sexta-feira, 23 de julho de 2010

O CONTRIBUTO DE ÉTIENNE GUILLÉ






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AVENTURAS E DESVENTURAS DO NOVO PARADIGMA: O CONTRIBUTO DE GUILLÉ

Lisboa, 20/6/1997 - O aparecimento de alguns filósofos e pensadores aparentemente insatisfeitos com o paradigma vigente, foi considerado um acto de coragem. E era.
Fritjof Capra elogiando as virtudes «científicas» do taoísmo (1) , o sr. Jeremy Rifkin, desmontando, em «Entropia» (2), os mecanismos autodestrutivos do macrosistema vigente (o tal que vive de ir matando os ecossistemas) ou mesmo Teilhard de Chardin, «charneira» entre o mundo da ciência analítica e as grandes sínteses cósmicas (cosmogonias), todos esses livros e autores pareciam trazer o suporte de ideias que faltava à anunciada Nova Idade, a profetizada Era do Aquário, a ansiada Nova Idade de Ouro, único antídoto contra o apocalipse.
A expressão «novo paradigma», inclusive, começou a ganhar terreno com a obra ensaística de Edgar Morin.
Cedo, porém, se verificou que esses prudentes e cautelosos autores de ponte só iam até onde o sistema os deixava ir. No campo santo da Santa Ecologia, proliferaram os simulacros de Novo (paradigma de) Pensamento. Única excepção conhecida: o filósofo Ivan Illich, eterno resistente.
Quando surgiu a obra de Étienne Guillé, já se poderia dizer, com toda a desconfiança, que também era pouco fiável, como os anteriores autores virados para o novo paradigma.
Uma análise mais atenta do contributo Guillé, porém, viria mostrar que era, realmente, o único capaz de assegurar a ponte entre os dois paradigmas. E que não havia tempo a perder.
Errado. Afinal, em todos estes anos, desde 1983, ano em que foi publicada a 1ª edição de «L'Alchimie de la Vie», (3) primeiro livro de Étienne Guillé, pouco ou nada se fez, a nível planetário, para aproveitar o legado insubstituível de Étienne Guillé. Os proliferantes aproveitamentos da sua obra para fins terapêuticos, inclusive alguns autores de livros que se desenvolveram à sombra do pensamento de Étienne Guillé (*), como foi o caso de Guy Londchamp, serviram, mais uma vez, o sistema estabelecido, em vez de o ultrapassar.
É de notar um autor, Guy Londechamp(4) , cujo primeiro livro apareceu nas edições Miexon, de Paris, em relação estreita com Patricia Kerviel e em que o segundo livro, «L'Homme Vibratoire» procedia ao aproveitamento das melhores teses holísticas de Étienne Guillé para as colocar, um pouco sectorialmente e de maneira redutora, ao serviço do sistema estabelecido - ou seja, o assistanato da sintomatologia ou a sintomatologia do assistanato: o aproveitamento para fins de terapia específica, e muito pouco ou nada holística, do melhor da holística de Étienne Guillé. Tal como acontece com os anteriores «autores de ponta e de ponte», Guy Londechamp cria, como médico, uma certa expectativa com a assumida atitude crítica em relação ao sistema em geral e ao sistema do assistanato em particular.
Preocupa-se com a destruição dos ecossistemas - claro! - mas quem não se preocupa hoje com os ecossistemas, principalmente os principais autores e actores da sua destruição?
Claro que Guy Londechamp faz críticas ao arcaísmo de um paradigma médico que continua a considerar a doença uma questão de vírus ou de bacilo, sem jamais questionar o terreno orgânico, onde, em matéria de saúde e doença, tudo se passa.
Claro que Guy Londechamp se mostra actualizado com os «avanços da ciência» na área quântica e em relação às descobertas da microfísica que, afinal, até confirma o que o taoísmo já dizia.
Mas a verdade é que se rende à auriculoterapia de Nogier, o que, não sendo muito, também não é um caminho que leve à necessária abertura holística da medicina, como os novos tempos impõem e exigem.
O sistema que vive de ir matando os ecossistemas, levou longe demais as suas próprias premissas para que a passagem se possa fazer com algumas críticas de pormenor ou superfície, deixando o fundo da questão inalterável.
No campo da Ecologia, a estratégia das ecoalternativas foi totalmente silenciada e recuperada. No campo da filosofia, os epistemólogos igualmente recuperaram o sistema dizendo que o contestavam. Além de Étienne Guillé, talvez um só pensador - Jean Baudrillard (*) - tenha conseguido escapar à contaminação, não ser perverso e não fazer a vontade ao sistema.
Em matéria de contaminações, estejamos seguros que o Establishment ainda não esgotou todas as reservas de miasmas que tinha para arrasar este pobre e triste Planeta.
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(1) «O Tao da Física», Fritoj Capra, Ed. Presença, Lisboa,
(2) «Entropia - Uma Visão Nova do Mundo», Jeremy Rifkin, Ed. Universidade do Algarve, Faro, s/d
(3) «L'Alchimie de la Vie», Étienne Guillé, Ed. Rocher, Paris, 1983
(5) «Simulacros e Simulação», Jean Baudrillard, Ed. Relógio d'Água, Lisboa, 1991
(4) «L'Homme Vibratoire», Guy Londechamp, Ed. Amrita, Paris, 1994■

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