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ALMADA E SINTRA: O POVO CONTRA O PROGRESSO ELÉCTRICO
Duas notícias do dia 3 de Outubro de 2007:
«Supremo manda desligar Linha de Muito Alta Tensão»
«REN contesta Supremo e mantém Linha».
Mais: «REN insiste na relevância social da linha e lembra que a subestação de Trajouce alimenta 300 mil clientes.»
Temos aqui os dados clássicos e tradicionais de um «paradoxo», de um «beco sem saída», de um «ciclo vicioso», de uma contradição não dialéctica»: uma vez construída a Linha Aérea de Muito Alta Tensão entre Fanhões e Trajouce (concelho de Sintra) , uma vez o facto consumado os argumentos são sempre os mesmos:
a) Uma linha subterrânea teria custos incomportáveis e nessa altura a comunidade também não estaria disposta a pagar o preço dessa electricidade;
b) Se agora, depois de construída a desligam, a LAMAT irá afectar, pelo menos, 300 mil clientes, o que obviamente também ninguém quer.
Ainda não é, portanto, o epílogo do confronto – Povo contra REN (Rede Eléctrica Nacional) - mas deve ser o penúltimo acto e já se antevê como vai ser o final da tragédia.
Que, por agora, ficará como acto exemplar a ponderar pelas autoridades que decidem sempre em cima das populações sem perguntar primeiro se podem e devem.
Como não se sabe ainda o fim da história (embora já se saiba) relembro episódios anteriores.
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EFEITOS DOS CAMPOS ELECTROMGNÉTICOS
9. Novembro.2006, in «Diário de Notícias» :
1.Estudo sobre radiações está na gaveta há um ano – Apesar da incerteza científica sobre o efeito das linhas de alta tensão na saúde humana, apesar das recomendações da Organização Mundial de Saúde para se investir no estudo dessa problemática e apesar do aumento dos protestos das populações , a REN nunca avançou com um projecto de investigação que ela própria encomendou.
2.A REN tem na gaveta uma proposta de «estudo sobre os eventuais efeitos biológicos dos campos electromagnéticos» desde Setembro de 2005.
3. Para a Associação Portuguesa de Empresas do Sector Eléctrico (ELECPOR) «este não é um projecto prioritário». O que dito com palavras mais simples se traduz por: para as empresas do sector a saúde da malta não é, nunca foi nem nunca há-de ser prioritário: especialmente se nenhum deles mora lá debaixo.
4. Este estudo estima-se em 25 milhões de euros e pode comparar-se ao que custa a «requalificação ambiental da Tejo Energia, por exemplo, que irá custar 170 milhões de euros e será suportado pelos consumidores através da tarifa eléctrica ao longo de 20 anos. »
5. Se juntarmos a isto tudo os custos de uma rede subterrânea, não sei se o orçamento geral do Estado daria para pagar tanto progresso.
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CANCRO E POSTES DE ALTA TENSÃO
Nuno Teixeira, coordenador do departamento de Física da Escola Superior de Tecnologia da Saúde, explicou à Lusa que há «evidência científica» de que a presença de uma corrente eléctrica muito forte pode levar ao «aumento de patologias do foro oncológico», por aquela poder originar campos electromagnéticos elevados.
Eu bem me parecia que sim, mas ainda bem que a ciência confirma evidências do senso comum.
Já não confirma outra evidência, os efeitos nefastos para a saúde dos telemóveis.
«Não estão provados cientificamente» - diz o próprio Nuno Teixeira .
Teremos que esperar, pois, que a ciência confirme o óbvio.
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O POVO (EM ALMADA) CONTRA O PROGRESSO
Moral da história: mais uma vez se verifica que o público não quer uma obra decretada como de «interesse público».
Contradição do sistema?
Ciclo vicioso?
Buraco sem saída?
Seria apenas mais um.
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A VOZ DO POVO ( In «Portugal Diário», 2007/09/07):
««PROTESTO CONTRA LINHA DE ALTA TENSÃO
««MORADORES CONSIDERAM QUE MEDIDA É ILEGAL E PREJUDICIAL PARA A SAÚDE DOS HABITANTES
Moradores da urbanização Quinta de São Macário, Almada, irão manifestar-se sábado contra a construção da linha de muito alta tensão junto ao local, considerando que a medida é ilegal e prejudicial para a saúde dos habitantes.
Bruno Silva, morador da urbanização, disse à Agência Lusa que alguns postos desta linha de muito alta tensão ficarão situados a 30 metros das habitações e a 100 metros do colégio Campo de Flores, uma escola com cerca de mil alunos, o que «põe em causa a saúde dos moradores e dos alunos do colégio».
Esta linha de muito alta tensão, a cargo da Rede Eléctrica Nacional (REN) pretende fazer a ligação entre as subestações de Fernão Ferro, no Seixal, e da Trafaria, em Almada, estando prevista a sua entrada em funcionamento a partir do início de 2009.
Os moradores envolvidos no protesto acusam a REN de estar a realizar a obra ilegalmente, visto que o terreno onde ficará situado o posto mais próximo da Quinta de São Macário «estava destinado a espaços verdes, como consta no alvará de loteamento aprovado pela Câmara».
Nesse sentido, a Câmara Municipal de Almada embargou a obra iniciada no início do mês de Agosto no passado dia 24 por considerar que «as obras isentas de licenciamento ou autorização devem contudo observar as normas legais e regulamentares que lhes forem aplicáveis».
«Verificaram os serviços que o poste está a ser implementado na parcela C, que por força do alvará de loteamento emitido pela Câmara Municipal de Almada foi cedida para o condomínio privado e de acordo com esse mesmo alvará se destina a zona verde de utilização colectiva», pode ler-se no documento encaminhado pela autarquia para a Direcção de Planeamento e Administração do Território.
O protesto agendado para sábado pretende «dar conta das ilegalidades que têm acompanhado este processo e mostrar o quanto esta instalação, tão próxima de focos populacionais, é inadmissível», declarou Bruno Silva.»»
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
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