quinta-feira, 31 de maio de 2007

PODERES PSI

Lisboa, 6/8/1993-10/8/1993 - Os melhores livros da chamada Parapsicologia, como o de Werner Keller («La Parapsychologie ouvre le futur») caem num equívoco fatal: referir listas quase intermináveis de casos e experiências esporádicas, «excepcionais» (que alegadamente «provam» os excepcionais poderes da «mente» humana!...) deixando subentendido e como ponto assente a ideia de que esses casos - de sortilégio e maravilha - são casos únicos de pessoas únicas em momentos únicos. Num certo sentido, os poderes ditos «psi» - vidência, telepatia, premonição, telequinese, etc - correspondendo à lei da ressonância vibratória, acontecem no momento, no lugar e no estado em que podem e têm de acontecer. Mas, em certo sentido - pergunta-se - não deveriam hoje, em 1993, ser excepções históricas, olhadas com a nostalgia de quem olha paraísos perdidos, mas como faculdades inerentes ao ser humano e que o ser humano, com o método próprio, pode adquirir, sem o carácter esporádico, que as mil histórias contadas por Werner Keller induzem a crer.
Mais do mesmo, no meu site «gato das letras»:
http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/keller-2.htm

quarta-feira, 30 de maio de 2007

HÁ JÁ 16 ANOS

agosto19>diario91> -Eu-espectador

19/Agosto/1991

A falta que faz Deus, meu deus!, a falta que faz a religião! Como pode um ser humano carregar sózinho tamanho pesadelo como é a existência! Como pode alguém matar alguém e continuar a viver? O que se passa na alma de um homem assassino? É preciso ter compaixão de quem praticou violência, crime, tortura, de quem feriu outra energia, de quem magoou, de quem provocou sofrimento, de quem odiou, de quem queimou, de quem destruiu. É preciso ter pena de uma alma que, por força física do equilíbrio natural, pagará as penas eternas do inferno. É isso a eternidade! O cinema incita à violência, a sociedade incita à violência, a violência incita à violência. Círculo infernal! Como sair deste círculo? Como parar, suspender a vida, para viver a morte? Como se abre um parêntesis na eternidade do sofrimento e do horror?
(Foi escrito quando via «Um Longo Verão», baseado no livro «The Hamlet» de William Faulkner)
+
19/Agosto/1990

Carta da mortal criatura (do diligente trabalhador) ao senhor Deus Todo Poderoso

Grato Te estou, Senhor Todo Poderoso, dono do Céu e da Terra, por todos os benefícios recebidos, hoje, ontem e sempre, pelas inúmeras bênçãos derramadas sobre a minha humilde cabeça e que da tua omnipresente e omnisciente vontade tive a sublime graça de usufruir.
Grato, Senhor de todos os tempos e de todos os lugares, me sinto eternamente pelas atenções de que rodeastes a minha tão baixa, rasteira e humílima pessoa, rojada a Teus pés perfumados de sândalo e mirra, olhos míopes postos na tua infinita e clara Bondade que não tem comparação em qualquer outra bondade do Orbe Terrestre.
Grato sou e serei , Senhor de todos os mares e oceanos e lagos e rios e ribeiros, afluentes e subafluentes, grato por não ter transpirado de Ti, Pulmão do Universo, do teu Adorado Corpo Místico e do divino Espírito Santo que materialmente incarnas, o mínimo sinal de corrupção, mentira, piedade, perseguição, tortura, encarniçamento terapêutico(+), hipocrisia, dualismo, ambiguidade, roubo, anestesia geral, inicuidade, mau cheiro, androginia; grato por ter escapado com vida aos mil e um atentados, alçapões, armadilhas das forças do mal que sobre mim, como bênçãos, se têm diariamente abatido;grato por a inflação ter subido apenas 12 por cento ao (meio) ano, quando era suposto e os profetas previam que subisse onze e meio; grato por haver ainda dois milímetros de costa portuguesa onde tomar banho sem risco de hepatite B, por haver ainda dois milímetros de solo não ardido na terra bendita de Nossa Senhora que é a Terra Bendita de Portugal; por estarmos destinados, como povo, a cometimentos de grande vulto; pela predestinação de ti emanada que permite ao meu vizinho caminhar só com uma perna quando podia perfeitamente caminhar sem nenhuma, se tivesse perdido as duas no atropelamento providencial e municipal nas Avenidas Novas; pela comiseração dos senhores que permitem a 50% da população viver em bairros-da-lata, quando podiam perfeitamente dormir dabaixo das pontes; pela defesa maternal que o Ministério da Saúde empreende dos nossos interesses e apetites sexuais, gastando num mês em propaganda a preservativos, pró menino e prá menina, a verba oficial destinada a um ano de propaganda com educação alimentar, descontada a que se destina a papel higiénico para os lavabos do Ministério.
Grato te estou, Senhor de todas as plenitudes, Mago de todos os desejos, Feiticeiro de todas as orgias, grato te estou e sempre te ficarei, pelos séculos dos séculos, eras atrás de eras, porque ainda não foi hoje que morri de tédio, minado, mirrado de stress, esgotamento nervoso, calamidade privada, depressão endógena, estenuanço puro e simples, excesso de trabalho, abuso de teína, cafeína e carência de mais coisas em ina, porque ainda não foi hoje que me suicidei, contrariando todas as previsões e futurologias do meu astrólogo favorito, ainda não foi hoje que arranjei coragem e tesão para me suicidar; porque tudo corre sobre rodas, porque nunca a fome foi tão sinceramente fome, o terror tão crua e cruelmente terror, porque nunca a paz armada esteve tão bem armada até aos dentes, porque nunca desanuviamentos e «guerra fria» se envolveram connosco em cópula tão feliz, contraditória e explosiva.
Obrigado, Senhor das Águias e Falcões, Senhor de todos os animais nobres e altaneiros, Senhor de todss as altitudes e vertigens, abismos e planícies, florestas tropicais e estrelas candentes, almas, cânticos, púlpitos, anémonas, virtudes, pérolas, ancinhos, cadeias, morbos, searas, entidades alienígenas, vírus mutantes, embriagamentos por alucinogénicos, obrigado, Senhor, pelos desportos de Inverno na neve da Serra da Estrela, pelos desportos de Verão, pelos desportos de Outono, mas, principalmente, pelos desportos de Primavera, estação dos suicídios, fase da lua propícia à nostalgia dos estrangulamentos, capítulo solar de um romance de cobras e ábsides, obrigado pela ternura dos pássaros em flor, pelas flores rodeadas de pássaros, pela esperança dos colibris e das anémonas, dos pobres, humilhados e ofendidos em melhores dias, pela algazarra das mulheres na lota da Ribeira, pelo superior conceito de Tecnocracia reinante, pela religião dos narcodólares, dos petrodólares, dos sidodólares, (+ compostos de dólares).
Obrigado, Senhor de todos os exércitos, pela guerra fria e quente, pelas radiações pacíficas dos computadores, pelos terremotos suplementares que foram acrescentados pelos militares aos que tinhas programado desde o princípio dos tempos; obrigado pela autorização que nos concedestes, miseráveis propagandistas do Ócio, das Tenebrosas trevas, dos arrestos sem razão, das canalhices sem remissão, das algemas sem chave nem fechadura, de mais um dia, uma hora, um minuto, um segundo de vida desta vida de plenitude num mundo conturbado como este em que vivemos, vale de lágrimas com poucas zonas verdes, sítio de calor e febres palustres, inolvidável cansaço de areias e areias sem fim.
Obrigado, Senhor da História e do destino, por todos os D. Sebastião que se perderam em trágicas empresas de profética brandura.
5178 caracteres

sábado, 26 de maio de 2007

A TRETA DO CO2

ACELERAR A CATÁSTROFE QUE ELES DIZEM QUERER EVITAR
serrano-1-ac-ab>
26 de Maio de 2007

Meu Caro J.V. Serrano:
A sua mensagem [geologia] na Ambio veio acordar-me de uma certa e persistente letargia em que a campanha do CO2 nos deixa. É uma espécie de entorpecente, de narcótico para adormecer consciências e eu confesso, armado em esperto, que claudiquei.
Até porque me convém sempre ficar a descansar, no meu rom-rom predilecto.
Ao relembrar o que parece estar esquecido – gigantescas pavimentação, mineração, deflorestação e ruptura de equilíbrios - levanta o J.V. Serrano o verdadeiro e autêntico problema dos aquecimentos ou arrefecimentos globais, ou seja lá o que for, os desequilíbrios e extremos climáticos.
A mentira generalizada do CO2 tem, evidentemente, objectivos mercenários mas até nem é isso -- o inimigo principal já identificado -- o mais importante: é que, fazendo – deliberadamente - o diagnóstico errado, todas as alegadas «soluções» vão apenas acelerar a catástrofe, o apocalipse e o dilúvio, palavras proibidas em todos os meios ideologicamente correctos.
Tal como acontece com os salvadores da Pátria (que nos hão-de afundar) acontece com os salvadores do Mundo, que tornarão o fim do Planeta irreversível.
O núcleo duro desta estratégia sabe-o perfeitamente, e pragmaticamente usa os provérbios consagrados da grande farra: «morra marta morra farta» e «depois de nós o dilúvio». «Negócio é negócio e tout d'abord».
Só alguns naifs de boa fé se deixaram também ir na conversa, na treta do CO2. (O discurso do poder reforça o poder do discurso.)
E alguns, como eu, que se consideravam muito espertinhos.
Saindo agora, com o seu alerta, desta anestesia colectiva, relembro, além dos seus quatro itens, alguns pontos que já todos esquecemos:
- o fenómeno da evapo-transpiração dos oceanos e os petroleiros que derramam o suficiente para agravar essa evapo-transpiração;
- a deflorestação criminosa que na Amazónia se repete aqui em Portugal com a santíssima trindade dos incêndios, eucaliptos e desertificação, com todos a dizerem que são os pirómanos avulsos a fazer tropelias;
- as experiências de precipitação provocada que no perímetro de Valladolid se soube um dia que havia e que é mais um tópico abafado pela retórica do CO2: se as experiências continuaram, não sei nem me interessa, mas que se fizeram, fizeram;
- complementar da treta do CO2, é a ameaça – agora luso-brasileira – de irem sondar a costa portuguesa para encontrar petróleo (talvez e oxalá encontrem apenas bosta)
Sei que há mais, muito mais itens da destruição, mas de repente ocorrem-me estes.
O que me ocorre também é que tenho de rever a matéria dada ao longo dos anos e lá tenho de ir desenterrar os dossiês do silêncio e continuar a minha carta aberta ao compadre Al Gore e antes que ele presida aos estados unidos da destruição.
Não deixa de ser bem feito o castigo de voltar a mexer na porcaria que já tinha dado como arrumada, à espera do dilúvio que há-de vir, se Nossa Senhora de Fátima ouvir as minhas orações.
Seu leitor e amigo
Afonso Cautela

sexta-feira, 25 de maio de 2007

PODEROSO PODER

Post Scriptum: As declarações, a posteriori (24 de Maio de 2007), do PM e do PR sobre a ocorrência a seguir comentada, não alteram uma vírgula ao que escrevi, no dia anterior, e que só hoje decido publicar. Antes pelo contrário: o discurso do poder e o poder do discurso continuam inalteráveis a dominar e a dirigir os acontecimentos. Até parece que cria arquétipos no subconsciente colectivo. Por definição, o poder é sempre poderoso.
+
poder-1-di-ol>

O DISCURSO DO PODER

A tentar mostrar que o discurso do poder é a principal componente que modela, estrutura e deteriora o nosso ambiente (assim transformado em meio ambiente), vou apontar dois eventos, algo anedóticos mas que, curiosamente, ou por isso mesmo, levantam questões de fundo no mínimo exemplares e que nada têm de anedóticas mas que fazem parte da tragicomédia à portuguesa.
Já sabemos que o poder tem a tendência de usar e abusar do poder que tem. Mas nos dois casos em apreço, acho que os protagonistas se excederam para lá do razoável e do previsível. E do conveniente para salvaguardar a imagem pública que é suposto terem de manter.
Já sabemos que andamos todos a trabalhar para pagar impostos, os que trabalham é que pagam impostos e que três meses de trabalho de um português (no activo ou na reforma) vai para o fisco.
Mas agora a coisa começa a tornar-se mais notória à medida que os responsáveis pelas decisões são convidados mais vezes a falar para jornais e telejornais, pois nem só de aquecimento global vive o homem.

Quanto aos dorminhocos que nós somos (todos os que contribuímos para sustentar as elites do Poder), também já não vale a pena acordar: pesadelo por pesadelo, é preferível um cor-de-rosa: pensar por exemplo que o 25 de Abril nos deu a liberdade e a alegria de viver. E um ambiente mais habitável.

sábado, 19 de maio de 2007

ZEP-TEPI

1-2- marca-1-ac-cm>
sábado, 19 de Maio de 2007-> quinta-feira, 15 de Janeiro de 2009

QUANDO O CÍRCULO É UMA ESPIRAL

O livro «Homo Disparitus» de Alan Weisman, edição Flammarion (sinopse no «Le Monde» de 15/Maio/2007), refere dados bastante plausíveis, verosímeis e prováveis sobre a hipótese de um ciclo final que o Planeta Terra estaria a atravessar.
São dados bastante próximos dos que podem ser obtidos das fontes egípcias e mayas.
Procurando evitar o clima de Apocalipse e fim-do-mundo que é hoje a tónica dominante em todos os campos, principalmente o mediático, talvez estejamos a tempo de evitar o inevitável e de mudar a linha de viragem. Para isso, tentarei resumir o que pode ser um quadro aproximado dos factos em presença :
1. A data de 21 de Dezembro de 2012 (apontada no calendário maya) é uma data provável (mais do que provável) para o acontecimento dessas «coisas terríveis» citadas no livro de Alan Weisman. De qualquer maneira é data provável para o clímax de acontecimentos à escala global que já há décadas vêm ocorrendo num crescendo logarítmico.
2. E porquê? Apenas porque, segundo a lei invariável que os astrónomos modernos conhecem e a que chamaram a «precessão dos equinócios», essa data é «simétrica» daquela em que ocorreu o dilúvio (10.940 anos antes de Cristo) e respectiva queda da civilização atlante (vulgarmente conhecida por Atlântida, desde que Platão a popularizou).
3. Sem diagramas é um bocado difícil explicitar essa «simetria» mas vou tentar: desenhemos um círculo – chamado exactamente o círculo ou ciclo cósmico dos 12 signos zodiacais (relacionados com as 12 estrelas ou constelações circum-polares de que obtêm os nomes). O Movimento da Terra à volta do sol – o movimento de translação que todos aprendemos na escola primária – leva exactamente 25.920 anos para voltar ao mesmo ponto do «círculo» zodiacal, que é realmente uma elipse. Os sacerdotes egípcios das escolas de Mistérios (hierofantes) chamaram-lhe ano cósmico ou Zep-Tepi.
4. O que vai acontecer, pura e simplesmente, em 21 de Dezembro de 2012, é que estaremos exactamente no ponto oposto (do círculo zodiacal ) ao da data do dilúvio, há 12.960 anos, logicamente metade do ano cósmico (25.920 anos).
5. Se continuarmos a partir do centro do círculo o raio correspondente à data em que ocorreu o dilúvio (queda da Civilização atlante) até ao raio que corresponde à data de 21 de Dezembro de 2012 (a tal simetria em que te falei) teremos condições cósmicas idênticas e portanto 99,9 % de probabilidades de acontecer a tal viragem, cataclismo ou transmutação de todas as estruturas, especialmente as mais subtis, de tudo o que vive no Planeta Terra.
6. O 1% restante é a Grande Esperança e nela cabem os dados experimentais adquiridos a partir de 26 de Agosto de 1983, pela equipa de Etienne Guillé, trabalho que tem coligido todos os dados vibratórios sobre a evolução cósmica até hoje.
7. Está agora tudo desocultado, explicado e ao alcance de todas as cabeças e bolsas, sobre a evolução cósmica em curso e em interacção com a evolução do Planeta e de todos os seres sensíveis que o habitam. Chamei a isto a «democracia» do saber, uma das características que nos diferenciam do que acontecia há 12.960 anos: ou seja, o círculo zodiacal não é um círculo fechado e perfeito, é uma espiral, comparável à das Galáxias e, de 25.920 anos em 25.920 anos, abre mais um grau que talvez seja o 1% da Grande Esperança.
8. Experimentalmente há outros motivos que reforçam essa Grande Esperança mas apenas estou em condições de citar um (do qual aliás todos os outros dependem): em 26 de Agosto de 1983, nasceu um novo Canal Cósmico – designado em linguagem vibratória de base molecular MEAI GAO GOC (Cosmos 1 em linguagem vulgar) e MAGA GAO GAS (Cosmos 2 em linguagem vulgar).
9. Este «novo» Canal Cósmico (MEAI GAO GOC) pode ser associado à chamada Era do Aquário mas não é a mesma coisa: haverá provavelmente pontos coincidentes. Se estivéssemos apenas a entrar na Era do Aquário (hoje tão vulgarizada e popularizada) provavelmente nem 1% de esperança poderíamos ter. Acrescentarei apenas que MEAI é a tradução invariável e exacta da palavra AMOR semanticamente tão variável e vaga.
10. Mesmo que tivéssemos uma remake do 1º dilúvio universal, dar-se-ia o que aconteceu então: as pedras do Egipto (pirâmides & templos) ficariam para recomeçar tudo de novo, a partir não de zero mas da Esfinge. Não é assim tão facilmente que a Terra se poderá livrar de nós (que viemos das estrelas) nem nós da Terra.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

ALARMISMOS ALARMISTAS

hulme-1-ac-ab>

INIMIGO PRINCIPAL, PROCURA-SE:
GRATIFICA-SE BEM QUEM O ENCONTRAR

Telepatia, transmissão de pensamento ou plágio: uma das três, foi, porque também não é plausível que tenha ocorrido o célebre provérbio que diz: «les beaux esprits se rencontrent».
Como é que um professor britânico, absorto nas neblinas da grande Álbion, adivinhou o que eu pensava do CO2 e respectiva campanha mediática?
A notícia em português veio no jornal «Metro» (17.Maio.2007) e já deve ter sido divulgada há muito mais tempo no âmbito do Global Environmental Change. Chego sempre atrasado a estes festejos e peço desculpa mas ainda vai a tempo e posso garantir ao Pedro Martins Barata que o prof. Mike Hulme existe, ainda mexe e até acho que tem ligações à BBC, a nossa avózinha nestas coisas de Comunicação Social.
Aliás, pode confirmar junto do seu companheiro do Blogue «Ambio», o Miguel Araújo, que citava o tal professor, Mike Hulme, do Centro Britânico Tyndall National Institute, Cork (Ireland), em 2 de Fevereiro de 2006, nesta mesma lista.

Resumidamente, a tal notícia que li no jornal «Metro» dizia assim:

««EXAGERO GERA UM SENTIMENTO DE IMPOTÊNCIA NA POPULAÇÃO
ALARMISMO SOBRE AQUECIMENTO GLOBAL É CONTRA-PRODUCENTE

«Mensagens alarmistas sobre o aquecimento global podem ser contra-produtivas, diz o líder de uma equipa de investigação sobre o clima mundial.

«O Professor Mike Hulme, do Centro britânico Tyndall, tem conduzido uma pesquisa sobre atitudes das pessoas face aos apelos dos media, que prevêem um futuro catastrófico.

«O especialista diz que mensagens demasiado fortes pensadas para causar um certo comportamento na população parecem só causar apatia nos indivíduos.

«A sua preocupação é que o exagero tem dado "luz verde" aos media para usar palavras tais como medo, terror, desastre, quando relatam relatórios científicos.

O especialista afirma que o exagero desmedido apenas gera um sentimento de impotência na população em geral face a algo que se impõe superior e quase impossível de mudar. »»
+
Eu tenho chamado a esta histeria colectiva que subiu de tom com o Al Gore do filme, vários epítetos: «onda negra», «carpideiras do juízo final», «epígonos do apocalipse», etc. Mas qualquer rótulo serve para designar os eco-oportunistas, os eco-negociantes, os eco-snobs, os eco-sofistas da hora.

Ainda o prof. Mike Hulme: excluída a hipótese de telepatia (somos pessoas positivas e não vamos em lérias paranormais), ou mesmo de empatia, não temos nada a ver um com o outro, fica a hipótese de plágio a ponderar: não é crível que um professor britânico, do Centro Tyndall, autor de uma investigação científico-policial sobre o comportamento dos mídia que deviam estar sempre sob videovigilância, não é crível, dizia eu, que possa emitir conceitos tão básicos como estes:
«As mensagens alarmistas sobre o aquecimento global podem ter um efeito contraproducente. Em vez de motivar as pessoas a agir, este tipo de alerta provoca apatia.»
Conceito tão básico e simplório só podia ser ele a surripar-mo. Está bem que elaborou um estudo e investigou tudo bem investigado para chegar aqui, mas não deixa de ser básico, aquilo a que costumo chamar as minhas «banalidades de base».
Mais: «Há um certo exagero na comunicação por parte dos media e também dos próprios cientistas» diz o professor, embora a crítica, claro, vá muito mais para os jornalistas do que para os cientistas.
+
Os cientistas, como toda a gente sabe, são neutrais, são divinamente neutrais, acima do bem e do mal, não têm nada a ver com isso.
Sectários são os jornalistas que usam termos bombásticos (Retórica) como «desastre», «apocalipse», «catástrofe». Que – reafirma o investigador britânico – têm um efeito contrário ao pretendido.
Afinal, e como toda a gente sabe, os cientistas usam números (a divina neutralidade do número!), estatísticas, cálculos de probabilidades, não falam em catástrofes mas são os principais indutores delas. Não falam em apocalipse mas são os principais indutores dele. Não falam em sofismas mas alimentam-nos.
Quem anda nisto há uns anos, recorda-se de que, nos anos quentes do PREC, logo depois do 25 de Abril, qualquer posição ambientalista era logo rotulada de «alarmista» e mesmo de «fascista», principalmente por aqueles que depois formaram o Partido dos Verdes, a partir de um nome já existente e legalizado em notário: Movimento Ecológico Português.
Caso para perguntar: a quem serve hoje esta quesília entre o sectarismo do jornalista e a divina neutralidade do cientista?
Serve a todos, mas principalmente a um agente que fica sempre fora disto porque não tem nada a ver com isto: as «indústrias verdes» que lucram com toda esta Retórica e por isso a assopram:
1º, coligando cientistas e jornalistas.
2º, metendo ao barulho jornalistas e cientistas.

Com um estudo laboriosamente elaborado, o investigador Mike Hulme alimenta a polémica que alimenta as três partes implicadas no processo.
Moralidade da fábula: os jornalistas são os únicos culpados da histeria sobre CO2, aquecimento global e dilúvio universal.
Os cientistas fornecem as munições e ficam fora da contenda.
Os cientistas apenas fornecem números e factos, são neutrais, não têm ideias (salvo seja) nem opinião, nem posição filosófica sobre o destino do Planeta Terra. Estão-se literalmente nas tintas. +
Resumindo e concluindo: a conversa fiada do Mark Hulme não pega, parte de uma premissa falsíssima que é esta: os alarmes e alarmistas deveriam ter o objectivo pedagógico (!!!) de levar as massas a agir e a ser mobilizadas, como se fossem as massas as culpadas do estado a que isto chegou. Depositar nas boas acções das boas pessoas (chamava-se a isso eco-tácticas no anos do PREC) a defesa do ambiente é a falsidade máxima de onde se parte para esta guerra eco-verdista.

O filme do Al Gore termina com uma grande roda de boas intenções e conselhos ao povo para que colabore na reconstrução do Planeta Terra, enquanto o inimigo principal continua escondido nas cafurnas do Inferno. Só as regras da Net etiqueta me impedem de dar a isto o nome que isto tem. Que este psico-moralismo tem.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

FÉ NA ESTATÍSTICA

calor-1-ac-ab>

ONDAS DE CALOR: POLÉMICA & PLANEAMENTO AO MILÍMETRO

Com grande pompa e alguma circunstância, foi inaugurada a época do calor.
Achei estranho, porque a inauguração costumava ser da «época dos fogos» e até porque não estava lá o ministro António Costa a cortar a fita. Mas devo ser eu que ando baralhado com a meteorologia. Ou talvez porque o ministro António Costa tivesse sido catapultado, de emergência, para a Câmara de Lisboa, deixando a retaguarda dos fogos desguarnecida e sem inauguração. Compreende-se.
A verdade é que, um dia antes e segundo informação de um amigo que veio de lá, nevara na Serra da Estrela. O que, em tempos normais, seria notícia de estrondo, não dei por ela, em jornais e telejornais, mas talvez também por culpa minha. Nunca chego a horas aos noticiários do dia.
De qualquer modo, oxalá tudo aconteça conforme o previsto no Plano de Contingência para as Ondas de Calor (PCOC): pelo menos nisto de calores somos previdentes e fazemos planeamento ao milímetro, nada se deixa ao acaso da (pouca) sorte.
Oxalá, pois, tudo se passe nos conformes e que, se houver necessidade, ou seja, se for decretado o alerta vermelho, os idosos e outras pessoas em risco possam ser alojados condignamente em estabelecimentos com ar condicionado: museus, cinemas, centros comunitários, bibliotecas.
Humanitariamente falando, nada há a criticar. Se com o frio se pensa (às vezes) nos sem abrigo de Lisboa, que com o calor se pense, ao menos, nos idosos sós e desprotegidos. Que haja ao menos épocas e dias mundiais para o desempenho de acções humanitárias, já que não há governo que definitivamente resolva os problemas básicos de sobrevivência e subsistência dos mais desfavorecidos da sorte e do dinheiro. Porque mais TGV’s e OTA’s de certeza que vamos ter, não vamos ter é uma bolsinha de moedas para os que delas prioritariamente necessitam.
Mas o que é isso comparado com o CO2? E o dilúvio universal que se aproxima?
A injustiça social exige, de facto, o que os TGV’s e OTA’s não necessitam, exige sensibilidade, amor ao próximo, espírito de solidariedade, etc, coisas que não competem aos governos, nem mesmo ao Guterres que saltou do pântano e agora é só para refugiados.
Se nem mesmo as instituições de solidariedade social – assim designadas – se desempenham da missão (talvez porque não tenham verbas) é porque algum peso kármico recai sobre os excluídos, os desprotegidos, os sem dinheiro, sem casa e sem esperança.
Peço desculpa, esqueci-me de que estes não são problemas de Ambiente, são problemas de miséria física dos pobres e de miséria mental dos ricos e poderosos.
Voltando, portanto, aos verdadeiros problemas (gravíssimos) originados pelo CO2 (já ouviram falar?) e pelo filme do Al Gore, congratulemo-nos com o previsionismo cautelar deste recém criado PCOC que por força quer apresentar serviço e ser falado nos jornais e telejornais.
Os Planos são assim: para dar que falar. E agora, que só o folhetim da pequenina Madeleine parece alimentar a voracidade mediática, vá de aproveitar a vaga de calor. Vagas de calor que – dizem uns, com apoio nas estatísticas – vão tornar-se «cada vez mais frequentes», ou que – dizem outros, com apoio nas estatísticas - «o alerta sobre as ondas de calor é um pouco exagerado».
Com a polémica armada e a soberana Estatística em pano de fundo, a manipulação mediática rejubila:
Cerqueira Magro, presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, proclama, com apoio nas estatísticas: «O alerta sobre as ondas de calor é um pouco exagerado» (In jornal «Metro», 15 de Maio 2007).
Filipe Duarte Santos, do departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, proclama, com apoio nas estatísticas: as cinco ondas de calor verificadas em 2006 provocaram 1.259 mortos e vão tornar-se «cada vez mais frequentes». [...] O aquecimento global está na origem destas «ondas com temperaturas superiores a 36 graus.» (In jornal «Metro», 15 de Maio 2007).
Vamos todos cavalgar a onda. E ter fé na religião da Estatística.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

SOFISTAS & Cª

eucalipto-1-ac-ab>

COMO SE ARRANJA UM BOM TÍTULO

Em nome do CO2 e da respectiva cruzada contra os infiéis, não há hoje barbaridade nenhuma que não possa ser defendida.
Só nos faltava agora que a agência noticiosa Lusa também viesse ajudar à confusão de narizes e à demagogia do CO2 (todo o mundo a querer salvar todo o mundo, todo o mundo a gabar-se de ser verdíssimo).
Alguém já referiu o tópico mas vale a pena regressar a uma situação típica da sofística reinante em nome da defesa ambiental, uma espécie de pacto germano-soviético dos tempos actuais, pós Al Gore.
Antes de transcrever a notícia, porém, permito-me assumir posição sectária e comentar o caso.
««Eucalipto retém mais CO2 da atmosfera» dizia o «Diário de Notícias» (7.Maio.2007) a 5 colunas: um título assim tão sugestivo só podia ser construído com o apoio dos cientistas (neste caso de João Santos Pereira, do Conselho Científico do Instituto Superior de Agronomia), alegada e divinamente neutrais. E, claro, com o apoio da divina e neutral Estatística, a ideologia sem ideologia dos tecnocratas.
Trata-se, portanto, de um caso exemplar a ser seguido e estudado por especialistas de outras especialidades científicas, talvez em Comunicação Social e Manipulação de Massas.
Um caso exemplar porque ilustra o pacto germano-soviético entre jornalistas e cientistas.

Transcrevo na íntegra:
««EUCALIPTO RETÉM MAIS CO2 DA ATMOSFERA
«A árvore "campeã" no combate aos poluentes responsabilizados pelas alterações climáticas é, em Portugal, o eucalipto, de acordo com a agência Lusa, que cita estudos com três tipos diferentes de coberto vegetal - eucaliptal, montado de sobro e pastagens.
«De acordo com dados avançados pelo presidente do Conselho Científico do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, João Santos Pereira, medições que vêm sendo realizadas numa plantação de eucaliptos perto de Pegões, concelho de Setúbal, indicam que aquela árvore, de crescimento rápido, é a que retém da atmosfera mais dióxido de carbono, considerado o principal responsável pelo aquecimento global (7,45 toneladas de carbono por hectare e por ano, em 2003, e 4,77 toneladas em 2006).
«O resultado efectivo da retenção é obtido através da subtracção ao total de dióxido de carbono absorvido durante o dia, quando exposta à luz solar, da chamada respiração, que a árvore realiza durante a noite, com a ausência de luz, em que devolve à atmosfera parte do gás poluente retido com a iluminação natural. Para o montado de sobro, os valores foram de 0,47 toneladas por hectare/ano em 2003 e de 1,8 toneladas em 2006. Os números para as pastagens são semelhantes aos dos sobreiros.
«Não se conhecendo o total de carbono retido pela floresta portuguesa, admite-se, a título de exemplo, que os 700 mil hectares de montado de sobro existentes no País conseguiriam retirar da atmosfera 1,26 milhões de toneladas de carbono, o que não chega a 2% das 88,44 milhões de toneladas libertadas para a atmosfera em Portugal, no ano passado, de acordo com dados do Instituto do Ambiente.»»

sábado, 12 de maio de 2007

BIOCOMBUSTÍVEIS

biocombustível-ac-ab>

Há uma semana que não punha o meu amigo Google News na peugada dos biocombustíveis. A confirmar o meu instinto (canino) de chacal, aparecem-me 193 resultados para «impacto dos combustíveis». Impossível seleccionar tal avalanche, socorro-me portanto do meu fiel jornal «Metro» (10/5/2007), com 2 vantagens: é gratuito e traz a síntese das sínteses. Que cautelosamente vou digitalizar para proveito e edificação dos estimados ambionautas.

«AS PLANTAÇÕES PARA BIOCOMBUSTÍVEIS AMEAÇAM O AMBIENTE
ALERTA PARA IMPACTO DOS BIOCOMBUSTÍVEIS

«Um relatório publicado pelas Nações Unidas alerta para o impacto negativo que os biocombustíveis podem ter no ambiente e também nos meios de subsistência do homem.
«O estudo "Bioenergia Sustentável: um plano para os 'decision makers', realizado pela agência das Nações Unidas para a Energia, reconhece os beneficios deste tipo de combustível. Mas o documento chama também a atenção para as consequências da sua utilização deste combustível.
«O estudo alerta que, por causa desta fonte de energia alternativa, as florestas podem ser destruídas, os preços dos alimentos podem subir e as comunidades podem perder as suas terras. Mas estes são apenas alguns exemplos das ameaças a certos habitats e ao dia-a-dia do homem.
«O relatório refere ainda que os biocombustíveis são mais eficientes quando usados como fonte de calor e energia, mais do que no sector dos transportes. Esta é a "melhor opção para reduzir as emissões de gases poluentes para a atmosfera e também a mais económica", diz o estudo.
«Recentemente, Estados Unidos e União Europeia têm apostado na expansão dos biocombustíveis, sobretudo no sector dos transportes. (Jornal «METRO»)

Depois do gigantesco manifesto de Cardoso e Cunha que aqui divulguei, é o momento da sinopse, 4 anos depois do êxtase. Nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que vem com o rótulo de verde ou ambiental ou ecológico é verdade: pode ser mesmo o seu antagonista principal.
O corrente eco-equívoco acho que radica aí: continuar a destruir o ambiente em nome das tecnologias para o defender.
Perversões que tipificam este tempo-e-mundo fundamentalmente perverso.
Uma coisa é certa: dos 193 resultados indexados pelo robô do Google News, a maior parte são do Brasil. Muitos jornais estão indignados com a história do Etanol para exportação. O Lula, ao que parece, nessa e em outras matérias, está a pisar os calos dos eleitores. Talvez porque o Bush lhe tivesse pisado os dele.
+
Voltando à nossa querida capoeira, também há boas e frescas notícias sobre bioenergias, onde pontifica a incontornável dos tempos modernos. Vamos ler, para ficar informados:

«BIODIESEL EM SINES E MATOSINHOS

«A Galp Energia anunciou que vai investir cerca de 225 milhões de euros nas suas refinarias de Sines e Matosinhos com o intuito de começar a produzir Biodiesel de segunda geração. Ferreira de Oliveira, presidente executivo da petrolífera, anunciou que, a partir de 2010, o objectivo é produzir 500 mil toneladas de combustível por ano, tornando assim a Galp num "player ibérico" do sector. A Galp Energia procura assim ir ao encontro dos objectivos traçados pelo governo relativamente aos biocombustíveis, que tem como alvo o uso de 10% deste produto no sector rodoviário português. No entanto, Ferreira de Oliveira ressalva que é necessário haver equidade fiscal do biodiesel relativamente ao bioetanol (das quais a gasolina), dado que este produto está isento de impostos sobre produtos petrolíferos.
«O Biodiesel é menos poluente que os combustíveis de uso actual podendo ser produzido com maior variedade de matérias-primas. Espera-se assim reduzir a emissão de gases poluentes para a atmosfera de forma a melhorar o estado do catastrófico em que se encontra.»
Não queria comentar tão claro e transparente projecto, mas não resisto a dois pontos cruciais:
1. É necessário haver equidade fiscal (piscadela de olho ao Governo)
2. Biodiesel pode ser produzido com maior variedade de matérias-primas.
Neste tempo-e-mundo tudo vai da, de facto, às matérias-primas, palavra-chave para a gente entender a perversão moderna mais corrente: destruir o ambiente em nome da defesa do ambiente.
E vou já ver o que é isso de «player ibérico». Aliás o que é que hoje não é ibérico aqui?

MANIFESTO DO ETANOL

1-2-cunha-1-new
AGROINDÚSTRIAS - AGROCRATAS

1. O prefixo «bio» ligado à palavra combustível forma uma mistura verdadeiramente explosiva. E excitante, pelo que se está vendo: raro o dia que os jornais e telejornais não debitam mais uma notícia sobre os ditos combustíveis.
Mas não é de agora. Já em 30 de Agosto de 2003 (há já 4 anos) um notável ex-Comissário Europeu da Energia, António Cardoso e Cunha, falava em êxtase do Bioetanol - «um poço de Petróleo no Alentejo» dizia o retumbante título do artigo que exumei hoje mesmo na minha biopapelada. E o êxtase revela-se em palavras lapidares de introdução à biomassa:
«Ao passo que tanto a gasolina como o gasóleo são derivados do petróleo importado, o etanol pode ser obtido a partir de matérias-primas agrícolas nacionais com elevados teores de amido ou açúcar, cuja tecnologia de produção está completamente dominada – cereais, beterraba, batata, uva, entre outras. [...] O etanol, de origem agrícola é correntemente denominado bioetanol e cai dentro da classe dos biocombustíveis – combustíveis derivados de produções agrícolas. [...] Outro biocombustível importante é o biodiesel, obtido a partir de óleos vegetais. O processo produtivo é diferente e a sua utilização é restrita como aditivo de óleo diesel, ou gasóleo.»
Mais claro do que isto, nem por música. O manifesto do Etanol ficou definitivamente escrito por um notável da nossa Pátria.

2.Não é que faltem, em 2007, notícias sobre bioexplorações e biomanipulações mas um certo recuo no tempo talvez nos diga como andamos distraídos do que se vai passando nos bastidores , até irromper à luz do dia, às primeiras páginas dos jornais e telejornais.
Os que se julgam ambientalistas militantes andam mesmo na Lua: se o ilustre notável, com inegável peso político, António Cardoso e Cunha, foi precursor do Bioetanol, o que Eurico da Fonseca (já falecido) escreveu em favor do Álcool Combustível parece apenas uma fantasia de escritor deslumbrado pelas viagens espaciais e pela NASA.
Que o assunto da Biomassa tem vindo a ser acalentado , não há dúvida. Está agora em boas mãos (na mão dos «empresários verdes») e o Governo só vai às inaugurações cortar a fita, fazendo assim a sua política energética, sem esquecer a presença tutelar do PR que lembrou outro dia aquilo de que já todos estavam esquecidos: é preciso pensar muito a sério o Nuclear. E de certeza que não foi distracção.

3.Ao trazer aqui à lista «Ambio» o nome de um ex-comissário Europeu da Energia (perito também em engenharia financeira quando à testa da Expo 98) quero apenas ser útil e prestadio a alguns entusiastas do Biocombustível que por aqui navegam e que aqui marcam regularmente presença.
É sempre bom ter bons aliados da causa, embora esta dos biocombustíveis já nem precise de aliados, pois adquiriu a inércia suficiente (a inércia da asneira) para ganhar velocidade e tornar-se imparável.

4. Só mais duas citações do Manifesto do Etanol:
«Em Espanha o programa «bioetanol» está em pleno desenvolvimento, estando concretizadas três grandes unidades (Cartagena, Corunha e Salamanca), já com uma produção anual de 400.000.000 litros. Todos os eventuais problemas técnicos, políticos ou fiscais estão resolvidos aqui ao lado, com os mesmos instrumentos comunitários que existem em Portugal. Se funciona em Espanha e motivou lá o interesse dos agentes económicos, o mesmo se dará em Portugal.»

5. Lamento ter de resumir o melhor do manifesto que é sobre Alqueva (lembram-se?) e o Alentejo:
«O programa bioetanol corresponde a uma oportunidade ímpar, podendo dizer-se que é «feito à medida» para Alqueva [...] Mas nada obriga o programa a deter-se no Alqueva. Ele poderá dar vida a outros regadios existentes e não aproveitados, em particular no Alentejo. Recorde-se que 100.000 hectares com agro-indústria criarão 20.000 postos de trabalho directos e terão impacte significativo no PIB regional.»

6. A quem tiver a assinatura do jornal «Público» on line, tente que vale a pena:
Título: «Bioetanol – um poço de petróleo no Alentejo».
Autor: António Cardoso e Cunha, ex-comissário europeu da energia
Data: Sábado, 30 de Agosto de 2003.
Ou talvez a Hemeroteca Nacional, ali ao Bairro Alto.


Links assustadores encontrados pelo Google na Net:
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2006/10/30g.htm

quinta-feira, 10 de maio de 2007

CIÊNCIA & Cª

1-3-miguel-1-ac-ma>

COM 7 LETRINHAS APENAS SE ESCREVE A PALAVRA CIÊNCIA

Meu Caro Miguel B. Araújo: Fiquei surpreendido mas muito honrado e satisfeito com as palavras, o tempo e atenção que quis dedicar à prosa aqui publicada sobre eco-previsões.
Tentando corresponder à gentileza e sem ocupar muito do seu precioso tempo, vou tentar ser breve e recolher o essencial da questão em causa – ciência & Cª – lamentando não poder entrar nos detalhes técnicos que evidentemente me escapam e tentando não fulanizar demasiado o que são referências pessoais que me dirigiu.
Aliás são bons conselhos que só tenho pena não poder cumprir, a idade pesa e já não é possível mudar de ideias todos os dias. Além de que nunca seria possível submeter-me às conveniências do establishment académico: tirei, a custo, o 5º ano dos liceus e o único diploma que tenho é de professor do ensino primário elementar (o tal «arrepiante basismo» que o Miguel detectou com rara argúcia).
Mas vamos dividir a dificuldade em partes, como aconselhava o Descartes:
1. Há desde já um ponto em que podemos estar de acordo: a palavra ciência, tal como a palavra CO2 e a palavra literatura para o surrealista André Breton - «mène a tout». Principalmente leva a uma conversa de surdos e não há volta a dar-lhe. O que se compreende e se torna bastante perceptível em várias ocorrências desta lista. A palavra ciência já vem armadilhada da fábrica. E há sempre um rótulo disponível para castigar o atrevido: «basismo», «obscurantismo», «esoterismo», «subjectivismo», etc.
2. Ao leigo que queira questionar a ciência, contestar, criticar ou mesmo filosofar um pouco sobre o conceito, ou simplesmente formular algumas dúvidas e perguntas, é impossível fazê-lo. Porque cada ciência muniu-se da sua própria sofística e entrincheira-se na nomenclatura especializada inacessível não só ao leigo mas mesmo aos especialistas das outras especialidades, que às vezes nem entre si se entendem, como é o caso – ouvi dizer – dos cientistas quânticos. Dividida e sub-dividida em especialidades, se alguém a quiser questionar é desde logo arrumado no rótulo de ignorante, basista, obscurantista ou esoterista, e posto no olho da rua. Por isso não há epistemologia, nem filosofia ou crítica da ciência (o que costuma aparecer com esses nomes): à partida a instituição dita científica impede, inibe, proíbe qualquer ideia de ordem geral ou quaisquer outros valores diferentes daqueles pelos quais se rege. É uma religião em que ao dogma se chama teoria.
3. Passando à parte fulanizante da sua mensagem e tentando não fulanizar demasiado, posso dizer-lhe uma coisa: acertou em todas as críticas que faz ao texto aqui publicado. Só não é inteiramente verdade que a minha aversão à sofística da ciência moderna (mein kampf, como dizia o outro) seja de agora, dos meus decadentes 74 anos. Posso garantir-lhe que a minha aversão ao discurso neo-sofístico (à conta da ciência em geral ou de alguma em particular) vem de muito longe, provavelmente desde que nasci: questão genética, sem dúvida. Ou questão kármica, quem sabe? Talvez tenha sido, em anterior reencarnação, um dos inventores da bomba atómica. Ou um dos culpados do iluminismo, do positivismo, da manipulação genética, da virologia ou outro dos múltiplos horrores em que a ideologia da ciência moderna é fértil. Ideologia ou religião que levam ao marketing, capaz de corromper tudo e todos, até os mais impolutos.
4. Mas agora reparo: também não posso considerar-me um bárbaro a investir raivosamente contra a cidadela científica. Entre os cientistas que pensam e filosofam sobre o alcance da própria ciência que criaram, e às vezes com todo o Rigor que o Establishment exige, tenho uma boa lista de nomes que leio, estimo e admiro. Alguns estão arrumados na estante «ciências do maravilhoso», ao lado das 12 ciências sagradas dos hierofantes egípcios. Não faço discriminação racial. Dentro dos meus limitados recursos mentais, - dentro do meu basismo - vou-me esforçando por atender a todos, pois esta pista do maravilhoso já a descobri um bocado tarde, em 1992, quando li «L’Alchimie de la Vie». Apesar de tudo, acho que não sou ainda um caso perdido nem ando a derrubar por gosto os ídolos dos outros e só porque tenho os meus. Infelizmente, a manipulação mediática é que não nos dá um minuto de descanso com os «idola tribu»: quando não é CO2 é virologia, quando não é virologia é CO2, e sinceramente não há pachorra e um homem não é de ferro.
5. Aliás a história da ciência, vista em perspectiva e de maneira selectiva, tem episódios maravilhosos, tal como outras criações humanas. As modernas perversões - cartesianismo, iluminismo, positivismo, virologia, manipulação genética, aquecimento global e outras tretas que a ciência oficial pratica ou autoriza - , é que sinceramente não têm nada de maravilhoso e são uma boa parte do pesadelo deste tempo-e-mundo. Mas como a manipulação mediática se alimenta de perversões, é evidente que só explora essa parte, pelo que todos os dias somos confrontados com ela. Vamos conformar-nos?
6. Uma boa triagem, hoje, entre a ciência que importa e a ciência que não interessa nem ao Menino Jesus, talvez fosse um bom contributo ao progresso humano do Planeta Terra. Mas não me compete a mim tamanha tarefa.
7. Um ponto mais pessoal: acertou em cheio na muge quando diz que uso e abuso da Retórica. É a única arma de que, como ignorante e basista, disponho para atacar o que odeio e defender o que amo. É a especialidade de quem não tem nenhuma especialidade. Se me tiram a Retórica é que fico mesmo desguarnecido e entregue aos bichos. Se o Miguel, o Carlos Aguiar ou o Pedro Martins Barata (os que tiveram a gentileza de me dar atenção) me tiram a Retórica, aí sim, fico arrumado. Mas acho que nenhum seria capaz de uma tal desumanidade.
8. Agora um ponto ainda mais pessoal: agradeço a sua preocupação com a minha decadência, como é que – diz você - «tão ilustre jornalista da causa ambiental (terá) resolvido coroar a sua carreira com um esforço obsessivo de ataque à ciência e aos que dedicam a vida a ela?» (!!!). É o único ponto em que não acertou em cheio: isto não é de agora, da velhice, é de sempre, é genético e como para a biologia oficial só existe um código – o da fatalidade – nada a fazer para salvar a criatura. Depois não houve nunca «ilustre jornalista da causa ambiental» nem «carreira a coroar» (cruzes, canhoto). Acidentalmente e para curar o tédio crónico de estar entre tanta gente ilustre, apenas fui dizendo e publicando o que pensava, sempre que as censuras me deixavam, antes e depois do 25 de Abril. Agradeço a sua preocupação com o meu estado mental mas não deve ser grave. Se a biologia não explicar, ainda tenho outras escolhas: pode ser um caso de divã (psicanálise) ou, em último caso, de psiquiatria (internamento compulsivo). Não se preocupe, portanto, Miguel, há-de haver um fim glorioso (e científico) para a criatura.
9. Ao contrário do que possa pensar, admiro o seu trabalho como gestor deste forum de discussão que é a Ambio. E pelos motivos que indiquei: a conversa entre especialistas e leigos será sempre um diálogo de surdos e não sei se valerá a pena insistir. Por mim, se for aconselhado a sair, pode crer que o farei: afinal não tenho qualquer objectivo pedagógico, salvífico ou sequer militante com as prosas que envio. Nem sequer quero contribuir para a confusão e para combater o CO2. É só para me divertir um bocadinho e um ou outro leitor que, como eu, não se leve muito a sério nem leve muito a sério o meio ambiente que nos rodeia. Este tempo-e-mundo onde a manipulação mediática todos os dias se socorre da manipulação genética e outras proezas dos laboratórios científicos. Além da Retórica, só uma risada às vezes nos salva de adormecer em pé.
10. A terminar estes dez mandamentos, um provérbio árabe muito pouco conhecido no Ocidente cristão: «Com 7 letrinhas apenas se escreve a palavra ciência, que é das palavras pequenas a maior que o mundo tem.»

Cumprimentos,
Afonso Cautela

segunda-feira, 7 de maio de 2007

RELATÓRIO DA ONU-II

ricardo-1-nw>

A ONU AINDA MEXE: CENÁRIOS À LA CARTE

O relatório da ONU sobre o estado de sítio mundial (nome de guerra: IPCC, sigla inglesa de Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) voltou às páginas do jornal «Público», desta vez pela pena muito mais precavida e prudente do Ricardo Garcia, que evita a parte tão interessante apontada, um dia antes, no mesmo diário (4/Maio/2007) pela jornalista Clara Barata que, em antecipação, escrevera coisas giríssimas sobre e à volta do relatório (como aqui já se disse) exaltando o sonho e as fantasias psicadélicas dos senhores cientistas que querem salvar o Planeta Terra.
Agora que o relatório já foi divulgado, em Banguecoque, quem tiver paciência de ler o original na íntegra e em inglês,(1) poderá gozar muito mais.
No artigo do Ricardo Garcia, pós-relatório, vale a pena referir o previsionismo em que os cientistas se mostram exímios. Especialistas na técnica da ameaça, ninguém os bate. Previsões para amanhã são arriscadas, pois nunca sabemos, neste tempo-e-mundo, se vai haver amanhã e se vamos acordar vivos. Mas quando o eco-previsionismo, com lances proféticos, se alarga para daqui a 20, 30, 200 ou 2.000 anos, é seguríssimo que acertará, já que ninguém daqui a 20, 30 ou 2.000 anos vai cá estar para confirmar.
Talvez os cientistas se divirtam a fazer cenários, coitados têm que se desembaraçar da encomenda o melhor que sabem. Mas calcular probabilidades – ainda por cima em área tão flutuante como o clima – classificando tudo isso de ciência exacta (!) - é que é mesmo dançar em pontas sobre o abismo, a clássica distracção dos sábios.
De cada vez que vejo previsões daqui a 2 ou a 2000 anos, digo cá comigo: oxalá tenham razão, talvez nos encontremos no outro mundo e certamente que iremos beber um copo e lamentar que os senhores da ONU tivessem acordado tão tarde.
Quem diz ONU, diz PNUD (ainda existe?), diz PNUMA (ainda existe?), diz OMS (ainda existe?), diz FAO (ainda existe?). Curioso como organismos internacionais de tal magnitude, que estiveram na berra nos anos 70, 80 e até 90 do século passado, tivessem sumido pelo cano abaixo e já não façam, como então faziam, manchete diária dos jornais. Com saudade o digo, pois animavam muito o meio ambiente, já que as ameaças, nessa altura, eram do apocalipse demográfico (superpopulação, lembram-se?), do apocalipse atómico, do apocalipse químico (pesticidas, medicamentos & arredores).
O apocalipse alimentar (a fome), era liderado pelos sábios da leguminosa seca alojados na famosíssima FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura) e do apocalipse climático falava-se ainda muito pouco, o Al Gore ainda não era nascido e havia também, creio, a OMM, Organização Meteorológica Mundial, encarregada de nos dizer que tudo corria à maravilha no reino das tempestades: ainda não tinha chegado El Niño com toda a sua corte de horrores.
Todas estas organizações, encarregadas de vigiar o destino mundial da humanidade e o destino humano do Mundo, até parece que foram tragadas pelo CO2: talvez esses organismos especializados das Nações Unidas também sejam, hoje, considerados «ameaças globais» e convenha portanto mantê-los na reserva.
Resumindo e concluindo e como o jornalista Ricardo Garcia muito bem descreve no seu belíssimo artigo, o relatório de Banguecoque (4/Maio/2007) rege-se pela seguinte filosofia:
«Combater as alterações climáticas é urgente, possível e relativamente barato»
«É o último volume de uma trilogia de relatórios concluída este ano pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), criado em 1988»
«Se nada for feito, as emissões de gases com efeito de estufa poderão subir de 25 a 90 por cento até 2030.
«Limitar a 2,0 graus Celsius o aumento de temperatura até 2.100 reduzirá em 3 por cento o PIB mundial em 2030 e 5,5 por cento em 2050.»
Segundo o físico hoje mais célebre do Mundo, Stefan W. Hawking, o fim do Universo – big crush – só se prevê para daqui a uns milhões de anos. Até lá, vamo-nos entretendo com os relatórios do IPCC e pensar o que faremos, cá em casa, até 2050, o mais tardar.
____
(1)Penitencio-me aqui de um lapso na minha mensagem de ontem sobre o artigo de Clara Barata: afinal está acessível, na íntegra, numa secção on line do jornal chamada Ecosfera, neste endereço:
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1293003
O próprio relatório, em inglês e em PDF, também lá está. Vamos a ver:
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1292981

RELATÓRIO DA ONU-I

clara-1-nw>

O RIDÍCULO NÃO MATA E OS CIENTISTAS SONHAM

A jornalista Clara Barata explica, em antecipação, os pontos levantados por «mais um relatório de peritos sob a égide da ONU» e teremos de estar atentos porque um relatório de peritos é sempre assustador e mais vale prevenir do que remediar.
Não posso indicar na Net esse precioso artigo de informação que saiu no jornal «Público», 4 de Maio de 2007, mas vou tentar resumir alguns itens que interessa desmontar no actual momento de histeria mundial relativamente aos biocombustíveis, sempre em função da moderna obsessão do CO2.
1. «A deflorestação da Amazónia contribui para o efeito estufa».
Até agora o Lula só teve tempo de receber o Bush e ainda não meteu na agenda a questão da Amazónia, que deve continuar a ser desflorestada sem parança. Antes que se acabe.
2. «A empresa Live Fuels, da Califórnia, está a apostar em criar algas, para usar a biomassa para produzir etanol, noticiava o New York Times em Março»
As algas agora são para etanol: sim senhor, lá vão os monomaníacos da biomassa para combustível entrar-nos em casa: e deixará de haver algas para a gente comer, irá tudo para combustível. Os macrobióticos lá ficam sem a sua fonte de subsistência e terão que se mineralizar com outros recursos. Paciência, amigos, acima de tudo está a paranóia do CO2 e o abastecimento de biocombustíveis. Vamos ter ainda mais fome com as monoculturas industriais, mas o que é isso comparado com o raio da Terra?
3. «A possibilidade de enterrar o CO2 industrial é uma das soluções para limitar o efeito de estufa» diz a jornalista.
Pois enterrem lá isso já que se trata de nos fazer o funeral a todos, incluindo os monomaníacos dos biocombustíveis, que se julgam a salvo do apocalipse. E que até fazem previsões para o ano 2030, como se lá chegássemos. O caricato destes previsionismos em que os peritos (da ONU e nem só) são peritos é que fazem cenários para datas que não vai haver. Mas os peritos peritam, não têm que ter o sentido do ridículo.
4. «Atirar partículas de enxofre «para ganhar tempo na luta contra o aquecimento do Planeta»: aqui está uma ideia de um ilustre cientista do Instituto Max Plank de Química, que a apanhou a voar de outro ilustre cientista, ganhador do Prémio Nobel, Paul Crutzen. Religiosamente crentes de que a tecnologia vai resolver todos os problemas, a escalada continua. E como os cientistas não são loucos – assegura a jornalista – é evidente que tudo se continuará a fazer como eles sonham.
5. Porque eles gostam de sonhar e ainda bem, porque o sonho comanda a vida: «colocar em órbita escudos espaciais que façam sombra sobre grandes áreas do Planeta, usar as poeiras da lua para criar uma barreira contra a luz solar, estimular o crescimento maciço de fitoplancton nos oceanos fertilizando-os com ferro, ou lançar uma armada de milhões de balões reflectores, para mandar de volta para o espaço parte da luz» tudo isto a jornalista nos conta, tudo isto é verdade, tudo isto é possível, tudo isto deriva de um relatório do Instituto Nacional de Investigação dos Estados Unidos (1992), grandes exportadores das grandes ideias.
6. Não é por nada mas talvez convenha estar atento ao relatório (dos peritos da ONU) que a jornalista Clara Barata nos dá em antecipação, jornal «Público» de 4 de Maio de 2007. E nada receiem porque o ridículo ainda não mata.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

DIVERSIFICAR, PRECISA-SE



  A GUERRA DO KIPUR E O CHOQUE PETROLÍFERO

QUEM TRAVA A DIVERSIFICAÇÃO ENERGÉTICA?

Com atraso mas consegui reunir alguns files sobre um tema que levantei na «Ambio» Archives e que merece sempre uma revisita: a diversificação energética que nunca mais temos. A política de diversificação energética que nos falta, desde a guerra do Kipur (o primeiro grande choque petrolífero). Pelos vistos ainda vamos não ter por muitos e bons anos, enquanto durar a anarquia da biomassa. . Apreciaria ficar no descanso,  mas lá tenho de ir rever o que sobre diversificação energética escrevi desde os anos 70, espalhei pela internet e o meu amigo Google recolheu: é um dos poucos que ainda presta atenção às minhas prosas:
1.http://catbox.info/big-bang/oescriba/ecoenergias-1.htm
2.http://catbox.info/big-bang/ecologiaemdialogo/eco-energias.htm
3.http://catbox.info/big-bang/ecologiaemdialogo/reciclag.htm
4.http://catbox.info/big-bang/oescriba/diluvio-1-11.htm
6.http://catbox.info/big-bang/oescriba/energia-1-sc.htm
8.http://catbox.info/big-bang/countdown/casulo1/03-10-06.htm
9.http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/casulo1/MICHIO.HTM
10. http://catbox.info/big-bang/ecologiaemdialogo/desenvolvimento.htm
+
Recapitulando alguns dos itens em apreço:
MAIS ENERGIA, MENOS MONOPÓLIO
PROJECTOS NA GAVETA DO LNETI
RECICLAGEM
FONTE ONDOMOTRIZ
QUEM TRAVA A DIVERSIFICAÇÃO ENERGÉTICA?
A CRISE QUE ELES FABRICAM
A GUERRA DO KIPUR E O CHOQUE PETROLÍFERO
ECOLOGIA E DIALÉCTICA DA CRISE
DESENVOLVER SEM DESTRUIR
ECONOMIA DO DESPERDÍCIO, LÓGICA DO ABSURDO
DESENVOLVIMENTO PRODUZ SUBDESENVOLVIMENTO
TRÊS DIÁLOGOS PLATÓNICOS SOBRE A CRISE DE 1973

quinta-feira, 3 de maio de 2007

PRAGA DE INFESTANTES

jacinto-1-nw>

JACINTO SEMPRE, MOLIÇO NUNCA

Afinal o Jacinto de Água é uma riqueza (local e nacional) ou um flagelo infestante?
E o Moliço, ainda existe na Ria de Aveiro?
Será que os monomaníacos da Biomassa para combustível já pensaram na matéria-prima que têm à disposição?
Basta uma ceifeira de água (sabiam que existia?) e é um ver se te avias, já que é impossível controlar o crescimento descontrolado da infestante. O destino final da apanha é que não se prevê qual seja. Uma coisa é certa: ainda não surgiu o negócio do Jacinto, embora se gastem «fortunas» para se desembaraçarem da dita infestante.
Tudo isto e muito mais fiquei a saber no programa «Biosfera», da RTP2, que continua às 4ªs feiras mas que mudou mais uma vez de horário: só por um acaso lá fui dar mas agora sei que tenho um Provedor que pode receber as minhas queixas de telespectador. Claro que a caixa do correio estará cheia e o e-mail virá devolvido. Terei que queixar-me novamente ao Provedor e novamente a mensagem me virá devolvida. É o chamado efeito inter-activo dos grandes media.
Mas o assunto hoje é outro.
Nos anos 70, os quentes anos do PREC, na entrevista que fiz ao eng Correia da Cunha, para «O Século Ilustrado», já ele alertava os portugueses para este flagelo terrível da biomassa infestante chamado Jacinto de Água, que, como toda a gente sabe, pertence à família das Liliáceas e das Ponteridáceas, o que é desde logo um mau sinal: com artes do diabo, a dita ponteridácea é muito atraente de aspecto e qualquer pessoa a escolhe como planta ornamental. Em cursos de água com tendência estagnante, encontra o seu habitat predilecto e começa a reproduzir-se aos milhares. As sementes caem para o fundo, onde, segundo uma especialista, podem ficar potencialmente perigosas durante 20 anos. Uma verdadeira bomba-relógio.Ou seja, mesmo que se colham e recolham os jacintos, irão continuar a reproduzir-se em massa (biomassa) até à eternidade.
Na altura, era o Rio Tejo que padecia da praga e quando ouvi aquilo da boca do eng. Correia da Cunha, presidente da Comissão Nacional do Ambiente, fiquei mesmo assustado e ainda tive sonhos em que me via completamente tragado pelos jacintos.
A RTP 2 agora, em 2007, chama a atenção para a Pateira de Fermentelos, para o Rio Mondego e seus afluentes. Lá perto, na Ria de Aveiro, por onde andei em peregrinagem de repórter, existe outro tesouro de biomassa - o Moliço – mas não interessa (nunca interessou) apanhá-lo porque teríamos aí uma forma não de biocombustível mas de fertilizante orgânico, o que desde logo condenaria, a prazo, os fertilizantes químicos da CUF, muito fáceis de apanhar mesmo à mão.
Os fertilizantes químicos – note-se – alimentam e dinamizam a proliferação do Jacinto mas o Moliço, aqui para nós que ninguém nos ouve, daria um belíssimo fertilizante orgânico. É uma das minhas crenças mais arreigadas.
Sim, porque, para o Moliço e para o Jacinto de Água, o grande problema é como apanhá-lo: dizia o programa «Biosfera» as várias formas de captura e qualquer delas tinha inconvenientes vários que não retive(luta biológica e apanha manual, nem pensar, ficam caríssimos e não há mão-de-obra.). Retive sim foi a ceifeira (ou ceifadeira) de água, que tem estado em acção e que já limpou muito jacinto. Só não disseram o destino final do mesmo, mas isso também não importa: o caixote do lixo é sempre o destino da biomassa que não interessa aos monomaníacos da biomassa.
Tudo isto – estes alarmes e alertas tardios – é enjoativo e dá vontade ora de rir ora de chorar. Quando interessa trazer à tona o assunto – nem que seja para manchete ou abertura de telejornal – aí teremos, pressurosos, os da manipulação mediática a chamar as atenções do público sempre apático, ignorante e alheado dos grandes problemas nacionais.
Dinâmicos, práfrentex, sopas depois de almoço, eles só querem que o respeitável público esteja bem informado.
Como disse, ouço falar disto desde os anos 70. Arquivei o assunto na pasta «dossiês do silêncio» (1) (onde guardo uma centena de silêncios) e pensei que o problema já estava resolvido: que a infestante emigrara para os Estados Unidos onde se sentiria em casa na doce companhia do Bush. Afinal, em 2 de Maio de 2007, a tragédia (tragicomédia) da Ponteridácea está de volta e é devastadora. De ameaça local (e localizada) qualquer dia passa a ameaça global logo que os cientistas provem de que o aquecimento global é uma treta.
(1)http://pwp.netcabo.pt/big-bang/ecologiaemdialogo/+dossi%C3%AAs%20do%20sil%C3%AAncio+.htm

ECO-OPORTUNISMO

O eco-oportunismo não é bom nem mau, antes pelo contrário. É um facto, agora que, depois de Al Gore, até os media estão preocupados com o destino humano do planeta, ou o destino planetário da humanidade. Acontece. Embora um bocado tarde, a psico-manipulação mediática apercebeu-se, num golpe de génio, de que tem no ambiente um meio de ampliar audiências e vender papel. Finalmente, como conta o jornalista Nuno Cardoso, «Diário de Notícias», 2 de Maio de 2007, os «media aderem à questão das alterações climáticas». O eco-oportunismo não é bom nem mau, antes pelo contrário. Para mim, que adoro neologismos, é mais um para a colecção. E felicidades para todos.
+
««MEDIA ADEREM À QUESTÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Por NUNO CARDOSO
LEONARDO NEGRÃO (imagem)

As questões ambientais, que nos últimos tempos têm sido massivamente abordadas - muito por causa das alterações climáticas e do aquecimento global - deixaram de ser uma simples matéria de notícia para os meios de comunicação social, um pouco por todo o mundo.

Cada vez mais, os media começam a encarar a temática ambiental como uma estratégia empresarial para campanhas de sensibilização, uma vez que é um método eficaz de captar a atenção do público em geral.

Um dos exemplos mais recentes foi o de Al Gore, o ex-vice-presidente norte-americano e autor do documentário Uma Verdade Inconveniente, que alerta para o aquecimento global e o qual conheceu grande sucesso junto das bilheteiras mundiais.

Até mesmo reconhecidas publicações internacionais como o jornal El País, a operadora ABC e as revistas Vanity Fair, Domino, Outside ou Fortune já lançaram publicações 'verdes', as quais destacavam a temática ambiental.

Mas este tipo de iniciativas não se fica além-fronteiras. Em Portugal, o semanário Expresso decidiu seguir a mesma tendência ecológica aquando da vinda de Al Gore ao nosso país, em Fevereiro deste ano. Assim sendo, lançou uma edição 'verde', na qual se comprometia a compensar as emissões de dióxido de carbono que a edição desse dia implicou.

Outro exemplo nacional é o da SIC, que anunciou esta semana as novas rubricas que vão integrar o Jornal da Noite, em cada dia da semana. Assim sendo, e sem data fixa, Terra Alerta (apresentado por Carla Castelo) e Mundo Moribundo (da responsabilidade de Luís Costa Ribas) são os dois novos espaços que darão relevo às questões ambientais, nomeadamente às consequências das alterações climáticas.

Ainda na televisão, o canal Discovery Communications vai lançar um modelo de transmissão durante 24 horas por dia, exclusivamente dirigido à qualidade de vida e à ecologia. O canal, da rede Discovery, pretende alargar a emissão a 170 países.

A revista The Week, da Dennis Publishing, decidiu colocar a edição do dia 20 de Abril (alusiva ao tema do clima) apenas na Internet, numa decisão coerente com os conteúdos da revista. Só nesse dia, a The Week amealhou 500 mil dólares, empregues depois em carros híbridos.»»

GEOMANCIA EGÍPCIA

geomancia-1-ml-di>

quinta-feira, 3 de Maio de 2007

Já escolhi a especialidade que vou ter quando voltar na minha 669 ª reencarnação (espero que seja mesmo a penúltima): geomancia egípcia, que agora se chama arqueoastronomia, ou astroarqueologia, outra forma (mais simples) de explicar (ajustar) a hipótese vibratória de Etienne Guillé.
O meu primeiro e próximo DVD, da colecção «Banalidades de Base» que tenciono editar, será sobre estes itens. O segundo será sobre Etologia, a minha segunda especialidade quando cá voltar. Fica combinado. Desta vez e nesta reencarnação fui parar à ecologia, troquei o t pelo c. Porque afinal era mesmo Etologia a minha paixão.
E um terceiro tema, já agora, em que hei-de ser especialista quando cá voltar: exo-biologia.
Hei-de ser bom em alguma matéria, caramba!

quarta-feira, 2 de maio de 2007

BIOMASSA: SOS

De vez em quando volto ao assunto dos biocombustíveis e da campanha que em seu favor grassa como uma peste por todo o mundo e pelo rectângulo português também. Com o silêncio cúmplice de tudo o que é cientistas, ambientalistas, comentaristas, e etc. Acho que não inseri aqui o texto que publiquei na «Ambio» Archives e por isso chamo a atenção para lá. E para o meu sítio catbooks, onde guardo, por mais extenso, o que não cabe no espaço deste blog.
Fica o lamiré e os links para a matéria completa do texto.
https://mail.uevora.pt/pipermail/ambio/2007-April/006885.html

terça-feira, 1 de maio de 2007

MAIS SOBREIROS

TIREM O CHAPÉU A JOÃO POSSER DE ANDRADE

Que eu saiba e com a ajuda do Google News, só dois jornais publicaram a notícia. Nada de significante nem de retumbante. A boa notícia, como agulha em palheiro, é preciso ir descobri-la no meio da palha imensa que enche jornais, telejornais e outros que tais. Notícia de mais sobreiros não interessa nada nem faz vender papel.
Mas lá fui descobri-la e aqui está ela em dois sítios da Net, «O Primeiro de Janeiro» e o «Correio da Manhã»:

1.mais sobreiros
2.mais sobreiros

1.http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=45c48cce2e2d7fbdea1afc51c7c6ad26&subsec=&id=b0dfe14a7a45733eb07671e54803bcb6

2.http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=240472&idselect=11&idCanal=11&p=200

Agradeçam ao senhor João Posser de Andrade e ao jornalista da Lusa que foi descobrir a agulha no palheiro:

««O director da Confraria da Cortiça quer aumentar a área de sobreiros em Portugal quase para o dobro e propõe-se retirar do “esquecimento total” uma riqueza que corresponde a três por cento das exportações nacionais. - António Martins Neves (Lusa).»»

João Posser de Andrade, 65 anos, que para além de líder dos confrades é produtor de cortiça, defende que dos actuais 700 mil hectares ocupados pelo montado de sobro se devia aumentar para 1,2 milhões de hectares (mais 500 mil). Feitas as contas, a área ocupada pelos sobreiros passaria a ser de aproximadamente 13 por cento do território nacional. Se Portugal já é o maior produtor de cortiça do mundo, em quantidade e qualidade, esse aumento atiraria o nosso País para um patamar ainda mais elevado. Ao contrário das riquezas naturais normalmente contabilizadas nas tabelas dos países, como o petróleo, gás natural, carvão ou outros minerais – que se esgotam e são as maiores fontes de poluição – a cortiça é um produto renovável e sustentável do ponto de vista ambiental, contribuindo para combater o aquecimento do planeta através do consumo de dióxido de carbono. Por essa razão, alguém um dia lhe chamou «petróleo verde». Actualmente, garantiu Posser de Andrade, “a cortiça constitui o dobro da riqueza produzida pelo vinho do Porto”. Isto, apesar do “desprezo total” a que diz ter vindo a ser votado o sector suberícola. Como exemplo desse “abandono” por parte dos sucessivos Governos, aponta a inexistência de um “departamento oficial para tratar da questão da cortiça”. “O Terreiro do Paço não tem noção do valor que a cortiça já tem hoje em dia e do que poderá vir a ter”, diz o líder dos confrades, proprietário de uma herdade com 600 hectares no concelho de Alcácer do Sal.Por essa ou outras razões, os dados oficiais apontam para um quebra da produção que, entre 2003 e 2005 atingiu os 15 por cento, de acordo com Instituto Nacional de Estatística. E apesar da redução, o preço pago na produção também baixou. Em 2003, ainda segundo o INE, as 101 mil toneladas produzidas renderam cerca de 295 milhões de euros. Dois anos depois, as 85 mil toneladas retiradas das árvores renderam apenas 200 milhões aos seus proprietários. A Confraria do Sobreiro e da Cortiça foi criada no ano passado e “abrange todas as pessoas e não é para comes nem bebes, mas para fazer lobbie” junto dos decisores e promover o sector.»»

HÁ JÁ 13 ANOS

LABORIT RECOVERED

Aquele autor francês - sociólogo ou coisa parecida - que considerou a obra de Etienne «ficção científica» e de que me andava a escapar o nome, encontrei-o finalmente e graças ao meu amigo Guilherme Valente, que me fez companhia pelos escaninhos da FNAC Chiado. Aí está o nome dele: Henri Laborit. Recorri ao Google e lá fui encontrar o que sobre o Laborit me tinha apetecido escrever na recuada data de 18-12-1994:

«Henri Laborit, um representante ilustre da ciência ordinária francesa, disse que o último livro de Etienne Guillé, publicado em Agosto último, era «pura ficção científica». Mal sabe o Laborit que disse uma coisa acertada, ao menos uma vez na vida. É muito possível que «O Homem entre Céu e Terra» seja de «ficção científica» e graças a Deus que o é: se fosse da ciência ordinária como a que alimenta os Laborit todos deste Planeta, seria, e graças a Deus, uma boa merda. Assim, ficção científica ou não científica, o último livro de Etienne Guillé, chamado «O Homem entre o Céu e a Terra», é apenas, meus senhores e minhas senhoras, o que me atrevo a considerar o livro mais importante jamais escrito desde Gutemberg. Ou antes, desde o Génesis. Ou antes, desde o Big-Bang. E haja alguém que me desminta.»
Ver mais da mesma prosa no meu jornal do gato:
http://pwp.netcabo.pt/big-bang/jornaldogato/jc-0-ls.htm