domingo, 15 de junho de 2008

HÁ JÁ 28 ANOS

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SERÁ DIFÍCIL ADIVINHAR O QUE VAI SER A DÉCADA DE 80?

1/1/1980 - Se o sistema tem as suas próprias regras e não pode nem quer sair delas, não é preciso ser bruxo para prever o que vai acontecer.
Tal como a Polícia já prevê, antes de cada Natal ou Páscoa, o número de pessoas que será assassinada nas estradas pelo automóvel, é possível prever, com rigor estatístico, tudo o mais que deriva inevitavelmente do Sistema em luta apocalíptica contra os ecossistemas.
Saber o que vai acontecer não é uma questão de adivinhação ou bruxaria mas de observação atenta às tendências da realidade ambiente.
O sistema caracteriza-se exactamente pelas tendências e não pelo que de acidentalmente pode ocorrer, por azar ou acaso.
Será fácil, portanto, seguindo as tendências, prever o que irá acontecer.
Há 5000 satélites em órbita, 20 dos quais com reactores nucleares, e um destes já se espatifou no solo da Terra.
Tudo indica (e não é preciso ser astrólogo) que outros se irão estatelar.
Petroleiros derramados: será difícil prever que há-de haver cada vez mais? Os 200 que já se partiram não são obra do azar mas algo intrínseco ao sistema.
O nuclear evidenciará cada vez mais as suas contradições e a sua falência, mas por isso mesmo os nuclearistas hão-de recorrer a processos cada vez mais terroristas para impor o que ninguém já quer. Inclusive, irão mudar a táctica e defender os reactores reprodutores em vez dos clássicos. Ainda que seja a loucura da superloucura, será difícil prever que a escalada prosseguirá porque é de sua natureza não poder parar?
Aumentará a percentagem de cancros: também não é preciso ser adivinho, para o saber . Basta lembrar que o número de produtos químicos reconhecidamente cancerígenos (entre outros factores) aumentará.
Uma guerra nuclear é possível mas não é provável, pois as superpotências têm possibilidade de ir destruindo a humanidade de maneira avulsa e com meios mais económicos e menos bombásticos: com os sismos catastróficos provocados pelos rebentamentos subterrâneos de bombas termonucleares.
Os desertos hão-de crescer, porque se continua a derrubar florestas para imprimir tudo o que por aí se vê no campo do desvario papelístico.
Os incêndios hão-de continuar, não porque sejam climaticamente inevitáveis mas porque é necessário e urgente ganhar terreno para plantar eucaliptos.
Incêndios no Verão, em Portugal, também não faltarão (como nunca faltaram), enquanto as celuloses precisarem vorazmente de eucaliptos e de serras para os plantar.
Os supersónicos continuarão a destruição do ozono, e portanto, a alteração drástica dos climas e do regime de irradiação solar da biosfera, bem como tudo o que dessa irradiação depende. Continuará também o sofisma de culpar unicamente pela destruição do ozono os clorofluorcabonetos, quando eles são, mais uma causa, a juntar aos superjactos.
Como não se recicla sistematicamente (mas esporadicamente, apenas como medida de propaganda autárquica), porque é contrário às premissas irracionais do sistema, continuará, como até aqui, a desperdiçar-se metade da energia disponível.
O fenómeno da eutrofização dos lagos há-de agravar-se, porque se continuam a encher as águas de pesticidas e matéria orgânica que provém, entre outras fontes, dos detergentes.
Se ninguém vai parar com os detergentes e outros poluentes das águas, é evidente que haverá mais lagos e rios mortos.
Se se continuar a dizer - com um ar que finge não admitir dúvidas - que é preciso despovoar os campos, é evidente que a agricultura continuará na ruína e as cidades-pesadelo a serem o cancro que são.
Bruxo quem adivinhar isto?
Portugal vai ser invadido de Petroquímicas: é evidente que os acidentes no transporte, em veículos longos, desses produtos perigosíssimos não vão evidentemente diminuir.
Bruxo será adivinhá-lo já? Ou estúpido será escamoteá-lo, enquanto todos os hinos de louvor se tecem à Petroquímica? Quem lava o cérebro a quem? E quem promove a doença? Quem ganha com a nossa morte?■