domingo, 1 de agosto de 2010

JOEL DE ROSNAY ENTRE PARÊNTESIS




1-3 quarta-feira, 23 de Abril de 2003-rosnay-1-ie-ls>

NOTÍCIAS DA GUERRA: A ECOLOGIA ORDINÁRIA DE JOEL DE ROSNAY (*)

[(*)Este texto de Afonso Cautela ficou inédito, graças a Deus, e pode ser datado do ano 1977, atendendo ao livro que comenta

(*) Comenta-se neste artigo o livro de Joel de Rosnay, O Macroscópio - Para Uma Visão Global, Ed. Arcádia, 1977]

Fora do M.I.T. não há salvação...
É mais ou menos esta a moralidade a retirar de livros como o de Joel de Rosnsy, que depois de criticar severamente a ciência pré-M-I-T., preconiza evidentemente a salvação no seio dos pressupostos e das teses dele (Instituto de Tecnologia de Massachusetts ) emanadas.
O famoso relatório "Os Limites do Crescimento" foi, à laia de manifesto, o primeiro convite para que todo o Mundo entrasse na solução proposta.
À parte as distorções que jornalistas desatentos fizeram da tese fundamental do M.I.T., - o "crescimento zero" ainda hoje retine como a mais polémica – é evidente que o relatório seria susceptível de críticas que nunca se fizeram porque relevavam de um salto "qualitativo" entre dois padrões de cultura (ou de ciência), ultrapassando, assim e, portanto, a mera análise economicista entre diferentes ideologias e políticas económicas.
Fazendo-se eco, tal como o relatório do M.I.T., do desencanto que as limitações cada vez mais reconhecidas pela ciência vieram instalar entre os próprios cientistas, o autor de O Macroscópio (*) propõe uma revisão da metodologia que tem presidido à ciência e sua proliferação até ao infinito ... microscópico.
Propõe uma visão macroscópica, portanto, por contraste à subdivisão ou atomização verificada na ciência analítica e que se generalizou a todos os recantos da sociedade industrializada e tecnologicamente refinada.
Joel de Rosnay, aliás, sabe que vem na onda, sabe-se embalado numa vaga de fundo que por toda a parte se verifica, como reacção àquela atomização: por toda a parte se "montam serviços de incêndio" procurando, de uma maneira ou de outra, combater e obviar às mais fortes e chocantes contradições a que a pulverização dos conhecimentos científicos conduz:
"Fala-se hoje muito da importância de uma "visão de conjunto" e de um "esforço de síntese". Atitudes consideradas necessárias para superar os grandes problemas do mundo moderno. Infelizmente, não nos parece que a educação que recebemos nos tivesse preparado para tal. Basta passar os olhos pela lista das disciplinas universitárias: fragmentam a natureza em outros tantos compartimentos estanques... " (pg. 10/11 da obra citada)
Neste sentido, a abordagem "macroscópica" - ou sistémica, como diz o autor puxando à sua numenclaturazinha tecno-arrevesada - tem muitos pontos de contacto e semelhança quer com a abordagem ecológica, quer com a análise energética, quer com a informática, pois, tal como estas, também procura relacionar e religar as partes e / ao todo, o todo às partes e as partes entre si...
É o que se chama, nos meios universitários, um esforço interdisciplinar.
É o que se chama, nos meios proletários, a quadratura do círculo...,
É o que se chama, entre ecologistas do centro, um projecto de síntese.
Consiga ou não o seu desideratum, na prática, e quer o macroscópio seja mais um instrumento lendário de ciência-ficção ou uma realidade corrente dos laboratórios do futuro, fica a crítica que o autor realiza a um sistema científico sem futuro, cujas aberrações já não é possível ocultar e que os próprios funcionários, devidamente bem pagos, se estão especializando em contestar. Como Joel de Rosnay. Para recuperar de novo o sistema...
Para dar o tom subversivo que sempre agrada às massas, não deixa o autor de ter sobre alguns críticos radicais da ciência - instituição paradigmática entre todas as instituições - como Wilhelm Reich e Ivan Illich, mas a sua argumentação repousa, evidentemente, sobre os seus mestres do M.I.T., principalmente Meadows e Matthews, de onde retira os fundamentos religiosos da sua "ruptura" aparente com o sistema.
Para este tipo de eco-reformismo tem Michel Bosquet um epíteto nada meigo: Bosquet lança-lhes o rótulo de eco-fascismo, soma e segue.
Não sei se é caso para tal violência de epíteto mas é evidente que se não trata em Rosnay de Ecologia no sentido selvagem, militante e prático mas de uma Ecologia com canudo, de uma nova arquitectura ou engenharia extraordinariamente sofisticadas e que na cibernética, na Informática e na Sofística vão repousar.
Em autores como Rosnay, a crítica da ciência ordinária não vai dar à ciência iniciática mas vai contribuir para refinar, sofisticar e remitificar a tecnologia que os induz àquela crítica.
Como diz o autor:
" Esta crítica fundamental dirige-se hoje de maneira difusa, ao progresso técnico - às finalidades da investigação ou do crescimento. De onde essa atitude extrema, anti-ciência, anti-tecnologia, anti-racional, que se encontra em tantos campus universitários.
" Uma tal crítica da razão conduz muitas vezes a atitudes extremistas ou ingénuas. Mas estas atitudes denotam uma vontade de abertura ao subjectivo. É aquilo que os observadores traduzem por vezes por "fuga" para o irracional ou para o misticismo. A inclinação pelas religiões orientais, pela astrologia e pela magia, a redescoberta de Jesus, e até mesmo uma espécie de panteísmo ecológico que termina num "eco-culto" - devoção pelos grandes ciclos naturais."
Se este discurso não é eco-fascista como não hesitaria em considerá-lo Michel Bosquet, tem pelo menos um dos seus ingredientes mais comuns, o paternalismo misto de safardanice envolta em palavrinhas doces com estricnina dentro.
Metendo a ciência iniciática no saco das "religiões", o autor finge ignorar que não há só uma ciência mas que as práticas e ciências de raiz iniciática, como o yoga , as artes marciais, o zen, o tao, a macrobiótica, etc., não só se apoiam na mais rigorosa "ordem do universo", numa poderosa cosmologia, numa recriação monista do ecossistema, não só dispensam totalmente a ciência ordinária e constituem para ela a única alternativa possível e capaz, como são cientificamente superiores trinta vezes a esta ciência ordinária dos rosnantes Rosnay.
Como dizia André Breton da literatura, não há dúvida que a Ecologia leva a tudo.
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(*)Este texto de Afonso Cautela ficou inédito, graças a Deus, e pode ser datado do ano 1977, atendendo ao livro que comenta

(*) Comenta-se neste artigo o livro de Joel de Rosnay, O Macroscópio - Para Uma Visão Global, Ed. Arcádia, 1977■

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rosnay-2-ls-ie> domingo, 29 de Dezembro de 2002-scan


ESCOLA ECO-ENERGÉTICA NA UNIVERSIDADE NOVA?

[Depois de 1975, única data possível ... ] - A tradução em português do livro "O Macroscópio”, de Joel de Rosnay, vem relembrar-nos que a escola Eco-energética do MIT (o conhecido instituto de Massachussets) não é entre nós um ausente e que alguns técnicos ou pensadores que neste momento se ocupam e preocupam, em novas universidades novas, com as relações energéticas entre Ecologia e Economia, por lá passaram ou de lá receberam forte influxo informativo e formativo. Influxo energético...

Registemos o interesse que o Prof. Delgado Domingos tem consagrado à análise energética e a forma como o seu pensamento de técnico em Termodinâmica evoluiu até a descoberta das alternativas ou fontes infinitas do Futuro.

Não esqueçamos que o prof. Gomes Guerreiro, secretário de Estado do Ambiente no I Governo Constitucional, já em 1953, na sua obra "A Floresta na Conservação do Solo e da Água” defendia teses muita próximas da análise energética e que a sua passagem pela escola norte-americana da Califórnia não foi por acaso.

Também o Prof. Cruz de Carvalho, hoje em Portugal, a leccionar no Instituto Universitário de Évora, foi o primeiro no estudo entre Energia e Agricultura, Ecologia e economia Agrária, tendo trabalhado em universidades da Califórnia.

E outros citaríamos, de gosto, se a memória nos ajudasse. Ou viremos a citar, se alguém tiver a gentileza de nos escrever, indicando mais casos que nós ignoremos. ■
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16-12-1998

SUBLINHADOS DO LIVRO «A HISTÓRIA MAIS MARAVILHOSA DO MUNDO»

Todos os organismos são feitos de carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio e a sua fonte de energia, o sol.
Joel de Rosnay

O carbono (...) pode conduzir os electrões de ponta a ponta das suas cadeias, o que de certa maneira prefigura as redes nervosas e as redes de comunicação electrónicas.
Joel de Rosnay

Outrora não se sabia que as moléculas eram feitas de átomos nem que as células eram feitas de moléculas.

Um organismo composto de células especializadas resiste melhor do que um conjunto de células idênticas, porque pode responder de diferentes maneiras às agressões do ambiente, o que lhe dá mais hipótese de sobrevivência.
Joel de Rosnay

Os sistemas monolíticos acabam sempre por desaparecer.
Joel de Rosnay

Um cristal não vive, reproduz-se mas não fabrica energia.
Joel de Rosnay

Um organismo vivo é um sistema capaz de assegurar a sua própria conservação, de se gerir a si próprio e de se reproduzir.
Joel de Rosnay

Somos verdadeiramente feito de poeira das estrelas.
Hubert Reeves

A centena de elementos atómicos que conhecemos na natureza, foram produzidos nas estrelas.
Hubert Reeves

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