quarta-feira, 18 de março de 2009

ENTROPIA 1991

1-9- tragedia-8-ac-ab> entropia> manifesto

13-2-1991

ENTROPIA E GIGANTISMO

Quanto mais o cancro cresce, mais pele, osso e camisa nos tiram. Como Roberto Vacca sugeriu e quase demonstrou no seu ensaio célebre «A Próxima Idade Média», o gigantismo produz três principais consequências:
a) a partir de certa dimensão, os sistemas, como os dinossauros, deixam de servir os objectivos para que socialmente foram criados, vampirizando os seus já teóricos destinatários ou utentes;
b) se o sistema, ao crescer, entra em irreversível Entropia, tenderá autofagicamente, a comer-se a si próprio, pois, exponencialmente, quanto mais se autodestroi e autodevora mais energia precisa para se manter;
c) resulta daqui que cada homem na terra está a pagar, e pagará cada vez mais caro, esta entropia logarítmica em que o sistema, girando sobre si próprio, entrou. Por mais corpos, vidas, pessoas, consumidores que o sistema meta na «caldeira», nunca se dará por satisfeito, os défices e as dívidas externas aumentarão logica e logaritmicamente, as tensões sociais e as guerras localizadas proliferarão, pois tudo isso é logicamente carne de canhão para o sistema continuar, a Leste e a Oeste, destruindo ecossistemas, em marcha vertiginosa para a sua autofágica autodestruição.
Na sua crítica à Entropia, Ivan Illich chega às mesmas conclusões: o actual sistema de transportes urbanos, feito para alegadamente aumentar a velocidade de deslocação dos utentes, já se encontra na vertente contrária: os transportes na cidade servem hoje não para acelerar a deslocação mas para congestionar e paralisar a vida quotidiana das pessoas. Sofrendo de indigestão crónica, o sistema vomita-se a si próprio. No entanto, continua a enfardar, para o que precisa de nos tirar alma, olhos, pele, osso, camisa e etc..
A lógica do absurdo girando à velocidade da luz. Quanto mais os subsistemas nacionais e regionais se ligam à Central (no caso dos bancos o cerne é o Banco Central...) mais custosos ficam ao pagador final (nós todos), pelo tal fenómeno de entropia logarítmica.
Aplicando esta mesma regra do funil, D. Branca não fez nenhum discurso inflamado contra a Banca, nem prometeu melhores dias e salários para o futuro (sic). Reproduziu, ponto por ponto, a engrenagem. Limitou-se, em microcosmo, a pôr em prática uma pequena engrenagam que inutiliza a macroengrenagem. É isto que o sistema não perdoa. Que acusem o capitalismo de comer meninos (ou vice-versa), sim, óptimo. Dá-se ares, assola cães-polícia, ejacula mangueiras e gás lacrimejante sobre as ululantes multidões. Agora que o ignorem, pura e simplesmente, que lhe passem ao lado sem sequer lhe dar a honra de o desprezar, o sistema fica pior que uma barata.
[Recentemente, a Ordem dos Médicos travou-se de polémica com a comissão instaladora da Faculdade de Medicinas Alternativas. Adorou a oportunidade estupenda de ir à televisão, de andar em polémica, de se mostrar em forma, de exibir seu poder, seu monopólio, suas garras, sua arrogância.]
Já a «tecnologia apropriada»,[das medicinas alternativas] o contrário de toda e qualquer retórica, de toda e qualquer abstracção, de toda e qualquer ideologia, enquanto tecnologia útil que inutiliza o sistema, não agrada nada. Não dá luta. Esgueira-se no mato, como a guerrilha vietcong no Vietname. Na clandestinidade. É como bambu - dobra mas não parte. Continuará progredindo, clandestinamente, até minar o sistema.
Somos os ratos do sistema, os clandestinos da Sociedade.♥♥♥

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1-1 90-09-04 – ls > leituras do afonso - sábado, 12 de Abril de 2003-novo word -entropia>

RAÍZES DA DECADÊNCIA: O DESESPERO DOS HEDONISTAS(*)

[(**) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Livros na Mão», 30-10-1990+-]

4-9-1990

A palavra «entropia» ainda não estava na moda quando Miguel de Unamuno escreveu «Del Sentimiento Tragico de la Vida», que agora aparece em nova tradução portuguesa(*). Em 1953, a editora Educação Nacional, do Porto, publicara a versão de Cruz Malpique, mais literal e académica do que esta que o Círculo de Leitores agora apresentou.
Para o filósofo de Salamanca - também romancista, poeta e dramaturgo - a condição humana já era entendida como maldição e prova, no que andou muito perto dos «pessimistas» como Schopenhauer, Nietzsche, Leopardi ou Kierkegaard e também de muitos que se viram englobados no rótulo de «existencialistas».
Mas de uns e outros ele se demarcou, pela intuição central que o título desta obra particularmente expressa: o «sentido trágico da vida» seria o sentido entrópico da vida que regula todos os sistemas morais do Ocidente, baseados num cego, obstinado e estúpido hedonismo. Essa seria, no Ocidente, a nossa «doença», que levámos séculos a difundir pelo Mundo, como a maior pandemia da História. Perdemos as raízes da sabedoria, que consistia exactamente em saber que o homem é energia e que toda a ciência se deverá resumir, afinal, em conhecer a arte de administrar essa energia.
A nossa «doença» chama-se «ignorância» e daí, dessa ignorância, o sentido trágico e cego do caminhar por este mundo. Ler Miguel de Unamuno e o seu diagóstico, é ler os sintomas exacerbados da Doença que se reconhece, confessa mas não ultrapassa, e isso ainda por preconceito «cultural».
Fala Unamuno dos «Upanishads» mas o seu despeito irritado logo se revela nesta acusação ao monismo das cosmologias extremo-orientais que da Energia sabiam como ninguém mais voltou a saber: «aquilo a que eu aspiro, não é submergir-me no grande todo, na Matéria, ou na Força, infinitas e eternas, ou em Deus. Aquilo a que eu aspiro não é a ser possuído por Deus, mas a possuí-lo, a fazer-me Deus, sem deixar de ser o eu que vos digo ser neste momento. »
A «doença» ocidental, a que Unamuno chama «tragédia», um tanto exageradamente, caracteriza-se por criar essa espécie de catarata ideológica que impede de ver tudo quanto não seja e não ajude ao progresso da própria doença.
Para lá do interesse quase mórbido que a sua fascinante leitura suscita, especialmente aos que gostem de romances policiais, para lá do muito que se aprende e sofre neste testemuno humano de beleza inigualável que é o livro de Unamuno, importa ao militante da Heresia detectar algumas passagens francamente demonstrativas do apego ao erro e da rejeição apriorística das raras janelas terapêuticas que se podem abrir.
Pobres filósofos como este «trágico» Unamuno que, na imensa noite e na imensa doença da «civilização» ocidental, marraram contra as paredes do cárcere, não vendo que eram de vidro..., muitas vezes tendo na mão o amuleto - a intuição central da entropia cósmica - capaz de exorcismar angústias, revoltas, desesperos, mas sem o saber utilizar. Mais: alguns deles, como Unamuno, tiveram o amuleto na mão e deitaram-no fora.

Os filósofos ditos «pessimistas» e, em séculos mais recentes, os «existencialistas», com seus gritos, aflições, insónias e calafrios, são bem a imagem, o sintoma de uma «doença» cada dia mais incurável e de que a Poluição e suas sequelas é apenas um dos sintomas mais ridículos e insignificantes. Mas foi ela, a Poluição, que obrigou algguém a descobrir a palavra Entropia. Valha-nos isso.
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(*) «O Sentimento Trágico da Vida», Miguel de Unamuno, Ed. Círculo de Leitores
(**) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Livros na Mão», 30-10-1990+-


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1-5 75-04-07-ie-ls> ideia ecológica - domingo, 20 de Abril de 2003-novo word
entropia-1-ls>


[(*) Este texto de Afonso Cautela, apesar dos exageros, foi publicado no caderno «A Idade Solar : Ivan Illich e Wilhelm Reich – Dois Profetas da Utopia Ecológica , Nº 9 da colecção «Mini-Ecologia», Paço de Arcos, 1976 ]

Escrito em 7 de Abril de 1975

Nomes de autores ocorrentes neste texto, neste tempo:

 Herbert Marcuse
 Ivan Illich
 Michel Bosquet
 Raymon Aron
 René Dumont
 Roger Gentis

“A nossa tomada de consciência ecológica é um facto relativamente recente.
" Mas, há 30 anos, Reich denunciava já o carácter fundamentalmente destrutor da nossa civilização, dita do progresso, que nos afasta de maneira perigosa das nossas origens naturais.
" Ensinara-nos - diz ele - a ter medo da nossa animalidade. Temos necessidade de regressar aí, de reencontrar a consciência de si mesmo enquanto animal, uma coisa que perdeu o Homo Normalis, Já ninguém se preocupa com o seu lugar no Universo. Pelo contrário, muitos esquizofrénicos têm uma consciência aguda da sua dependência com o sistema ecológico. Para eles é uma preocupação tão importante como saber se vão comer amanhã. É capital na sua vida"
Roger Gentis, in "Le Sauvage", Janeiro de 1975

I
Se há campo que pode evidenciar, de maneira luminosa, as relações profundas entre Economia e Entropia, entre tudo o que uma Tecnocracia paranóica dividiu, separou, desintegrou, entre Cosmos e Micro-Cosmos, entre Sistemas Vivos e Sistemas Inorgânicos, entra Homem e Ambiente, entre Biosfera e Tecnosfera, esse campo é precisamente o da Energia.
Energia cósmica, energia solar, energia vital, energia psíquica, energia moral, energia física, energia química, bio-energia, eis vários nomes (aflitivamente dispersos e numerosas) para designar talvez uma só realidade, uma Unidade Global, mítica ou metafísica seja ela ou lhe queiram chamar para assim a denegrir.
Não é por acaso que as cosmologias extremo-orientais como o Taoísmo se deverão ter debruçado com tanto afinco sobre essa Energia Única e é quase por acaso que, na cultura ocidental, (fundamentalmente interessada em expoliar o homem de todas as suas energias ou potencialidades originais) vamos encontrar em Wilhelm Reich o mesmo tipo de preocupações.
À custa, porém, de que preço para Reich?
À custa de uma drástica e dramática separação com a cultura ambiente oficial, separação a que a psiquiatria igualmente oficial logo apôs o rótulo de "paranóia da personalidade" levando às ultimas consequências o castigo que uma tal "paranóia"e uma tal independência em relação à loucura oficial obviamente merecia.
De Wilhelm Reich diz Roger Gentis,(anti-psiquiatra e um dos neo-utopistas que mais vivamente têm criticado os sistemas repressivos, anti-ecológicos, paranóicos e aberrantes do desenvolvimentismo) em uma entrevista a "Le Sauvage" (Janeiro de 1975):
" Reich comparava as perturbações atmosféricas ao fenómeno da convulsão do organismo humano durante o orgasmo. O objectivo do seu pensamento era, pois, este: o mesmo fluxo energético banha o conjunto da criação."

II
Há uma pergunta que gostaria de fazer aos partidos políticos: se é verdade que há, neste momento, 250 mil desempregados em Portugal, o que fizeram de imediato esses partidos para mobilizar toda essa energia paralisada, bloqueada, para imediatamente a desbloquear e a pôr a render em qualquer acção útil, organizada, de interesse geral?
Com tanto que há para realizar, porque estão por empregar 250 mil portugueses e por empregar plenamente certamente uns milhões ?
Quando, na sociedade anti-ecológica do Desperdício (também chamada ironicamente de Consumo), pensamos em desperdício dos valores e recursos humanos, compreendemos de que maneira o conceito de emprego e de pleno emprego tem condicionantes ecológicas nítidas, fundamentais, indiscutíveis.
Mas também fica patente e bem claro que emprego não será então apenas acorrentar as pessoas a (novos) postos de trabalho adrede preparados, adrede "fabricados" com o propósito de as ter "em uso", atadas à cadeia de montagem, atrás de uma máquina de escrever, à canga de uma charrua ou à boca ardente de uma forja de acearia.
Pleno emprego implica, quando se tomam em consideração as dimensões ecológicas da praxis humana, a carga psíquica gasta, (a bioenergia despendida), a satisfação do trabalho realizado, as relaçóes harmónicas do trabalho com as outras actividades do trabalhador.
Pleno emprego implica, pois, uma equação entre o carácter, a vocação, as tendências, as potencialidades (bioenergéticas) do trabalhador e o trabalho que executa.
Empregar por empregar está longe de solucionar o problema, e se nenhum partido levanta os aspectos qualitativos (humanos, individuais, biológicos) do pleno emprego, é necessário que o Partido das Alternativas Ecológicas o faça e o levante, desde já, pois para isso existe.
Um dos caminhos que se vislumbram (e não será certamente o único nem o melhor) é a relação estudada por Wilhelm Reich entre os aspectos psíquicos, morais, estéticos e afectivos do trabalho com a sua noção de energia orgónica.
Por outro lado, é evidente de que maneira a energia Ki (assim designada na terminologia taoísta) tem que interferir no processo energético geral.
Na sociedade reaccionária em que ainda estamos - em que a divisão do trabalho domina, porque é essa uma das formas intrínsecas à dominação capitalista - tudo se separa, o manual do intelectual , o engenheiro do homem de letras, o operário do trabalhador rural, o poeta do matemático, o campo da cidade, o individual do colectivo, a teoria da prática, o espírito da matéria, o instinto da razão, etc. .
Tudo se separa na Sociedade de Morte e Desperdício, na Sociedade Anti-Ecológica e Contra-Revolucionária, estando portanto e para um lado a energia humana, a bio-energia, a energia Ki ou energia orgónica, enquanto as Energias que se consideram com direito a esse nome (eléctrica, nuclear, hidráulica, etc.) estão para outro.
Ora o problema da Energia é um só e daí que tivéssemos começado por dizer como a Energia é campo privilegiado para aclarar a Unidade que preside às questões ecológicas.
Energia, Entropia, Economia e Ecologia não podem discutir-se em separado. Diríamos até, exagerando, que é a mesma e única questão.
São, pelo menos, conceitos estreitamente inter-ligados e as interdependências entre eles são os adeptos da Dialéctica Ecológica os únicos que neste momento se encontram empenhados em estudar, mostrar e difundir.
Note-se que Wilhelm Reich - perseguido e encarcerado, vergonhosa e ferozmente atacado pela mafia norte-americana da "Drug and Food Administration",- exemplifica só por si de que modo as sociedades anti-ecológicas do Desperdício e do Biocídio são, também e principalmente, as sociedades que sistematicamente mutilam, atrofiam, perseguem, encarceram, desperdiçam a energia criadora (a bioenergia) que se pode conter num indivíduo como Reich.
Exemplifica como são tratados e aproveitados os Reich e Galileos que a história regista (ou não regista): torrando-os na fogueira.

Nas sociedades regidas pelos "tecnocratas do rendimento", este problema da "energia individual", da imaginação criadora, do capital em ideias que um escritor, um artista, um trabalhador das ideias pode representar, tem hoje acuidade igual à que tinha nas inquisições medievais.
A batalha contra a Estupidez e contra o Farisaísmo, travada agora e também por alguns resistentes ecológicos, é prova de como a luta de classes tem formas e razões que certos partidos desconhecem, e se estende também - na completa ignorância desses partidos - ao campo específico das ideias, da imaginação criadora e da sensibilidade, da energia criado e da bioenergia.
Como dizia Fréderique Lebelley em "Le Sauvage", "vivemos hoje o que se pode chamar uma crise de energia humana: a civilização industrial atrofia o nosso potencial energético - poluição, condições e ritmos de vida - e utiliza-o para produzir mercadorias" que depois temos de consumir.

V
É de notar, também, nesta questão do pleno emprego, de que modo o desemprego (tal como o a inflação, a recessão, a alta dos preços, a baixa do nível de vida, o atraso dos salários em relação àquela alta, etc.) é fenómeno intrínseco ao capitalismo, não tendo o dilema/chantagem da "Poluição ou Desemprego", "Industrialização ou Subdesenvolvimento" mais consistência do que qualquer outro sofisma, do que qualquer outra mentira com que o capitalismo se impõe na exploração e manipulação do homem pelo homem.
Sofisma tantas vezes ouvido para combater a estratégia ecológica e a sua exigência de selectivar a industrialização, o dilema "Poluição ou Desemprego", apresenta-se como fraude óbvia à luz de algumas razões apresentadas a seguir:

a) Dentro do capitalismo, o desemprego é crónico, não só por razões estruturais e conjunturais mas por razões de estratégia política inerentes à exploração capitalista: com mais ou menos fábricas, mais ou menos postos do trabalho, mais ou monos poluição, mais ou menos industrialização, as crises cíclicas de desemprego são "indispensáveis" à exploração capitalista, que politicamente encontra no desemprego um dos seus melhores aliados; criando o desemprego a insegurança, é esta insegurança que permite ver no patrão empregador potencial um permanente messias do trabalhador, um Pater Nostru, um Salvador que vem dar-nos aquilo que não temos o de que totalmente dependemos para subsistir;

b) Numa Economia Planificada, o desemprego não pode continuar a existir sob pena de contradição interna mortal: e se existe, só pode ser por motivos também de estratégia política inconfessável e que resta saber a quem servem;

c) Encarado o Produto Nacional Bruto, o problema que se põe numa Economia planificada é redistribuir equanimemente não só os rendimentos mas as ocupações, as horas de trabalho, os leques salariais e os esforços despendidos ou bio-energia gasta;
Contraditório será, pois, que numa Economia planificada sejam pedidos aos trabalhadores mais sacrifícios, mais horas, mais surménage, mais bioenergia;
É evidente também que uma população trabalhadora é convidada a dar esse suplemento de esforço e sacrifícios em função do um modelo de crescimento, de um padrão do desenvolvimento, de uma política de produção e de consumo que é concebida e traçada nas suas costas; haveria que perguntar, primeiro, às populações se querem dar sacrifícios para terem mais alguns gadgets em casa, ou se preferem ter menos gadgets e supérfluos, mas mais horas livres para ler, estudar, sonhar, brincar com os filhos, apanhar sol, ver um bom filme, ir à praia ou ao campo, etc.
É evidente de que maneira o modelo do crescimento se tem que subordinar a um modelo de vida que terá de ser, necessária e obviamente, ecologicamente definido; porque é atributo especifico da teoria ecológica definir os valores que apontam para a vida e para a qualidade de vida;

e) É urgente ainda desmistificar a correlação feita por tecnocratas de esquerda e da direita entre desenvolvimento económico e satisfação ou felicidade individual, (qualidade de vida): há que atentar no carácter deliberado de “complicabilidade" que têm os Macro-sistemas da Economia do Desperdício, para justificar, com essa tremenda “complicabilidade" a que chamam "complexidade", não só a divisão e hiper-divisão do trabalho e o domínio do especialismo (hiper-especialismo) tocnocrático - a cada um sua especialidade, a responsabilidade para ninguém", como já demonstrei em outro ensaio inédito - como ainda a intérmina escravidão do trabalhador ao posto de trabalho, dando o seu contributo individual para desenredar a meada (tecnocrática) que é cada vez mais e por natureza, por definição, enredada.
Dado o seu gigantismo congénito, os Macro-Sistemas “complicam-se a si mesmos" por inércia intrínseca mas também por estratégia de exploração, para justificar o consumo de produtos cada vez mais sofisticados, produtos que se vão fabricando para, por seu turno, “simplificar” o que outros anteriormente deliberadamente complicaram;

f) O computador é exemplo da fraude anterior: diz-se que vem simplificar o trabalho que o cérebro humano, coitado, já não poderia realizar. Vem, portanto, "libertar" (sic) o trabalhador.
Sofisma, mentira, descarada e mistificante fraude esta.
Se há hoje contas complicadíssimas a resolver, isso deve-se apenas às macrocefalias e concentrações empresariais ou urbanísticas a que o sistema conduz; e o computador, neste contexto, não contribuiu em nada para a felicidade ou libertação humana, porque apenas contribuiu para reforçar a sua escravidão, para estofar e dar aparência de conforto, de suavidade ao sistema repressivo em si mesmo.
O que um homem independente deve afirmar e defender é que o computador não faz falta porque não fazem falta as complicadas contas que o sistema inventou. Ou se as inventou, que as resolva ele sem apelar ao sacrifício e às horas extraordinárias do trabalhador.
Revolucionar é simplificar - incluindo as contas.
Simplificar é descentralizar, é substituir por micro-sistemas alternativos, vivos, dimensionados ao homem e aos ritmos biológicos, os Macro-sistemas anti-ecológicos, anti-biológicos, anti-humanos.

VI
É Roger Gentis que, na já citada entrevista a Le Sauvage (Janeiro de 1975) afirma:
"De momento, ao ter do escolher entre dois mitos - o de um esquizofrénico que elabora um mito cósmico e o mito do progresso e da expansão económica , admitidos pela nossa sociedade - o primeiro parece-me mais razoável, menos irracional, pois ele permite viver melhor e de maneira mais intensa".
Qualquer pessoa inteligente - e que ainda não esteja vendida à grande exploração - terá de pensar da mesma maneira razoável.

VII
Está o autor suficientemente alertado para as mistificantes "amálgamas" que os adversários da Política Ecológica estão sempre prontos a inventar para lançar sobre a guerrilha ecológica o descrédito e o anátema de reaccionária.
Sabe-se de que maneira, por exemplo, a crítica aos sistemas anti-ecológicos, Biocidas e Ecocidas, Tecnocráticos e Biocráticos, pode ser assimilada com a crítica reaccionária feita por senhores como Raymond Aron - ele fala de "sociedade industrial" - ou como Herbert Marcuse - ele fala do "homem unidimensional" da mesma sociedade industrial.

Há muitas maneiras de matar pulgas e o percevejo tecnoburocrático, o piolho tecno-industrial criticado por Raymon Aron não é o mesmo (nem criticado da mesma maneira) que o criticado por Illich, Dumont, Gentis, Reich ou Michel Bosquet (e só para citar alguns que criticam o “industriocratismo" da perspectiva ecológica).
No momento partidário presente, aliás, assiste-se a uma amálgama idêntica: partidos de Esquerda criticam os partidos social-reformistas, mas a sua crítica não é evidentemente a mesma que lhe fazem os partidos da direita e extrema-direita; embora aparentemente o alvo seja o mesmo...
Que a lição sirva de exemplo, que o exemplo sirva de lição.
Seja Aron ou seja Marcuse, não é por assimilar o primeiro à reacção e o segundo ao ultra-esquerdismo contra-revolucionário que se resolve o problema fulcral por eles também colocado: o trabalho alienante em geral, o trabalho automático em cadeia, em particular.
Esta questão - a da alienação no trabalho e de que modo a Bio-energia é canalizada para supérfluos, desperdícios, gastos e usos que nada têm a ver com a felicidade humana - com a Economia Humana - dos que despendem essa energia - eis a questão que, queiram ou não os mistificadores, a Revolução Ecológica pôs, põe e há-de continuar a pôr como questão central da Revolução Cultural em Marcha.

(1) - Como ficou exemplificado nas reportagens realizadas pelo autor (e publicadas pelo jornal «O Século», em 16-1-75 e 30-12-74), Maceirinha e Praia do Ribatejo são dois casos portugueses bastante significativos do "alto" preço que os povos dessas regiões são obrigados a pagar pela "vantagem" de terem empregos.
São dois exemplos da chantagem "Poluição ou Desemprego", "Industrialização ou Subdesenvolvimento", que é das mais vergonhosas que a exploração capitalista impõe, mas nem sempre desmistificada a tempo e desmascarada até às últimas consequências pelos críticos habituais do capitalismo, que na industrialização acelerada e indiscriminada põem também suas únicas esperanças de pleno emprego (a que antes se deverá chamar plena escravização).
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(*) Este texto de Afonso Cautela, apesar dos exageros, foi publicado no caderno «A Idade Solar: Ivan Illich e Wilhelm Reich – Dois Profetas da Utopia Ecológica, Nº 9 da colecção «Mini-Ecologia», Paço de Arcos, 1976
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40anos-1-ac-ab>
09.07.2007

IDEIA ECOLÓGICA & AMBIENTE

Agradecendo mais uma vez ao José Amoreira, meu interlocutor na Ambio Archives, aproveitei os feriados e as pequenas férias na Ambio, para colocar no meu site pessoal, em seguimento do tema «eco-tecnocracia», mais algumas páginas de diário e de bloco-notas, tentando cobrir alguns itens dos muitos que se relacionam com esta temática.
Não dizendo respeito ao Ambiente, acho que poderão ter algum interesse para alguns dos amigos ambionautas interessados na ideia ecológica:

a desastrosa sociedade industrial
a ideia ecológica à luz da globalização
a ideia ecológica: 40 anos de um oscilador cósmico
a lista negra dos produtos químicos
a utopia trágica do crescimento económico infinito e exponencial
ambientopatologia ou ecologia humana
biocracia cega
bio-informação – a a z
carta ao meu compadre al gore
consumismo desenfreado
crescimento da fome mundial
da tecnocracia à eco-tecnocracia: ambiente e a nova classe dirigente
destruição das duas florestas equatoriais:Amazónia e África Central, pela ganância de muitos gananciosos
do biocídio à biocracia
eco-equívocos
economias do desperdício
exaustão de recursos planetários
exploração do terceiro mundo pelo imperialismo capitalista
imperativo cósmico: a grande esperança
índices de entropia e neguentropia
mecanismo vibratório do cancro: o microcosmos é igual ao macrocosmos
o desenvolvimento do subdesenvolvimento
o ecocídio e a esquerda necrófila
o eco-fascismo segundo michel bosquet
o oportunismo político de algumas teorias científicas
o sistema que vive de ir matando os ecossistemas
os cronófagos
os demónios da entropia
os energívoros
os hidróvoros
os novos sofistas 40 anos depois
palavras-chave para compreender a vida
poluições e/ou desemprego: a chantagem habitual
projecto 2012: a biblioteca de alexandria
retrocessos do progresso
se a ciência é rei, o rei vai nu
sociedade paralela das eco-alternativas: a saída pela vertical
utopia ecológica versus utopia tecnocrática
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1-9-tragedia-9-ac-ab> merge em quarta-feira, 13 de Junho de 2007

OS DEMÓNIOS DA ENTROPIA
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entropia-bm1>331 cartoes sobre entropia

Com itens predominantes de entropia, nomeadamente poluentes químicos, lá me meti em mais uma seca no scan, para sacar de uma lista que fiz em cardfile e que não abre no moderno windows 98: salvam-se, mais uma vez, os nomes próprios de acontecimentos que foram datas de catástrofe. De qualquer modo, foi a lista entrópica mais exaustiva das muitas que cometi. Ainda estou para saber porquê e para quê.
abrasivos
acção alternativa — títulos ac
acetona
ácido bórico
ácido cianídrico
ácido clorídrico
ácido fórmico
ácido fosfórico
ácido hidroclorídrico
ácido nítrico
ácido pícnico
ácido sulfúrico
acrilonitrilo
açúcar
aditivos
adubos nitrogenados
aerosóis
afluentes do rio ecologista
agente-laranja
alcatifas
alcatrão
alchimist eden
alexander kielland
alienação
almaraz
alumínio
ambiente que mata
amianto
aminas
amococadiz
andré gernez.
anfetaminas
angiografia cerebral
anidrido carbónico
anidrido maleico
anidrido sulfuroso
anilina
antibióticos na carne
anticoncepcionais
anti-inflamatórios
anúncios alimentares
apocalipses
ar condicionado
arseniatos
arsénico
asfixia das cidades
atomizadores
azotite de soda
azoto líquido
baía de todos os santos
barreiro
barulho
bayer
benidina
benzeno
benzerina
benzopireno
betanaftelamina
bhopal
bicarbonato de soda
bicloreto de etileno
biocídio
biodegradáveis
biotecnologia
bismuto
borrachas perfumadas
brinquedos de plástico vermelhos
brown sequard
brown’s ferry
bruchkoebel
cádmio
calor
campos de electricidade estática
cancro
canibalismo civilizado
carbonato de soda
césio 137
chernobyl
christian barnard
chumbo
cianeto
cianeto de potássio
ciclamato
ciclohexanom
cidades deixam de respirar
cloreto de cal
cloreto de metilo
cloreto de polivinilo
cloreto de potássio
cloreto de soda
cloreto de vinilo
cloro
clorobenzol
clorofluormetanos
cloroquine
clorprene
cobaias humanas
cobalto
cobalto 60
cobre
coca-colas
colas
condicionadores de ar
congelados
conservantes
consumos alimentares
contaminação
corante azul
corticoides
cosméticos
cresol
cripton 85
crómio
cubatao
datas-acontecimento
dc—10
ddt
desertificação
desodorizantes domésticos
desordens do clima
desperdício
dextroanfetamina
dibrómio de eteleno
dióxido de carbono
dióxido sulfúrico
dioxina
discovery
dispositivo intrauterino
doença mental
doenças do ambiente
doenças por erros alimentares
doping
droga
e—330
edulcorantes
egas moniz
engenharia ambiental
engenharia genética
enlatados
estarreja
esteróides anabolizantes
estrogéneo
etapas da autocura
éter
etileno dibromido
etnocídio
eutanásia
explosões
ezalo
fiscomania
fitofármacos
fluorcarbonetos
fluoreno
fogões de gás
formaldeído
formol
fornos microondas
fosforados
fosgénios
fotocopiadoras
fuel
fugas radioactivas
fungicidas
gás dos nervos
gás propano
gás sulfuroso
gases de fluorcarbono
gases inervantes
genocídio
grisu
herbicidas
heroína
hexaclorofene
hexafluoreto de urânio
hidrocarbonetos voláteis
hidróxido de carbono
hipoclorito de sódio
hooker chemical co
hormonas na carne
hospitais
iatrogénese
ice cream
índio 192
infrasons
insecticidas domésticos
intoxicações
intoxicações agudas
iodo
iões positivos
isocianeto de metilo
isocianetos
isopor
ixtoc um
kachino
karin b
képone 1
laboratórios
lâmpadas fluorescentes
laranjas de jaffa
lentes de contacto
linfer
listas negras
lobotomia préfrontal
los alfaques
love canal
manipulação psíquica
margarinas
medicamentos
mercúrio
metanol
metilfenidato
milão
minamata
monocloreto de vinilo
monofluorfosfato de sódio
monóxido de carbono
morte por acidente
naftalina
níquel
nitrato de plutónio
nitratos
nitrofeni1
nitrosaminas
norefedrina
oceano assassinado
óculos de sol
oleoduto do alasca
óleos comestíveis
óleos de corte
óxido de azoto
óxido de etileno
óxido de urânio
óxidos nítricos
ozono
plutónio
paraquato
pcb
pentaclorofenato de sódio
pentotal
pesticidas
pílula anticoncepcional
pílula contraceptiva
piridina
placebo
plásticos
pó de talco
policloreto de bifenilo
policloreto de vinilo
polietileno
poli-isocianalatos
poluentes
poluentes alimentares
porto—rico
pozzuoli
pragas
propano
propileno
psicocirurgia
psicotrópicos
química
rádão
radiação
radiações ionizantes
radiondas
recursos naturais em extinção
referendos
refinados
reserpina
resinas epóxidas
ruído de supersónicos
sacarina
sahel
serra mecânica
seveso
silicato de soda
sindroma sísmico nuclear
soda cáustica
solventes aromáticos
solventes clorados
solventes de tintas
sprays
stirolene
stolzenberg
stugeron
suicídio infantil
sulfato de cobre
sulfato de crómio
sulfureto de carbono
talidomida
tálio
tampões higiénicos
tânio
tccd
televisão
temik
terebentina
terminais vídeo
thiodiglycol
títulos ac de revistas
tolueno
torrey canion
toxicologia
toxicologia do flúor
tranquilizantes
transplantes de órgãos
tricloroetileno
triclorofenixiacético
tucurui
ultrasom
union carbide
urânio
vacinas
vapores de benzina
wallington (surrey)
xénon ■
+
entropia-bm> - a catástrofe está inscrita no... - os demónios da entropia - 109 cartões de energia ra - lista aberta para inventário da abjecção

Tirei com scan esta lista de um cardfile que não posso abrir no windows 98: as reticências de alguns itens significa que são itens que só posso ler no cardfile e, portanto, no Toshiba. Apesar de algumas brincadeiras, com a minha nomenclatura muito pessoal, esta lista contém itens significativos, nomeadamente nomes próprios que são datas de catástrofes

a trilateral das multinacionais
acção política
acidentes com reactores
açúcar industrial
aditivos químicos alimentares
apocalipse alimentar
apocalipse biológico
apocalipse climático
apocalipse químico
apocalipse radioactivo
apocalipse sísmico nuclear
apocalipses
balanços do terror
bebidas yin
best sellers literários
biocídio
biocídio de espécies animais
bophal
buraco do ozono
burocracia
cancros
cepticismo
chernobyl
cirurgias
concursos de televisão
congestionamento de dados
congestionamentos (encombrements)
consumos provocantes
correr para parte nenhuma
crise planetária
desastres industriais
deseconomias externas da economia
desertificação ou... desperdícios de papel
dietas muito hidratadas
doenças da entropia
efeito estufa...
egoísmo e inveja social
época gonçalvista
espanha 82
estupefacientes
etnocídio
exploração do homem pelo homem
explosões de gás
filas de espera em serviços públicos
filmes-desastre
fornos de pão a óleo
fugas de radiações
ganâncias
gigantismos à escala desumana
greves do metro e transportes
greves dos transportes
guerras em geral e guerra do Golfo em particular
hamburgo 84
hiroximas
iatrogénese
ideologias da competição
imunosupressão generalizada
inflação capitalista
inflação de conhecimentos científicos
inflação de informações
inflações
investigação científica conduzida pelo marketing
ixtoc um
love canal
lutas da competição profissional
lutas de classe
marketing
medicamentos
medicamentos químicos
megalomanias do sistema
megaplanos
metas olímpicas
minamata
mitos desportivos
música rock
noticiário da actualidade
o fascismo dos impostos
o frenesim das metas
o pesadelo da grande cidade
oceano assassinado
olimpíadas: o modelo entrópico...
os devoradores de tempo
os hidróvoros
os ladrões do nosso tempo
os sete cavaleiros do apocalipse
partido comunista português...
pilhagem de recursos vivos naturais
poder político
poluições = recursos mal colocados
pressas e/ou corromaças
prioridades invertidas ou perversas
publicidade
sahel
semanários em geral e diários em particular
sindroma sísmico-nuclear
stress
televisão em geral e cinema em particular
teoria do vírus
three mile island
todo o desperdício de recursos...
trabalho mecânico
transportes públicos
utopias tecnocráticas
vietname■

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