sábado, 12 de maio de 2007

BIOCOMBUSTÍVEIS

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Há uma semana que não punha o meu amigo Google News na peugada dos biocombustíveis. A confirmar o meu instinto (canino) de chacal, aparecem-me 193 resultados para «impacto dos combustíveis». Impossível seleccionar tal avalanche, socorro-me portanto do meu fiel jornal «Metro» (10/5/2007), com 2 vantagens: é gratuito e traz a síntese das sínteses. Que cautelosamente vou digitalizar para proveito e edificação dos estimados ambionautas.

«AS PLANTAÇÕES PARA BIOCOMBUSTÍVEIS AMEAÇAM O AMBIENTE
ALERTA PARA IMPACTO DOS BIOCOMBUSTÍVEIS

«Um relatório publicado pelas Nações Unidas alerta para o impacto negativo que os biocombustíveis podem ter no ambiente e também nos meios de subsistência do homem.
«O estudo "Bioenergia Sustentável: um plano para os 'decision makers', realizado pela agência das Nações Unidas para a Energia, reconhece os beneficios deste tipo de combustível. Mas o documento chama também a atenção para as consequências da sua utilização deste combustível.
«O estudo alerta que, por causa desta fonte de energia alternativa, as florestas podem ser destruídas, os preços dos alimentos podem subir e as comunidades podem perder as suas terras. Mas estes são apenas alguns exemplos das ameaças a certos habitats e ao dia-a-dia do homem.
«O relatório refere ainda que os biocombustíveis são mais eficientes quando usados como fonte de calor e energia, mais do que no sector dos transportes. Esta é a "melhor opção para reduzir as emissões de gases poluentes para a atmosfera e também a mais económica", diz o estudo.
«Recentemente, Estados Unidos e União Europeia têm apostado na expansão dos biocombustíveis, sobretudo no sector dos transportes. (Jornal «METRO»)

Depois do gigantesco manifesto de Cardoso e Cunha que aqui divulguei, é o momento da sinopse, 4 anos depois do êxtase. Nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que vem com o rótulo de verde ou ambiental ou ecológico é verdade: pode ser mesmo o seu antagonista principal.
O corrente eco-equívoco acho que radica aí: continuar a destruir o ambiente em nome das tecnologias para o defender.
Perversões que tipificam este tempo-e-mundo fundamentalmente perverso.
Uma coisa é certa: dos 193 resultados indexados pelo robô do Google News, a maior parte são do Brasil. Muitos jornais estão indignados com a história do Etanol para exportação. O Lula, ao que parece, nessa e em outras matérias, está a pisar os calos dos eleitores. Talvez porque o Bush lhe tivesse pisado os dele.
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Voltando à nossa querida capoeira, também há boas e frescas notícias sobre bioenergias, onde pontifica a incontornável dos tempos modernos. Vamos ler, para ficar informados:

«BIODIESEL EM SINES E MATOSINHOS

«A Galp Energia anunciou que vai investir cerca de 225 milhões de euros nas suas refinarias de Sines e Matosinhos com o intuito de começar a produzir Biodiesel de segunda geração. Ferreira de Oliveira, presidente executivo da petrolífera, anunciou que, a partir de 2010, o objectivo é produzir 500 mil toneladas de combustível por ano, tornando assim a Galp num "player ibérico" do sector. A Galp Energia procura assim ir ao encontro dos objectivos traçados pelo governo relativamente aos biocombustíveis, que tem como alvo o uso de 10% deste produto no sector rodoviário português. No entanto, Ferreira de Oliveira ressalva que é necessário haver equidade fiscal do biodiesel relativamente ao bioetanol (das quais a gasolina), dado que este produto está isento de impostos sobre produtos petrolíferos.
«O Biodiesel é menos poluente que os combustíveis de uso actual podendo ser produzido com maior variedade de matérias-primas. Espera-se assim reduzir a emissão de gases poluentes para a atmosfera de forma a melhorar o estado do catastrófico em que se encontra.»
Não queria comentar tão claro e transparente projecto, mas não resisto a dois pontos cruciais:
1. É necessário haver equidade fiscal (piscadela de olho ao Governo)
2. Biodiesel pode ser produzido com maior variedade de matérias-primas.
Neste tempo-e-mundo tudo vai da, de facto, às matérias-primas, palavra-chave para a gente entender a perversão moderna mais corrente: destruir o ambiente em nome da defesa do ambiente.
E vou já ver o que é isso de «player ibérico». Aliás o que é que hoje não é ibérico aqui?

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