segunda-feira, 7 de maio de 2007

RELATÓRIO DA ONU-I

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O RIDÍCULO NÃO MATA E OS CIENTISTAS SONHAM

A jornalista Clara Barata explica, em antecipação, os pontos levantados por «mais um relatório de peritos sob a égide da ONU» e teremos de estar atentos porque um relatório de peritos é sempre assustador e mais vale prevenir do que remediar.
Não posso indicar na Net esse precioso artigo de informação que saiu no jornal «Público», 4 de Maio de 2007, mas vou tentar resumir alguns itens que interessa desmontar no actual momento de histeria mundial relativamente aos biocombustíveis, sempre em função da moderna obsessão do CO2.
1. «A deflorestação da Amazónia contribui para o efeito estufa».
Até agora o Lula só teve tempo de receber o Bush e ainda não meteu na agenda a questão da Amazónia, que deve continuar a ser desflorestada sem parança. Antes que se acabe.
2. «A empresa Live Fuels, da Califórnia, está a apostar em criar algas, para usar a biomassa para produzir etanol, noticiava o New York Times em Março»
As algas agora são para etanol: sim senhor, lá vão os monomaníacos da biomassa para combustível entrar-nos em casa: e deixará de haver algas para a gente comer, irá tudo para combustível. Os macrobióticos lá ficam sem a sua fonte de subsistência e terão que se mineralizar com outros recursos. Paciência, amigos, acima de tudo está a paranóia do CO2 e o abastecimento de biocombustíveis. Vamos ter ainda mais fome com as monoculturas industriais, mas o que é isso comparado com o raio da Terra?
3. «A possibilidade de enterrar o CO2 industrial é uma das soluções para limitar o efeito de estufa» diz a jornalista.
Pois enterrem lá isso já que se trata de nos fazer o funeral a todos, incluindo os monomaníacos dos biocombustíveis, que se julgam a salvo do apocalipse. E que até fazem previsões para o ano 2030, como se lá chegássemos. O caricato destes previsionismos em que os peritos (da ONU e nem só) são peritos é que fazem cenários para datas que não vai haver. Mas os peritos peritam, não têm que ter o sentido do ridículo.
4. «Atirar partículas de enxofre «para ganhar tempo na luta contra o aquecimento do Planeta»: aqui está uma ideia de um ilustre cientista do Instituto Max Plank de Química, que a apanhou a voar de outro ilustre cientista, ganhador do Prémio Nobel, Paul Crutzen. Religiosamente crentes de que a tecnologia vai resolver todos os problemas, a escalada continua. E como os cientistas não são loucos – assegura a jornalista – é evidente que tudo se continuará a fazer como eles sonham.
5. Porque eles gostam de sonhar e ainda bem, porque o sonho comanda a vida: «colocar em órbita escudos espaciais que façam sombra sobre grandes áreas do Planeta, usar as poeiras da lua para criar uma barreira contra a luz solar, estimular o crescimento maciço de fitoplancton nos oceanos fertilizando-os com ferro, ou lançar uma armada de milhões de balões reflectores, para mandar de volta para o espaço parte da luz» tudo isto a jornalista nos conta, tudo isto é verdade, tudo isto é possível, tudo isto deriva de um relatório do Instituto Nacional de Investigação dos Estados Unidos (1992), grandes exportadores das grandes ideias.
6. Não é por nada mas talvez convenha estar atento ao relatório (dos peritos da ONU) que a jornalista Clara Barata nos dá em antecipação, jornal «Público» de 4 de Maio de 2007. E nada receiem porque o ridículo ainda não mata.

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