palavra-1-ac-ms>quarta-feira, 30 de Maio de 2007
PALAVRAS E DISCURSOS: USOS, SUB-USOS E ABUSOS
A palavra e seu peso, a palavra e sua função iniciática, mágica, mística, poética, religiosa ou meramente comercial (a única vigente na nossa cultura), sugere pistas interessantes e convergentes no tema essencial que talvez nos deva interessar: subir um pouco na vertical, tal como ensina a cruz de Cristo e que sempre esquecemos.
Tal como nos ensina a constituição trinitária do ser humanoide: corpo, alma e espírito.
Tal como nos ensina a dialéctica eterna céu/terra, suporte vibratório/energias vibratórias.
Tal como nos ensina toda a sabedoria que sai do Kiballion, do legado egípcio, dos templos e dos sacerdotes das escolas de mistérios.
Depois das funções inerentes à palavra (e ao discurso sobre ela construído), temos alguns casos de sub-uso que não interessam nem ao menino Jesus.
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Um desses usos é particularmente irritante e dá vontade de dizer um certo número não de palavras mas de palavrões: Rapps e graphitis têm o condão de me pôr azul de raiva.
Psicólogos e antropólogos esforçam-se para dar um estatuto «cultural» aos rabiscos merdosos dessa tropa, uma das formas mais abjectas de poluição visual, um caso puro e simples de polícia que nem aos alegados ambientalistas parece incomodar.
Hoje mesmo, no «Diário de Notícias» (29 de Maio de 2007), tive a satisfação de ler o que penso num colega jornalista, o Ferreira Fernandes, que desmonta a mitologia dessa corja de alarves e malfeitores, tão acarinhados por autarcas que parece assim terem parte no negócio de tintas gastas pelos gangs de sarjeta.
Há sempre um militante de esquerda, respeitoso dos pobrezinhos coitadinhos, pronto a (des) culpar essa sub-cultura (?) rap com a historieta habitual de que os gangs são de jovens desalinhados, coitadinhos, e de excluídos dos bairros pobres. Quem subsidia as tintas, então, para eles sujarem o horizonte visual de toda a gente e que é propriedade pública?
Este e outros sub-casos ilustra os vários mitos modernos que, construídos de palavras e com palavras, destronam os mitos antigos e verdadeiros, para imporem a ditadura do mau gosto, da porcaria, do feio, da desarmonia, da abjecção e para dizer tudo numa palavra.
Ilustra até que ponto a ciência ordinária também já engendrou um discurso para justificar, analisar, compreender o dito sub-fenómeno, como já tinha arranjado a técnica do rótulo para rotular quem se lhe oponha criticamente, chamando Retórica às palavras que exprimem ideias.
Ilustra também que o poder autárquico se apoia no discurso dos especialistas (na palavra indiscutível dos especialistas) para manipular as massas que as autarquias controlam: quando, uma vez em mil, mandam limpar as paredes pintadas, é com o nosso dinheiro que o fazem. E logo no dia seguinte a parede (particular ou pública) aparece borrada outra vez.
Ilustra o sempre inalienável discurso ideologicamente correcto, a favor dos pobrezinhos (?), a favor da criatividade popular (?), a favor da ocupação dos tempos livres (?), a favor da juventude coitadinha que até nem é delinquente por gosto mas por necessidade de dar largas ao seu desespero.
Não sei se certo ou errado, se justo ou injusto, mas associo o «rapper», o «pop», e etc, a uma praga moderna que dá pelo nome pomposo de «mitos urbanos», o que é desde logo um insulto ao sentido literal da palavra mitos e suas palavras associadas: logos, retórica, símbolos, metáfora, poesia, mística, magia, sentido religioso da vida.
Praga moderna que cabe em duas palavras: Abjecção Ambiente.
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Pode confundir-se mas acho que não tem nada a ver com esta onda de pornografia gráfica do grafitti o gosto pelo calão e pela gíria e até pelas linguagens peculiares que os jovens em grupo hoje arranjam; algumas até são poeticamente interessantes, mas a questão relativamente a todo o lixo verbal é mesmo essa: uma triagem de bom gosto que salve as coisas esteticamente interessantes das coisas abomináveis.
O calão, aliás, tem dado esplêndida literatura e ocorrem-me os nomes de James D. Ferrel, de Piero Paolo Pasolini, de Sinclair Lewis e outros que julgo ter citado em textos que estão na Net (resta descobri-los, quando for o caso).
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Ao falar das palavras e do peso das palavras, já sei que se classifica de mística (os rótulos são outro item deste interminável tema), uma qualquer atitude em que, para lá do estritamente literal, se procura a ressonância profunda (vibração) que as palavras felizmente transportam, umas mais do que outras e outras vazias de qualquer ressonância. E aí começa outra longa história que eu tenho sérias dificuldades em resumir.
Tentarei algumas alíneas.
Na pior ou na melhor das hipóteses terei que me assumir como um místico, que fui envergonhado primeiro e depois à descarada, sem ocultar hoje as etapas seguintes dessa torpe escalada na vertical do transcendente: as etapas iniciática, religiosa, poética, mágica.
Fiquei-me na mística e na etapa poética, quando verifiquei que a religiosa, iniciática e mágica (principalmente mágica) reclamaria mais umas vidas das 700 que tenho de cumprir, durante o ano cósmico (25.920 anos), na roda das minhas reencarnações.
Vamos ver, até ao fim deste meu ciclo, o que irei conseguir: e confesso que já vou um bocado tarde, atendendo que só em 1992 descobri Etienne Guillé e só em 2006/2007 descobri que a fonte original de toda a sabedoria é a fonte egípcia dos hierofantes e das escolas de mistérios. De onde emanaram todas as religiões tradicionais e modernas (maçonaria, rosa cruz, illuminati, teosofia blavatskiana) necessariamente variáveis e com variantes, o que até não deixa de ser interessante: quero ser, quando for grande, e vier cá outra vez, um especialista em religiões comparadas e em história das religiões.
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Um discurso que às vezes me ocupa o tempo e os ócios é o discurso do poder (poder médico, poder mediático, poder financeiro, poder político, etc.) Esse todos os dias nos é atirado à cara e temos, no mínimo, que o retirar e limpar a cara.
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Mas do que eu sou mesmo fã é do discurso proverbial, máximas e aforismos populares, provérbios, sentenças. Eles a trabalhar e eu a descansar. Tenho uma prateleira com uma boa colecção, prateleira com o rótulo (sempre o rótulo) de pistas do maravilhoso.
Maravilhoso é também o rótulo de outra prateleira, logo ao lado, para outra colecção afim desta e que guardo com o maior carinho nos caixotes desta casa.
Já não vou a tempo de criar um blog com as capas e textos desses meus livros da instrução primária mas regalo-me, sempre que posso a folheá-los como um ritual. O meu amigo Carlos Filipe desafiou-me, mas ainda não me sinto capaz de encetar nova empreitada : digitalizar o naif e o maravilhoso que abunda nesta casa.
Sublinho apenas que desses livros e imagens emana o mágico, ingrediente a ter sempre em conta na manipulação mística ou poética ou inicática das palavras.
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A literatice dos literatos: já dei para esse peditório e hoje estou calmo e já fiz as minhas escolhas definitivas. Saramagos e outros saramagos, nunca. Nóbeis, até alguns e estou a lembrar-me de alguns que fizeram as delícias da minha juventude: Selma Lagerloff, Samuel Beckett, Romain Rolland, Thomas Mann, André Gide, Juan Ramon Jimenz, Alberto Camus.
Sobre literatura e literatos já fiz a triagem mas ainda tenho de fazer mais, restaram ainda demasiados livros e autores nesta casa de estantes e caixotes.
Mas que tive os meus favoritos, é verdade: Coccioli, Lawrence , Lull, S. João da Cruz, Raul de Carvalho (ver o que está on line) enfim, os místicos, rótulo que me faz um jeitão aqui em casa.
Das múltiplas sangrias (mais ou menos sangrentas) de livros que tem havido por aqui, salvei ainda bastantes, mais do que aqueles que conseguirei ainda reler. Mas pelo menos vou vendo as lombadas todos os dias.
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Aos especialistas em historiografia (bíblica e nem só), em criptografia, em arqueologia, em simbologia, em alfabetos sagrados, em tantas e tantas disciplinas do maravilhoso é que fica destinado o melhor quinhão que as palavras oferecem: quando eu cá voltar, na minha centésima septagésima reencarnação, quero ser uma coisa dessas: decifrar hieróglifos, traduzir os alfabetos sagrados na grelha das letras (linguagem vibratória de base molecular), dando curso à sentença: «No princípio era o Verbo».
Só esta frasesinha dá para ocupar uma vida, quando eu cá voltar.
Prometo que também vou aprender mais coisas de inglês e que irei corrigir a minha pronúncia nessa língua de comerciantes mas inegavelmente prática e que faz mexer as bolsas. E que facilita a globalização, inclusive a globalização da asneira. E não tem acentos, que são uma chatice.
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Como estou a falar de coisas tão pessoais, remeto esta prosa para comprovativo de que efectivamente li o que digo adorar (ou detestar):
1. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/casulo1/+lista%20a-z+.htm
2. http://myweb26.home.sapo.pt/+biblioteca+.htm
3. http://bookscat.blogspot.com/
4. http://gatodasletras.blogdiario.com/
5. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/+files%20a-z+.htm
6. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/+leituras%20selectas+.htm
7. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/+biblioteca%20do%20gato+.htm
8. http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/+lista%20a-z+.htm
9. http://myweb26.home.sapo.pt/+releituras+.htm
domingo, 3 de junho de 2007
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