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14.06.2007
A IDEIA ECOLÓGICA: DA TECNOCRACIA À ECO-TECNOCRACIA
ALGUMAS INVARIÁVEIS
RECAPITULANDO MATÉRIA DADA
E AS ECO-ALTERNATIVAS ONDE ESTÃO?
UTOPIA ECOLÓGICA VERSUS UTOPIA TECNOCRÁTICA
Recapitulando matéria dada e bastante antiga, a maior parte da qual remonta ao século passado, verifica-se que a ideia ecológica tem evoluído e a actual eco-tecnocracia não nasceu do nada, tem vindo a ser incubada através de uma complexa conjugação de forças, na qual as energias cósmicas vibratórias talvez tenham um papel decisivo mas sempre ou quase sempre omisso mesmo no discurso dos mais perspicazes críticos e analistas do status quo global.
Se a velocidade a que marcha a história neste tempo e mundo é uma das características mais evidentes do mundo global – uma das suas constantes invariáveis em que todos concordam e contra a qual ninguém pode nada - , serve de enquadramento a tudo o que se quiser dizer ou fazer contra ou a favor da utopia ecológica.
O congestionamento de dados é outra invariável que nos submerge e afoga: o que implica um método qualquer – chame-se-lhe holística ou análise global dos sistemas – para poder avançar e caminhar.
Merda, Morte e Mentira são os três M invariáveis que caracterizam o nosso tempo-e-mundo e portanto a marcha da ideia ecológica nos últimos 40 anos.
Falei numa terceira geração de tecnocratas e não sei se isso corresponde aos factos: se não coincidir, aproxima-se: e neste terreno movediço já nos podemos felicitar com algumas (medrosas ou envergonhadas) aproximações.
A fé na ciência analítica surge como a invariável dominante dos últimos quarenta anos da história do mundo: mortas as religiões, depois do iluminismo, do cartesianismo, do positivismo, do cepticismo e outros ismos, nasce sem se assumir a religião da ciência.
Que, como todas as igrejas, se tornou altamente mortífera, já que existe sempre aliada aos 3 M da Abjecção antes citados: Merda (a que delicadamente chama Poluição), Morte ( genocídios, etnocídios, biocídios em vertiginosa carreira e dos quais lava a as suas mãos) e Mentira (a manipulação de almas e consciências a que o sistema sistematicamente recorre para exercer sem embargos o seu poder de destruição dos ecossistemas).
A utopia ecológica ainda teve fôlego para propor um tribunal universal de direitos para todos os seres vivos, em que se julgassem os crimes desse tipo. Felizmente que nunca ninguém de bom senso ligou à ideia e hoje teremos apenas que confiar na justiça cósmica e na deusa Maat que preside ao tribunal de Osíris.
Como tenho dito, uma das componentes da tragédia actual – minha e dos eco-tecnocratas - é que todos somos culpados, não haver portanto ninguém de fora – a não ser Deus - que nos possa julgar.
Todos os dias se acrescentam novos itens à lista das abjecções da Abjecção contemporânea. A lista negra dos produtos químicos no Ambiente, por exemplo, atinge cifras astronómicas. Tal como acontece com o congestionamento de dados (citado antes) é a quantidade que esmaga qualquer hipótese de estudo, análise e crítica do fenómeno, justificado então por outro leit-motiv do sistema que vive de ir matando os ecossistemas: «é o progresso, amigos, é o preço do progresso. E quem não quiser, que se mude.»
Ou seja: como consumidores dos produtos da indústria que polui e mata, somos automaticamente cúmplices e portanto reduzidos automaticamente ao silêncio. Não há defesa do consumidor, há organizações que recuperaram eco-tecnocraticamente a defesa do consumidor. A publicidade nobre como se pode verificar lendo as revistas mais conhecidas do ramo.
Outra invariável da Abjecção e que nada tem a ver com Ambiente: não há saída e o 1% de hipóteses teriam que vir das tecnologias alternativas de vida – aquilo a que o realismo ecológico chamou «sociedade paralela» e aquilo a que, na década heróica do movimento ecológico em Portugal se chamou eco-tecnologias, tecnologias suaves, alternativas de vida.
Tudo isso, actualmente, caiu no esquecimento. A estratégia imediatista das organizações ambientalistas em voga, mais do que reformista é pontualista e de curto prazo, o que o poder político agradece e premeia.
Há muito que não se fala de alternativas de vida, de tecnologias doces, de Ivan Illich e de E.F. Schumacher.
Sem nostalgias nem saudosismos, isto tem que ser verificado e dito, embora, claro, não tenha nada a ver com Ambiente.
Mesmo que não haja ninguém para ouvir, podemos repetir as antigas palavras de ordem do M.E.P. e do movimento ecológico.
Sem saudosismos mas acho-me no direito (na obrigação) de relembrar aos algoristas que o mundo não nasceu com eles e com a sua eco-tecnocracia de ponta. Mas que houve gente, houve ideias, houve sonhos, acções e estratégias que foram ficando pelo caminho.
Talvez vencidas mas não derrotadas.
Porque a batalha final ainda não está terminada: só termina em 21 de Dezembro de 2012, ao meio dia da hora solar.
♥
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segunda-feira, 11 de Junho de 2007
EM LOUVOR DA ECO-TECNOCRACIA
Mesmo que a «eco-tecnocracia» fosse um rótulo (e não é) acho que deveria merecer alguma atenção dos cientistas, nomeadamente sociólogos, que deveriam estudar, aprofundar, analisar um fenómeno que me parece inegável, seja qual for o nome que lhe pusermos.
Descartar mais uma hipótese de trabalho, só porque ainda não foi reconhecida oficialmente pela ciência oficial, é que me parece, em ciência, uma atitude muito pouco científica.
Mesmo que fosse rótulo (e não é), também me parece ter direito a um, quando, na Ambio, já tenho sido mimoseado com alguns.
Não tenho direito é de continuar roubando espaço e bytes à Ambio, com as minhas pesquisas pessoais, pelo que irei publicar em site meu a prosa de resposta que queria endereçar aos interlocutores que se referiram ao texto sobre «a tragédia dos eco-tecnocratas».
Irei, nessa página, continuar a pesquisar o que é afinal a eco-tecnocracia e se há ou não uma nova classe emergente.
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Alguns estribilhos mais comuns podem ser detectados, implicita ou explicitamente, no discurso do poder tecnocrático que hoje domina o nosso horizonte global, graças aos esforços de notabilidades como Al Gore e de outros menos notáveis mas que seguem a sua filosofia de vida:
« podemos obter grandes lucros e não precisamos de mudar o nosso estilo de vida».
Os estribilhos pouco variam e vão definindo as invariáveis do padrão que se está, com êxito, implantando no subconsciente colectivo, sob a forma de arquétipos decisivos, que monitorizam a acção.
Por exemplo:
«É o preço a pagar pelo progresso.»
«Se a ciência o diz, é porque é assim. É verdade.»
«Problemas sociais e políticos e de segurança civil, o que tem isso a ver com Ambiente não me dirão?»
«Eu não fui, nem sequer estava lá quando ocorreu a catástrofe (Pilatos dixit).»
«Reformar o sistema para não mudar de sistema (estilo de vida).»
«Não podemos ter tudo: a poluição faz parte integrante do progresso industrial. E ninguém, mesmo os que o criticam, quer perder esse progresso, essa qualidade de vida».
«Como não podemos parar o progresso, o melhor é aproveitá-lo, em proveito próprio, e quem não tiver poder de compra ou poder de produzir, que se aguente.»
«Está bem, defendo os meus interesses de empresário e de industrial, mas se for em nome do Ambiente e da defesa do Ambiente, terei garantida a gratidão do povo. Do povo consumidor.»
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OUTRAS ALEGAÇÕES
A religião da ciência é a religião de quem diz não ter religião.
Um técnico competente só tem que ser um técnico competente: não lhe cabe avaliar a consequência social e ambiental dos seus actos. E se tiver poder para governar, só lhe cabe ser um tecnocrata competente. Não lhe cabe ser etica, política, social e ideologicamente responsável pelo que faz ou manda os subordinados fazer.
O governo dos tecnocratas é um facto como é um facto o poder dos tecnocratas. Que usam o poder do discurso para fazer vingar todos os projectos de poder, ainda os mais tresloucados, desvairados e assassinos.
Não consta que haja tecnocratas arrependidos, o que há são os novos convertidos ou eco-tecnocratas.
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Que a Abjecção nunca seja vista globalmente e já que tanto se orgulham da globalização em curso, eis o que me parece obsceno na eco-tecnocracia.
Ou há moralidade ou comem todos.
A globalização, para eles, é só a da asneira e da destruição e da ganância dos lucros. E as ameaças globais são só aquelas que ainda permitem, in extremis, indústrias de substituição que tornem obsoletas as anteriores (vide clorofluorcarbonetos).
Eles são serenos e quando alguém se indigna com as desigualdades e injustiças sociais, com a malvadez mercenária e a destruição deliberada, sofre de maus fígados, não tem a serenidade científica do observador, é subjectivamente inútil ou prejudicial e a emoção nunca resolveu problema nenhum dos que a tecnologia, dia a dia, engendra e agrava: só a tecnologia – sublinham eles – nos pode socorrer dos crimes vandálicos da tecnologia – digo eu.
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Obsceno é também que ainda arranjem desculpas para desculpar os profissionais da destruição (caso exemplar mas não único: os sismos provocados por bombas.)
Não só lavam daí as suas mãos como estão sempre a lavar as mãos dos primeiros responsáveis por essa e outras normalidades, rotinas ou invariáveis do sistema, que evidentemente nada tem a ver com Ambiente: mais sismo menos sismo, mais tsunami menos tsunami, nada disso tem a ver com Ambiente.
Tem sim é a ver com o ego desmedido do Afonso Cautela, como diria o meu amigo e interlocutor na Ambio, José Moreira..
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Com a cantiga do CO2 nunca irá haver tempo para discutir as bombas e os sismos consequentes, nem de fazer perguntas tão disparatadas como se os sismos são todos induzidos ou quase todos? Se o Tsunami da Ásia foi de uma bomba detonada pela Índia, Paquistão, China, França ou de algumas e/ou todas ao mesmo tempo?
Mais uma grande vantagem do CO2 é de reduzir às alterações climáticas o debate sobre Ambiente e arredores.
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Reciclar neste sentido – o recuperacionismo sistemático da ideia ecológica – é a palavra de ordem nos Al goristas da terceira geração.
Reciclar inclui também a reciclagem do plutónio produzido nas centrais nucleares, no fabrico de bombas. Que depois são testadas nos poços das grandes potências para produzir sismos e tsunamis. Já que não se lhes vê qualquer outra vantagem.
Mas como diria o José Luís Moreira, o que é que tudo isto tem a ver com Ambiente?
Nada, amigo José Luís, nada: tem a ver sim com Abjecção-deste-Tempo-e-Mundo, que por sua vez não tem nada a ver com Ambiente e não pode nem deve andar a poluir o Ambiente da Ambio.
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Nesta pesquisa rápida sobre eco-tecnocracia, terei que voltar ao que escrevi em 1972 e ao uso da palavra «apocalíptico» que, segundo os meus interlocutores na Ambio, também não tem nada a ver com Ambiente.
Essa palavra «apocalíptico» provocava sempre forte brotoeja entre esquerdistas e PC’s já que os amanhãs, nessa altura, ainda cantavam (de galo) desafinados mas cantavam.
Se teclarem mais dois itens, o Google dar-vos-á o que eu disse em 1972:
Do político ao apocalíptico
Independentemente de irem ou não à questão de fundo que enquadra esta:
Deep ecology
Ecologia Profunda esta que, evidentemente, nada tem a ver com Ambiente, segundo o meu interlocutor José Moreira. Que também me lembrou, muito oportunamente, que afinal não falo de Ambiente e apenas de mim, como não me canso de citar já que essas palavras do Luís Moreira me fizeram ver ao espelho e me levaram a recapitular toda a matéria dada:
««Caro Afonso Cautela: Vou ser mais claro. Olhe, francamente acho que o Afonso não escreve sobre o ambiente. Acho que o Afonso escreve sobre o Afonso. Sobre como é esperto, sobre como sabe quem puxa os cordelinhos do mundo, sobre como a si ninguém o engana e também sobre como somos todos ou uns arrogantes eco-tecnocratas, ou uns pobres de espírito. A minha pergunta retórica foi uma forma delicada de lhe dizer isto em público.»»
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Uma vez que o José Moreira me fez ver ao espelho, umas férias na Ambio irão contribuir para sanear o Ambiente, o que é sempre de louvar.
Sanear para depois poder voltar a poluir, isto é que é Ambiente.
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Fico todo vaidoso se procurar com o Google «Ecologia do Trabalho», os dois primeiros resultados são meus em 164.000 resultados.
O que além de vaidoso, me deixa optimista: quando falei de Ecologia do Trabalho, ainda não havia Google e muito menos havia Ambiente. Já havia era Trabalho.
E o que tem a ver a Ecologia do Trabalho (o cancro profissional, por exemplo, com um nome dado assim pelos cientistas) com Ambiente? Nada, rigorosamente nada.
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Às vezes arrependo-me de palavras que usei: caí algumas vezes nessa odiosa expressão «qualidade de vida», palavra favorita da eco-tecnocracia e da sua hedonista filosofia de vida.
De vez um quando, uma gaffe não nos fica mal: que diabo, ninguém é perfeito. Errare humanum est.
E já agora, o que tem a ver o Diabo com Ambiente?
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Vejo-me grego para descobrir um tema que diga respeito ao Ambiente.
Se falo em «elogio da sesta» (e tenho falado e escrito bastante, pois adoro a sesta), são logo coisas dos hippies, modismos da época.
Para o eco-tecnocrata, há que trabalhar sem sesta. As estatísticas não perdoam e há sempre um diário ou semanário económico a exigir (a gritar) produtividade.
E nada disto tem a ver com Ambiente.
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A propósito e mais uma vez falando do meu enorme ego, mais uma listinha de itens que se podem gloogar com algum êxito, em louvor da eco-tecnocracia que continuarei a louvar embora nem o Al Gore nem os filhotes dele me agradeçam este esforço.
Eis uma pequena lista para search no Google, em páginas de Portugal:
A sofística em 1974
Biocracia cega
Bio-informação – a a z
Do biocídio à biocracia
Eco-equívocos
O ecocídio e a esquerda necrófila
O Eco-fascismo segundo Michel Bosquet
O microcosmos em linguagem de gente
O oportunismo político de algumas teorias científicas
Os novos sofistas 40 anos depois
Palavras-chave para compreender a vida
Se a ciência é rei, o rei vai nu
Aviso prévio: nada disto tem a ver com Ambiente.
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quarta-feira, 18 de março de 2009
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