sexta-feira, 27 de abril de 2007

MANIPULAÇÕES HÁ MUITAS

26 de Abril de 2007

Reproduzo aqui a mensagem que a «Ambio» acaba de me publicar sobre manipulações em geral e genéticas em particular.
https://mail.uevora.pt/pipermail/ambio/2007-April/007154.html

+

aguiar-1-ac-ca>

VIVA A CLONAGEM, ABAIXO A METAFÍSICA

Meu Caro Carlos Aguiar:
Agradeço o seu comentário ao meu texto e venho retribuir com outro. Vamos por pontos.
1.
Devo dizer-lhe que o 2º código genético, descoberto por Etienne Guillé, também me parece uma coisa um bocado estranha, apesar de vir de uma autoridade mundial em Biologia Molecular, catedrático da Sorbonne e investigador do Instituto Curie.
Só não ganhou ainda o Prémio Nobel.
Confesso que a ideia me agrada e ficaria com bastante pena se não fosse verdade.
Mas como não vi em parte nenhuma, nem sequer na Wikipédia que é socorro de aflitos, a mais mínima contestação à tese vibratória e muito menos ao caminho de conhecimento (gnose) inaugurado por Etienne Guillé, confiei de que talvez, sim senhor, a hipótese vibratória do segundo código genético fosse fiável.
Até ver, e até que viesse alguém corajoso como o Carlos Aguiar, para a derrubar, não seria de deitar fora e dado que abre, no actual e global desespero, uma janela de esperança.
2.
Aproveito a atenção que o Carlos Aguiar decidiu dar ao meu texto (que eu também qualifico de inqualificável, que eu também classifico de inclassificável) e pedir-lhe um grande, grande favor: veja se me descobre alguém (autor, livro, wikipédia, o que for) que rebata ponto por ponto, vírgula por vírgula, a tese do 2º código, veja se me consegue pelo menos isso.
É que se não encontrar nada, nem mesmo na internet, que derrube, por completo, a série de descobertas a meu ver geniais que se contêm no trabalho de Etienne, alguém, no meio disto, está a ver a fita ao contrário. E até sou capaz de ser eu, que de biologia não percebo patavina nem pouco mais ou menos. Embora goste muito da palavra «heterocromatina constitutiva» que os biólogos normais consideram o «lixo da célula» e onde o Etienne foi situar o tal segundo código.
O tal que, diga-se em abono da verdade, me dava muito jeito. Talvez isso – uma janela de esperança na jaula global que o poder das elites intelectuais arranjou – talvez isso não interesse muito aos cientistas mas a mim que não sou cientista – apenas uma vítima deles, enjaulado no Gulag que eles fabricaram – interessa-me sobremaneira.
3.
Quando, em 1992, pela mão do meu amigo Manuel Fernandes, descobri Etienne e o seu método de pesquisa, li os seus livros para o grande público (já são 6 títulos, em 2007) e traduzi centenas das suas páginas que religiosamente guardo, tenho andado com uma candeia a ver se encontro interlocutor válido para compartilhar aquilo a que chamo a minha sorte grande. Desde os meus amigos cientistas e ecologistas aos meus amigos esoteristas, esperei que me provassem, por a+b, que a obra de Etienne é «ficção científica», como a classificou um cientista francês. E continuo esperando.
4.
Outro assunto, bastante mais pessoal e ad hominem. Continua o Carlos preocupado pensando no que seria um mundo de gente como eu : «tremo ao pensar num mundo dominado pelo pedantismo metafísico», diz você.
Sinceramente: já é a segunda vez que me manifesta essa sua angústia existencial. Eu próprio, que nunca tinha posto tal hipótese (cruzes, canhoto!), sou confrontado com a dúvida, a grande dúvida: para o mundo ter chegado à merda a que chegou, ainda era preciso mais gente como eu?
Afinal quem é que pôs isto de pantanas?
Os que, como eu, desconfiam dos geneticistas desvairados e das manipulações genéticas, ou os que as advogam com uma suspeita pertinácia?
Sabe o Carlos que um microbiologista do Texas, de nome Garza-Valdès quer clonar Jesus e escreveu um livro «The DNA of God»? E que propôs a ideia ao Papa João Paulo II, que prometeu ir rezar por ele? E que um outro senhor, Gérard Lucotte também? E que a filosofia raeliana, com sede em Monreal, também?
Moral da história: não é fácil, até mesmo ao Vaticano, desembaraçar-se dos geneticistas. E muito menos dos metafísicos.
5.
Inteiramente de acordo consigo: faz falta uma Alta Autoridade reguladora que fiscalize os livres pensadores, os que andam fora da lei, da regra, da norma, do pensamento dirigido, da unideologia.
Faz mesmo falta quem ponha na ordem os desordeiros e o meu amigo bastante se esforça por isso.
Infelizmente para si e por enquanto, a asneira é livre.
Eu serei, como reafirma, um perigo público pensando pela minha cabeça e evitando que ma lavem com teorias patolas.
Concordará portanto que não é perigo público nem atentatório do ambiente, três coisas que pelos vistos aceita porque decorrem da ciência em que o meu amigo religiosamente acredita:
a) a clonagem, inclusive humana (acho que é considerada crime em alguns países)
b) os geneticamente modificados ( larga e suficientemente denunciados por quem tem toda a autoridade moral e científica para o fazer, inclusive a fundadora desta lista)
c) as manipulações genéticas em geral e a engenharia genética em particular: se não me engano devemos esse precioso contributo aos cientistas nazis.
Compartilho, portanto, os seus receios: o mundo da genética tal como está (e que se contrapõe radicalmente à corrente encabeçada por Etienne) é um paraíso e metafísicos como eu são um perigo público.
7.
Combina a bota com a perdigota. Que o Carlos não queira aceitar a hipótese do 2º código – o da liberdade – parece-me coerente com as suas ideias justicialistas e maoístas de policiar o meio ambiente e todo o oxigénio respirável.
Mas olhe que a hipótese e já desde o Francis Bacon é uma das 4 fases da ciência experimental, não vejo que se possa horripilar assim tanto o que é uma hipótese de trabalho e de pesquisa. Foi o que aprendi com o meu mestre António Sérgio (sabe o Carlos quem é este personagem?).
Um ponto que eu não entendo, porém, é como é que o Carlos consegue conciliar os seus ideais ambientalistas – que suponho serem os seus – com as peremptórias afirmações de quem defende:
a) os geneticamente modificados
b) a clonagem (humana?)
c) a engenharia genética.
Um caso de engenharia mental a ser considerado?
8.
Quanto à sua confessada gaffe (e o alerta do Pedro Bingre) do termo «falsificação», percebi perfeitamente o que o meu amigo queria dizer, também não sou assim tão tapado. Em último caso consultava a Wikipédia que, em filosofia da ciência e outras matérias duvidosas, tem sempre a última palavra e a mais actualizada.
Nada melhor para finalizar esta missiva do que as palavras de ouro que lhe foram endereçadas a propósito pelo Pedro Bingre:
«Quem não percebe reiterada e continuamente as limitações da mera esperteza verbal está condenado a distorcer a realidade até à pura e estéril aporia ou, o que é pior, fantasia desmesurada ao serviço de crenças irracionais.»
Estamos quites: o Carlos fiscaliza-me e o Pedro Bingre fiscaliza-o a si. Afinal temos sorte, não estamos sós no universo.
E vou já ver na enciclopédia o que é isso da «aporia» segundo o Pedro.

Sem comentários: