segunda-feira, 22 de outubro de 2007

transgénicos+ fome

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1946-2007: MEIO SÉCULO DE LUTA

A despropósito ainda do milho transgénico e dos activistas do estilo verde-eufémia, José Júdice, colunista do jornal «Metro» (5 de Setembro de 2007), aproveitou para dizer mal dos ecologistas em geral e para tentar reanimar um morto totalmente morto(1766-1834) Thomas Robert Malthus. E o seu maltusianismo, completamente arrumado e enterrado, diga-se, pelo biologista, sociólogo e político Josué de Castro, em obras que estão hoje mais vivas do que quando foram publicadas, na segunda metade do século passado: Geopolítica da Fome, O Livro Negro da Fome, O Ciclo do Caranguejo e Geografia da Fome.
Ainda não há muito tempo, Luísa Schmidt, socióloga e especialista na área do Ambiente, rendia grandes elogios a este autor, um dos pensadores fundamentais da Idade Moderna. E considerava o livro «Geografia da Fome» o livro que mais a marcou.
Outros, mesmo não sociólogos, poderiam dizer o mesmo.
Josué de Castro foi voz de uma geração.Quando o Terceiro Mundo, a Fome e a Pobreza ainda eram tema de conversa. E de luta. E de combate. E de ódio ao poder que eterniza a miséria.
Que pena o colunista José Júdice, que de vez em quando diz umas coisas acertadas, não se ter lembrado deste autor e das suas obras fundamentais sobre as causas estruturais da fome.
Em vez disso, desenterra conversas antigas, do tempo em que os animais falavam e em que a famosa teoria de Malthus fazia carreira para pôr os ecologistas a ridículo.
Por causa dos transgénicos e dos activistas do verde Eufémia, ele não hesitou em reanimar o que já tinha sido definitivamente arrumado por Josué de Castro.
Escreve o articulista:
«A humanidade não morreu à fome porque o progresso da química, da biologia e da agronomia produziu nos últimos 15 anos adubos, pesticidas e novas plantas capazes de alimentar o planeta.»
Curiosamente, não invoca a explosão demográfica que era o grande cavalo de batalha dos malthusianos.
O dilema não é, como José Júdice falaciosamente afirma, entre agricultura química (com pesticidas, adubos químicos, transgénicos e etc) e agricultura biológica.
Qualquer das duas é, a médio e longo prazo, insustentável: o que qualquer ecologista sensato defende é uma «agricultura sustentável» e não uma agricultura «biológica» para elites.
Não vale a pena manter antigas falácias para continuar a indrominar a malta.
Mais adubos químicos, mais pesticidas, mais transgénicos, mais biocombustíveis hão-de significar sempre mais fome. Ponto final parágrafo.

RETROSPECTIVA CONFIRMATIVA:
http://pwp.netcabo.pt/big-bang/gatodasletras/casulo1/josué.htm

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