quinta-feira, 1 de novembro de 2007

TEORIAS CIENTÍFICAS

fim-do-mundo-1> terça-feira, 23 de Outubro de 2007

CULTURA DO SUSTO
O FIM-DO-MUNDO A PRESTAÇÕES

Quando o semanário «Folha de Portugal», órgão da Igreja IURD, grita «Apocalipse», é claro o objectivo do alarme (alarmismo?): levar mais fiéis às reuniões da Igreja.
Mas quando Al Gore (e os algoristas) gritam ó da guarda, qual é o objectivo?
Vender livros no caso do José Rodrigues dos Santos?
Presidir aos EUA, no caso de Al Gore?
A cultura do medo, a onda negra, os gritos de alarme, os sustos e desesperos porquê?
Uma intenção política de submeter os povos já submissos?
Se a previsão maya (para 21 do 12 de 2012) estiver certa, talvez tudo seja muito mais simples do que os actuais epígonos do Apocalipse proclamam: se o eixo da Terra se inclinar como aconteceu por volta dos 13.200 anos antes de Cristo, talvez possamos assistir à extinção dos actuais dinossauros...
E vai valer a pena identificar quem são hoje os dinossauros que uma providencial oscilação do eixo da Terra poderá extinguir de uma vez por todas. Para alívio e sobrevivência das criaturas que de facto merecem habitar este Planeta lindíssimo visto do Céu: flores, árvores e gatos, por exemplo, para só falar dos que mais adoro.
Já tenho a minha lista de candidatos e vou continuar todos os dias a juntar mais uns quantos: o poder (político, financeiro, industrial, cultural, mediático) todos os dias fornece nomes de dinossauros, digladiando-se uns aos outros pela conquista de mais poder.
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Provavelmente o fenómeno a que actualmente assistimos – a exploração do medo à escala industrial – tem apenas uma explicação comercial e de marketing: o susto tornou-se mais lucrativo do que tem sido sempre e há que o rentabilizar antes que seja tarde.
A enxurrada engrossa, de dia para dia, de hora para hora.
Mas há quem se interrogue se não haverá razões de outra ordem, digamos mesmo transcendente e se, já agora, também este gosto pelo fim-do-mundo (e a sua exploração claramente comercial) não estará escrito (em código) na Bíblia... Que é o lugar seguro para todos estes sustos, à conta do S. João de Patmos que, escrevendo no seu exílio, o Livro da Revelação, acabou responsável pelo Livro do Apocalipse com a conotação catastrofista conveniente.
Dir-se-á que cronistas, romancistas, algoristas e catastrofistas em geral também não podem fazer outra coisa, movidos pela lógica de uma sociedade que tem nos genes o gene da catástrofe : assustar, porque de facto o fim do mundo é um facto e a curto prazo.
Enquanto isto dura, aproveitemos o que resta dos restos e vamos ganhar uns euros, dólares e petrodólares com a desgraça. Porque não?
Morra Marta morra farta, diz a cruel sabedoria popular.
O que não faz muito sentido é, na linha seguinte ou na coluna ao lado do jornal, cantarem-nos mais uma previsão para 2013, 2050, 2070, 2 mil e tantos... Mais um amanhã que vai cantar.
Se estamos condenados, para quê previsões, inclusive a de ir fazer turismo na Lua, paradoxalmente uma das mais patéticas e caricatas?
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Há trinta anos eras alarmista, fascista, catastrofista e inimigo do progresso se falasses das ameaças globais (já que nem só do aquecimento global vive o homem). Hoje, dão-te o Nobel e fazem de ti best-seller.
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Se os egípcios construíram em pedra é porque construíram para lá dos aquecimentos globais, dos dilúvios, das catástrofes e dos apocalipses astronomicamente previsíveis.
Serão, portanto, os únicos a sobreviver à próxima calamidade global.
E os que, com eles, ganharam igualmente o nome de civilizações megalíticas. Os mayas, claro.
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Entre as espécies animais, que são tantas, nenhuma se compara a estes canibais do tempo-e-mundo actual: ganham com a própria morte que, em boa parte, ajudaram a consumar. «Ceux qui vivent, vivent des morts», diria o Antonin Artaud, meu poeta de cabeceira.
Porque todos ajudámos, valha-nos deus. E comem os despojos à maneira dos abutres: mas ainda é ofender os abutres.
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Há duas teorias hoje na moda e que são modelo de retórica apocalíptica.
De facto, a teoria do aquecimento global compara-se, em força de convencimento, à teoria das viroses: a ciência mostrou, nesses dois casos e em muitos outros, a sua perfeição ao engendrar as duas teorias do moderno eco-horror e que melhor servem à prorrogação do sistema que vive de ir matando os ecossistemas.

2 comentários:

João Soares disse...

Caro AfonsoCautela
Tem leitores sim.
Fiz uma referência no meu blogue ao seu texto "Ecologia do Stress" em relação a George Steiner.
Um abraço

Vanessa Mota disse...

Eu ando pesquisando coisas sobre as profecias para 2012 por curiosidade e preocupação, claro... afinal estamos condenados mesmo seja lá quando for e acho que é uma questão de consciência saber essas coisas, já que todos nós sabemos bem como contribuir para o que está acontecendo com nosso planeta mas procurar saber as consequências nem todo mundo o faz... gostei muito do texto e uma coisa que queria comentar... também amo gatos e adorei vc os colocar como seres que merecem sobreviver... pra mim entre os animai os gatos são com certeza seres superiores a outros... que tem um sabe como esse serzinho é inteligente e de alma nobre.
Gostei de sua visão que mesmo falando do que se sabe sobre o que pode ou não ocorrer, vc ainda assim passa um certo otimismo a nós... fica aqui registrado que tenho em comum alguns pensamentos sobre e que somos boas pessoas por gostarmos de gatos...

"Nunca confie em quem não gosta de gatos." Provérbio Irlandês

Abraços!