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ECOLOGIA DO TRABALHO, ECOLOGIA HUMANA: A QUADRATURA DO CÍRCULO
Ecologia do trabalho consegue ser notícia do dia, em 30 de Julho de 2007, na RTP Memória , num espaço intitulado «O País em Memória», de inspiração claramente abrilista: antes do 25 era tudo mau, depois do 25 é quase tudo muito bom.
O ambiente de trabalho põe em questão uma coisa muito mais inconveniente: a sociedade industrial e o chamado progresso tecnológico . Sem saída. Daí que o tema seja inabordável em jornais, telejornais e fóruns de discussão.
Nem irónico, nem trágico, nem inesperado que o ambiente de trabalho seja notícia na dupla memória de um canal de televisão. A rotina dos silêncios, antes e depois do 25 de Abril, caracterizam as questões de Ambiente que bem podemos considerar, face à ideologia bem pensante e ao politicamente correcto, as «verdades inconvenientes».
Uma breve resenha dos itens ouvidos na RTP Memória diz bem o que eu quero dizer quando falo de ecologia humana e seus tabus, de ecologia do trabalho como um dossiê de todos os silêncios:
Aceleração dos ritmos de trabalho
Capacetes
Decibéis ensurdecedores
Indústria Metalomecânica
Luvas
Petroquímica
Pirites de Aljustrel
Pneumoconioses
Poeiras
Problemas oftalmológicos
Protecção individual do trabalhador
Protectores auriculares
Silicose
Surdez profissional – segunda causa de invalidez
+
Outro tema - o mais tabu de todos - podia lembrar-se:
Cancro profissional
+
Em vez de querer tapar o sol com uma peneira é talvez mais honesto reconhecer a «quadratura do círculo» , o «beco sem saída» e assumir:
que toda a sociedade industrial, capitalista e anti-capitalista, está em causa (antes da Queda do Muro de Berlim, podia-se dizer a Leste e a Oeste)
que a engrenagam industrial é um beco sem saída
que as medidas «de protecção individual »(luvas, capacetes, auriculares) em ambiente de trabalho hostis são perfeitamente inconsequentes quando não são impraticáveis
que os acidentes de trabalho são apenas números de uma estatística
que um médico do trabalho (mesmo quando existe) nada pode fazer além de verificar a doença (silicose, asbestose, pneumoconiose, etc)
que os seguros pagos ao trabalhador são irrisórios
que as pensões de invalidez são para morrer e não para viver
que os ritmos de trabalho são determinados pela lógica da competição industrial e são quase sempre de enlouquecer
que os «Tempos Modernos» de Charlie Chaplin continuam a ser actuais e que de facto temos uma escravatura moderna
terça-feira, 31 de julho de 2007
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