segunda-feira, 14 de maio de 2007

SOFISTAS & Cª

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COMO SE ARRANJA UM BOM TÍTULO

Em nome do CO2 e da respectiva cruzada contra os infiéis, não há hoje barbaridade nenhuma que não possa ser defendida.
Só nos faltava agora que a agência noticiosa Lusa também viesse ajudar à confusão de narizes e à demagogia do CO2 (todo o mundo a querer salvar todo o mundo, todo o mundo a gabar-se de ser verdíssimo).
Alguém já referiu o tópico mas vale a pena regressar a uma situação típica da sofística reinante em nome da defesa ambiental, uma espécie de pacto germano-soviético dos tempos actuais, pós Al Gore.
Antes de transcrever a notícia, porém, permito-me assumir posição sectária e comentar o caso.
««Eucalipto retém mais CO2 da atmosfera» dizia o «Diário de Notícias» (7.Maio.2007) a 5 colunas: um título assim tão sugestivo só podia ser construído com o apoio dos cientistas (neste caso de João Santos Pereira, do Conselho Científico do Instituto Superior de Agronomia), alegada e divinamente neutrais. E, claro, com o apoio da divina e neutral Estatística, a ideologia sem ideologia dos tecnocratas.
Trata-se, portanto, de um caso exemplar a ser seguido e estudado por especialistas de outras especialidades científicas, talvez em Comunicação Social e Manipulação de Massas.
Um caso exemplar porque ilustra o pacto germano-soviético entre jornalistas e cientistas.

Transcrevo na íntegra:
««EUCALIPTO RETÉM MAIS CO2 DA ATMOSFERA
«A árvore "campeã" no combate aos poluentes responsabilizados pelas alterações climáticas é, em Portugal, o eucalipto, de acordo com a agência Lusa, que cita estudos com três tipos diferentes de coberto vegetal - eucaliptal, montado de sobro e pastagens.
«De acordo com dados avançados pelo presidente do Conselho Científico do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, João Santos Pereira, medições que vêm sendo realizadas numa plantação de eucaliptos perto de Pegões, concelho de Setúbal, indicam que aquela árvore, de crescimento rápido, é a que retém da atmosfera mais dióxido de carbono, considerado o principal responsável pelo aquecimento global (7,45 toneladas de carbono por hectare e por ano, em 2003, e 4,77 toneladas em 2006).
«O resultado efectivo da retenção é obtido através da subtracção ao total de dióxido de carbono absorvido durante o dia, quando exposta à luz solar, da chamada respiração, que a árvore realiza durante a noite, com a ausência de luz, em que devolve à atmosfera parte do gás poluente retido com a iluminação natural. Para o montado de sobro, os valores foram de 0,47 toneladas por hectare/ano em 2003 e de 1,8 toneladas em 2006. Os números para as pastagens são semelhantes aos dos sobreiros.
«Não se conhecendo o total de carbono retido pela floresta portuguesa, admite-se, a título de exemplo, que os 700 mil hectares de montado de sobro existentes no País conseguiriam retirar da atmosfera 1,26 milhões de toneladas de carbono, o que não chega a 2% das 88,44 milhões de toneladas libertadas para a atmosfera em Portugal, no ano passado, de acordo com dados do Instituto do Ambiente.»»

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