segunda-feira, 31 de março de 2008

NOTÍCIAS DE KALI-YUGA

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NA TRANSIÇÃO PARA AQUÁRIO

30/4/1992 - Talvez não tivesse feito asneira em guardar estes milhares de páginas, agora normalizados em formato A4 - mercê de alguns milhares de fotocópias - sobre a Era da Catástrofe, não porque esteja muito preocupado em lisonjear meu congénito pessimismo ou aprofundar os meus conhecimentos sobre Ecologia Humana, mas porque, de repente, me apercebi como era inspirador todo esse rol de notícias, quer para escrever narrativas de terror-ficção, quer para escrever mesmo poesia do mais doce lirismo. E depois gosto de inventários: tenho a mania das listas, dos glossários, dos dicionários. Ora há lá nada mais divertido do que uma boa e suculenta lista negra (de pesticidas no mercado, por exemplo, ou de agentes patogénicos para a guerra bactereológica.) Mas outros projectos menos literários podem ir buscar a esse lote de lixo tóxico material informativo que levou centenas de horas a coligir (cortar, colar, formatar em fotocópias A4, arrumar, classificar, subdividir em lotes temáticos, etc) e que ninguém teria tido jamais a pachorra de reunir nesta câmara de horrores em que se transformou o meu arquivo de recortes, afinal a minha casa (eu devo ter acertado com a profissão que escolhi, de contrário já estaria internado em hospital ou enterrado em cemitério). Títulos não faltam para os projectos de livro que irei realizar um dia, na minha reforma:
- «Notícias de Kali-Yuga»
- «De Kali-yuga para o Aquário»
- «Notícias do Apocalipse»
- «Dicionário do Terror Industrial»
- «Prontuário de Ecologia Humana»
- «A Lista Negra»
- «Ambientopatologia para as escolas»
- «As Multinacionais do Cancro»
- «O Mercado da Doença»
- «A Lista Negra»
- «Inventários da Guerra»
- «A Era da Catástrofe»
- «Notícias do Biocídio»
- «Os Cavaleiros do Apocalipse: Guerra Nuclear (o paraíso radioactivo), Guerra Química, Guerra Bactereológica, Guerra Electrónica, Guerras do Petróleo, Sindroma sísmico-nuclear, etc»
- «De Hiroxima a Chernobyl: a imparável escalada»
- «De Hiroxima a Chernobyl: Laboratórios de Ecologia Humana»
- «Símbolos de uma Civilização: Serra Mecânica, Concorde, Supérfénix, Camião-Cisterna, Olimpíadas, »
- «Os Escândalos do Progresso»
- «Os Retrocessos do Progresso»etc
Títulos para narrativas de Terror-ficção:
- «A Câmara de Horrores»
- «Em casa de Frankenstein»
- «Domicílio no Paraíso»
- «Narrativas do Inferno»
- «Histórias do Apocalipse»
etc.

HÁ JÁ 31 ANOS

socicultur-1-ml-LEGENDA E CAPA DO LIVRO!

segunda-feira, 12 de Fevereiro de 2007
Este texto  foi publicado na contracapa do livro «Ecologia e Luta de Classes em Portugal», edição Socicultur, 1977,Nº 3 da colecção «Sobreviver», impresso sobre um fundo azul escuro que o deixou totalmente ilegível. Aqui o recupero, preto no branco, trinta anos depois de ter sido escrito e publicado.
O LIVRO

Era urgente encetar o dossiê da luta de classes no campo da Ecopolítica.
Era urgente porque:
Ninguém até hoje o tentou. Poucos desejariam levantar problemas pouco populares nas cinturas industriais das grandes cidades onde os partidos operários recrutam a sua maior força e clientela, lisonjeando as indústrias e a capacidade das indústrias para absorver mão-de-obra. A luta ecológica é assimilada ainda , por alguns quadrantes reaccionários ditos de esquerda, a uma luta de direita, conservadora, retrógrada.
Porque revistas, organizações e movimentos ecológicos estrangeiros perguntam o que se passa em Portugal quanto a ecologia e luta de classes, convencidos de que se passa alguma coisa...
Para definir uma estratégia revolucionária total é imprescindível e urgente saber o que já se fez, o pouco que já se fez para instrução e alento dos que desejem prosseguir ou encetar via idêntica de luta, dos que sabem poder reforçar o poder popular e a unidade popular através da luta ecológica, desde que p reconceitos tecnofascistas não emperrem a investigação e a luta.
Por todas estas razões, tentámos mais este ensaio de ecopolítica, num quadro de iniciativas em que há dois anos temos empenhado tempo, energia, bolsa e saúde, sob a indiferença e a hostilidade sensacional das elites pensantes e actuantes e governantes deste sensacional País.
Daí que, como esforço individual que é, o dossier da luta de classes e ecopolítica em Portugal fique apenas encetado para que outros mais habilitados, mais espertos, mais endinheirados e seguramente mais revolucionários (trinta vezes mais, por certo) não só possam emitir sobre esse trabalho as críticas sobresuficientes do costume, não só o utilizem como base de trabalho e ponto de partida omisso depois nas beligerantes bibliografias exaustivas exibidas, mas para que façam muito mais , muito melhor e com muito melhor resultado, no mercado da edição.
*
O Autor

Nasceu em Ferreira do Alentejo a 19 de Fevereiro de 1933. Professor Primário em Faro, foi afastado por pressões políticas. Depois de ser bibliotecário e funcionário público, tornou-se jornalista profissional em 1965. Em 1968, entrou para a redacção de «O Século», onde se mantém. Dirige o jornal «Frente Ecológica» e é autor do livro «O Alentejo na Reforma Agrária» (Diabril).

+11 AFORISMOS AC

VARIAÇÕES SOBRE A NATUREZA


Estamos em dívida com a Natureza, ajude-nos a pagá-la.
A Natureza acaba onde o capitalismo começa.
Descolonizar o homem e a Natureza.
O homem é apenas um átomo da Natureza.
A Natureza vencerá porque é mais forte.
A Natureza não precisa de ser protegida, protege-nos.
Não se pode libertar o homem sem libertar a Natureza.
A ciência ocidental está agora a descobrir os maiores lugares-comuns da ciência original de todos os tempos. Por exemplo este, lançado como slogan da conferência de Estocolmo, em Junho de 1972: «A Terra é só uma...». Mas sempre foi, oh malta.
Soltaram o leão, agora queixem-se.
Tudo normal, Deus Nosso Senhor ainda não voltou à Terra, o céu ainda não caiu, não há novidade.
É o que eu digo: se este país não existisse, tinha que ser inventado.

+ 29 AFORISMOS AC

BOM AMBIENTE

 Não se trata de mudar a sociedade mas de mudar de sociedade.

 A luta pelas alternativas é a luta pela sobrevivência planetária.

 Sejam quais forem as aplicações (ditas pacíficas ou ditas bélicas) ao serviço de regimes capitalistas ou de regimes socialistas, a energia nuclear é intrinsecamente reaccionária.

 A energia electro-nuclear consome mais energia (eléctrica) do que aquela que produz.

 Sem atender aos imperativos ecológicos, nenhuma política, seja ela qual for, se pode formular em termos revolucionários: seja uma política de saúde, uma política económica, umas política industrial, uma política energética, uma política de ambiente.

 A aspirina é reaccionária.

 veterinário trata os animais como gente.

 médico trata a gente como animais.

 Antibióticos - o fascismo por via oral

 Vacinas - o fascismo por via intravenosa

 Supositórios - o fascismo por via anal

 Lixo a lixo enche o capitalismo o papo.

 A poluição a quem a produz.

 Morte na estrada: quilómetros de prazer.

 Nem só de merda vive o homem

 Aquele tecnocrata era tão delicado, que em vez de merda só dizia poluição.

 Ecomilitante é o que mantém a imunização natural ao ópio da poluição e a todo o tipo de intoxicação que a sociedade da porcaria o obriga a suportar.

 Aquela doença a que Marx chamou Alienação.

 Pela terminologia se conhece a ideologia.

 Agir já: abaixo os empatocratas.

 Nenhum reformista gosta de se ver ao espelho da revolução.

 Fazer da sociedade de consumo uma arma para a voltar contra si própria.

 Alimentar a fome: alvo da agricultura química.

 Sociedade de consumo: morte da civilização, civilização da morte.

 A exploração do homem pelo homem só termina com a manipulação do homem pelo homem.

 Neste tempo e mundo, só vale tirar olhos

 Progresso capitalista, retrocesso humano.

 Colonialismo industrial hiperpoluente: fase agonizante do imperialismo que explora e pilha o Terceiro Mundo.

 Sobre o Terceiro Mundo verte o imperialismo os excrementos que já não quer.

domingo, 30 de março de 2008

O FOLHETIM DA ENTROPIA

1-2-entropia-manifesto-terça-feira, 17 de Abril de 2007

13-2-1991

ENTROPIA E GIGANTISMO

Quanto mais o cancro cresce, mais pele, osso e camisa nos tiram. Como Roberto Vacca sugeriu e quase demonstrou no seu ensaio célebre «A Próxima Idade Média», o gigantismo produz três principais consequências:
a) a partir de certa dimensão, os sistemas, como os dinossauros, deixam de servir os objectivos para que socialmente foram criados, vampirizando os seus já teóricos destinatários ou utentes;
b) se o sistema, ao crescer, entra em irreversível Entropia, tenderá autofagicamente, a comer-se a si próprio, pois, exponencialmente, quanto mais se autodestroi e autodevora mais energia precisa para se manter;
c) resulta daqui que cada homem na terra está a pagar, e pagará cada vez mais caro, esta entropia logarítmica em que o sistema, girando sobre si próprio, entrou. Por mais corpos, vidas, pessoas, consumidores que o sistema meta na «caldeira», nunca se dará por satisfeito, os défices e as dívidas externas aumentarão logica e logaritmicamente, as tensões sociais e as guerras localizadas proliferarão, pois tudo isso é logicamente carne de canhão para o sistema continuar, a Leste e a Oeste, destruindo ecossistemas, em marcha vertiginosa para a sua autofágica autodestruição.
Na sua crítica à Entropia, Ivan Illich chega às mesmas conclusões: o actual sistema de transportes urbanos, feito para alegadamente aumentar a velocidade de deslocação dos utentes, já se encontra na vertente contrária: os transportes na cidade servem hoje não para acelerar a deslocação mas para congestionar e paralisar a vida quotidiana das pessoas. Sofrendo de indigestão crónica, o sistema vomita-se a si próprio. No entanto, continua a enfardar, para o que precisa de nos tirar alma, olhos, pele, osso, camisa e etc..
A lógica do absurdo girando à velocidade da luz.

[Recentemente, a Ordem dos Médicos travou-se de polémica com a comissão instaladora da Faculdade de Medicinas Alternativas. Adorou a oportunidade de ir à televisão, de andar em polémica, de se mostrar em forma, de exibir seu poder, sua arrogância.]
Já a «tecnologia apropriada», [das medicinas alternativas] o contrário de toda e qualquer retórica, de toda e qualquer abstracção, de toda e qualquer ideologia, enquanto tecnologia útil que inutiliza o sistema, não agrada nada. Não dá luta. Esgueira-se no mato. Na clandestinidade. É como bambu - dobra mas não parte. Continuará progredindo, clandestinamente, até minar o sistema.
.♥♥♥

A DOENÇA OCIDENTAL

1-2 - 90-09-04 – ls > leituras do afonso - sábado, 12 de Abril de 2003-novo word - entropia>

RAÍZES DA DECADÊNCIA
O DESESPERO DOS HEDONISTAS(*)

[(**) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Livros na Mão», 30-10-1990+-]

4-9-1990

A palavra «entropia» ainda não estava na moda quando Miguel de Unamuno escreveu «Del Sentimiento Tragico de la Vida», que agora aparece em nova tradução portuguesa(*). Em 1953, a editora Educação Nacional, do Porto, publicara a versão de Cruz Malpique, mais literal e académica do que esta que o Círculo de Leitores agora apresentou.
Para o filósofo de Salamanca - também romancista, poeta e dramaturgo - a condição humana já era entendida como maldição e prova, no que andou muito perto dos «pessimistas» como Schopenhauer, Nietzsche, Leopardi ou Kierkegaard e também de muitos que se viram englobados no rótulo de «existencialistas».
Mas de uns e outros ele se demarcou, pela intuição central que o título desta obra particularmente expressa: o «sentido trágico da vida» seria o sentido entrópico da vida que regula todos os sistemas morais do Ocidente, baseados num cego, obstinado e estúpido hedonismo. Essa seria, no Ocidente, a nossa «doença», que levámos séculos a difundir pelo Mundo, como a maior pandemia da História. Perdemos as raízes da sabedoria, que consistia exactamente em saber que o homem é energia e que toda a ciência se deverá resumir, afinal, em conhecer a arte de administrar essa energia.
A nossa «doença» chama-se «ignorância» e daí, dessa ignorância, o sentido trágico e cego do caminhar por este mundo. Ler Miguel de Unamuno e o seu diagnóstico, é ler os sintomas exacerbados da Doença que se reconhece, confessa mas não ultrapassa, e isso ainda por preconceito «cultural».
Fala Unamuno dos «Upanishads» mas o seu despeito irritado logo se revela nesta acusação ao monismo das cosmologias extremo-orientais que da Energia sabiam como ninguém mais voltou a saber: «aquilo a que eu aspiro, não é submergir-me no grande todo, na Matéria, ou na Força, infinitas e eternas, ou em Deus. Aquilo a que eu aspiro não é a ser possuído por Deus, mas a possuí-lo, a fazer-me Deus, sem deixar de ser o eu que vos digo ser neste momento. »
A «doença» ocidental, a que Unamuno chama «tragédia», um tanto exageradamente, caracteriza-se por criar essa espécie de catarata ideológica que impede de ver tudo quanto não seja e não ajude ao progresso da própria doença.
Para lá do interesse quase mórbido que a sua fascinante leitura suscita, especialmente aos que gostem de romances policiais, para lá do muito que se aprende e sofre neste testemunho humano de beleza inigualável que é o livro de Unamuno, importa ao militante da Heresia detectar algumas passagens francamente demonstrativas do apego ao erro e da rejeição apriorística das raras janelas terapêuticas que se podem abrir.
Pobres filósofos como este «trágico» Unamuno que, na imensa noite e na imensa doença da «civilização» ocidental, marraram contra as paredes do cárcere, não vendo que eram de vidro..., muitas vezes tendo na mão o amuleto - a intuição central da entropia cósmica - capaz de exorcismar angústias, revoltas, desesperos, mas sem o saber utilizar. Mais: alguns deles, como Unamuno, tiveram o amuleto na mão e deitaram-no fora.
Os filósofos ditos «pessimistas» e, em séculos mais recentes, os «existencialistas», com seus gritos, aflições, insónias e calafrios, são bem a imagem, o sintoma de uma «doença» cada dia mais incurável e de que a Poluição e suas sequelas é apenas um dos sintomas mais ridículos e insignificantes. Mas foi ela, a Poluição, que obrigou alguém a descobrir a palavra Entropia. Valha-nos isso.
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(*) «O Sentimento Trágico da Vida», Miguel de Unamuno, Ed. Círculo de Leitores
(**) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», «Livros na Mão», 30-10-1990+-

HÁ JÁ 16 ANOS

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[14-1-1992 ]

[publicado in «A Capital»? em um artigo que me foi encomendado sobre o ano 2000 e os votos que eu faria para esse ano? A confirmar se foi ou não impresso]

[DAR FORÇA ÀS ECO-ENERGIAS: ALGUNS EXEMPLOS EM PORTUGAL]
SILÊNCIOS QUE FALAM
PROJECTOS QUE CAÍRAM NO ESQUECIMENTO
PARA UM MANIFESTO DO ANO 2000
PROGRAMA «VALOREN» [exumar projectos que ficaram na gaveta (ou no tinteiro)]

No campo do que o cidadão comum poderia desejar ver feito, e bem feito, até ao Ano 2000, em seu próprio benefício, o realismo ecologista citaria alguns projectos alternativos energéticos, projectos que vão no sentido da criar maior independência aos indivíduos, grupos, povos e países mas que, por falta de «vontade política» -- sujeita a pressões de «lobbies» e de monopólios -- ou por instabilidade governativa (supremo alibi para não se fazer neste país o que deve ser feito), ficaram na gaveta ou no tinteiro dos ministérios.
Conforme o vespertino «A Capital» referia em 6 de Agosto de 1983, a instalação de uma unidade produtora de biogás, na Várzea de Sintra, a partir de excrementos de porco, (cerca de 1200 animais) aguardava, nessa altura, que a Assembleia da República concretizasse (desse o «sim») a um empréstimo de 2500 contos do Banco Mundial para o efeito. Enquanto projecto-piloto, esta prevista unidade de biogás poderia estandartizar em Portugal uma alternativa energética não poluente e o baixo custo das instalações, além de anular ou neutralizar uma das poluições -- pocilgas -- mais frequentes e mais gravosas do nosso País. Portugal poderia criar, além disso, uma indústria de construção de equipamentos de biogás, a partir do prototipo testado naquele projecto, e poderia tornar auto-suficiente em energia e fertilizantes orgânicos o sector agropecuário. Para isto, falta (faltava e continua faltando) apenas «vontade política». Ou vergonha na cara de quem a devia ter e não tem. Para isto, é óbvia a falta de poder que o Poder tem quando o poder dos lobbies e monopólios abre os olhos e fala mais alto.
Ainda no campo das eco-energias, esperemos que até ao Ano 2000 o pêndulo ondomotriz inventado pelo madeirense Fernando Almada, professor e campeão de judo, se torne uma forma corrente de obter energia das ondas, em que Portugal, com tão extenso litoral, é potencialmente riquíssimo, tal como em Fevereiro de 1983 ficou praticamente demonstrado, quando na baía do Funchal o sistema de Fernando Almada ali instalado evidenciou não só a sua viabilidade como o seu extraordinário futuro económico.
Instalar dezenas, centenas e milhares destes geradores ondomotrizes é o que o cidadão deseja para que o monopólio energético poluente deixe de nos trucidar, ora a pretexto de uma crise petrolífera que se inventa e nos estrangula quando convém aos monopólios petrolíferos, ou a pretexto de um excesso de produção.
O jornal «A Capital» entrevistou o inventor Fernando Almada em 1 de Fevereiro de 1983. Esperemos que o país se mostre grato aos seus inventores, dando-lhes ao menos possibilidades de trabalho. É um bom voto para um futuro próximo.
Já se disse que a maior fonte energética é:
1 - Uma política de efectiva racionalização e poupança por um lado;
2 - Uma política de reciclagem sistemática
3 - Uma política de diversificação de fontes.
Pequenas e médias empresas industriais foram, em Setembro de 1983, incentivadas a montar dispositivos para conservação de energia, podendo contactar a Linha de Crédito do Banco Mundial para as PM's portuguesas. Este incentivo estava a cargo, cremos, do LNETI, pelo que nunca mais dele se ouviu falar. Talvez que até ao ano 2000 e pela calada, a conservação de energia seja um facto e o País posso beneficiar com isso, bem como o respectivo meio ambiente.
# Projecto «Valoren»? [ 14/1/1992]■

NEGRA MARÉ

1-1- 3207 caracteres - [discurso aberto quase inventário] para leituras moraes – tese de 5 estrelas

A BIGMANIA CONTRA A GRANDE NOITE DO CAOS

12/5/1991 - A negra maré, o caos, a dissolução, o vazio, o mistério da origem e do fim, as trevas, que pode o ser mísero e mesquinho, o rasteiro mortal para não se desintegrar face ao nada?
Tudo o que ele tenta é contra o Terror Horror. O que ele procura -- na tortura e nas viagens, nas lutas e conquistas, nas novas e antiquíssimas tecnologias, na política e na electrónica -- é o que totaliza, unifica, contrai, uniformiza, ordena. O que lhe dá, enfim, a ilusão temporária de eternidade.
De oceano infinito. De superfície espelhada, uniforme, sem rugas.
A ideologia consumista tenta responder a essa necessidade premente, a esse permanente horror de um confronto, de um frente a frente com o vazio, de cada um consigo mesmo, quer dizer, com Deus, quer dizer, com a Morte, o Nada, o Infinito, o Caos, o Universo, pela proliferação infinita de gadgets e objectos.
Hitler respondeu com a ideologia do sacrifício e da totalidade totalitária, com o ideal rácico e patriótico, capaz de abranger semanticamente uma fatia do real que imita, a olho nu, a Realidade.
Marshall Mac Luan respondeu com a Aldeia Global dos «media» electrónicos.
Salazar respondeu com as Finanças assimiladas com a Nossa Senhora de Fátima e o Milagre da Pátria.
Gandhi respondeu com a resistência satiagrai ao invasor ocidental, branco e ateu. Britânico, essência de todos os horrores.
Pedro o Grande respondeu com as glórias da Grande Rússia que tinha a vantagem de ser, comparativamente a Portugal, efectivamente grande -- o que se diz imensa.
A Alquimia respondeu com a Transmutação do Chumbo em Oiro!
O ideal de Riqueza, Beleza, Longevidade, Poder responde, entre greco-latinos & anexos mediterrânicos, e seus cânones, na tentativa de substituir o Caos por uma Ordem, pequena ou média, formal ou visionária, mas ordem.
As ordens iniciáticas, as sociedades secretas, respondem, pelo rigor e pela disciplina, pela comida espartana, pela cama rija de palhas ao desatino do que fica de fora e é disforme, dissonante, inarmónico.
O mito do Preste João, do Graal, da Taça templária, responde com um simulacro de ordem à Desordem, de alma ao Vazio, de Deus ao Buraco Negro e ao vazio da Morte.
Religiões, Seitas, Publicidade, Propaganda, especialmente a Propaganda, os Media, a Aldeia Global respondem electronicamente à necessidade de um Éden, mesmo ilusório, mas de um Éden onde o gozo só por si faça sentido e não tenha do outro lado um Cancro galopante.
A expomundial 93, a Europália 91, o Centro de Belém -- mausoléu de todos os poderosos -- o Mercado Único 92, as Olimpíadas 92, a Expo 98, [---] respondem à necessidade metafísica de calar o Remorso do Primeiro Mundo que expolia o Segundo, o Terceiro e o Quarto mundos.
Os Óscares, o Nobel, o Pulitzer, o prémio Lenine [- - -]
A repressão sangrenta unifica no Curdistão, no Tibete, no Timor-Leste.
O Papa dá, por dois dias, por dois tostões per capita, a ilusão de pertencermos à mesma ordem, ao mesmo casulo protector onde as ondas do Caos vêm bater raivosas mas aparentemente com menos violência

HÁ JÁ 33 ANOS

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[22-12-1996]

RICOS E POBRES

«São antes de mais os interesses capitalistas dos países desenvolvidos quem aproveita com o desenvolvimento rural dos países do Terceiro Mundo, se este se fizer baseado nos adubos industriais e nos produtos químicos antiparasitários de síntese e por dois modos: antes de mais, pela exportação desses produtos para os países em vias de desenvolvimento, ou então pela exportação de fábricas já equipadas se decidem montá-las; em seguida pela compra a preços cada vez mais baixos, em termos de preços constantes, dos géneros brutos que os países em vias de desenvolvimento exportarão para os países ricos.
Jean-Luc Messe, in « Nature et Progrès», Out-Dez de 1973, in «Perspectiva Ecológica da Agricultura», ed Afrontamento, Porto, 1975

HÁ JÁ 28 ANOS

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SERÁ DIFÍCIL ADIVINHAR O QUE VAI SER A DÉCADA DE 80?

1/1/1980 - Se o sistema tem as suas próprias regras e não pode nem quer sair delas, não é preciso ser bruxo para prever o que vai acontecer.
Tal como a Polícia já prevê, antes de cada Natal ou Páscoa, o número de pessoas que será assassinada nas estradas pelo automóvel, é possível prever, com rigor estatístico, tudo o mais que deriva inevitavelmente do Sistema em luta apocalíptica contra os ecossistemas.
Saber o que vai acontecer não é uma questão de adivinhação ou bruxaria mas de observação atenta às tendências da realidade ambiente.
O sistema caracteriza-se exactamente pelas tendências e não pelo que de acidentalmente pode ocorrer, por azar ou acaso.
Será fácil, portanto, seguindo as tendências, prever o que irá acontecer.
Há 5000 satélites em órbita, 20 dos quais com reactores nucleares, e um destes já se espatifou no solo da Terra.
Tudo indica (e não é preciso ser astrólogo) que outros se irão estatelar.
Petroleiros derramados: será difícil prever que há-de haver cada vez mais? Os 200 que já se partiram não são obra do azar mas algo intrínseco ao sistema.
O nuclear evidenciará cada vez mais as suas contradições e a sua falência, mas por isso mesmo os nuclearistas hão-de recorrer a processos cada vez mais terroristas para impor o que ninguém já quer. Inclusive, irão mudar a táctica e defender os reactores reprodutores em vez dos clássicos. Ainda que seja a loucura da superloucura, será difícil prever que a escalada prosseguirá porque é de sua natureza não poder parar?
Aumentará a percentagem de cancros: também não é preciso ser adivinho, para o saber . Basta lembrar que o número de produtos químicos reconhecidamente cancerígenos (entre outros factores) aumentará.
Uma guerra nuclear é possível mas não é provável, pois as superpotências têm possibilidade de ir destruindo a humanidade de maneira avulsa e com meios mais económicos e menos bombásticos: com os sismos catastróficos provocados pelos rebentamentos subterrâneos de bombas termonucleares.
Os desertos hão-de crescer, porque se continua a derrubar florestas para imprimir tudo o que por aí se vê no campo do desvario papelístico.
Os incêndios hão-de continuar, não porque sejam climaticamente inevitáveis mas porque é necessário e urgente ganhar terreno para plantar eucaliptos.
Incêndios no Verão, em Portugal, também não faltarão (como nunca faltaram), enquanto as celuloses precisarem vorazmente de eucaliptos e de serras para os plantar.
Os supersónicos continuarão a destruição do ozono, e portanto, a alteração drástica dos climas e do regime de irradiação solar da biosfera, bem como tudo o que dessa irradiação depende. Continuará também o sofisma de culpar unicamente pela destruição do ozono os clorofluorcabonetos, quando eles são, mais uma causa, a juntar aos superjactos.
Como não se recicla sistematicamente (mas esporadicamente, apenas como medida de propaganda autárquica), porque é contrário às premissas irracionais do sistema, continuará, como até aqui, a desperdiçar-se metade da energia disponível.
O fenómeno da eutrofização dos lagos há-de agravar-se, porque se continuam a encher as águas de pesticidas e matéria orgânica que provém, entre outras fontes, dos detergentes.
Se ninguém vai parar com os detergentes e outros poluentes das águas, é evidente que haverá mais lagos e rios mortos.
Se se continuar a dizer - com um ar que finge não admitir dúvidas - que é preciso despovoar os campos, é evidente que a agricultura continuará na ruína e as cidades-pesadelo a serem o cancro que são.

Bruxo quem adivinhar isto?
Portugal vai ser invadido de Petroquímicas: é evidente que os acidentes no transporte, em veículos longos, desses produtos perigosíssimos não vão evidentemente diminuir.
Bruxo será adivinhá-lo já? Ou estúpido será escamoteá-lo, enquanto todos os hinos de louvor se tecem à Petroquímica? Quem lava o cérebro a quem? E quem promove a doença? Quem ganha com a nossa morte?■

BIOCARBURANTES + FOME

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14-4-2007

BIOMASSA, BICOMBUSTÍVEIS, EMPRESÁRIOS VERDES & ETC:
RESTOS DE UM TEMA QUE FICOU POR DISCUTIR

Já aludi neste blog ao fracasso que foi a publicação do meu texto sobre o problema da biomassa (o que eu julguei ser problema mas que afinal parece que não é), texto que foi recebido com um ruidoso e fúnebre silêncio de morte. Num forum de discussão como a Ambio Archives, raramente ou nunca acontece tão grande e estrondoso silêncio. Discute-se tudo e muito e às vezes bem.
Tendo acontecido, a culpa é portanto e totalmente minha.
Por isso volto ao tema com mais algumas notas do meu bloco-notas, onde dou largas às minhas angústias existenciais, uma das quais, neste momento, é o tsunami da biomassa com que nos ameaçam.
Notícia do «Diário de Notícias»:
«O incentivo à produção de etanol nos Estados Unidos pode originar «consequências devastadoras para os mais pobres e sérias consequências na segurança alimentar mundial», lê-se num estudo a ser publicado no número de Maio/Junho da revista «Foreign Affairs».
A utilização do milho como biocarburante fez subir o preço deste cereal e, segundo os professores da Universidade do Minnesota, Ford Runge e Benjamin Senauer, o facto ameaça a dieta de mais de 2,7 mil milhões de pessoas que vivem com menos de dois dólares por dia.»
É das tais notícias que não precisam de comentário.
Poucas palavras a dizerem tudo.
O que facilita a minha campanha contra o etanol, os biocombustíveis, a indústria da biomassa e etc.
+
Tratando-se de biomassa , os poderes vão todos muito contentes cortar a fita nas badaladas inaugurações. E ainda comentam que é preciso discutir o nuclear.
Ele há coisas fantásticas não há?
Ou serei eu que estou a delirar?
+
Afinal existe um secretário de Estado da Energia.
Hélas!
Não estamos entregues à embriaguês dos verdes: ele chama-se, segundo li, Humberto Rosa.

ESQUILOS E CARVALHOS

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[2-12-2005]

ANTES DA SERRA MECÂNICA

Agradeço ao Canal Odisseia que, num pequeno intervalo, me deu quase uma hora sobre os carvalhos de uma região da Alemanha que nos dizem estar «protegida». Ainda bem. Agradeço aos esquilos e outras criaturas visíveis que apareceram no documentário, felizes no seu habitat e antes que chegue a serra mecânica. Agradeço a todos os que, mais do que sobreviver, ainda conseguem descobrir o maravilhoso que apesar de tudo persiste em existir neste mundo de tsunamis provocados por rebentamentos nucleares subterrâneos. Ou de pandemias virais provocadas por uso e abuso de antibióticos.
Para que conste, deixo a notícia do «Diário de Notícias», pela qual soube do referido documentário:
«« A história do carvalho no Canal Odisseia
«O carvalho é considerado como a árvore entre as árvores, símbolo de força, sabedoria, perseverança e resistência. Um documentário que o Canal Odisseia apresenta em estreia em Portugal, vai dar a conhecer melhor esta espécie.
«O ciclo vital do carvalho corresponde ao de dez vidas humanas e a abertura do seu tronco serve de casa a mais de 500 espécies diferentes de animais e plantas.
«O documentário do Canal Odisseia, que pode ser sintonizado no cabo, intitulado «A Árvore Entre as Árvores», foi realizado por Yves Riou e Philippe Pouchain e produzido pela Cinétévé, de França, em 2005.
«Este documentário acompanha a vida destes gigantes naturais, através de cada uma das estações do ano.
«O carvalho vai ter de superar as altas temperaturas do Verão, as tempestades de Outono e as quedas de neve do Inverno, antes de chegar à Primavera.
«Esta história natural é contada do ponto de vista biológico, cultural, histórico e até mitológico.
«A Árvore Entre as Árvores estreia-se às 21.00, voltando a ser exibido amanhã em duas sessões: 05.00 e 12.00.»»

segunda-feira, 17 de março de 2008

SÓ NO FIM

tecnologia-1-di> sábado, 8 de Dezembro de 2007

A ESCALADA DA TECNOLOGIA

A tecnologia é invencível.
Para cada calamidade produzida pela tecnologia poluente ou hiperpoluente, há sempre uma «nova» tecnologia (sempre mais avançada) para resolver os imbróglios das anteriores. E assim sucessivamente.
A tecnologia não só é invencível: é imparável. E só vai parar no fim.

domingo, 16 de março de 2008

PARADOXOS

2560 bytes - ddae-1-diario de um aprendiz das energias

4-2-1997

COISAS DA ENTROPIA NA ERA DO VIRTUAL

Lisboa, 1989 - O outro lado da prosperidade, do celofane, do néon, do êxito, do sucesso, das metas, dos heroísmos.
O outro lado da opulência ou o preço que se paga pela «felicidade» do consumo.
A duplicidade do real: nada é nunca só uma coisa.
A visão taoísta. O Tao-Te-King como «livros dos paradoxos»? A permanente contradição do que passa e muda é a marca de toda a sabedoria.
A moda da moda torna-se anti-moda.
O que vale hoje, deixa de valer amanhã e volta a valer depois de amanhã com o rótulo de «retro» e volta a deixar de valer depois de depois de amanhã.
O piroso hoje é capaz de ser bestial amanhã, contanto que a máquina do lucro continue girando.
O antigo torna-se «up to date» , tira-se da arca onde estava escondido e chama-se «revivalismo».
O Packard dos anos 40 é a face do modernismo do «Roger Rabbitt».
A avalanche de dados na era do virtual tem a ver com esta cultura da incultura, com esta informação desinformada. Quem selecciona e o que se selecciona?
Onde está o filtro, o critério selectivo, o que permanece do que muda?
Onde e quando (em que momento ) deixa o «budismo tibetano» de ser uma antiguidade clássica para responder a prementes necessidades do espírito moderno , do homem contemporâneo e do vazio do virtual?
Que é isso de moderno e de pós-moderno?
Alguns paradoxos para uma actualização do «Tao te King»:
O fascismo das democracias
A poluição da limpesa
Os desperdicios da Economia
As doenças da Saúde
A desinformação da Informação
A lentidão da rapidez (tráfego urbano, por exemplo)
O stress dos tempos livres
A tecnologia que escraviza

A FACE SOMBRIA

2560 bytes -ahvv-1-antecedentes da hipótese vibratória 1988

«DHARMA» TIBETANO 
E OS DEMÓNIOS ACTUAIS

21/9/1988 - Relativamente ao que o Lama Kunzang Dorje, nos seus ensinamentos, designa por «loucura e absurdidade do século», «doença» dos tempos actuais ou por «monstros modernos», o budismo tibetano da escola Nyingma advoga uma atitude de não-violência, como é próprio do «dharma» budista.
Ao preconizar que «as próprias energias da Doença sejam utilizadas para a dominar», o «dharma» tibetano demarca-se de outras doutrinas que, reconhecendo o «mal do século» , o «tempo de horror, terror e decadência», para ele e contra ele preconizam uma atitude de «combate».
O budismo tibetano convoca as energias de cada ser humano em benefício de todos os seres mas, por isso mesmo, sem o dilaceramento dramático da oposição, da violência, do contra-ataque, do taco a taco, que são vorazes devoradores de energia.
Demarca-se, por isso e também, da acção ecologista, que partindo embora da mesma constatação - a profunda crise ou doença do nosso tempo - para ela preconiza uma atitude de «anti», «contra» e «combate», através da luta política, por exemplo.
No plano da análise e diagnóstico da situação, no entanto, há preocupações comuns e até a nomenclatura do pensamento ecologista não difere daquela que o lama Kunzang, nos seus Ensinamentos, adopta.
Tal como ele, os ecologistas preocupam-se com o «buraco na camada de ozono da estratosfera», com o Cancro, o Stress, o Inferno urbano, a droga, as seitas, a tortura, os medicamentos químicos, enfim, toda a face sombria do nosso tempo.
O ponto de partida é comum mas a estratégia é diferente: em vez de confronto, luta, combate, o budismo tibetano aceita, serenamente, que a «mobilização de todas as energias humanas» pode esconjurar os «demónios actuais».