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BIODIESEL E BIOETANOL À ESCALA GLOBAL
Realizado o encontro empresarial, no âmbito da Presidência Portuguesa, Luís Naves deu a notícia, no «Diário de Notícias» (5 de Julho de 2007) e que reproduzo na íntegra mais adiante.
Para já o núcleo da questão:
«Como sublinhou Durão Barroso, o investimento europeu no Brasil é maior do que o somatório do investimento europeu na China, Índia, Rússia e África do Sul. Na plateia estavam os representantes de empresas que representam uma fatia substancial do PIB português e brasileiro.»
A notícia mais importante, depois de Tchernobyl e Three Mile Island, corre o risco de ficar, dentro de alguns minutos, diluída no meio da algazarra mediática que rodeia os eventos políticos & diplomáticos.
Disfarçada nas páginas de Economia, Comércio e Finanças.
Convém ir descobri-la, em rodapé de página, porque temos aí uma boa e grande parte do futuro que espera o Planeta Terra no próximo futuro. Caso haja futuro, evidentemente.
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As notabilidades que rubricaram politica e diplomaticamente este acordo empresarial tornam-se moral e automaticamente responsáveis pelas consequências planetárias do Etanol industrial.
A Europa reencontra a sua vocação colonizadora e Portugal, através de Durão Barroso, a sua missão navegadora, de grande transcendência metafísica: de um lado, o parceiro Lula-Brasil, do outro lado China, Índia, Rússia e África do Sul. Europa-Charneira que nunca enferruja.
Não se trata propriamente de pequenos países nem de uma área regional abrangida: é um acontecimento à escala global e de consequências globais.
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Ficamos todos à espera que alguém com pergaminhos no Ambiente venha esclarecer o Mundo das consequências a médio prazo deste gigantesco plano de comércio e indústria.
Onde, como e quando vão ser feitas as plantações necessárias como matéria-prima a este mega-projecto industrial?
E quais plantações?
Até que ponto se vai produzir ainda mais CO2 com o pretexto ridículo e gozador de que os biocombustíveis são para combater o CO2? (José Amoreira já explicou na Ambio esse assunto).
Quantas e quais áreas vão ser retiradas à agricultura ou à Floresta para cumprir compromissos de exportação?
De que maneira vão as culturas esgotantes (necessárias como matéria-prima) contribuir para a desertificação, a seca, as alterações climáticas e a fome mundial?
Quantas e quais áreas da Amazónia vão ser anexadas?
O que pensam os povos daqueles cinco países deste grandioso plano que é o Etanol Industrial?
Lula, nesse ponto, deixou bem claro as ambições do Brasil: «o gigante sul-americano quer tornar-se na Arábia Saudita dos biocombustíveis».
Deve ter para isso mandato popular.
Mas do que todos ficamos mesmo à espera é da opinião de um especialista em Meio Ambiente e ninguém melhor do que o Viriato Soromenho Marques para nos esclarecer sobre os parâmetros e meandros ambientais deste «caos programado».
Esperamos que nos esclareça.
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Quase se poderia dizer que a presidência portuguesa foi para conseguir este encontro empresarial. O tratado e outras abstracções metafísicas parece até um pretexto para justificar o que custa ao Estado português este glorioso evento: como destacava o «Destak» – que é agora o melhor jornal português, desde que Isabel Stilwell assumiu a direcção – «a Presidência da União Europeia custará, aos cofres do Estado, 51 milhões de euros. Os gastos dividem-se entre hotéis, transportes, remodelação do Pavilhão Atlântico, orçada em 31 milhões, e, ainda, acções diplomáticas. 45 milhões são transferidos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo os restantes seis milhões divididos por outros ministérios.»
Entrando em linha de conta com os subsídios que o Estado Português recebeu da Europa, haja alguém, entendido em números, que faça esta contabilidade para ver quem fica a ganhar e a perder. Ou o assunto não é de Ambiente?
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Recorde-se que o Brasil – a Arábia Saudita dos Biocombustíveis - deverá construir, em média, uma unidade de produção de etanol por mês, até 2013.
Não é por dia, é por mês.
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Agora a notícia de Luís Naves, no «Diário de Notícias», 5 de Julho de 2007
««Biocombustíveis dominam encontro empresarial
"No Brasil, plantamos os combustíveis do futuro", afirmou o Presidente Lula da Silva, ontem, na intervenção que fez numa cimeira empresarial que decorreu na FIL, ao lado do Pavilhão Atlântico, um pouco antes de começar o encontro político entre europeus e brasileiros. Numa frase, o presidente do Brasil explicava um dos interesses económicos em jogo: o gigante sul-americano quer tornar-se na Arábia Saudita dos biocombustíveis.
Como sublinhou Durão Barroso, o investimento europeu no Brasil é maior do que o somatório do investimento europeu na China, Índia, Rússia e África do Sul. Na plateia estavam os representantes de empresas que representam uma fatia substancial do PIB português e brasileiro.
Lula falou da questão do comércio internacional, mas também explicou o que o seu país tinha para oferecer: crescimento rápido, sem inflação; influência no Mercosul (o bloco comercial sul-americano).
O presidente brasileiro lamentou as "oportunidades perdidas", numa referência ao "milagre brasileiro", quando a economia do seu país crescia a 14% ao ano. "Mas faltava a liberdade e, no final, os ricos tinham ficado mais ricos e os pobres tinham ficado mais pobres", disse Lula, ao acrescentar que agora seria diferente.
O Brasil pode fornecer em larga escala biodiesel e bioetanol. E, para a Europa, estes produtos permitirão reduzir a dependência em relação à energia importada da Rússia e Médio Oriente, além de serem menos poluentes: o dióxido de carbono produzido pela queima é compensado pelas plantas. Os biocombustíveis encarecem os produtos agrícolas, mas serão úteis para cumprir as metas ambientais dos países ricos. - L. N. »»
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1 comentário:
Caro Afonso, entendo as suas preocupações em relação ao uso de biomassa e em certa medida partilho das suas opiniões em relação aos problemas do Ambiente. No entanto, não percebo a afirmação de que a queima de biomassa tem um efeito de incremento no balanço de CO2 atmosférico.
cumprimentos.
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