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30 ANOS DE BIOTECNOLOGIA
O «NIM» DE JEREMY RIFKIN:A MAIORIA SILENCIOSA CONTINUARÁ SILENCIOSA
21.06.2007
A segunda edição do «Thinkeconomics», em Lisboa, trouxe à tona da actualidade um dos nomes fundamentais do nosso tempo-e-mundo, nome com o qual temos de contar para tentar perceber como anda e se metamorfoseia a ideia ecológica, frente à tecnocracia dominante e totalitária.
Jeremy Rifkin, presidente da Foundation on Economic Trends, é um nome incontornável e foi boa ideia trazê-lo a Lisboa.
Tentarei 4 ou 5 pontos de referência, porque me interessa falar de Jeremy Rifkin e do pouco que dele conheço, através dos três livros que tem traduzidos em português.
1.Para começar, a obra seminal «Entropia», traduzida por Henrique de Barros e editada pela Universidade do Algarve quando era reitor o Prof. Gomes Guerreiro. Sub-intitulada «uma visão nova do mundo», recomenda-se a crianças de todas as idades e a todos os graus de ensino, para quem quiser saber o fundamental da ideia ecológica. Só com uma advertência: o que ele chama uma «nova visão do mundo» - entropia versus neguentropia - é a mais antiga sabedoria do mundo, a dialéctica dos opostos complementares, encontrável nas civilizações superiores como a egípcia e a taoísta. A ciência moderna – e Jeremy Rifkin pertence à ciência moderna – por vezes distrai-se e chama «novo» ao que é novo há milénios.
2.Outra área em que Jeremy Rifkin se tornou uma referência deste nosso tempo-e-mundo foi a da biotecnologia: a sua obra «O Século Biotech», felizmente editada em português pela Europa América, 1998, é um tratado sobre o que convém saber das patifarias bio.
Entre a utopia ecológica e a utopia tecnocrática, Jeremy Rifkin fica em uma zona de fronteira ou terra de ninguém que dá para o catalogar na pasta do «NIM», nem sim nem não às imensas patifarias da era megatecnológica. Ele o diz, em 1998, no prefácio a «O Século da Biotech», página 17. Por causa dessa posição «nim» e pelas intermináveis bibliografias e notas de rodapé com que recheia os seus livros (ele é acima de tudo um erudito), alguém o terá interpelado como ele comenta:
«Quando um colega leu uma primeira versão deste livro, comentou que a lista de pormenores citados no manuscrito era tão convidativa que ficara a pensar se eu estaria a fazer a apologia das novas biotecnologias. A minha resposta foi sim e não.»
3.É esta característica – o «nim» - que o torna um adorno adorável das nossas estantes: o «nim» é precisamente a invariável dominante na eco-tecnocracia dominante. E como qualquer ser humano normal, de cérebro normal, nunca poderá abranger a erudição avassaladora que Jeremy Rifkin manipula com particular agilidade, o seu «nim» impõe-se à maioria dos leitores.
4.Mesmo os da utopia ecológica – que não são assim tão poucos e fazem uma boa maioria silenciosa – hesitam em dar um rotundo não às patifarias da biotecnologia de que Jeremy Rifkin nos dá uma sinopse muito pedagógica que devemos anotar na página 13 do prefácio:
« [Em 1978] entre outras coisas , predissemos que as espécies transgénicas, as quimeras e clones de animais, os bebés-proveta, o aluguer de úteros, o fabrico de órgãos humanos, e a engenharia genética humana haveriam de ser todos concretizados antes do final deste século. Também dissemos que a despistagem de doenças genéticas viria a ser uma prática generalizada , suscitando graves questões relativamente à discriminação genética pelos empregadores, companhias de seguros, e escolas. Expressámos a nossa preocupação pela crescente comercialização do material genético da Terra por parte de firmas farmacêuticas, químicas e biotecnológicas, e levantámos questões sobre os impactos potencialmente devastadores a longo prazo de libertar no meio ambiente organismos geneticamente manipulados. Na época, os biólogos moleculares, os líderes políticos, os pânditas mediáticos, e os escritores de editoriais e de artigos científicos do país [E.U.A.], qualificaram as nossa previsões de alarmistas e artificiais. (...) Era um dado adquirido, entre os cientistas, que não havia necessidade de examinar as implicações ambientais, económicas, sociais e éticas daquilo que afirmavam ser um futuro «hipotético». »»
Como a gente te compreende, Jeremy !
Fazendo jus a quem o convidou para vir a Lisboa, Jeremy resolver também botar palavra sobre alterações climáticas (óbvio!) e termina as suas declarações à «Agência Financeira» com um elogio à febril hiperactividade de Portugal (devem ter-lhe sussurado aos ouvidos e ele quis ser cortês). Segundo a entrevistadora, Martha Dahnis, Jeremy disse estar seguro de que Portugal assume a liderança das energias renováveis da Europa.
Sem reticências nem aspas, deixa-nos, evidentemente, impantes de orgulho.
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Um conselho de avô à maioria silenciosa: nunca percam o pé desta dialéctica, entropia/neguentropia. É a melhor amarra para não ser arrastado na corrente.
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Da «Agência Financeira» - publicação on line – transcrevo uma notícia relacionada com o evento:
««O hidrogénio como fonte de energia vai ser o gerador da III revolução industrial, afirma o presidente da Foundation on Economic Trends, Jeremy Rifkin, que está preocupado com a leveza com que o mundo olha para as alterações climáticas.
O responsável, que se encontrava na segunda edição do Thinkeconomics, considera que o mundo «tem a ideia errada das mudanças climáticas e que somos demasiado conservadores a ver a rapidez com que está a avançar» esta fatalidade. «As alterações climáticas estão a acelerar muito mais rápido do que aquilo que imaginámos. Ainda não percebemos que a nossa espécie e biodiversidade estão em risco», apontou o mesmo, sublinhando que alterações climáticas que o mundo tinha previsto que acontecessem no século XXII já estão a acontecer agora e outras irão dar-se em breve.
««Para Jeremy Rifkin, a forma de tentar contornar este problema passa, sem dúvida, pela consciencialização destes problemas por parte de todas as nações e pelas energias renováveis, mas também por reservas de hidrogénio que podem garantir energia quando não há sol, vento, (..). «O hidrogénio vai gerar a III revolução industrial», realça. Renováveis e hidrogénio são assim as grandes apostas do futuro próximo.
««Por outro lado, opõe-se ao nuclear ao ver uma série de problemas que lhe são intrínsecos. «É demasiado cara, ainda não sabemos como fazer desaparecer o lixo que provoca, daqui a 20/25 anos vamos ter falta de urânio e não temos água».
««Quanto à armazenagem do dióxido de carbono, também não vê com bons olhos. «Não se perspectiva tecnologia que permita armazenar CO2, e como o faríamos sem que houvesse fugas», aponta.
«Estamos a iludir-nos se pensamos que podemos voltar às fontes de energia anteriores», referiu Jeremy Rifkin que se mostrou seguro de que Portugal assume a liderança das energias renováveis na Europa.»»
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Do «Jornal de Negócios» on line:
««Energias renováveis marcam arranque do Thinknomics
O presidente da Foundation on Economic Trends, Jeremy Rifkin, propôs ao Governo português que aproveite a presidência da União Europeia (UE) para dar mais espaço às energias renováveis, um tema que marcou o início do Thinknomics, um fórum de discussão promovido pelo Ministério da Economia e da Inovação, que se realiza hoje em Lisboa.»»
Miguel Prado
Miguelprado@mediafin.pt
quarta-feira, 18 de março de 2009
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