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ECOLOGIA ALIMENTAR E ARTE DE VIVER
Nem sempre a estatística é a arte mais científica de mentir. Por vezes, acerta nas questões importantes. É o caso, agora, no campo da ecologia alimentar:
«Existe apenas um nutricionista por cada 183 mil portugueses» - dizia a notícia, in «DN», 9 de Agosto de 2007.
É pouco. O ideal seria mesmo que houvesse um nutricionista para cada português. O que, aliás, não é impossível e há muito que vem a ser defendido por militantes do movimento ecológico, que não são, nem pouco mais ou menos, nutricionistas profissionais. Nem irrealistas.
Os que há – professores de macrobiótica, por exemplo – vêem-se em palpos de aranha para convencer os pacientes a adoptar o regime alimentar correcto, aquele que previne maleitas e pode curar outras tantas.
Curar e não apenas tratar.
A terapia alimentar seria uma boa disciplina a criar em todos os graus de ensino, do básico ao universitário, em vez das especialidades verdadeiramente inúteis a que o ensino está consagrado.
Inúteis porque teóricas.
Inúteis porque não aplicáveis.
Inúteis porque – lá está – convém que as pessoas – o consumidor, o cidadão, o utente do SNS – estejam sempre na dependência de alguém (ou de alguma insituição) que lhes indique, mediante pagamento, a tratar da vida e da saúde.
Isto para já nem falar daquilo a que o Ivan Illich chamava a «medicalização da saúde».
A arte de viver, ao que sei, não consta em nenhum currículo escolar de nenhuma escola. E a arte de comer é uma das alíneas dessa arte de viver.
Bastaria que o movimento das alternativas alimentares fosse apoiado (em vez de perseguido e caluniado pela Ordem dos Médicos) para que em muito pouco tempo um em cada 100 portugueses (pelo menos) fosse um nutricionista de si mesmo.
Bastaria que o paradigma holística de vida fosse reconhecido pelos relapsos especialistas que vêem sempre a realidade partida aos bocadinhos.
Bastaria, enfim, que houvesse menos arrogância dos especialistas e que as banalidades de base voltassem sempre ao primeiro plano da informação transmitida.
Bastaria que houvesse menos estatísticas que só nos anunciam hecatombes.
Desta vez, «um nutricionista para cada 183 mil portugueses» é a hecatombe anunciada pelo sistema de assistanato que nos governa.
Sobre ecologia alimentar em geral, recomendo uma página na Internet, um arquivo de textos desde a década de 60 do século passado.
Convém também lembrar que o movimento naturo-vegetariano tem quase um século de vigência neste país. E que a Sociedade Portuguesa de Naturologia, pioneira do lacto-ovo-vegetarianismo, será em breve centenária.
Mesmo assim, ainda só há um nutricionista para 189 mil, quando todos os portugueses deveriam ser os nutricionistas de si próprios.
Aprender a comer, aprender a viver, aprender a conhecer-se foi tudo o que as escolas não ensinaram. Mas arranjaram dezenas de ciências e especialidades que só ajudam a morrer.
Com as gralhas todas do costume a gritar que a saúde dos portugueses está pela hora da morte.
COMPROVATIVOS :
http://catbox.info/big-bang/vidanatural/+ecologia%20alimentar+.htm
http://catbox.info/big-bang/ecologiaemdialogo/+ecologia%20humana+.htm
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
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