segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

HÁ JÁ 31 ANOS

1-3 pee-1-ie-ah- ideia ecológica do afonso – anuário holístico - notícias da frente – documento 1978 – subsídios para a história do movimento ecológico em portugal

PROGRAMA ECOLÓGICO DE ESQUERDA(*)

9 de Junho de 1978 - Até 9 de Junho de 1978, nada se modificou antes agravou, das circunstâncias que motivaram a proposta de um Programa Ecológico de Esquerda, as quais circunstâncias vou tentar resumir assim:
1 - A escalada do tecnicismo vai ganhar novo ímpeto com a institucionalização do chamado Serviço Nacional de Saúde, a que já deram adesão, nomeadamente, o P.C.P. e a U.D.P., e com a entrada de Portugal para o Mercado Comum que é, evidentemente, a entrada de todas as indústrias hiperpoluentes e venenosas em Portugal;
2 - A passividade e abstinência programática dos que se dizem ecologistas mas que entendem fingir-se desentendidos perante tudo o que não seja a cómoda e popular frente anti-nuclear, a pretexto de que tudo o mais são temas e problemas melindrosos, não prioritários, a pretexto de não-violência gandhiana, a pretexto de objectividade informativa, a pretexto de eco-romantismo proteccionista e conservacionista, a pretexto do ordenamento biofísico do território, a pretexto de anarco-libertarismo , etc
3 - Para lá desta passividade crítica dos ecologistas , que não tocam na ideologia e só gostam de tecnologias leves, verifica-se o oportunismo de Esquerda : é sabido que a Esquerda só se aproxima da Ecologia quando lhe convém, quando dela tira dividendos para a respectiva organização partidária, quando as lutas ecológicas são um bom ornamento interno para mostrar externamente à Esquerda europeia que Esquerda portuguesa também ser gente e também estar à la page;
4 - A propósito de eco-oportunismo, inesquecível é o papel da Imprensa dita responsável e dos órgãos da Comunicação Social ditos nacionalizados ou estatizados.
5 - Pessoalmente, nunca tive na gaveta tantos textos censuradas e sem qualquer canal ou viabilidade de tocar a opinião pública, o que me convence desses textos atingirem o máximo da heresia por levantarem apenas alguns dos problemas que uma Ecologia Radical de Esquerda deveria, de rotina, levantar;
6 - Ainda pessoalmente, acho desagradável que as pessoas já nem sequer tenham a gentileza de responder quando, por dever cívico, alguém as consulta sobre um projecto como o P.E.E.; considero triste que das 43 pessoas a quem foi enviada a circular com o ante-projecto do P.E.E., só houvesse 9 respostas aderindo ;
7 - Um Programa Ecológico de Esquerda pressupunha que as pessoas que se querem ecopoliticamente mais conscientes, procurassem na Livraria Peninsular a informação minimamente necessária, ajudando assim a escoar, pelo preço da chuva, o resto da papelada que os ratos serão os únicos a ecologicamente aproveitar; essa voracidade informativa, porém, não foi muito além da procura sempre nervosa de autocolantes para a colecção, ponto máximo até onde parece querer ir aqui a Ecologia Radical de Esquerda, Amen;
8 - Fique dito: quando próximo das eleições 1980 se reactivarem os eco-oportunismos em que a Esquerda agora ausente se aprestará na primeira linha para colher, maduro, o fruto que alguns outros andaram a semear nesta terra sáfara, quem vai haver então a dizer que o rei vai nu? A CLAPA, que já emite comunicados a dizer que as Nações Unidas a convidaram para celebrar em Portugal o Dia Mundial de Ambiente?
9 de Junho de 1978

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PROGRAMA ECOLÓGICO DE ESQUERDA: O POUCO QUE SEI DO POUCO QUE SE FEZ

Em função das notícias aparecidas na Imprensa, algumas pessoas se têm dirigido à Livraria Peninsular solicitando informações sobre o Programa Ecológico de Esquerda.
Tanto quanto sabemos, a fase em que se encontra o P.E.E. é a de projecto à procura de uma fórmula organizativa. Mas essa é também a fase do País: um projecto à procura.
Além dos nomes que subscreveram o primeiro comunicado e que integram o grupo fundador do P.E.E., pouco mais, ate hoje, se avançou.
Ainda existem cópias do comunicado nº 1 -. de que os jornais transcreveram breves extractos - que podemos enviar a quem mandar selos para o correio.
Alguns alvitres houve no sentido de cada um avançar no campo individual, dando conta aos restantes interessados do que vai realizando. Luís de Sá, um dos dez signatários, tem apelado de Matozinhos para uma reunião do grupo fundador, que não se concretizou até agora por total abstenção de notícias dos restantes signatários.
Alvitraram outros que o horizonte 1980 - ano de eleições - seria em Portugal a meta para a Ecologia se definir face à Política e a Política se definir face à Ecologia.
Se me é permitido opinar, nunca o P.E.E. poderia ou desejaria ser outra coisa.
Os escolhos e riscos de tal definição (reflexão) parece, porém, terem desencorajado mesmo os mais animosos militantes, não havendo ate agora notícias de trabalho em grupo preparatório dessa reflexão básica sobre os problemas ecopolíticos.
9 de Junho de 1970

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(*) Este texto deve ter ficado, felizmente, inédito, na gaveta de quem lamentavelmente o produziu, o senhor A.C., que o timbrava com o nome da Livraria Peninsular, onde esteve ao balcão alguns anos.

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