quarta-feira, 11 de julho de 2007

ALIMENTAR OS POPÓS

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DA ESQUERDA À DIREITA TODOS DE ACORDO:
AFINAL A QUESTÃO É MERAMENTE DE MERCADO

Quando eu pensava, mais uma vez, estar a ladrar no deserto, por causa dos biocombustíveis e do bem que eles fazem ao Ambiente, eis que de todo o Mundo me chegam mensagens de apoio e solidariedade social.
Fantástico!
Sinto-me agora mais acompanhado e tranquilo.
Da esquerda à direita, da direita à esquerda, todos acordam agora para o dilema:
mais fome e deserto, (mais biocombustíveis, mais girassóis, mais soja, mais milho, mais beterraba, para produzir CO2 às carradas),
ou mais alimento para os eternos esfomeados que esperam uma gota de água e um bocado de pão?
Da FAO à OCDE, da OCDE à ONU, todos pedem que se ponham os pontos nos iis, que isto de alimentar os popós a soja, girassol, milho e beterraba é francamente outra loiça.
E já é difícil fazer o balanço das mensagens de apoio chegadas aqui.
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Leonídio Paulo Ferreira, no «DN» (9 de Julho de 2007) resume assim as últimas da globalização: ««O líder cubano atacou o etanol. Depois, desde a FAO à «Economist» muitos fizeram o mesmo.»»
Diz mais: «Aos críticos do biocombustível juntaram-se dois economistas da Universidade do Minnesota, que na Foreign Affairs proclamaram o mesmo que Fidel: a aposta dos Estados Unidos no Etanol pode ter «consequências devastadoras para a segurança alimentar mundial». Assustador para a metade da humanidade que vive com menos de dois euros por dia.», disseram os académicos de Minnesota.
A coluna de Leonídio Paulo Ferreira, aliás giríssima, pode ser vista na íntegra aqui:

http://dn.sapo.pt/2007/07/09/opiniao/surpresa_surpresa_fidel_talvez_tenha.html

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Que a Amazónia não será tocada para o efeito – como garantiu Lula segundo as últimas news – eis uma garantia garantida: mas será que ainda existe Amazónia? Ou será que a Amazónia ainda é reserva medicamentosa da humanidade ainda por explorar até esgotar?
Que já deixou de ser o pulmão da Terra, aí estão os desastres climáticos a prová-lo, sempre com a mentira do CO a comprová-lo.
Estimada colega Fátima Ferreira: Vamos lá a um Prós e Contras, que é a maneira mais democrática de convencer os cépticos. Segunda-feira à noite, está bem?
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A 1 de Abril de 2007, deixei na Ambio esta inconveniência:

««A questão central dos biocombustíveis é a da plantação em massa de monoculturas vegetais, a que podemos chamar, com toda a propriedade, «monoculturas industriais», obviamente esgotantes.

Sejam elas as mais evidentes ou menos evidentes, algumas citadas no artigo da revista «Natural» e sejam elas culturas lícitas de sobrevivência alimentar:

Eucaliptos encabeça o pelotão.

Depois temos A-Z:
Algodão
Beterraba
Borracha
Cacau
Café
Cana-do-Açúcar
Castanha
Chá
Girassol
Milho
Óleo de Palma
Tabaco
Quase tudo coisinhas de que os nossos super-mercados se encontram bem abastecidos. Como consumidores não temos nada de que nos queixar.»
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«Com um bocadinho de jeito, talvez se arranjasse ainda um quintalinho nas traseiras das celuloses para:

Mais eucaliptos
Mais girassol
Mais tabaco
Mais beterraba.»»
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Notícias de última hora mostram-se muito (pre) ocupadas com o assunto.
Lula, por exemplo, em nome da grandeza pátria (onde é que eu já ouvi isto?) proclamou a verdade comercial do caso no seu programa de rádio semanal, conforme noticia a Lusa:

««LULA DA SILVA INSISTE QUE BIOCOMBUSTÍVEIS NÃO AMEAÇAM AMAZÓNIA NEM A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

09.07.2007

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou hoje a negar que a produção de biocombustíveis possa a ameaçar a Amazónia e também reduzir as áreas actualmente destinadas ao cultivo de alimentos.

Lula da Silva salientou, no seu programa semanal de rádio, que o Brasil deve estar preparado para defender os biocombustíveis, uma "matriz energética revolucionária já comprovada há 30 anos", das críticas "totalmente descabidas" dos seus adversários.

"Temos adversários que vão levantar todo e qualquer tipo de calúnia contra a qualidade do etanol, contra a qualidade do biodiesel", disse Lula da Silva.

"Não vamos aceitar outra vez o cartel dos poderosos do mundo tentando impedir que o Brasil se desenvolva, tentando impedir que o Brasil se transforme numa grande nação".

Críticos da utilização de biocombustíveis afirmam que a produção de etanol e de biodiesel poderá reduzir a área destinada actualmente ao cultivo de alimentos, causando aumentos futuros de preços no mercado internacional.

Outra crítica é a de que o aumento da área destinada ao cultivo de cana-de-açúcar e de oleaginosas, utilizadas na produção de biocombustíveis, poderá acelerar a desflorestação da Amazónia, na região Norte do Brasil.

"Portugal chegou aqui em 1500 e há 470 anos introduziu a cana no Brasil e a cana não chegou à Amazónia por uma razão simples: os portugueses descobriram há muito tempo que a Amazónia não é lugar de plantar cana porque a temperatura não é propícia para isso", salientou.

Lula da Silva sublinhou que a sua participação na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, na semana passada, em Bruxelas, teve também como objectivo defender a redução das tarifas de importação cobradas pelos países ricos ao biocombustível brasileiro.

"É engraçado porque eles cobram impostos do nosso etanol, cobram do nosso biodiesel, mas não cobram do petróleo. Hoje nós temos 20 países que produzem petróleo por 200 países".

"Com o biodiesel, nós vamos poder ter mais de cem países, ou seja, nós vamos democratizar a produção de combustível no mundo", disse Lula da Silva. »»

1 comentário:

Alex disse...

olá.
não se espante com a quantidade de comentários que de uma vez só lhe chegam da minha parte,pois apenas agora tenho tempo para ler os seus artigos na ambio.
Neste post, diz:"Que já deixou de ser o pulmão da Terra, aí estão os desastres climáticos a prová-lo, sempre com a mentira do CO2 a comprová-lo."
Será que pode explicar? ou citar uma fonte?

obrigado.