quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

HEMEROTECA AC 1967-88

1-2 - hac-1-chave AC - história de ac no interface da frente ecológica os anos cruciais : antes e imediatamente depois do 25 de abril a descoberta do quotidiano na intuição da ecologia humana

20-10-1998

1967-1988: OS 3 S DA ECOLOGIA HUMANA

«Cenas do Quotidiano» foi o título de uma secção que o autor publicou, desde 1971, no semanário «Notícias da Amadora», sobre temas de Ecologia Humana que na época eram ainda mais heresia do que são hoje.

Em 1973, sob o título «Crónica», publicou no jornal diário «O Século», diversos apontamentos sobre o quotidiano do cidadão, nomeadamente sobre o peão na cidade e seus direitos ecológicos.

Em 1973, na secção intitulada «Meio Ambiente», publicou no «Diário do Alentejo» (Beja) dezenas de artigos sobre temas do quotidiano sem importância e defesa do cidadãos, utente, consumidor, etc, assuntos também e ainda tabu.

Em 1975 (Fevereiro), na secção intitulada «Ninharias», do jornal «República», publicou apontamentos sobre o quotidiano do consumidor, crónicas do mundo concentracionário da cidade, cenas do fascismo quotidiano.

No mesmo jornal «República» e na secção intitulada «Margem Esquerda» analisou quase diariamente, entre 1972 e 1975, o discurso do poder, fosse ele de esquerda, centro ou direita, discurso intrinsecamente ligado à opressão do indivíduo pela instituição. Era o vírus anarquista.
O mesmo se diga, no mesmo jornal, para a secção «Relances».

Em Janeiro de 1979 iniciou, no semanário «Voz do Povo», a convite do redactor Mário Alves, a secção «O Paraíso dos Consumos».

No quadro da campanha que, como jornalista, desenvolveu em defesa do cidadão e dos seus direitos ecológicos à saúde, à segurança e ao silêncio (os três S da época...), a campanha mais demorada incidiu sobre o ruído (e o direito ao silêncio) e, dentro do ruído, teve dezenas de artigos nas seguintes publicações: «Diário do Alentejo», «O Século», «O Século Ilustrado», «Diário de Lisboa» e «Eva».

A fase intensiva de artigos sobre defesa do consumidor, vai de 1968 a 1973, com dezenas de artigos publicados nos jornais indicados, a que se acrescenta «Notícias da Beira» (Moçambique) e «Conteste».
Uma rápida selecção de títulos dá ideia das intuições e preocupações dominantes:
- Aperta-se o torniquete
- O paraíso dos consumos
- Armadilhas do consumo
- O consumo provocante
- Delícias do consumo
- Os males do gigantismo
- O mundo concentracionário da cidade
- Cenas do fascismo quotidiano
- Contra o ruído, marchar, marchar
- A campanha que ninguém quis
- O ruído e outros lixos chamados poluição
- Uma pinga de silêncio no oceano de ruído

«Ensaios sobre o Ambiente Urbano» podia ser o título comum às dezenas de crónicas e artigos que, entre 1967 e 1976, publicou nos seguintes jornais:
Conteste
Diário do Alentejo
Notícias da Amadora
Notícias da Beira (Moçambique)
O Século
O Século Ilustrado
República

De comum a todos eles, a intuição de que no quotidiano simples e sem importância se jogava um direito ecológico fundamental: o direito do cidadão à saúde, à segurança e ao silêncio (os três S da Ecologia Humana).
Inéditos e publicados posteriormente, em especial na Crónica do Planeta Terra, não fazem mais do que re-glosar os temas e preocupações que já estavam em questão desde, pelo menos, 1967.

Ao completar, em 1988, vinte anos depois, 10 anos de publicação semanal dessa crónica, pode ver-se que a luta pelos ecodireitos do homem, desde o final dos anos 60,não foi ocasional, não foi colada com cuspo e à pressa por pressão dos oportunismos político partidários.
Na descoberta do quotidiano estava (está) a intuição fundamental da Ecologia Humana.