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NOTÍCIAS DA ÁGUA: EUCALIPTOS & COMPANHIA
Água, deserto, erosão, seca e dilúvio alternados, assoreamento, eutrofização, fogos, desarborização, mirtáceas, são apenas algumas peças de um «puzzle» nunca terminado e cada vez mais difícil de terminar. Provavelmente só terminará no fim.
Mais um «beco sem saída» a que nos conduziu a sociedade baseada, sem ética e sem lei, nas energias e tecnologias hiperpoluentes. Ou nas indústrias devastadoras de matérias-primas vegetais. Ou num conceito de desenvolvimento que é apenas subdesenvolvimento, um conceito de progresso que é apenas retrocesso.
Mais um ciclo vicioso.
A famosa e famigerada «revolução industrial» nunca deixou de ser, em dois séculos, a mais refinada e permanente reacção, o que alguém já designou «retrocesso do progresso», o «desenvolvimento do subdesenvolvimento»
Mas graças a Deus que os cientistas têm agora um programa de trabalho (de Investigação e Desenvolvimento ao que creio) sob a sigla Plano Nacional para as Alterações Climáticas e que, enquanto não dá frutos (enquanto não apresenta resultados sob forma de relatório final) já deu ocasião a uma interessante reportagem nesse programa único na televisão e que se chama «Biosfera» (22 de Agosto de 2007).
Estes elogios todos é a ver se eles me citam o blog na resenha que costumam fazer dos blogs mais «biopositivos» como diz a simpática apresentadora, Maria Grego.
É sempre bom a gente saber o estado da Nação em matéria de território e meio ambiente.
Ele são as secas cada vez mais frequentes (como os meteorologistas insistem em prever), ele são os dilúvios também cada vez mais frequentes.
Ele é a «excessiva» desarborização para recolha de madeira (importamos a maior parte para mobiliário, devido à falta de qualidade da que temos).
Ele são os incêndios «casuais» que lá nos levam mais uns hectares de pinhal.
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Tudo isto o «Biosfera» recordou, mesmo aos mais pitosgas como eu.
Faltou apenas recordar que:
a maioria dos incêndios não são por acaso mas sistematicamente planeados e programados;
as mais recentes notícias deste Verão anunciam fogos nas chamadas «zonas protegidas» (protegidas de quê e por quem?).
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Notícias da água recentes e sem comentários:
«O funeral do piloto de combate a incêndios, que morreu na sexta-feira, realizou-se ontem à tarde em Lisboa. O corpo de Luís Cunha, que tinha 56 anos, foi cremado no cemitério do Alto de S. João.» (7 de Agosto de 2007)
«Vários incêndios assolaram ontem o País, destruindo milhares de hectares e provocando ferimentos em bombeiros. O maior fogo deste ano, que consumiu mais de dois mil hectares, estendeu-se nos últimos dois dias pelos concelhos de Abrantes, Sardoal e Monção».
«Um incêndio no Parque Natural do Vale do Guadiana, que deflagrou às 10.00, consumiu pelo menos 200 hectares, disse o presidente da Câmara local, Mértola» ( 21 de Agosto de 2007)
«Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) , até ontem o fogo tinha percorrido 1.400 hectares dentro da Rede Nacional de Áreas Protegidas, mais de 20% do total ardido.» (23 de Agosto de 2007)
Quando eu era ainda mais pequeno do que sou hoje, acreditava que as «áreas protegidas» eram protegidas exactamente para os fogos que as haviam de comer.
Guardado está o bocado, não é verdade?
E quem pode estar interessado em comer eucaliptos, se a madeira para mobílias é quase toda importada?
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Dos pepinos celulósicos vindos da Austrália e da Tasmânia (vulgo, eucaliptus globulus) se falou também no Canal 2, atribuindo-lhes algumas culpas na desertificação. Se o Canal 2 o diz, é capaz de ser verdade.
Nas herdades por onde andei, em reportagem d’«O Século» sobre a Reforma Agrária dos anos 70, o menos que os agricultores chamavam ao eucalipto era «esse fascista dos campos». E tudo por causa da água que – diziam eles – o eucalipto bebe com as suas quase quilométricas raízes, a parte oculta do icebergue.
A importância do eucalipto é definitivamente confirmada com esta notícia de Julho passado:
«Consórcio internacional, que integra 130 cientistas e duas dezenas de centros de investigação de 18 países, lançou projecto de estudo genético do eucalipto. Objectivo é melhorar qualidade da árvore e da floresta.» (10 de Julho de 2007)
Ingenuidade dos 130 cientistas: pepino celulósico não é árvore e um conjunto de pepinos celulósicos não é floresta.
Ingenuidade minha: aquilo em que os geneticistas pegam, nunca mais largam.
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Resumindo e concluindo:
No «pepino celulósico» (da família das Mirtáceas, ao que consta) temos o interface perfeito para as várias questões convergentes no tema da água, e que podemos recapitular:
Erosão, alternância de secas e dilúvios, eutrofização de lagos e lagoas, litoral desdentado, rios assoreados, coberto vegetal rarefeito, desarborização, desertificação física e humana, autotanques para levar água às populações, etc
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Já agora, recorde-se:
Com quase 700 mil hectares, o eucalipto é a terceira «árvore» que mais terreno ocupa na «floresta portuguesa», que contabiliza ao todo 3,3 milhões de hectares, ou seja, 38% do total do território nacional, de acordo com o último inventário do ano de 2006.»
Notícias ainda a registar:
«Madeira nacional só cobre metade da procura das celuloses.» (2 de Fevereiro de 2007)
«Madeira mais cara tenta compensar queda na oferta.» (27 de Maio de 2007)
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Foi dito ainda no Canal 2 (22 de Agosto de 2007):
«Eucalipto empobrece os solos em matéria orgânica»
«Espécies vegetais com valor económico»
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
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1 comentário:
Veja http://www.cgul.ul.pt/pm/Siam2_Clima.pdf e principalmente na pág. 12 pode ver que a temperatura aumentou 1,5ºC nos últimos 30 anos.
E aprox. 2ºC nos últimos 60...
D~e também uma vista de olhos por http://www.siam.fc.ul.pt/siam.html
Não se esqueça de manter um espírito aberto no que refere a "projecções" para daqui a X anos...
Não compreendo bem a sua posição. Está mais preocupado com alterações climáticas, eventualmente significativas, no longo prazo, ou as prioridades estão trocadas e devíamos estar a lutar contra as desarborizações (e arborizações) selvagens, a poluição da água, das partículas do arem suspensão, o desordenamento, etc, etc.?
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