.2007)
Ministério do Ambiente pretende cobrar taxas aos visitantes de áreas protegidas (in «Público», 4. Maio.2005)
Entidades do Estado obrigadas a fazer compras ecológicas ( in «Diário de Notícias», 8 de Maio de 2007)
Centenas de novas empresas da área das tecnologias verdes invadiram a paisagem de Silicon Valley. A TerraPass limpa a consciência dos cidadãos mais poluentes investindo em empresas amigas do ambiente. O negócio vai de vento em popa (in «Público», 5.Maio.2007)
O turismo sustentável está na moda – Eco-turismo ou «turismo responsável» são faces de uma tendência recente na indústria de viagens. No mundo há cada vez mais adeptos, mas está a dar os primeiros passos em Portugal . (In «Público», 11. Maio.2007)
Energias Renováveis em Portugal e Espanha (anúncio do BES in jornal «Diário de Notícias»)
EDP investe 163 milhões por ano em ambiente (In «Diário de Notícias», 6.Maio.2007)
Cidadania ambiental – Rumando a um desenvolvimento sustentado com uma educação do respeito pelo meio ambiente. (In «Perspectiva», Maio de 2007)
Galp à frente da Iberdrola nas eólicas (in «Diário de Notícias», 12.Maio.2007)
Protecção ambiental está no topo da lista dos empresários europeus. (In jornal «Metro», 10.4.2007)
Direcção Geral licencia exploração de recursos (in «Público», 11. Maio. 2007)
Esta exaustiva busca de títulos que ofereço aos amigos ambionautas pode servir de guia para uma exploração mais desenvolvida dos itens no Google News, ferramenta que não podemos deixar de ter à mão.
Quanto aos 8 dos G8, uma severa advertência. Os que forem a Bali previnam-se de escafandro ou submersível. Apesar de ser uma estância turística de luxo, recomenda-se alguma cautela, porque a ilha é vulcânica e nunca se sabe se a Índia, o Paquistão, a China ou mesmo a França (atol da Muroroa) vão aproveitar para mais um rebentamento subterrâneo de bomba termo-nuclear. E lá teríamos um pequeno, médio ou grande tsunami (nome que modernamente chamam ao dilúvio), tsunami que rapidamente se atribuiria às placas tectónicas, as marotas, que têm, como se sabe, costas largas. Ou ao vulcão mais próximo.
Cuidado, pois, amigos do G8, toda a precaução é pouca por esta zona.
Resumindo e concluindo: O eco-verdismo, a que alguns  mais científicos, chamam sindroma de Al Gore, não dá tréguas. Todos os dias se atropelam notícias de empresários verdes, de turismo verde, de negócio verde, de oportunismo verde. A intenção é mesmo deixar-nos verdes. De cansaço ou fastio.

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