quinta-feira, 10 de junho de 2010

MICHIO KUSHI SEMPRE PRESENTE


<92-07-09-bm> satillar-1>ninguém está inocente das doenças que tem.

A DIFICULDADE DA FACILIDADE: A DOENÇA ESTÁ NO AMBIENTE

9-7-1992 - Após 8 seminários de Michio Kushi em Lisboa, após 12 restaurantes a funcionar, só na área de Lisboa, após a publicação em português de duas dezenas de livros e de um periódico que se chamou «Jornal da Via Macrobiótica» e de outras publicações mais efémeras, já ninguém pode hoje dizer que desconhecia e, por isso, adoeceu.
Ninguém está inocente das suas próprias doenças.
Após o pioneirismo de ecologistas e ambientalistas, já ninguém pode hoje alegar que não sabia: a doença está no ambiente, está principalmente no ambiente e nenhum diagnóstico o pode ignorar. Se o ignora, não é a Ecologia Humana que tem que se demitir, mas as instituições que continuam a chamar doença à saúde e saúde à doença, na mais indescritível das confusões.
Ninguém pode hoje alegar ignorância.
Após a fase heróica em que lacto-ovo-vegetarianos ajudaram a impor uma nova noção de higiene alimentar, ninguém pode hoje ignorar o contributo da macrobiótica como vanguarda do vegetarianismo: o movimento holístico não pára, está em constante evolução e a macrobiótica, ela própria em movimento, veio para dinamizar o que tinha a tendência para cair na inércia.
Ninguém pode hoje alegar desconhecimento das alternativas de vida que se colocam ao beco sem saída que é a sociedade moderna, dita de consumo, dita industrial e dita também do lixo e do luxo.
Se os ambientalistas sectoriais (e sectários) contribuíram muito pouco para a amplitude de um verdadeiro movimento holístico, ignorando completamente a ecologia humana, isso não significa que tudo seja hoje claro quanto ao paradigma que sairá vencedor neste fim de século e neste fim de milénio.
Ninguém pode alegar ignorância desse paradigma.
Quando a Entropia acelerada conduz o Planeta Terra a um regime de catástrofe permanente, só ignora quem quer as saídas e as alternativas que hoje se colocam.
Se nos guiarmos pela lógica do bom senso, em vez de sermos subservientes à lógica do absurdo, do disparate e do non-sense, num mundo que se tornou, com ajuda dos media, ridiculamente pós-surrealista, sabemos que a saúde é para conservar e não para desperdiçar.
Que a doença é uma oportunidade de evoluir e não uma oportunidade de acrescentar mais lucros aos que dela vivem. Como dizia Antonin Artaud, o suicidado desta sociedade e deste sistema, «os que vivem, vivem dos mortos.»
Quem não tiver vocação de vampiro, só tem que mudar de agulha. Sem esquecer que a pior doença é a da alma: embora se note menos, mas a neurose do lucro (a febre do bezerro de ouro, como diria o nosso sempre lembrado António Sérgio), mas o que hoje se verifica, como nova endemia destes tempos terminais, é que as almas dos poderosos já ardem nas labaredas de um merecido inferno... Antes ficar no purgatório onde essas alminhas de sucesso (consumidas pela ganância) nos condenaram a ficar.
Curar é fácil, e prevenir ainda mais. Difícil é vencer a opacidade estúpida e arrogante, a inércia da asneira, os preconceitos familiares e escolares, os interesses e monopólios da indústria alimentar que mata, a fraude publicitária e a mentira dita científica, a escalada mediática de violência, o poço sem fundo da era do virtual.
A verdade não está só nos livros, nem está principalmente nos livros. Depende essencialmente dos olhos puros e sem preconceitos que queiramos abrir à maravilhosa e poderosa Ordem do Universo. Cujas leis teimamos em não respeitar. Em não conhecer. Em ignorar.
Porque sabemos demais das ciências que temos.
Porque nos ocupamos mais a ter do que a ser.
Porque estamos metendo as nossas alminhas no inferno, convencidos de que voamos (a jacto) a caminho do paraíso.
Não digam é que ninguém avisou.
No dia do julgamento, ninguém poderá alegar ignorância.