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CORRIDA CONTRA O TEMPO:
A META ESTÁ PRÓXIMA
Carlos Varandas, catedrático do IST, sobe ao podium e será o presidente do Conselho de Administração do consórcio europeu para o projecto ITER, a maior experiência mundial de fusão nuclear.
Uma glória para Portugal, agora que recebemos a triste notícia (via Saramago) de que iremos, dentro de meses, fazer parte, como província, de Madrid.
Não faço ideia do que seja a (con) fusão nuclear e o ITER mas deve ser giro e caber em pouco espaço. Quiçá nos amplos terraços do IST, ali ao cimo da Alameda D. Afonso Henriques, fundador da nacionalidade. Em último caso, porque não em Marte?
Haverá com certeza alguém, no âmbito da Ambio, capaz de nos explicar em pormenor o que significa todo esse progresso desse projecto: «demonstrar cientifica e tecnicamente a viabilidade da energia de fusão e testar a operação simultânea das tecnologias necessárias para o operação de um reactor nuclear de fusão».
Voltamos a ser pioneiros e aí está o reactor de Sacavém a provar de que antes de o ser já o éramos. Faz cá falta é o Kaulza de Arriaga, um dos grandes fundadores da Pátria logo seguido do D. Afonso Henriques.
Para Carlos Varandas, o novo cargo é motivo de contentamento, já que traz «prestígio ao País e também algumas vantagens em termos de contratos»: bem me parecia que a vertente comercial estava à espreita neste grandessíssimo projecto de alta investigação científica.
Resta dizer que o reactor de (con) fusão nuclear não tem data marcada para a inauguração mas tudo se prepara para arrancar em breve: se o acelerador de partículas cabe na Suíça, porque não há-de o tal da fusão caber em território ainda português e já que estamos com o pé no lado espanhol.
Entretanto, a exaltar estas glórias euro-patrióticas, continuam chegando notícias de desastres com centrais nucleares já velhotas e a cair da tripeça: uma no Japão (culpa do sismo de grau 6,8 ) e outras duas das 17 na Alemanha, como lembrava José Carlos Marques na Ambio.
Só discordo do José Carlos em uma coisa: o nuclear não treme, nunca tremeu nem nunca tremerá: está de pedra e cal. Quando cair cai de vez e em monobloco. Como, é o que eu lhe posso dizer particularmente e em privado. Nunca aqui.
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Uma senhora, Susana Costa Xara , atalhou a notícia de J.C.M. e põe uma questão pertinentíssima : uma coisa é um projecto e outra coisa é um projecto. Pergunta SX:«foi decidido ontem a criação desse grupo ou foi divulgada ontem a intenção de criar esse grupo?»: eis a dúvida hamlética que se põe e que ditará os destinos da Humanidade.
De facto, nada como sermos rigorosos nos termos científicos.
Fica nebulosa (como sempre) é a posição de Susana Costa Xara, da UCP, relativamente ao Nuclear em geral e a alguns nucleares em particular.
É que hoje, caríssima ambionauta, já não é tempo de talvez, pois, antes assim, mas, mas, mas. Hoje já não há meio termo, não há prós nem contras, não há pois vamos lá a ver se ...
É obrigatório – por questão de consciência e de vergonha na cara – que as pessoas se filiem num dos lados: quando chegar a hora da verdade queremos saber quem contribuiu para a catástrofe e quem colaborou, nos bastidores ou na boca de cena.
Quem cá ficar, pelo menos, e sobreviver ao holocausto que tanta gente ilustre, diplomada, académica, doutorada continua a acarinhar, dizendo amen a toda a patifaria.
É tempo de responder: sim ou não.
Quando chegar a hora não se esqueçam de meter o Saramago no refrigerador do reactor: de fusão ou de confusão, tanto faz. Demos o seu a seu dono.
Vale a pena transcrever a mensagem de Susana Costa Xara, da UCP, já que ilustra a vertente sempre mais importante nestes assuntos de ambiente: a vertente mercantil, investimentos, reforço de investimentos, dotações orçamentais, com piscadelas de olho ao Estado que fornece as massas para estes festejos.
Eis a mensagem de SX: «« Caro José Carlos:É interessante como faço uma leitura tão diferente da notícia que refere!É claro que perante incidentes deste tipo o presidente do grupo alemão não poderia ter outro discurso - lamentar o sucedido! Dizer que o futuro da energia nuclear sofreu um rude golpe evidencia esse lamento e alerta para a necessidade de mais empenho (incluindo mais investimentos) para o futuro desse tipo de energia, se queremos que haja mais segurança.Quanto ao facto de "ontem a Comissão Europeia ter decidido criar um Grupo de Alto Nível para a Segurança e a Gestão dos Resíduos Nucleares", parece-me que reforça a posição da CE face à energia nuclear. Mas tenho uma dúvida: foi decidido ontem a criação desse grupo ou foi divulgada ontem a intenção de criar esse grupo? Não acho razoável que a CE divulgue as suas intenções sem as trabalhar e estudar primeiro. Não sei qual a sua opinião mas para mim faz toda a diferença.Cumprimentos.SX»»
quinta-feira, 19 de julho de 2007
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