colapsos-1-ac-ab
domingo, 7 de Março de 2010
PERGUNTAS DE UM IGNORANTE A QUEM SAIBA RESPONDER
A IGNORÂNCIA DA NOSSA CIÊNCIA
Comprido e chato, este Inverno 2009/2010 tem sido um bom exemplo de alguns factores que convergem em cascata para multiplicar efeitos que, em crescendo logarítmico, se potenciam uns aos outros.
Um bom exemplo da nossa imensa ignorância de tudo o que nos rodeia, do infinitamente pequeno ao infinitamente grande.
No clima propriamente dito – notam-se mais as alterações drásticas – mas não só no clima: o Planeta Terra está a ser varrido por fenómenos (ou factos) que aparentemente sempre se deram mas que, tudo indica, incluindo as estatísticas, acontecem agora com maior frequência e intensidade.
Sabem-se alguns factos soltos, verificados aqui e ali (há sempre notícia desde que haja mortos) , mas falta e faltará sempre a correlação intercausal entre esses factos e de como se potenciam uns aos outros.
Fazer essa correlação seria tarefa de uma Ecologia alargada que não existe nem poderá existir jamais. É impossível pensar o simultâneo, teria dito Claude Lévy Strauss.
Aos que nada sabem, resta-nos fazer perguntas sobre o pouco ou nada que ainda se sabe.
a) Será que o eixo da terra, como anunciou o radioastrónomo Richard Gross, da NASA, se desloca de alguns centímetros quando acontecem grandes terremotos como o do Chile (Fevereiro 2010) ou de Samatra (2004)? O astrónomo deu números (deslocamento de 8 centímetros) mas veio logo outro – alemão, Rainer King - afirmar que era impossível esse tipo de cálculo. E levou as mãos à cabeça, diz a notícia…Um cientista que discorda de outro cientista faz parte da nossa rotina de ignorantes. Impossível ou não, a pergunta a fazer será: a inclinação do eixo da Terra está a alterar-se ou não? Com ou sem resposta, fica a pergunta.
b) E esta outra: como se prevê que, em consequência do sismo no Chile, seja reactivada a actividade vulcânica (isto para não dizer que a actividade vulcânica é que terá, como primeiro sinal, provocado o sismo), será que uma coisa causa a outra ou ambas são efeito de uma causa que está antes (e provavelmente acima) das duas?
c) Se a Lua, como se sabe, tem influência na crosta terrestre e provoca o regime de marés, porque não haveremos de indagar se a mesma Lua não terá influência na movimentação das placas tectónicas e, portanto, se alguns dos sismos não resultam da conjugação de mais esse facto (factor) , a Lua em fase de Lua Cheia? E, já agora, se à Lua juntarmos um rebentamento nuclear subterrâneo (algures num dos 9 países que os fazem) será que não podemos ligar a bota com a perdigota? Regime de marés e regime de ventos, mais duas incógnitas para esta já complicada equação.
d) Neste contexto, seria grande asneira retomar a hipótese das alterações no campo magnético da Terra, provocadas, por sua vez, por tempestades solares? A ciência diz que, se e quando o campo magnético enfraquece, as radiações solares atingem o Planeta com maior intensidade e frequência.
e) Já agora e já que falamos em camadas de protecção, o que terá a ver o rasgão do ozono com todas estas alterações e em que medida se ligam umas às outras? Rasgão do ozono: causa ou efeito? Ou as duas coisas? Ou nenhuma?
f) Será que o padrão destas tempestades solares – que a ciência calcula de 11 em 11 anos – continua a ser mesmo de 11 em 11 anos ou também esse padrão varia e se altera constantemente por causas que a ciência nem sequer sonha?
g) Quando se juntarem algumas peças deste puzzle, vai ser interessante verificar até que ponto e onde é que entra a treta do aquecimento global e do CO2: será que chega aos dois por cento na avaliação global dos colapsos em cadeia? Se o colapso atingir as grandes redes das quais tecnologicamente dependemos – eléctrica e de telecomunicações, para só citar duas daquilo a que chamamos progresso– talvez a situação seja, no mínimo, um bocado desconfortável: regressarmos de repente não digo à Idade Média mas pelo menos à idade pré-industrial, será que estamos preparados?…
h) A propósito de alterações no ecossistema Terra em vectores que seria suposto só variarem em escalas de tempo muito vastas (milhares, milhões de anos), como vamos ler a notícia (banalizada este Inverno) de que o anticiclone dos Açores se deslocou (?!) , de que os frios siberianos vêm do Árctico e os do Árctico vêm da Sibéria? Nunca se percebe, aí, se as notícias estavam só a falar por metáfora (um frio muito frio será sempre siberiano) ou se algo havia de real nessa deslocação das vagas de frio que por aí passaram na Europa. Afinal, o anticiclone dos Açores desloca-se: ora se posiciona sobre a zona oeste da Europa, como é habitual, mas ao largo, no Atlântico; ora, quando lhe dá na mona, está a sudueste da sua posição média, o que implica que a corrente de Oeste e depressões frontais atinjam a Europa, sobretudo a norte do Golfo da Biscaia, causando chuvas intensas e temperaturas baixas no Reino Unido, Países Baixos e Escandinávia.[Esta informação, do Instituto de Meteorologia em Portugal, é de 2007 (26 de Julho)]
i) Imagens de Washington, coberta de neve até ao pescoço, foram provavelmente imagens só para jornais e telejornais, já que nem sequer se soube quantos dias durou o nevão e o colapso do sistema provocado pelo nevão. Se há colapso de grandes dimensões não convém aprofundar e escrutinar muito os acontecimentos…Aliás, colapso começa a ser uma palavra tabu, tantos são eles e em cascata.
j) Um outro factor, esquecido dos noticiários, este Inverno, é o da corrente do Golfo: se pesquisarmos com o Google, do Golfo só temos notícias de 2008 (Maio e Dezembro) e de 2007 (Agosto). Quando a corrente do Golfo – outra alteração drástica – deixar de moderar o clima da Europa e arredores, provavelmente só o iremos saber muito a posteriori. De momento, continuaremos a tiritar de frio…polar, porque sim e ponto final parágrafo.
k) Enfim, mais uma vez até da listagem dos factos e factores interinfluentes estamos desfasados: quanto mais da sua ligação e intercomunicação. Provavelmente todos se interpenetram e intercondicionam no ecossistema Terra e é impossível ler isso tudo ao mesmo tempo. Como impossível é que tenhamos alguma vez capacidade de relacionar o ecossistema Terra com o ecossistema chamado sistema solar.
l) Última e definitiva dificuldade que nunca iremos superar: a relação primeira e última entre Macrocosmos e o Microcosmos a que os biólogos chamam ADN molecular. De onde viemos e para onde vamos é o que nunca, nunca saberemos.