segunda-feira, 14 de abril de 2008

MARKETING & CONSUMOS

spirulina-1-di

ALERGIA ÀS SIGLAS - Caiu-lhes a depuralina no mel

4/Abril/2008

Não conseguiram até agora uma gripe das aves e de acordo com as profecias mas vingam-se no que está à mão.
O Inimigo principal dos estimados cosumidores, cada vez mais protegidos pelas autoridades protectoras, com a habitual redundância do agora «Diário de Notícias»: uma tal depuralina ou spirulina ou termulina ou lá o que é para os (as) que querem emagrecer. E que já tem levado – conseguem os jornais saber – algumas vítimas ao hospital.
A correlação causa/efeito destas guerras de marketing não precisa de ser provada nem comprovada: basta que os jornais digam e acciona-se de imediato o mecanismo persecutório, com a ASAE a comandar o pelotão, e já está.
Proibir é mesmo a única coisa que o Poder sabe fazer melhor.
Até a Direcção Geral de Saúde (DGS), que tem estado calada à espera da gripe das aves e para não espantar a caça, lá veio apoiar a queixa contra a empresa por sinal espanhola e que não vai em folclores à portuguesa.
Espero bem que a coisa da depuralina termine com uma estocada bem dada, como é esperável de nuestros hermanos.
A DGS fez-se acompanhar neste «raid» pelo Infarmed e o Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura (uf! que nome e que sigla GPPMA). Não fora a Depuralina e não saberíamos que tal coisa existia à superfície da Terra.
Alexandra Bento, da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) , também veio ao palco e disse ao jornal Metro: «Acima de tudo, procurar um nutricionista».
Ricardo Leite, director técnico da Dielab, uma das empresas que distribuem o produto em Portugal, acrescentou o óbvio ululante: «Não é por haver hipersensibilidade (alergia) aos cereais ou à lactose que deixa de haver pão no mercado. »
O mesmo jornal, num belo trabalho da jornalista Patrícia Tadeia, indagou ainda outra fonte, a naturopata Paula Branco, que obviamente declarou o óbvio: «Se uma pessoa é alérgica a morangos, quando os come tem uma reacção alérgica, borbulhas, falta de ar, ou um choque anafilático».
Se tudo vai dar à alergia e todos somos alérgicos, a Patrícia Tadeia não me perguntou mas eu poderia dizer-lhe que alergias ou hipersensibilidade alérgica é consequência das vacinas. Não vem nos livros, os doutores fingem não saber e desta vez ninguém faz a correlação causa/efeito.
Nem a ASAE, nem a DGS, nem o GPPMA, nem o INFARMED; nem a APN, nem ninguém fala do óbvio: alergias = vacinas e vacinas= alergias. Como eu sou alérgico às siglas, continuarei portanto a estar tramado, pelo menos enquanto não desistir de ler os nossos jornais (gratuitos) para me refrescar, todos os dias, a memória.
«Andam a partir-nos as pernas» - disseram-me num restaurante, por sinal de categoria e de 1ª.
Em última hora, a notícia refrescante ( 4 de Abril de 2008): « ASAE já apreendeu 514 quilos de «Depuralina». Sim senhor, boa malha: ao quilo é mais barato.
O Governo (não) ignora e tá tudo bem. O que a gente precisa mesmo é menos empregos, menos empresas médias e pequenas, quando puserem o País à venda já vai mais levezinho. E mais siglas, claro, muitas siglas a defender o consumidor, a saúde do consumidor, a qualidade de vida do consumidor.
Quanto ao resto, o futuro será promissor, seguindo os conselhos da jornalista São José Almeida, no jornal «Público» (29 de Março de 2008) que se queixa da «histeria securitária» em nome da nossa querida democracia. Resumindo a douta tese, fica assim: Como para salvar as nossas queridas democracias não podemos cair na histeria securitária (São José de Almeida dixit) o melhor mesmo é depositar a justiça nas mãos da transcendência, porque desta imanência não há muito a esperar.
Nunca estive tão de acordo.