terça-feira, 17 de junho de 2008

HÁ JÁ 31 ANOS

socicultur-1-ml-LEGENDA E CAPA DO LIVRO!
segunda-feira, 12 de Fevereiro de 2007
Este texto  foi publicado na contracapa do livro «Ecologia e Luta de Classes em Portugal», edição Socicultur, 1977,Nº 3 da colecção «Sobreviver», impresso sobre um fundo azul escuro que o deixou totalmente ilegível. Aqui o recupero, preto no branco, trinta anos depois de ter sido escrito e publicado.

O LIVRO
Era urgente encetar o dossiê da luta de classes no campo da Ecopolítica.
Era urgente porque:
Ninguém até hoje o tentou. Poucos desejariam levantar problemas pouco populares nas cinturas industriais das grandes cidades onde os partidos operários recrutam a sua maior força e clientela, lisonjeando as indústrias e a capacidade das indústrias para absorver mão-de-obra. A luta ecológica é assimilada ainda , por alguns quadrantes reaccionários ditos de esquerda, a uma luta de direita, conservadora, retrógrada.
Porque revistas, organizações e movimentos ecológicos estrangeiros perguntam o que se passa em Portugal quanto a ecologia e luta de classes, convencidos de que se passa alguma coisa...
Para definir uma estratégia revolucionária total é imprescindível e urgente saber o que já se fez, o pouco que já se fez para instrução e alento dos que desejem prosseguir ou encetar via idêntica de luta, dos que sabem poder reforçar o poder popular e a unidade popular através da luta ecológica, desde que p reconceitos tecnofascistas não emperrem a investigação e a luta.
Por todas estas razões, tentámos mais este ensaio de ecopolítica, num quadro de iniciativas em que há dois anos temos empenhado tempo, energia, bolsa e saúde, sob a indiferença e a hostilidade sensacional das elites pensantes e actuantes e governantes deste sensacional País.
Daí que, como esforço individual que é, o dossier da luta de classes e ecopolítica em Portugal fique apenas encetado para que outros mais habilitados, mais espertos, mais endinheirados e seguramente mais revolucionários (trinta vezes mais, por certo) não só possam emitir sobre esse trabalho as críticas sobresuficientes do costume, não só o utilizem como base de trabalho e ponto de partida omisso depois nas beligerantes bibliografias exaustivas exibidas, mas para que façam muito mais , muito melhor e com muito melhor resultado, no mercado da edição.
O Autor
Nasceu em Ferreira do Alentejo a 19 de Fevereiro de 1933. Professor Primário em Faro, foi afastado por pressões políticas. Depois de ser bibliotecário e funcionário público, tornou-se jornalista profissional em 1965. Em 1968, entrou para a redacção de «O Século», onde se mantém. Dirige o jornal «Frente Ecológica» e é autor do livro «O Alentejo na Reforma Agrária» (Diabril).

HÁ JÁ 28 ANOS

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SERÁ DIFÍCIL ADIVINHAR O QUE VAI SER A DÉCADA DE 80?

1/1/1980 - Se o sistema tem as suas próprias regras e não pode nem quer sair delas, não é preciso ser bruxo para prever o que vai acontecer.
Tal como a Polícia já prevê, antes de cada Natal ou Páscoa, o número de pessoas que será assassinada nas estradas pelo automóvel, é possível prever, com rigor estatístico, tudo o mais que deriva inevitavelmente do Sistema em luta apocalíptica contra os ecossistemas.
Saber o que vai acontecer não é uma questão de adivinhação ou bruxaria mas de observação atenta às tendências da realidade ambiente.
O sistema caracteriza-se exactamente pelas tendências e não pelo que de acidentalmente pode ocorrer, por azar ou acaso.
Será fácil, portanto, seguindo as tendências, prever o que irá acontecer.
Há 5000 satélites em órbita, 20 dos quais com reactores nucleares, e um destes já se espatifou no solo da Terra.
Tudo indica (e não é preciso ser astrólogo) que outros se irão estatelar.
Petroleiros derramados: será difícil prever que há-de haver cada vez mais? Os 200 que já se partiram não são obra do azar mas algo intrínseco ao sistema.
O nuclear evidenciará cada vez mais as suas contradições e a sua falência, mas por isso mesmo os nuclearistas hão-de recorrer a processos cada vez mais terroristas para impor o que ninguém já quer. Inclusive, irão mudar a táctica e defender os reactores reprodutores em vez dos clássicos. Ainda que seja a loucura da superloucura, será difícil prever que a escalada prosseguirá porque é de sua natureza não poder parar?
Aumentará a percentagem de cancros: também não é preciso ser adivinho, para o saber . Basta lembrar que o número de produtos químicos reconhecidamente cancerígenos (entre outros factores) aumentará.
Uma guerra nuclear é possível mas não é provável, pois as superpotências têm possibilidade de ir destruindo a humanidade de maneira avulsa e com meios mais económicos e menos bombásticos: com os sismos catastróficos provocados pelos rebentamentos subterrâneos de bombas termonucleares.
Os desertos hão-de crescer, porque se continua a derrubar florestas para imprimir tudo o que por aí se vê no campo do desvario papelístico.
Os incêndios hão-de continuar, não porque sejam climaticamente inevitáveis mas porque é necessário e urgente ganhar terreno para plantar eucaliptos.
Incêndios no Verão, em Portugal, também não faltarão (como nunca faltaram), enquanto as celuloses precisarem vorazmente de eucaliptos e de serras para os plantar.
Os supersónicos continuarão a destruição do ozono, e portanto, a alteração drástica dos climas e do regime de irradiação solar da biosfera, bem como tudo o que dessa irradiação depende. Continuará também o sofisma de culpar unicamente pela destruição do ozono os clorofluorcabonetos, quando eles são, mais uma causa, a juntar aos superjactos.
Como não se recicla sistematicamente (mas esporadicamente, apenas como medida de propaganda autárquica), porque é contrário às premissas irracionais do sistema, continuará, como até aqui, a desperdiçar-se metade da energia disponível.
O fenómeno da eutrofização dos lagos há-de agravar-se, porque se continuam a encher as águas de pesticidas e matéria orgânica que provém, entre outras fontes, dos detergentes.
Se ninguém vai parar com os detergentes e outros poluentes das águas, é evidente que haverá mais lagos e rios mortos.
Se se continuar a dizer - com um ar que finge não admitir dúvidas - que é preciso despovoar os campos, é evidente que a agricultura continuará na ruína e as cidades-pesadelo a serem o cancro que são.
Bruxo quem adivinhar isto?
Portugal vai ser invadido de Petroquímicas: é evidente que os acidentes no transporte, em veículos longos, desses produtos perigosíssimos não vão evidentemente diminuir.
Bruxo será adivinhá-lo já? Ou estúpido será escamoteá-lo, enquanto todos os hinos de louvor se tecem à Petroquímica? Quem lava o cérebro a quem? E quem promove a doença? Quem ganha com a nossa morte?■

domingo, 15 de junho de 2008

HÁ JÁ 28 ANOS

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SERÁ DIFÍCIL ADIVINHAR O QUE VAI SER A DÉCADA DE 80?

1/1/1980 - Se o sistema tem as suas próprias regras e não pode nem quer sair delas, não é preciso ser bruxo para prever o que vai acontecer.
Tal como a Polícia já prevê, antes de cada Natal ou Páscoa, o número de pessoas que será assassinada nas estradas pelo automóvel, é possível prever, com rigor estatístico, tudo o mais que deriva inevitavelmente do Sistema em luta apocalíptica contra os ecossistemas.
Saber o que vai acontecer não é uma questão de adivinhação ou bruxaria mas de observação atenta às tendências da realidade ambiente.
O sistema caracteriza-se exactamente pelas tendências e não pelo que de acidentalmente pode ocorrer, por azar ou acaso.
Será fácil, portanto, seguindo as tendências, prever o que irá acontecer.
Há 5000 satélites em órbita, 20 dos quais com reactores nucleares, e um destes já se espatifou no solo da Terra.
Tudo indica (e não é preciso ser astrólogo) que outros se irão estatelar.
Petroleiros derramados: será difícil prever que há-de haver cada vez mais? Os 200 que já se partiram não são obra do azar mas algo intrínseco ao sistema.
O nuclear evidenciará cada vez mais as suas contradições e a sua falência, mas por isso mesmo os nuclearistas hão-de recorrer a processos cada vez mais terroristas para impor o que ninguém já quer. Inclusive, irão mudar a táctica e defender os reactores reprodutores em vez dos clássicos. Ainda que seja a loucura da superloucura, será difícil prever que a escalada prosseguirá porque é de sua natureza não poder parar?
Aumentará a percentagem de cancros: também não é preciso ser adivinho, para o saber . Basta lembrar que o número de produtos químicos reconhecidamente cancerígenos (entre outros factores) aumentará.
Uma guerra nuclear é possível mas não é provável, pois as superpotências têm possibilidade de ir destruindo a humanidade de maneira avulsa e com meios mais económicos e menos bombásticos: com os sismos catastróficos provocados pelos rebentamentos subterrâneos de bombas termonucleares.
Os desertos hão-de crescer, porque se continua a derrubar florestas para imprimir tudo o que por aí se vê no campo do desvario papelístico.
Os incêndios hão-de continuar, não porque sejam climaticamente inevitáveis mas porque é necessário e urgente ganhar terreno para plantar eucaliptos.
Incêndios no Verão, em Portugal, também não faltarão (como nunca faltaram), enquanto as celuloses precisarem vorazmente de eucaliptos e de serras para os plantar.
Os supersónicos continuarão a destruição do ozono, e portanto, a alteração drástica dos climas e do regime de irradiação solar da biosfera, bem como tudo o que dessa irradiação depende. Continuará também o sofisma de culpar unicamente pela destruição do ozono os clorofluorcabonetos, quando eles são, mais uma causa, a juntar aos superjactos.
Como não se recicla sistematicamente (mas esporadicamente, apenas como medida de propaganda autárquica), porque é contrário às premissas irracionais do sistema, continuará, como até aqui, a desperdiçar-se metade da energia disponível.
O fenómeno da eutrofização dos lagos há-de agravar-se, porque se continuam a encher as águas de pesticidas e matéria orgânica que provém, entre outras fontes, dos detergentes.
Se ninguém vai parar com os detergentes e outros poluentes das águas, é evidente que haverá mais lagos e rios mortos.
Se se continuar a dizer - com um ar que finge não admitir dúvidas - que é preciso despovoar os campos, é evidente que a agricultura continuará na ruína e as cidades-pesadelo a serem o cancro que são.
Bruxo quem adivinhar isto?
Portugal vai ser invadido de Petroquímicas: é evidente que os acidentes no transporte, em veículos longos, desses produtos perigosíssimos não vão evidentemente diminuir.
Bruxo será adivinhá-lo já? Ou estúpido será escamoteá-lo, enquanto todos os hinos de louvor se tecem à Petroquímica? Quem lava o cérebro a quem? E quem promove a doença? Quem ganha com a nossa morte?■

ANTES DA SERRA MECÂNICA

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[2-12-2005]
Agradeço ao Canal Odisseia que, num pequeno intervalo, me deu quase uma hora sobre os carvalhos de uma região da Alemanha que nos dizem estar «protegida». Ainda bem. Agradeço aos esquilos e outras criaturas visíveis que apareceram no documentário, felizes no seu habitat e antes que chegue a serra mecânica. Agradeço a todos os que, mais do que sobreviver, ainda conseguem descobrir o maravilhoso que apesar de tudo persiste em existir neste mundo de tsunamis provocados por rebentamentos nucleares subterrâneos. Ou de pandemias virais provocadas por uso e abuso de antibióticos.
Para que conste, deixo a notícia do «Diário de Notícias», pela qual soube do referido documentário:
«« A história do carvalho no Canal Odisseia
«O carvalho é considerado como a árvore entre as árvores, símbolo de força, sabedoria, perseverança e resistência. Um documentário que o Canal Odisseia apresenta em estreia em Portugal, vai dar a conhecer melhor esta espécie.
«O ciclo vital do carvalho corresponde ao de dez vidas humanas e a abertura do seu tronco serve de casa a mais de 500 espécies diferentes de animais e plantas.
«O documentário do Canal Odisseia, que pode ser sintonizado no cabo, intitulado «A Árvore Entre as Árvores», foi realizado por Yves Riou e Philippe Pouchain e produzido pela Cinétévé, de França, em 2005.
«Este documentário acompanha a vida destes gigantes naturais, através de cada uma das estações do ano.
«O carvalho vai ter de superar as altas temperaturas do Verão, as tempestades de Outono e as quedas de neve do Inverno, antes de chegar à Primavera.
«Esta história natural é contada do ponto de vista biológico, cultural, histórico e até mitológico.
«A Árvore Entre as Árvores estreia-se às 21.00, voltando a ser exibido amanhã em duas sessões: 05.00 e 12.00.»»

HÁ JÁ 12 MESES

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14-4-2007

BIOMASSA, BICOMBUSTÍVEIS, EMPRESÁRIOS VERDES & ETC: RESTOS DE UM TEMA QUE FICOU POR DISCUTIR

Já aludi neste blog ao fracasso que foi a publicação do meu texto sobre o problema da biomassa (o que eu julguei ser problema mas que afinal parece que não é), texto que foi recebido com um ruidoso e fúnebre silêncio de morte. Num forum de discussão como a Ambio Archives, raramente ou nunca acontece tão grande e estrondoso silêncio. Discute-se tudo e muito e às vezes bem.
Tendo acontecido, a culpa é portanto e totalmente minha.
Por isso volto ao tema com mais algumas notas do meu bloco-notas, onde dou largas às minhas angústias existenciais, uma das quais, neste momento, é o tsunami da biomassa com que nos ameaçam.
Notícia do «Diário de Notícias»:
«O incentivo à produção de etanol nos Estados Unidos pode originar «consequências devastadoras para os mais pobres e sérias consequências na segurança alimentar mundial», lê-se num estudo a ser publicado no número de Maio/Junho da revista «Foreign Affairs».
A utilização do milho como biocarburante fez subir o preço deste cereal e, segundo os professores da Universidade do Minnesota, Ford Runge e Benjamin Senauer, o facto ameaça a dieta de mais de 2,7 mil milhões de pessoas que vivem com menos de dois dólares por dia.»
É das tais notícias que não precisam de comentário.
Poucas palavras a dizerem tudo.
O que facilita a minha campanha contra o etanol, os biocombustíveis, a indústria da biomassa e etc.
+
Tratando-se de biomassa , os poderes vão todos muito contentes cortar a fita nas badaladas inaugurações. E ainda comentam que é preciso discutir o nuclear.
Ele há coisas fantásticas não há?
Ou serei eu que estou a delirar?
+
Afinal existe um secretário de Estado da Energia.
Hélas!
Não estamos entregues à embriaguês dos verdes: ele chama-se, segundo li, Humberto Rosa.

HÁ JÁ 38 ANOS

1-1- josué-1> notícias do futuro - releituras

JOSUÉ DE CASTRO E A URGÊNCIA DE MUDAR(*)

12-8-1970

Josué de Castro voltará a Lisboa neste mês de Agosto. Cidadão do Mundo, ele é hoje a grande voz da esperança que se levanta para falar ao presente dos futuros possíveis.
Desde que em 1951 escreveu «Geopolítica da Fome», o seu pensamento não cessou de evoluir, de acompanhar os acontecimentos e os pressentimentos, de propor cada vez mais interrogações de índole prospectiva.
E quando em Março último, Josué de Castro pronunciou em Lisboa, na Sociedade de Geografia, a sua comunicação sobre «O Futuro Biológico do Homem», não foi surpresa para nós que nela falasse tanto em mutação e em necessidade de mudança, não foi surpresa que um dos mais lúcidos críticos das trágicas carências do mundo contemporâneo olhasse o futuro e dele nos viesse falar, dele exigisse o método, a via, a solução e a salvação.
Entre a explosão demográfica e o sub-desenvolvimento, Josué de Castro vê agora o Terceiro Mundo como a definitiva aposta do homem. Ou mudamos (Josué de Castro falou insistentemente de mutação biológica) ou sucumbimos. O velho adágio «ou cresce, ou morre» é agora mais verdadeiro do que nunca e para o tornar mais nítido, mais óbvio, basta que à palavra «crescer» se acrescentem os seus mais urgentes sinónimos: desenvolver, progredir, evoluir, mudar.
Sem um esforço prospectivo de mentalização (a que Josué de Castro se consagra hoje com a fé do apóstolo, a inteligência do pensador e o rigor do cientista) para uma política planetária, o homem-enquanto-espécie encontrar-se-á no fosso sem saída de que já se anunciam os mais trágicos sintomas em matéria de destruição dos recursos naturais.
- - - - -
(*) Este texto foi publicado no diário «O Século» (Lisboa) , na rubrica do autor «Etapas para o Ano 2000», em 14/8/1970, e no diário «Notícias da Beira (Moçambique), na rubrica do autor intitulada «Notícias do Futuro» , em 12/8/1970

HÁ JÁ 36 ANOS

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A menos que se verifiquem mudanças fundamentais nas opções de todos os governos, o mundo correrá inexoravelmente para a catástrofe antes de um século.
Relatório do MIT, Janeiro de 1972

CPT 1989

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Lisboa, 9/12/1989 - Só tinha previsto, na Crónica do Planeta Terra, que se usasse a energia solar para refrigerar reactores de centrais nucleares.
Afinal já está na rua, no mercado, a energia solar para irradiar doentes. Confesso que essa não me tinha passado pela minha mente perversa, sempre à procura de perversidades.
Coloca-se assim, mais uma vez, a questão das ecotácticas desligadas de uma ecoestratégia, questão tantas vezes referida nestas CPT.