A MISSÃO DE JORNAIS E TELEJORNAIS
21/Junho/1995 - Estranha omissão ou miopia de jornais e telejornais, revela-se relativamente à barragem de Alqueva: jornais e telejornais têm desenvolvido o maior ruído de que há memória, por causa das rupestres do Côa em luta contra a «monstruosa» barragem da EDP. Isto na página 5, porque na página 6, jornais e telejornais, sempre amigos integérrimos do progresso, têm regra geral palavras de euforia quando anunciam o grande empreendimento de Alqueva, que além de submergir uma aldeia (Luz), irá submergir também, devido às falhas sísmicas, o país que se chamava, desde a fundação da nacionalidade, em 1147, Portugal.
Já se sabia da falhas sísmicas, muito antes do Ebola, nome de localidade zairense. Mas os jornais e telejornais desunharam-se a justificar as falhas, minorando as consequências de uma barragem tão grandiosa que é até o maior lago artificial da Europa . Além de ser isso, que só por si tudo justifica, é também um empreendimento apoiadíssimo por PS/PCP, defensores do progresso.
Agora, sim, é um afundamento nacional de consenso. À mistura vão os menhires de Monsaraz, terra do sagrado, mas coisa pouca, sem importância: jornais e telejornais não falam em defesa dos menhires de Monsaraz, que aliás não precisam de ninguém a protegê-los: o sagrado que representam protege-se a si mesmo, quem perde somos nós. Só tenho pena de, nessa altura, já cá não estar pra ver. E outra presidência aberta de Ambiente com o Dr. Mário Soares a dizer «NIM» quando chegou a Mourão e teve que falar de Alqueva. Noblesse oblige. E monarquia também.
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