[19-8-1997]
O CHOQUE PETROLÍFERO DE 1973
A nível dos acontecimentos mundiais, de escala verdadeiramente planetária - e ecológica por excelência - o antecedente mais próximo e mais retumbante do movimento ecológico foi, sem dúvida, a guerra do Kipur entre Israel e o Egipto, que estala a 6 de Outubro de 1973 e dura pouco mais de uma semana.
10 anos depois, em 10 de Outubro de 1983, a «Crónica do Planeta Terra», no jornal «A Capital», debruça-se, em 3 sábados consecutivos, sobre o «choque petrolífero» de 73, em termos que pretendiam:
a) Lembrar o que já estava totalmente esquecido ( lição decorrente da crise)
b) Evitar que uma das maiores lições da história contemporânea e talvez da história mundial, passasse despercebida
c) Repetir lugares-comuns sobre a necessidade de aprender alguma coisa com os factos, em vez de continuar lidando com fantasmas e fantasmagorias ideológico-políticas (premissa básica do ecologismo ou realismo ecologista).
Como se escrevia nessa série de artigos, «não aprender com as lições da crise, é de néscios...»
Aí se expunham mais algumas teses exclusivas do ecorealismo, então sediado nas edições «Frente Ecológica».
Quer em 1973, quer em 1983, ainda não tinha havido a guerra do Golfo (17/1/1991 - 28/2/1991) que levaria alguns, mais desconfiados, a fazer a pergunta decisiva para uma e outra dessas guerras: teria sido tudo montado pelas multinacionais do petróleo? Kipur e Golfo teriam sido as primeiras guerras virtuais da Era do Virtual?
Essa pergunta estava implícita no ensaio sobre a guerra do Kipur (em cima dos acontecimentos) e publicado, um mês antes do 25 de Abril de 1974, na colecção «Biblioteca do Ano 2000», da editora Estúdios Cor, de Lisboa: «Depois do Petróleo o Dilúvio» era o título desse ensaio, claramente inspirado (dir-se-ia «plagiado») nas teses de Ivan Illich e Michel Bosquet, dois autores determinantes na eclosão do movimento ecológico em Portugal. ■