terça-feira, 31 de julho de 2007

DUPLA MEMÓRIA

trabalho-1-ac-ab>

ECOLOGIA DO TRABALHO, ECOLOGIA HUMANA: A QUADRATURA DO CÍRCULO

Ecologia do trabalho consegue ser notícia do dia, em 30 de Julho de 2007, na RTP Memória , num espaço intitulado «O País em Memória», de inspiração claramente abrilista: antes do 25 era tudo mau, depois do 25 é quase tudo muito bom.
O ambiente de trabalho põe em questão uma coisa muito mais inconveniente: a sociedade industrial e o chamado progresso tecnológico . Sem saída. Daí que o tema seja inabordável em jornais, telejornais e fóruns de discussão.
Nem irónico, nem trágico, nem inesperado que o ambiente de trabalho seja notícia na dupla memória de um canal de televisão. A rotina dos silêncios, antes e depois do 25 de Abril, caracterizam as questões de Ambiente que bem podemos considerar, face à ideologia bem pensante e ao politicamente correcto, as «verdades inconvenientes».
Uma breve resenha dos itens ouvidos na RTP Memória diz bem o que eu quero dizer quando falo de ecologia humana e seus tabus, de ecologia do trabalho como um dossiê de todos os silêncios:
Aceleração dos ritmos de trabalho
Capacetes
Decibéis ensurdecedores
Indústria Metalomecânica
Luvas
Petroquímica
Pirites de Aljustrel
Pneumoconioses
Poeiras
Problemas oftalmológicos
Protecção individual do trabalhador
Protectores auriculares
Silicose
Surdez profissional – segunda causa de invalidez
+
Outro tema - o mais tabu de todos - podia lembrar-se:
Cancro profissional
+
Em vez de querer tapar o sol com uma peneira é talvez mais honesto reconhecer a «quadratura do círculo» , o «beco sem saída» e assumir:
que toda a sociedade industrial, capitalista e anti-capitalista, está em causa (antes da Queda do Muro de Berlim, podia-se dizer a Leste e a Oeste)
que a engrenagam industrial é um beco sem saída
que as medidas «de protecção individual »(luvas, capacetes, auriculares) em ambiente de trabalho hostis são perfeitamente inconsequentes quando não são impraticáveis
que os acidentes de trabalho são apenas números de uma estatística
que um médico do trabalho (mesmo quando existe) nada pode fazer além de verificar a doença (silicose, asbestose, pneumoconiose, etc)
que os seguros pagos ao trabalhador são irrisórios
que as pensões de invalidez são para morrer e não para viver
que os ritmos de trabalho são determinados pela lógica da competição industrial e são quase sempre de enlouquecer
que os «Tempos Modernos» de Charlie Chaplin continuam a ser actuais e que de facto temos uma escravatura moderna


segunda-feira, 30 de julho de 2007

HÁ JÁ 17 ANOS

GUERRA CLIMÁTICA, FOGOS & ENERGIA KI (BIOENERGIA)

Em tempo de fogos - tema interdito por excelência - volto ao meu desporto favorito: encontrar nos arquivos a notícia (fresca) do dia: ao contrário do que diz o Pacheco Pereira (historiador emérito) a melhor novidade encontra-se nos arquivos, desde que implacáveis.

SECA E FOME

Nesse conjunto de «ensaios longos» e/ou «grandes inéditos» - rótulos sob os quais durante muito tempo os arrumei - avultam os temas da fome e daquilo a que chamei «guerra climática», temas de fundo para qualquer ecologismo de recursos. Essa é, aliás, uma das pedras de toque para avaliar que pífaro nos cantam os alegados ecologistas: é que não há estratégia, filosofia, política ou ideologia com o prefixo «eco» que possa existir sem partir desta realidade crua e brutal: é dos recursos alimentares, passando pelos recursos climáticos e seu bombardeamento pelos blocos imperialistas - que obviamente manipulam os climas -, que se terá de partir para compreender alguma coisa da política internacional na perspectiva ecológica.
Dos muitos textos que escrevi sobre os sofismas da fome e os recursos alimentares do Planeta, destacam-se alguns temas dominantes que me obceca(va)m:
-Fome pré-fabricada e pré-planeada pelas multinacionais do agrobusiness
-Ciência diz amen e pouco mais faz
-Cientistas promovem a fome dizendo que a combatem (o célebre episódio do prémio nobel da leguminosa seca)
-Os insaciáveis cientistas ao serviço da sofística multinacional
Um dos interfaces curiosos para este tema - que numerei como tema nº 1 - , é as ligações do problema alimentar mundial com as teses da ecologia alimentar, perfeitamente coincidentes: num e noutro caso, é de bionergia que se trata e de poupar bionergia, aquela que os chineses chamam ki. Sempre o tema recorrente da energia está no centro da questão ecológica: quem (não) quer ver?

RETROSPECTIVA COMPROVATIVA:
http://pwp.netcabo.pt/big-bang/ecologiaemdialogo/mep.htm

sábado, 28 de julho de 2007

HÁ JÁ 34 ANOS

28 de Julho de 2007

RETROSPECTIVA COMPROVATIVA:
http://www.catbox.info/catbooks/+arquivos%20ac+.htm

APELOS DA GREENPEACE

Dos mares percebe a Greenpeace, que se locomove no «Rainbow Warrior II» em defesa das queridas baleias.
Novamente notícia, a famosa organização dá título de jornal em 9 de Julho de 2007:

«A organização ecologista Greenpeace denunciou hoje que a construção massiva, a poluição e as alterações climáticas ameaçam o Mediterrâneo, apelando para a protecção de 40 por cento deste mar.

«As denúncias da Greenpeace surgem um dia após um estudo elaborado por cientistas europeus e co-financiado pela União Europeia ter relevado que o Mediterrâneo se encontra "fortemente ameaçado" pelo impacto da actividade humana. Segundo a investigação "Modos de Vida Europeus e Ecossistemas Marinhos" - um trabalho que também analisou o mar Báltico, o mar Negro e o Nordeste do Oceano Atlântico - o crescimento urbanístico e turístico no litoral, o aumento das espécies invasoras introduzidas pelo Homem e a pesca excessiva ameaçam as águas mediterrânicas. A chegada massiva de turistas à costa mediterrânica provoca, todos os Verões, um aumento da população na ordem dos 30 por cento, percentagem que deverá duplicar nos próximos 20 anos. A crescente pressão para a construção de estações de tratamento de esgotos e infra-estruturas de transportes conduz, por seu turno, a uma cada vez maior degradação das praias, segundo os especialistas europeus. A organização Greenpeace denunciou que o "crescimento vertiginoso do turismo" nos últimos 50 anos e o "desenvolvimento urbano incontornável" levaram à urbanização de cerca de 34 por cento da orla costeira espanhola. No ano passado, mais de 1,5 milhões de novas vivendas, 275 campos de golfe e 36 portos desportivos foram projectados na zona costeira, informa a organização ecologista. A Greenpeace salienta que ao tratar-se de um mar semicerrado, o Mediterrâneo é muito sensível à poluição, sendo precisos mais de cem anos para que as suas águas se possam renovar totalmente. Apesar da frota pesqueira europeia ter diminuído no Mediterrâneo a partir da década de 90, as embarcações de pesca não comunitárias aumentaram, levando a que, de acordo com a Greenpeace, muitas populações de peixes se encontrem à beira do colapso devido à pesca excessiva. Espécies como o peixe-espada e o atum vermelho, cuja população adulta diminuiu 80 por cento nos últimos 20 anos, encontram-se entre as mais ameaçadas, adianta a Greenpeace. A organização advertiu ainda que a região mediterrânea vai ser uma das mais afectadas pelo impacto das alterações climáticas, prevendo que levem a um aumento da temperatura da água e do nível do sal do mar, a mudanças na biodiversidade e nas correntes marítimas, assim como a um aumento da erosão costeira. Neste contexto, a organização prevê para o ano 2050 uma subida de 20 centímetros do nível do mar, sendo que cada centímetro equivale a um retrocesso de um metro de costa. Para denunciar esta situação, o navio da organização ambientalista "Rainbow Warrior II" chegou ontem a Valência, Espanha, e nas próximas duas semanas navegará pelas águas do Mediterrâneo espanhol.»
+
Em 15 de Outubro de 1988 (já lá vão 19 anos) escrevia eu e publicava na «Crónica do Planeta Terra» (jornal «A Capital») quatro linhas sobre a morte dos mares, já então uma espécie em vias de extinção:
««Hoje, a morte dos mares tornou-se rotina dos noticiários internacionais: fala-se na morte do Adriático, do Mediterrâneo, do Báltico e do Mar do Norte, com a mesma naturalidade, e a mesma resignação, a mesma indiferença e o mesmo cinismo com que, há 15 anos, se falava no biocídio de várias espécies animais.»»
Mas há 19 anos já escrevia também na mesma crónica que há já 15 anos que o alerta fora dado, o que soma 34 anos a dizer o mesmo:
««O mundo está a desfazer--se - dizem as estatísticas - -e nada indica que possa inverter a marcha para o abismo, com as medidas pontuais, casuísticas, que a chamada política do ambiente põe em prática, quando põe.
Há 15 anos, o alerta já era este e desde então nada mudou para o lado da esperança, antes pelo contrário: acumularam-se os sinais de apocalipse e desespero.»
Desculpem lá esta retrospectiva mas não admito ultrapassagens pela direita dos barquinhos de luxo da Green Peace: lá porque eles são ricos, também quero que os meus apelos (comovidos) a favor das espécies piscícolas, sejam ouvidos.

JÁ HÁ 16 ANOS

agosto19>diario> [Eu-espectador]

O PESADELO CIRCULAR

19/Agosto/1991

A falta que faz Deus, meu deus!, a falta que faz a religião! Como pode um ser humano carregar sózinho tamanho pesadelo como é a existência! Como pode alguém matar alguém e continuar a viver? O que se passa na alma de um homem assassino? É preciso ter compaixão de quem praticou violência, crime, tortura, de quem feriu outra energia, de quem magoou, de quem provocou sofrimento, de quem odiou, de quem queimou, de quem destruiu. É preciso ter pena de uma alma que, por força física do equilíbrio natural, pagará as penas eternas do inferno. É isso a eternidade! O cinema incita à violência, a sociedade incita à violência, a violência incita à violência. Círculo infernal! Como sair deste círculo? Como parar, suspender a vida, para viver a morte? Como se abre um parêntesis na eternidade do sofrimento e do horror?
[Foi escrito quando via «Um Longo Verão», baseado no livro «The Hamlet» de William Faulkner]

sexta-feira, 27 de julho de 2007

LABORIOSOS LABORATÓRIOS

amianto-1-eh>

3 NOTÍCIAS DE ECOLOGIA HUMANA:
A CIÊNCIA DE QUE SOMOS COBAIAS

COMPROVATIVO DO PONTO 1:
http://catbox.info/big-bang/big-bang1/ruido.htm

Graças a Deus e à falta de assuntos mediáticos que acompanha sempre os calores estivais – a «silly season» - vamos tendo notícia de assuntos e temas normalmente olvidados na época alta da Política, do Parlamento e, claro, das economias e suas geringonças.
Os assuntos de Ecologia Humana, a bem da humanidade e para que conste, só na última semana os jornais vieram lembrar-nos três, muito antigos mas que os laboriosos investigadores de sempre encontraram finalmente nos seus laboratórios (os laboratórios da ecologia humana, como se sabe, são ao ar livre e chamam-se Ambiente ou, de preferência, Meio Ambiente).
Note-se, já agora, que as cobaias desses laboriosos laboratórios de ecologia humana somos nós, ditos seres humanos, cidadãos, consumidores, utentes, espécie humana, etc.
Vamos então sumariar as tais notícias da «silly season» e que, no meu caso, desde há muito tenho em mil pastas com o rótulo «os dossiês do silêncio».
1. «Ruído mata mais na Europa do que a poluição do ar» (26 de Julho de 2007)
2. «Amianto vai causar um milhão de mortes até 2030» (25 de Julho de 2007)
3. Impacto da Aviação no Ambiente chega a Lisboa» ( 23 de Julho de 2007)

(O google news deve dar em directo estas notícias, se consultarem estes títulos).

Temos que resumir para não ocupar muito espaço na Ambio:

1. «O ruído provocado pelo tráfego automóvel na UE (UE) causa 40 por cento mais mortes por ataques de coração e hipertensão do que a poluição do ar, de acordo com o que conclui um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS). »
A OMS finalmente ouviu os meus rogos e lá foi investigar o que eu solicitava às autoridades científicas num livro que publiquei, em Março de 1974, Editora Arcádia, Nº 2 da colecção «Dossiê Zero»: «A indústria do Ruído e o Direito ao Silêncio».
33 anos para a OMS investigar o óbvio também não são assim tanto tempo além de que 33 é a idade do Cristo, sempre benvindo neste tempo-e-mundo de tanto progresso.

2. «Só ontem foi transposta a directiva comunitária sobre o amianto» dizia a jornalista Carla Aguiar no «DN», que chamava ao dito amianto «invisível assassino».
A directiva comunitária é de 2003 e «impõe regras mais rígidas às empresas que lidam com o amianto, como as de construção civil ou de manutenção de equipamentos».
Resumindo e concluindo: «O amianto foi usado com grande profusão entre 1945 e 1990, sendo apenas proibido na UE em 2005.»
Não tenho tempo de ir verificar nos meus arquivos a data em que tomei conhecimento da «asbestose» mas deve ser da década de 80 em que andei muito interessado na «ecologia do trabalho» e percorri em reportagem vários sítios em que soube de como eram as condições ambientais de certos trabalhadores em contacto com o amianto. Também não me lembro se a asbestose estava ou não classificada como doença profissional ou doença do trabalho.
Quem se lembrar que diga.
Mas nada disso interessa: o que interessa agora é reprimir e, acima de tudo, reconverter os tectos falsos (milhares) que provavelmente contêm amianto. Como diz a notícia da Carla Aguiar, o amianto «pode estar nos tectos falsos de muitos escritórios, nos isoladores térmicos para protecção contra incêndios dos edifícios, nos telhados de chapa ondulada feita de fibrocimento, que são o tecto de muitas instalações fabris, ou mesmo de escolas, em cordas, ou materiais para isolamento de tubagens ou caldeiras.»
«É assustador e pode vir a assumir uma dimensão de pandemia.» confessou ao «DN» Armanda Carvalho, Inspectora da Inspecção Geral do Trabalho.

3. «A aviação e as alterações climáticas» foi o tema em foco no workshop que se realizou em Lisboa e de que a agência Lusa dava discreta notícia: Emissões de CO2 em voo de Lisboa a:
Londres – 166 Kg
Recife – 410 Kg
Macau – 765 Kg
O resto são as disposições da Organização da Aviação Civil Internacional, manifestamente preocupada com este contributo da aviação para o aquecimento global.
Não sei se sonhei ou se em tempos enviei para a Ambio qualquer coisa relacionada com isto mas que, como então constatei, não preocupava ninguém. Nem devia ser assunto de conversa.
O INAC (Instituto Nacional da Aviação Civil) ouviu as minhas preces e reuniu de urgência este workshop em Lisboa.
Obrigadinho ao INAC que respondeu ao meu apelo.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

A BOA NOVA

adn-3>a-18>

ENTEÓGENO = O QUE TE CONTACTA COM DEUS

Lisboa, 30/4/1992 - - O mais assustador desta época assustadora é que se viesse agora, sentado em uma nave luminosa tão bela como a do Spielberg, um extraterrestre depor na mão da humanidade a solução para os mais graves problemas e a saída dos mais angustiosos impasses, ninguém o ouviria.
E acontecia-lhe possivelmente o que aconteceu ao Cristo. Crucificavam-no. Acontece que essa mensagem e esse mensageiro já está entre nós. Meu Deus : que lhe vamos fazer? Rir-lhe na cara? Cuspir-lhe? Crucificá-lo? Demiti-lo da Universidade? Acusá-lo de corruptor de jovens? Metê-lo na cadeia e julgá-lo?
A abjecção é para esquecer: o Kali Yuga está no auge mas já vai passando. A prioridade absoluta é para o Aquário e no centro do Aquário estão as TAV's (Tecnologias apropriadas de Vida) e no Centro de todas as Tecnologias de Vida está o Pêndulo, que nos dá a chave para abrir e potenciar (sinergiar) todas as outras. Que vamos fazer a Etienne Guillé, último (e possivelmente derradeiro) mensageiro da Esperança.

terça-feira, 24 de julho de 2007

HÁ JÁ 11 ANOS

1-11405 caracteres- lapidar1>frases>

[25-12-1996]

ANEXINS DE AC EM 1996

Pobres não podem esperar mais tempo. Egoísmo dos que podem ignora miséria dos que precisam. (18/6/1984)

Poupança de energia é melhor do que descobrir um poço de petróleo. (13/9/1983)

Sem viragem no (modelo de) crescimento económico, será cada vez maior o fosso entre pobres e ricos. (10/9/1983)

Mais despoluição, menos despoluição, mas nós é que pagamos.(4/7/1983)Um grama de prática é melhor do que uma tonelada de teoria.(4/6/1987)

Enquanto houver «Bopais», toda a política de saúde é hipócrita.

Corrente ecologista, uma cosmovisão.

A pobreza evangélica não é miséria nem indigência: é ter em dia com a natureza a contabilidade energética.


Andar à frente do tempo é sina de precursores.

Sociedade industrial, sociedade do chafurdo.

Ecologistas e sindicalistas: união impossível (ver greves contra utentes e cidadãos).

Cortam-nos as pernas e querem que a gente ande (confissão de um paroquiano ao seu padre).

O que é não aparece, o que aparece não é.

Gratidão, oxigénio da alma. (15/Setembro/1984)

Nem só de trabalho vive o homem.

Fala mas cala-te: a essência do oculto e do secreto.( 17/7/1986)

A poluição a quem a produz.

Quem diz ecologia, diz energia (e viceversa).

É mais fácil ir a reboque da Mentira, do que resistir e lutar pela Verdade.

Não podemos dominar a Natureza mas apenas obedecer-lhe.

domingo, 22 de julho de 2007

À ESCALA GLOBAL

merkel-2-nw> sábado, 21 de Julho de 2007

O BECO DO NUCLEAR: UMA VISÃO METAFÍSICA

A questão do Nuclear, afinal, é muito simples.
O nuclear não é apenas mais uma tecnologia num mundo orgulhoso de tanta tecnologia, mais um disparate no meio de tantos outros disparates que um alegado progresso tem imposto a uma humanidade escravizada.
O Nuclear é uma viagem ao Inferno e sem retorno. O mundo foi aprisionado e não há saída. Mesmo que alguém, algum país, quisesse recuar, não podia.
Mesmo que fosse possível (e não é) desmantelar, uma a uma, as centrais nucleares, mesmo que fosse possível não construir nem mais uma (e não é), o beco sem saída continuaria sem saída.
Mais dia menos dia, com mais ou menos proliferação, com mais ou menos países a quererem entrar na corrida, uma guerra nuclear (que pode começar por uma guerra dita de armas convencionais) torna-se inevitável.
Os que ainda hoje defendem ou alguma vez defenderam o Nuclear são automaticamente cúmplices de todos os milhares de mortos que isso provocou e continua a provocar, em sismos induzidos por rebentamentos subterrâneos de bombas ditas termo-nucleares.
Cada governante que grita querer transformar o seu País em uma potência nuclear, é automaticamente cúmplice desses milhares de mortos.
O problema do poder – tal como o sistema que vai matando os ecossistemas – é que faz parte de um conjunto que não se pode separar, as peças convenientes para um lado e as inconvenientes para outro: é o que eles próprios chamam «o preço a pagar pelo progresso».
Preço em vidas (vegetais, animais, humanas), preço em recursos da Terra, preço em energia (já se disse que uma central consome mais energia do que a que produz), tudo isso cai em cima dos poderosos, cola-se-lhes à alma e para sempre. Nunca mais sai.
Felizmente (para ele) que o poder nunca faz exame de consciência. Se fizesse, desfazia-se em pó.

sábado, 21 de julho de 2007

BECO SEM SAÍDA

merkel-1-nw>

UM CENÁRIO DE HORROR, DIZ A JORNALISTA

Com a lição bem aprendida e recapitulando a matéria do primeiro ciclo, a jornalista Carla Guerra, correspondente em Berlim do «DN», publica neste jornal, 20 de Julho de 2007, um resumo muito elucidativo do status quo nuclear na Alemanha e no mundo.
Aliás, o beco sem saída do nuclear é muito, muito simples. E repete-se sempre igual a retórica mediática que o acompanha: quando não se reduz ao silêncio puro e simples, não passa dos lugares-comuns tetra-conhecidos, logo que um acidente faz voltar o assunto aos jornais:
O compromisso da Angela Markel de «encerrar centrais nucleares até ao ano 2020» traz à tona os velhos lugares comuns da retórica pró-nuclear:
«O compromisso de encerrar centrais nucleares causará graves danos à economia»
«Os gigantes industriais e organizações comerciais temem sérios prejuízos na economia alemã, a perda de postos de trabalho e o êxodo de trabalhadores qualificados»
Finalmente, a grande razão patriótica, que também move o Lula da Silva, no Brasil, aspirante a grande potência nuclear, como ele disse dias antes dos 200 mortos no aeroporto de S. Paulo:
«como vai a terceira maior economia do Planeta [Alemanha] compensar a necessidade de energia para a indústria caso as centrais encerrem?», pergunta a jornalista Carla Guerra.
À escala global, portanto, a situação nunca poderá piorar mais do que já está: mesmo que alguns países recuassem, alguns querem avançar invocando os mesmos argumentos rançosos dos outros. «Se eles têm, a gente também quer» E assim sucessivamente.
À escala global, a indústria nuclear não contribuiu o mínimo para combater o subdesenvolvimento, antes pelo contrário.
À escala global, o beco não tem saída e as estatísticas tendem a melhorar, como nos lembra a jornalista:
«Os norte-americanos, com apenas 5º da população mundial, são campeões em consumo eléctrico e o país com maior número de centrais nucleares. Hoje, estão a construir quatro centrais e planeiam mais cinco. Mas é a Ásia que tem mais centrais em construção, 29 no total, e planeadas, 64, sendo que por países a China lidera, com 13. A Alemanha, a Suécia e a Bélgica são os únicos países do globo que planeiam fechar centrais nucleares durante a próxima década.»
Uma confissão pessoal:
a.Foram estes números que me fizeram ir ver ao dicionário o significado de duas palavras-chave: «plutocracia» e «imperialismo»
b.foram estes números que me fizeram acreditar em milagres e de que só um milagre nos poderá safar deste buraco negro. O fim do Mundo, portanto, não virá do CO2 e outras tretas que só têm o objectivo de acelerar a proliferação nuclear.
O Nuclear é um beco sem saída.
Um buraco negro.
Uma fraude há muito conhecida e que continua, obviamente, a ter defensores. E aqui na Ambio também. Ainda bem, vão precisar todos que lhes rezem pela alma.
Resumindo e concluindo: venderam a alma ao diabo e agora o diabo já não a devolve.
+
A notícia de Carla Guerra no «DN», 20 de Julho de 2007, não vá o Bruno Garcia dizer-me que ficou confuso:

«« ALEMANHA DIVIDIDA ENTRE O FIM DO NUCLEAR E A DEFESA DA INDÚSTRIA
A PROMESSA DE FECHAR AS CENTRAIS NUCLEARES ATÉ 2020 É CONTROVERSA

Por CARLA GUERRA, Berlim

««O tempo urge para Angela Merkel: ou avança com o compromisso de encerrar centrais nucleares, o que causará graves danos à economia, ou reconsidera e transforma as centrais num tema de campanha para as próximas legislativas.

Os gigantes industriais e organizações comerciais temem que as ambições ecologistas da chanceler Angela Merkel, de encerrar progressivamente as centrais nucleares até 2020, possam provocar sérios prejuízos na economia alemã; a perda significativa de postos de trabalho e o êxodo de trabalhadores qualificados para outros países seriam duas das consequências imediatas mais graves. Merkel colheu louros dos colegas em Bruxelas pelo acordo ambiental conseguido, mas em casa enfrenta agora duras batalhas frente ao poderoso sector industrial, e que podem decidir o futuro da coligação governamental nas próximas legislativas.

A questão central que preocupa o sector industrial é de que forma vai a terceira maior economia do planeta compensar a necessidade de energia para a indústria caso as centrais encerrem? Os empresários argumentam que será impossível conseguir uma redução de CO2 sem cortar e mudar de forma pesada as condições de produção actuais, e o recurso a energias renováveis ao máximo, não seria suficiente para substituir a energia necessária para a indústria continuar em actividade.

"Os políticos estão constantemente a fixar objectivos irrealistas", diz Jurgen Hambrecht, presidente da multinacional de produtos químicos BASF, a maior do mundo e que emprega cerca de 50 mil pessoas só na Alemanha.

A opinião de Hambrecht é partilhada por todas as grandes empresas de energia como a E.ON, RWE, EnBW e Vattenfall. Todos são unânimes ao afirmar que "o Governo não está a ter uma política energética realista, ao invés, defendem políticas anti-energia".

Em conjunto com a federação das indústrias, todos acusam o plano de Merkel de poder desindustrializar um país onde a produção e transformação industriais sempre foram a base do crescimento económico e das exportações.

Das 19 centrais nucleares alemãs, 17 estão em actividade, juntas produzem 21 426 megawatts de electricidade. A mais antiga, Biblis A, funciona há 33 anos, mas até 2005 foram registados 135 incidentes que envolveram estes reactores. Componentes com defeitos e erros de operação foram alguns dos motivos apontados em relatórios, sendo que o mais grave ocorreu em Julho de 2004 quando a água contaminada da central nuclear de Neckerwestheim II contaminou o rio Neckar, no sul da Alemanha.

Para já, tudo indica que Berlim está a viver um grande dilema, por um lado a defesa de políticas ambientais, por outro a protecção do importante sector industrial, crucial para a prosperidade económica do país. Muito provavelmente a questão ambiental vai durar até às legislativas de 2009. Caso o encerramento das centrais nucleares avance nas próximas décadas, conforme acordado no anterior Governo liderado por Gerard Schroeder, os empresários prevêem um cenário de horror em que a competitividade alemã vai estar em perigo e centenas de empregos ameaçados. »»

sexta-feira, 20 de julho de 2007

HÁ JÁ 16 ANOS

1-1 -ecoecon>- diario >-manifest>- [ data do «manifesto alternativo» ] -manifesto do realismo ecológico - eu-eco> - prioridades de uma economia ao serviço do homem

DILEMAS POSTOS À OPÇÃO ECOLOGISTA

18/6/1991 - Uma política ecológica não é propriamente o fim do mundo.
Não é uma remota ficção no horizonte da utopia ou um graal que se procura com muitos dragões pelo caminho.
Uma política ecológica será uma coisa que os jovens hão-de ter que procurar, cada vez mais, à medida que as contradições da sociedade industrial os obrigarem a isso.
A política ecológica, aliás, já existe, mais ou menos dissimulada na política corrente de diversos países.
Só que, em tais casos, aplicam-se apenas pontualmente soluções ou medidas ditas ecológicas e para defesa do Ambiente, num contexto que de ecológico não tem nada.
Em tais casos, não há coerência ecológica entre essas medidas que resultam, portanto, demagógicas ou oportunistas, às vezes, até, eleitoralistas.
Que os governos tomem medidas ditas ecológicas quando elas são directamente simpáticas aos eleitores, até nem é raro e é óbvio. Mas que eles tomem medidas ecológicas de fundo é que constitui raridade.
É para isso -- para uma reconversão ecológica da política -- que os ecologistas têm na sociedade um lugar único, específico, insubstituível.
Eles pressionam o poder, seja ele qual for, a tomar medidas de fundo ecológicas, na certeza de que elas terão de ser tomadas, queiram ou não os governos e as oposições, de direita ou de esquerda, a longo ou a curto prazo, mais tarde ou mais cedo.
Por isso uma estratégia ecológica de desenvolvimento defende:
Prioridade ao sector primário, ao desenvolvimento de pequenas e médias explorações agrícolas, sempre que o dilema seja entre indústria e agricultura;
Prioridade na agricultura às culturas de subsistência, sempre que o dilema seja entre agriculturas industriais esgotantes e culturas alimentares básicas;
Prioridade, nos solos aráveis, a culturas fundamentais, sempre que o dilema seja entre agricultura e turismo, agricultura e parques industriais, agricultura e eucaliptos, agricultura e perímetros militares;
Prioridade ao caminho da autosuficiência alimentar, sempre que o dilema seja entre produzir o que comemos ou importar o que temos de comer;
Prioridade às energias não poluentes, sempre que o dilema seja entre energias que temos e energias que temos de importar;
Prioridade às indústrias menos energívoras e portanto menos poluentes, prioridade às indústrias que gastam menos água;
Prioridade aos direitos das comunidades locais e regionais, sempre que estes entrem em conflito com os planos nacionais de desenvolvimento;
Para os subscritores do Manifesto Alternativo, trata-se de proclamar a República ecológica, quando estiverem para isso reunidas as condições históricas.
Mas até lá não se trata de manter a mono-arquia do desenvolvimento económico monopolista, logarítmico e exponencial -- apenas com algumas correcções de carácter parcial, pontual ou sectorial.
Pode ser contraproducente -- e desacelerador do processo histórico que conduz à República ecológica -- as soluções de protecção ou defesa, ditas ecológicas, dentro de um contexto totalmente inverso dos princípios ecológicos.
CONFIRMATIVO:
http://pwp.netcabo.pt/big-bang/ecologiaemdialogo/ecoecon.htm

quinta-feira, 19 de julho de 2007

FUSÃO NUCLEAR

varandas-1-ac-ab>

CORRIDA CONTRA O TEMPO:
A META ESTÁ PRÓXIMA

Carlos Varandas, catedrático do IST, sobe ao podium e será o presidente do Conselho de Administração do consórcio europeu para o projecto ITER, a maior experiência mundial de fusão nuclear.
Uma glória para Portugal, agora que recebemos a triste notícia (via Saramago) de que iremos, dentro de meses, fazer parte, como província, de Madrid.
Não faço ideia do que seja a (con) fusão nuclear e o ITER mas deve ser giro e caber em pouco espaço. Quiçá nos amplos terraços do IST, ali ao cimo da Alameda D. Afonso Henriques, fundador da nacionalidade. Em último caso, porque não em Marte?
Haverá com certeza alguém, no âmbito da Ambio, capaz de nos explicar em pormenor o que significa todo esse progresso desse projecto: «demonstrar cientifica e tecnicamente a viabilidade da energia de fusão e testar a operação simultânea das tecnologias necessárias para o operação de um reactor nuclear de fusão».
Voltamos a ser pioneiros e aí está o reactor de Sacavém a provar de que antes de o ser já o éramos. Faz cá falta é o Kaulza de Arriaga, um dos grandes fundadores da Pátria logo seguido do D. Afonso Henriques.
Para Carlos Varandas, o novo cargo é motivo de contentamento, já que traz «prestígio ao País e também algumas vantagens em termos de contratos»: bem me parecia que a vertente comercial estava à espreita neste grandessíssimo projecto de alta investigação científica.
Resta dizer que o reactor de (con) fusão nuclear não tem data marcada para a inauguração mas tudo se prepara para arrancar em breve: se o acelerador de partículas cabe na Suíça, porque não há-de o tal da fusão caber em território ainda português e já que estamos com o pé no lado espanhol.
Entretanto, a exaltar estas glórias euro-patrióticas, continuam chegando notícias de desastres com centrais nucleares já velhotas e a cair da tripeça: uma no Japão (culpa do sismo de grau 6,8 ) e outras duas das 17 na Alemanha, como lembrava José Carlos Marques na Ambio.
Só discordo do José Carlos em uma coisa: o nuclear não treme, nunca tremeu nem nunca tremerá: está de pedra e cal. Quando cair cai de vez e em monobloco. Como, é o que eu lhe posso dizer particularmente e em privado. Nunca aqui.
+
Uma senhora, Susana Costa Xara , atalhou a notícia de J.C.M. e põe uma questão pertinentíssima : uma coisa é um projecto e outra coisa é um projecto. Pergunta SX:«foi decidido ontem a criação desse grupo ou foi divulgada ontem a intenção de criar esse grupo?»: eis a dúvida hamlética que se põe e que ditará os destinos da Humanidade.
De facto, nada como sermos rigorosos nos termos científicos.
Fica nebulosa (como sempre) é a posição de Susana Costa Xara, da UCP, relativamente ao Nuclear em geral e a alguns nucleares em particular.
É que hoje, caríssima ambionauta, já não é tempo de talvez, pois, antes assim, mas, mas, mas. Hoje já não há meio termo, não há prós nem contras, não há pois vamos lá a ver se ...
É obrigatório – por questão de consciência e de vergonha na cara – que as pessoas se filiem num dos lados: quando chegar a hora da verdade queremos saber quem contribuiu para a catástrofe e quem colaborou, nos bastidores ou na boca de cena.
Quem cá ficar, pelo menos, e sobreviver ao holocausto que tanta gente ilustre, diplomada, académica, doutorada continua a acarinhar, dizendo amen a toda a patifaria.
É tempo de responder: sim ou não.
Quando chegar a hora não se esqueçam de meter o Saramago no refrigerador do reactor: de fusão ou de confusão, tanto faz. Demos o seu a seu dono.
Vale a pena transcrever a mensagem de Susana Costa Xara, da UCP, já que ilustra a vertente sempre mais importante nestes assuntos de ambiente: a vertente mercantil, investimentos, reforço de investimentos, dotações orçamentais, com piscadelas de olho ao Estado que fornece as massas para estes festejos.
Eis a mensagem de SX: «« Caro José Carlos:É interessante como faço uma leitura tão diferente da notícia que refere!É claro que perante incidentes deste tipo o presidente do grupo alemão não poderia ter outro discurso - lamentar o sucedido! Dizer que o futuro da energia nuclear sofreu um rude golpe evidencia esse lamento e alerta para a necessidade de mais empenho (incluindo mais investimentos) para o futuro desse tipo de energia, se queremos que haja mais segurança.Quanto ao facto de "ontem a Comissão Europeia ter decidido criar um Grupo de Alto Nível para a Segurança e a Gestão dos Resíduos Nucleares", parece-me que reforça a posição da CE face à energia nuclear. Mas tenho uma dúvida: foi decidido ontem a criação desse grupo ou foi divulgada ontem a intenção de criar esse grupo? Não acho razoável que a CE divulgue as suas intenções sem as trabalhar e estudar primeiro. Não sei qual a sua opinião mas para mim faz toda a diferença.Cumprimentos.SX»»

quarta-feira, 11 de julho de 2007

ALIMENTAR OS POPÓS

apanhado-1>

DA ESQUERDA À DIREITA TODOS DE ACORDO:
AFINAL A QUESTÃO É MERAMENTE DE MERCADO

Quando eu pensava, mais uma vez, estar a ladrar no deserto, por causa dos biocombustíveis e do bem que eles fazem ao Ambiente, eis que de todo o Mundo me chegam mensagens de apoio e solidariedade social.
Fantástico!
Sinto-me agora mais acompanhado e tranquilo.
Da esquerda à direita, da direita à esquerda, todos acordam agora para o dilema:
mais fome e deserto, (mais biocombustíveis, mais girassóis, mais soja, mais milho, mais beterraba, para produzir CO2 às carradas),
ou mais alimento para os eternos esfomeados que esperam uma gota de água e um bocado de pão?
Da FAO à OCDE, da OCDE à ONU, todos pedem que se ponham os pontos nos iis, que isto de alimentar os popós a soja, girassol, milho e beterraba é francamente outra loiça.
E já é difícil fazer o balanço das mensagens de apoio chegadas aqui.
+
Leonídio Paulo Ferreira, no «DN» (9 de Julho de 2007) resume assim as últimas da globalização: ««O líder cubano atacou o etanol. Depois, desde a FAO à «Economist» muitos fizeram o mesmo.»»
Diz mais: «Aos críticos do biocombustível juntaram-se dois economistas da Universidade do Minnesota, que na Foreign Affairs proclamaram o mesmo que Fidel: a aposta dos Estados Unidos no Etanol pode ter «consequências devastadoras para a segurança alimentar mundial». Assustador para a metade da humanidade que vive com menos de dois euros por dia.», disseram os académicos de Minnesota.
A coluna de Leonídio Paulo Ferreira, aliás giríssima, pode ser vista na íntegra aqui:

http://dn.sapo.pt/2007/07/09/opiniao/surpresa_surpresa_fidel_talvez_tenha.html

+

Que a Amazónia não será tocada para o efeito – como garantiu Lula segundo as últimas news – eis uma garantia garantida: mas será que ainda existe Amazónia? Ou será que a Amazónia ainda é reserva medicamentosa da humanidade ainda por explorar até esgotar?
Que já deixou de ser o pulmão da Terra, aí estão os desastres climáticos a prová-lo, sempre com a mentira do CO a comprová-lo.
Estimada colega Fátima Ferreira: Vamos lá a um Prós e Contras, que é a maneira mais democrática de convencer os cépticos. Segunda-feira à noite, está bem?
+
A 1 de Abril de 2007, deixei na Ambio esta inconveniência:

««A questão central dos biocombustíveis é a da plantação em massa de monoculturas vegetais, a que podemos chamar, com toda a propriedade, «monoculturas industriais», obviamente esgotantes.

Sejam elas as mais evidentes ou menos evidentes, algumas citadas no artigo da revista «Natural» e sejam elas culturas lícitas de sobrevivência alimentar:

Eucaliptos encabeça o pelotão.

Depois temos A-Z:
Algodão
Beterraba
Borracha
Cacau
Café
Cana-do-Açúcar
Castanha
Chá
Girassol
Milho
Óleo de Palma
Tabaco
Quase tudo coisinhas de que os nossos super-mercados se encontram bem abastecidos. Como consumidores não temos nada de que nos queixar.»
+
«Com um bocadinho de jeito, talvez se arranjasse ainda um quintalinho nas traseiras das celuloses para:

Mais eucaliptos
Mais girassol
Mais tabaco
Mais beterraba.»»
+
Notícias de última hora mostram-se muito (pre) ocupadas com o assunto.
Lula, por exemplo, em nome da grandeza pátria (onde é que eu já ouvi isto?) proclamou a verdade comercial do caso no seu programa de rádio semanal, conforme noticia a Lusa:

««LULA DA SILVA INSISTE QUE BIOCOMBUSTÍVEIS NÃO AMEAÇAM AMAZÓNIA NEM A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

09.07.2007

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou hoje a negar que a produção de biocombustíveis possa a ameaçar a Amazónia e também reduzir as áreas actualmente destinadas ao cultivo de alimentos.

Lula da Silva salientou, no seu programa semanal de rádio, que o Brasil deve estar preparado para defender os biocombustíveis, uma "matriz energética revolucionária já comprovada há 30 anos", das críticas "totalmente descabidas" dos seus adversários.

"Temos adversários que vão levantar todo e qualquer tipo de calúnia contra a qualidade do etanol, contra a qualidade do biodiesel", disse Lula da Silva.

"Não vamos aceitar outra vez o cartel dos poderosos do mundo tentando impedir que o Brasil se desenvolva, tentando impedir que o Brasil se transforme numa grande nação".

Críticos da utilização de biocombustíveis afirmam que a produção de etanol e de biodiesel poderá reduzir a área destinada actualmente ao cultivo de alimentos, causando aumentos futuros de preços no mercado internacional.

Outra crítica é a de que o aumento da área destinada ao cultivo de cana-de-açúcar e de oleaginosas, utilizadas na produção de biocombustíveis, poderá acelerar a desflorestação da Amazónia, na região Norte do Brasil.

"Portugal chegou aqui em 1500 e há 470 anos introduziu a cana no Brasil e a cana não chegou à Amazónia por uma razão simples: os portugueses descobriram há muito tempo que a Amazónia não é lugar de plantar cana porque a temperatura não é propícia para isso", salientou.

Lula da Silva sublinhou que a sua participação na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, na semana passada, em Bruxelas, teve também como objectivo defender a redução das tarifas de importação cobradas pelos países ricos ao biocombustível brasileiro.

"É engraçado porque eles cobram impostos do nosso etanol, cobram do nosso biodiesel, mas não cobram do petróleo. Hoje nós temos 20 países que produzem petróleo por 200 países".

"Com o biodiesel, nós vamos poder ter mais de cem países, ou seja, nós vamos democratizar a produção de combustível no mundo", disse Lula da Silva. »»

segunda-feira, 9 de julho de 2007

CHEGA DE BIOMASSA

bio-cronologia-1>

UM EVENTO MEMORÁVEL: A REVOLUÇÃO DA BIOMASSA

Mais dia menos dia, mais noite menos noite, temos aí um «Prós e Contras» com a jornalista Fátima Ferreira a comandar um painel de ilustres para discutir os prós e contras dos biocombustíveis.
Discutir, de facto, é a forma mais democrática que a ditadura tem de impor os lobbies de interesses.
A breve cronologia que me dei ao trabalho de realizar é dedicada às novas gerações que deverão saber quem lhes preparou o «caos organizado» que irão viver nos próximos tempos. Quando chegar a hora da verdade, peçam contas aos responsáveis.

O SEU A SEU DONO

Eis a breve cronologia:
2003-08-30 – António Cardoso e Cunha fala em êxtase do Etanol, no jornal «Público»
2005-01-20 – Quercus alerta para o monopólio no Biodiesel e aliava-se à Associação de pequenos e Médios Produtores de Biodiesel no protesto.
2005-11-8 – SONAE entra na Biomassa, anuncia Belmiro de Azevedo.
2006-02-27 – George Monbiot desmonta a imensa fraude dos biocombustíveis-
2006-11-11 – Seminário da Quercus conclui com aprovação total e completa dos bicombustíveis em geral e alguns em particular
2007-05-18 – Agostinho Lopes, do PCP, na AR: «É ver o anúncio milagroso dos biocombustíveis , alguns deles autênticas aberrações energético-ambientais».
2007-07-06 – O clímax do «caos programado», em Bruxelas, protagonizado por Lula da Silva, Durão Barroso e Sócrates
2007-07-09 – No seu site on line, a companhia carris de Lisboa anuncia que acaba de aderir ao Biodiesel

Esta breve cronologia dos acontecimentos deu-me um certo trabalho mas valeu a pena: podemos agora reconhecer o mérito de quem o tem e merece, conhecendo mais alguns protagonistas da grande revolução da biomassa.
+
2003-2007: quatro anos para incubar a grande ofensiva do nosso tempo, até nem parece muito. A aceleração dos eventos é uma das marcas dominantes da globalização. E funciona nos dois sentidos: se os programadores do caos têm andado depressa, como tentei mostrar nesta cronologia, também é verdade que os desprogramadores do caos igualmente se apressaram.
+
A jornalista Ana Fernandes, no jornal «Público» ( 8-Julho-2007), secção de Economia, a propósito dos biocombustíveis, utiliza palavras muito significativas: «euforia», «os novos investimentos pululam», «mar de entusiasmos».
Depois, aponta os «senões» e para isso socorre-se de relatórios da ONU, da OCDE, da FAO, entidades acima de toda a suspeita: a FAO era especialista a defender os pesticidas tout d’abord. Mas hoje é pelo NIM aos biocombustíveis.
Divulgado no dia 4 de Julho de 2007, o relatório «sobre as perspectivas da agricultura mundial na próxima década», recorda:
«A crescente utilização de cereais, açúcar, oleaginosas e óleos vegetais para produzir substitutos para os combustíveis fósseis, isto é, etanol e biodiesel» levará, segundo o relatório, a preços mais altos das culturas, afectando, por arrasto, a alimentação animal, o que se irá reflectir nos custos finais.
Sem relatórios da ONU, da OCDE e da FAO mas baseando-me no instinto e no olfacto - ou seja, no meu basismo – tentei dizer isso mesmo, na Ambio, nas datas indicadas na breve cronologia:

2007 -04-01 – NEGÓCIOS DA BIOMASSA

2007-05-11 – MANIFESTO DO ETANOL – IN «AMBIO»

2007-07-5,6 E 7 – ETANOL INDUSTRIAL

Ainda bem que a ONU, a OCDE e a FAO ouviram as minhas preces e responderam às minhas perguntas. Aqui na Ambio, só o José Amoreira e a Paula Soveral me deram apoio. Ou seja: desta vez, em Julho, não fiquei a ladrar no deserto, como aconteceu em Abril e Maio. Alguém acarinhou e confortou a minha solidão.
Verifico agora, às 5 da manhã, que o Miguel Araújo publicou na Ambio o artigo de Ana Fernandes, no jornal «Público», secção de Economia: só queria sublinhar, nesse texto, o que diz dos agrocombustíveis:
«É que «bio» significa vida e os «biocombustíveis podem estar a destruir a vida».
Que seja uma jornalista da área da Economia, na secção de Economia do jornal, a destacar este insignificante pormenor da «vida», talvez signifique que os alegados ecologistas estão muito caladinhos ou colaborando com as forças dominantes. E que a batalha final é mesmo entre o Bem e o Mal, ou seja, entre a Utopia Ecológica e a Utopia tecnocrática.
+
Que os biocombustíveis venham para combater o CO2, quando é exactamente o contrário, nem sequer chega a ser contraditório: é apenas uma perversão de um sistema perverso, de uma lógica perversa. Não deixa de ser eloquente do estado a que chegámos em matéria de «caos organizado», tecnocraticamente programado. Os algoristas podem cantar vitória.
O que foi, na RTP1, a transmissão global do Live Earth, confirmou o que já se previa: os comentários do público que giravam em rodapé confirmam que os algoristas já venceram esta primeira batalha da globalização. Todo o mundo parece vestir o mesmo uniforme e pensar de acordo com a filosofia globalizadora dele: faz alguma coisa lucrativa para que tudo fique na mesma.
Mas o que os marxistas chamavam «contradição» da sociedade capitalista é a eterna luta dos opostos. Alguém sairá vivo desta batalha final.
+
2003-2007 : Quatro anos para incubar a grande ofensiva do nosso tempo-e-mundo, até nem parece muito. Tudo indica, pois, que esta aposta na Biomassa deve ser de origem extra-terrestre. Não surge de repente mas, inesperadamente, explode.
Em quatro anos de eventos – como se pode ver na breve cronologia – os vencedores da corrida podem dar-se por satisfeitos, mesmo que fique alguma má consciência, depois dos avisos da ONU, da OCDE e da FAO.
Ser responsável por mais fome, mais pobreza, mais deserto, mais CO2, não deve deixá-los dormir lá muito descansados. E daí...
+
CRONOLOGIA DO CONTRA NA AMBIO:

2007 -04-01 – NEGÓCIOS DA BIOMASSA

2007-05-11 – MANIFESTO DO ETANOL – IN «AMBIO»

2007-07-5,6 E 7 – ETANOL INDUSTRIAL

MAIS DO MESMO CLIQU’AQUI:

http://www.catbox.info/catbooks/+newsletter+.htm
http://ecologiaemdialogo.blogspot.com/

E chega de biomassa: já enjoa.

sábado, 7 de julho de 2007

ETANOL INDUSTRIAL - 3

etanol-3>

ANTES E DEPOIS DO BIODESEL:
SEM IMPACTO AMBIENTAL QUE SE SAIBA

Dia a dia, hora a hora, a nossa sorte melhora: já não é na página de Economia, nem na de Finanças, nem na de Comércio, que se podem encontrar as notícias frescas e boas sobre Ambiente. É nas da Bolsa, literalmente e sem metáforas.
«Mais de 500 milhões para o Biodiesel» - era o título do suplemento «Bolsa», do «DN» de 6 de Julho de 2007.
Fixemos a data, porque nos vai servir dentro de muito pouco tempo, em que o tempo será dividido entre duas Eras: antes e depois do Biodiesel, tal como era até agora antes e depois de Cristo.
O essencial de matéria tão vasta e tão complexa e tão global, ficou compilado na Ambio, em dois primeiros episódios do folhetim etanol industrial e espero que este possa ser o último. Imagino que os leitores devem estar já tão enjoados como eu. Depende do Ambiente, porém.
Se eu nem sequer sei o que é o Bioetanol, o Biodiesel e outros óis, anseio obviamente que os amantes da Biomassa que navegam na Ambio nos esclareçam em pormenor e com minúcia sobre efeitos, consequências, propriedades, vantagens e merecimentos dos ditos, o que até agora não sucedeu , desde que na Ambio publiquei,
em Abril e Maio de 2007 , um apelo para que os especialistas se pronunciassem sobre o fenómeno ambiental – tipo explosão – que temos vindo a verificar num crescendo até chegar, agora, a Bruxelas, um dos umbigos do Mundo.

https://mail.uevora.pt/pipermail/ambio/2007-April/006885.html

https://mail.uevora.pt/pipermail/ambio/2007-May/007293.html

https://mail.uevora.pt/pipermail/ambio/2007-May/007302.html


Enquanto os amantes da biomassa não correspondem ao apelo que lhes fiz nessas três datas, socorro-me do que encontro e nos últimos dias, como já sabemos, têm sido algumas as intervenções de pesos pesados a fazer o elogio desta nova forma de destruir o que resta dos recursos verdes do Planeta Terra.

Porque, como também já sabemos, o fenómeno é global, vai de antípoda a antípoda e, quando chegar a hora do degelo universal, poderemos dizer que vai de pólo a pólo.
Não devemos retirar o mérito a quem o merece.
O Primeiro-Ministro, em Bruxelas, considera que «os biocombustíveis são uma oportunidade para os países em desenvolvimento».
Diz ainda que «plantações africanas são mais rápidas», ou seja, «a África tem um interesse directo na promoção dos combustíveis porque o continente onde as plantações podem ser feitas rapidamente»
A questão, de facto, é de velocidade. Mas vejam lá não tropecem. Ou não se estampem.
Ainda do primeiro-ministro: «o instrumento mais poderoso que o mundo desenvolvido tem para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) no sector dos transportes chama-se biocombustíveis.»
Infelizmente e como os peritos já provaram, é precisamente o contrário: não reduz mas aumenta.
Para Lula da Silva, «20 países produzem agora energia para 200».
Durão Barroso, presidente da Comunidade Europeia, disse:
«A União Europeia importa actualmente «mais de 80 por cento das suas necessidades petrolíferas e esta proporção tende a aumentar.»
A velocidade a que aludia o primeiro-ministro justifica-se.

O tema dos biocombustíveis vai figurar na agenda da próxima cimeira UE-África, marcada para Lisboa, em Dezembro.
Porque nos teria caído em cima esta fatalidade de liderar o «caos programado», o «caos organizado» é o grande mistério: a providência tem razões que a razão desconhece, coisas inexplicáveis, e apenas sabemos que Deus escreve direito por linhas tortas.
Tudo está escrito, como disseram os profetas. E talvez ainda estejamos a pagar algum karma que herdámos da guerra colonial: ainda nos cabia pagar mais esta (desmesurada) factura.

Falta só saber em pormenor o que dizem disto os ambientalistas : já apelei aqui, à maior autoridade portuguesa, o Viriato Soromenho Marques, de quem se pode dizer, com propriedade, que está com as mãos na massa.
E não apelo ao homem fatal da nossa idade:
1º porque um amigo me alertou de que estava a abusar do santo nome dele;
2º porque o «homem fatal» - e promotor do Festival Live Earth – deve saber de biocoisas & biomassas tanto como eu.
Até agora a única ajuda à minha expectativa veio de um amigo Ambionauta, o José Amoreira, que sobre o Etanol e CO2 disse algo de definitivo e indiscutível. E da minha querida amiga Paula Soveral, que indicou na Ambio três sites do contra.
Num momento em que a algazarra mediática atinge a guincharia mais desenfreada, é evidente que as nossas palavras – as minhas, as do José Amoreira e as da Paula – não podem ser ouvidas nem correspondidas.
Facilitarei aqui a vida aos amantes da biomassa, indicando as fontes noticiosas onde podem saber o mais importante:

http://dn.sapo.pt/2007/07/06/dnbolsa/mais_500_milhoes_para_o_biodiesel.html

http://dn.sapo.pt/2007/07/06/dnbolsa/socrates_acha_producao_biocombustive.html

http://dn.sapo.pt/2007/07/06/dnbolsa/vilas_produzem_energia_adubo_natural.html

E obrigado a todos, mesmo os que não leram. Afinal iremos todos para o abismo e devemos ser solidários. Pelo menos já sabemos quem nos empurra.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

ETANOL INDUSTRIAL - 2

etanol-2>

BIODIESEL E BIOETANOL À ESCALA GLOBAL

Realizado o encontro empresarial, no âmbito da Presidência Portuguesa, Luís Naves deu a notícia, no «Diário de Notícias» (5 de Julho de 2007) e que reproduzo na íntegra mais adiante.
Para já o núcleo da questão:
«Como sublinhou Durão Barroso, o investimento europeu no Brasil é maior do que o somatório do investimento europeu na China, Índia, Rússia e África do Sul. Na plateia estavam os representantes de empresas que representam uma fatia substancial do PIB português e brasileiro.»
A notícia mais importante, depois de Tchernobyl e Three Mile Island, corre o risco de ficar, dentro de alguns minutos, diluída no meio da algazarra mediática que rodeia os eventos políticos & diplomáticos.
Disfarçada nas páginas de Economia, Comércio e Finanças.
Convém ir descobri-la, em rodapé de página, porque temos aí uma boa e grande parte do futuro que espera o Planeta Terra no próximo futuro. Caso haja futuro, evidentemente.
+
As notabilidades que rubricaram politica e diplomaticamente este acordo empresarial tornam-se moral e automaticamente responsáveis pelas consequências planetárias do Etanol industrial.
A Europa reencontra a sua vocação colonizadora e Portugal, através de Durão Barroso, a sua missão navegadora, de grande transcendência metafísica: de um lado, o parceiro Lula-Brasil, do outro lado China, Índia, Rússia e África do Sul. Europa-Charneira que nunca enferruja.
Não se trata propriamente de pequenos países nem de uma área regional abrangida: é um acontecimento à escala global e de consequências globais.
+
Ficamos todos à espera que alguém com pergaminhos no Ambiente venha esclarecer o Mundo das consequências a médio prazo deste gigantesco plano de comércio e indústria.
Onde, como e quando vão ser feitas as plantações necessárias como matéria-prima a este mega-projecto industrial?
E quais plantações?
Até que ponto se vai produzir ainda mais CO2 com o pretexto ridículo e gozador de que os biocombustíveis são para combater o CO2? (José Amoreira já explicou na Ambio esse assunto).
Quantas e quais áreas vão ser retiradas à agricultura ou à Floresta para cumprir compromissos de exportação?
De que maneira vão as culturas esgotantes (necessárias como matéria-prima) contribuir para a desertificação, a seca, as alterações climáticas e a fome mundial?
Quantas e quais áreas da Amazónia vão ser anexadas?
O que pensam os povos daqueles cinco países deste grandioso plano que é o Etanol Industrial?
Lula, nesse ponto, deixou bem claro as ambições do Brasil: «o gigante sul-americano quer tornar-se na Arábia Saudita dos biocombustíveis».
Deve ter para isso mandato popular.
Mas do que todos ficamos mesmo à espera é da opinião de um especialista em Meio Ambiente e ninguém melhor do que o Viriato Soromenho Marques para nos esclarecer sobre os parâmetros e meandros ambientais deste «caos programado».
Esperamos que nos esclareça.
+
Quase se poderia dizer que a presidência portuguesa foi para conseguir este encontro empresarial. O tratado e outras abstracções metafísicas parece até um pretexto para justificar o que custa ao Estado português este glorioso evento: como destacava o «Destak» – que é agora o melhor jornal português, desde que Isabel Stilwell assumiu a direcção – «a Presidência da União Europeia custará, aos cofres do Estado, 51 milhões de euros. Os gastos dividem-se entre hotéis, transportes, remodelação do Pavilhão Atlântico, orçada em 31 milhões, e, ainda, acções diplomáticas. 45 milhões são transferidos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo os restantes seis milhões divididos por outros ministérios.»
Entrando em linha de conta com os subsídios que o Estado Português recebeu da Europa, haja alguém, entendido em números, que faça esta contabilidade para ver quem fica a ganhar e a perder. Ou o assunto não é de Ambiente?
+
Recorde-se que o Brasil – a Arábia Saudita dos Biocombustíveis - deverá construir, em média, uma unidade de produção de etanol por mês, até 2013.
Não é por dia, é por mês.
+
Agora a notícia de Luís Naves, no «Diário de Notícias», 5 de Julho de 2007

««Biocombustíveis dominam encontro empresarial

"No Brasil, plantamos os combustíveis do futuro", afirmou o Presidente Lula da Silva, ontem, na intervenção que fez numa cimeira empresarial que decorreu na FIL, ao lado do Pavilhão Atlântico, um pouco antes de começar o encontro político entre europeus e brasileiros. Numa frase, o presidente do Brasil explicava um dos interesses económicos em jogo: o gigante sul-americano quer tornar-se na Arábia Saudita dos biocombustíveis.

Como sublinhou Durão Barroso, o investimento europeu no Brasil é maior do que o somatório do investimento europeu na China, Índia, Rússia e África do Sul. Na plateia estavam os representantes de empresas que representam uma fatia substancial do PIB português e brasileiro.

Lula falou da questão do comércio internacional, mas também explicou o que o seu país tinha para oferecer: crescimento rápido, sem inflação; influência no Mercosul (o bloco comercial sul-americano).

O presidente brasileiro lamentou as "oportunidades perdidas", numa referência ao "milagre brasileiro", quando a economia do seu país crescia a 14% ao ano. "Mas faltava a liberdade e, no final, os ricos tinham ficado mais ricos e os pobres tinham ficado mais pobres", disse Lula, ao acrescentar que agora seria diferente.

O Brasil pode fornecer em larga escala biodiesel e bioetanol. E, para a Europa, estes produtos permitirão reduzir a dependência em relação à energia importada da Rússia e Médio Oriente, além de serem menos poluentes: o dióxido de carbono produzido pela queima é compensado pelas plantas. Os biocombustíveis encarecem os produtos agrícolas, mas serão úteis para cumprir as metas ambientais dos países ricos. - L. N. »»

quinta-feira, 5 de julho de 2007

ETANOL INDUSTRIAL

etanol-1>

VIVA O ETANOL, ABAIXO A AMAZÓNIA

Sem retoques e sem comentários, a notícia do jornal «Correio da Manhã», em todo o seu esplendor e brilho originais:

««O papel dos biocombustíveis será tema de debate entre o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, o Primeiro-Ministro português, José Sócrates e o Chefe de Estado brasileiro Lula da Silva, em Lisboa, no próximo dia 4 de Julho.

««Os biocombustíveis e a sua influência nas alterações climatéricas, são o tema central da Cimeira UE/Brasil, que na próxima quinta-feira reúne Durão Barroso e José Sócrates do lado europeu com Lula da Silva.

««Os biocombustíveis estão a assumir um peso cada vez maior em termos económicos e ambientais e o Brasil está a desenvolver uma política agressiva neste sector. Com efeito, investiu recentemente 11 milhões de euros e Brasília prevê a construção de uma unidade por mês até ao ano de 2013.

««O investimento resulta do verdadeiro “boom” do sector, após o etanol ter sido considerado uma alternativa aos combustíveis fósseis (o petróleo, por exemplo) responsáveis pelo efeito de estufa.

SEM COMENTÁRIOS:

1. O jornal «Correio da Manhã» usa a palavra «agressivo» para adjectivar o etanol no Brasil: não vejo nada de agressivo nisto, acabar com o que resta da Amazónia será agressivo?

2. O Lula, como estava a conversar em Lisboa com as altas individualidades, não deve saber disto nem deve ter lido o nosso «Correio da Manhã»: não acredito que ele saiba e permita, porque ele sabe que o Etanol (o Bush, que é especialista, deve ter-lhe dito) em dimensão industrial, significa mais seca, mais deserto, mais fome para os deserdados que o elegeram.

3. Que esta política do Etanol seja «agressiva» como dizia o jornal, é o costume e nada a acrescentar: mas que o façam em nome do combate ao CO2 e às alterações climáticas é que me parece quererem gozar com a gente. Que eles queiram continuar a destruir a Amazónia, Pulmão do Planeta, a delapidar recursos vivos, a aumentar a seca, a desertificação, a fome,a pobreza e a morte, não é novidade e já não escandaliza ninguém, nem os alegados amigos do Ambiente: novidade é que o façam agora em nome da defesa do Ambiente e para contrariar o «efeito de estufa».

«Efeito de Estufa»? UAU! granda pinta!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

ORAÇÃO MATINAL

????>

Pela técnica divinatória do Pêndulo e do I Ching
Pela obra fabulosa de Etienne Guillé e de Michio Kushi
Pela técnica aperfeiçoada de jejum terapêutico que é o Prato Número 7
Pelos cinco sabores ensinados pela lei taoísta dos cinco elementos
Pela redescoberta do Ph feita pela Macrobiótica
Pelos oligoelementos de choque que são o Bismuto, o Cobre, o Zinco, o Manganês, o Lítio, o Magnésio
Pelo yin do Potássio capaz de abrir as células para que todas as terapêuticas metabólicas sejam possíveis
Pelo difusor de óleos essenciais que neutraliza insectos incómodos sem os matar
Pelo germinador de cereais que põe à nossa disposição todas as vitaminas do Mundo
Pelo invisível germen do grão de arroz que tem todos os elementos nutrientes mais nobres e mais importantes
Pelo detector de pontos que permite melhorar a massagem shiatsu ou a moxa
Pela maçã reineta com suas preciosas enzimas digestivas
Pela

Perdoamos
aos atrasos de vida que defendem atrasos de vida como o espiritismo e a magia negra
aos que chamam soja ao bagaço de soja (treta desalimentar sem classificação possível)
aos que defendem o Açúcar industrial que é o Desmineralizador Nº 1
aos que confundem causa com efeito, aos que invertem a ordem natural das coisas, dizendo que o vírus da sida provoca a imunodeficiência, quando é a imunodeficiência que provoca o aparecimento do vírus
aos que acreditam com fé na mentira da medicina oficial■

domingo, 1 de julho de 2007

SUSTENTABILIDADE

spce-1-ac-ab>

SPCE/SCE: NOVA FRENTE NA OFENSIVA DA SUSTENTABILIDADE

1.Uma empresa com 25 anos de existência, entra agora pela porta principal na grande avenida da sustentabilidade e tem agora, com o Sistema de Certificação Energética (SCE), criado há um ano, oportunidade de mostrar o que vale e de pôr a render em pleno uma larga experiência de duas décadas e meia «nos vários domínios da utilização racional e eficiente da energia», conforme o declarou, no suplemento «Público Imobiliário», 29 de Junho de 2007, o presidente da Sociedade Portuguesa de Certificação Energética (SPCE), João de Jesus Ferreira, que explica ainda:
«A SPCE possui delegações (já efectivas e em constituição imediata) em Aveiro, Coimbra, Viseu, Faro, Funchal, Ponta Delgada e Porto, sendo o nosso objectivo a cobertura nacional.»
Abre-se assim, dinâmica e activa, uma nova frente na ofensiva da «sustentabilidade» que está a ser instalada entre nós, sem que se dê muito por isso. Mas que devemos saudar com alguma esperança. Acima de tudo com algum respeito. Já que não existe poder político, que exista ao menos um poder económico e financeiro activo, dinâmico e práfrentex.

2.Desta vez é a reconversão na construção civil que está na mira e nada há que opor, antes pelo contrário.
Por estranho que pareça, as notícias sobre Ambiente devem agora ser procuradas nas páginas de Imobiliário. E tudo porquê? Por causa do já famoso, embora recentíssimo, SCE (Sistema de Certificação Energética) dos edifícios, uma forma ecológica, fresca e verde de reconverter uma indústria que naturalmente se vinha queixando de estagnação.
O Governo, que não gosta de estagnação, providenciou há um ano que a AR legislasse e legislou. Um ano depois, já se pode ler este título promissor, nas páginas do jornal:
«Edifícios construídos em Portugal não têm qualidade energética e ambiental».
Por acaso ninguém tinha reparado nisso, desde que os exaustores e ares condicionados funcionem, quem iria pensar numa desgraça dessas?
3.Os ecologistas andam sempre muito distraídos, a brincar ao berlinde e, que me lembre, só no Porto, na Faculdade de Engenharia, um departamento foi pioneiro daquilo que depois se começou a generalizar com o nome de arquitectura climática. Alguém que me diga o nome desse pioneiro, não consigo lembrar o nome, mesmo com ajuda do Google.
Mais para trás, nos primórdios do movimento ecológico em Portugal (década de 70), apareceram folhetos stencilados, de cor amarela, sobre a «casa ecológica» e um livro, também de capa amarela, « A Face Oculta do Sol – Arquitectura e Energia Solar», de Bricolo Lezardeur e publicado pela Via Editora.
Hoje, consultando o Google, podemos ter agradáveis surpresas:
Em «optimização climática dos edifícios» há apenas dois resultados, um deles a belíssima página do Instituto Superior Técnico.
Mas em «arquitectura bio-climática», curiosamente, o número sobe para 896 resultados, aparecendo nomes prestigiadíssimos como o da Universidade Católica Portuguesa e a Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica.
Mas, mais curioso ainda, é a simples palavra «sustentabilidade»: com 683 mil resultados, onde aparecem os nomes de muitas universidades. Significa isto que o Ambiente está em boas mãos e, portanto, viva a sustentabilidade.
4.Perante as declarações de João de Jesus Ferreira, presidente da SPCE, temos que nos congratular apenas com alguns pontos de interrogação e de exclamação.
Por exemplo: «Um dos objectivos da Certificação Energética (CE) é «aumentar a eficiência energética do parque imobiliário em Portugal e na Europa».
Pergunto: o horizonte da Europa para esta nova empresa significará que vamos exportar «know how» em uma matéria de que os novos tempos vão precisar como de pão para a boca?
Se é assim, estamos perante uma verdadeira revolução na nossa economia e teremos que nos congratular.
Já se fala em exportar electricidade, porque não exportar «eficiência energética»? Quem sabe se não encontrámos de novo o nosso destino de navegadores?
5. Segundo ponto de exclamação:
«De acordo com a minha percepção – diz o presidente da SPCE – ninguém está a cumprir os regulamentos que estão em vigor e a que os projectos são obrigados desde o passado dia 4 de Julho de 2006.»
O observador, mesmo desatento, não deixará de se impressionar com o panorama que se desenha relativamente às novas construções e que terá o impacto de uma revolução nas estruturas (em sentido literal). Dir-se-ia mesmo o impacto ambiental de um terremoto.
6. Mas, como se isto fosse pouco, a mesma lógica de reconversão irá aplicar-se a todos os edifícios já construídos:
«Não considero positivo – diz o presidente da SPCE – que só a partir de 2009 seja obrigatório que todos estes edifícios possuam certificado.»
O presidente entende que deveria ser antecipada a data e seriam todos, desde já, a pôr os prédios em condições climatéricas ideais.
Outra revolução, outro terremoto.
7. Uma nova frente se abre, portanto, na ofensiva em curso sob o signo do «desenvolvimento sustentável», expressão envergonhada para substituir o eco-desenvolvimento desde sempre defendido e preconizado pelos ecologistas da utopia ecológica, uma espécie claramente em extinção se é que não totalmente extinta nos pragmáticos tempos que vivemos.
Não deve escapar ao observador atento e interessado no fenómeno público – na polis – algumas constantes que, nascidas em poucos anos, têm acelerado rapidamente e todos os dias se manifestam numa autêntica explosão de novidades e notícias.
8.Foi o caso das energias renováveis, que culminou na entrada triunfal na Bolsa de Valores de Lisboa, de uma nova e prometedora empresa, com uma outra a caminho do mesmo destino.
Foi o caso da publicação do «Anuário de Sustentabilidade 2007 » – onde Belmiro de Azevedo é o nome mais em evidência na capa e no conteúdo da revista.
É o caso, agora, da ofensiva SPCE/SCE (siglas que temos de ir decorando) e que será, como tudo indica, uma verdadeira revolução até aos alicerces (literalmente) do modus vivendi português.
Os mais críticos dirão que em vez do interesse público, mais uma vez irão prevalecer os interesses privados: mas como foi sempre assim, também não é por aí que o gato vai às filhoses.
Não é mau, nem bom, antes pelo contrário. E não vale a pena barafustar. Já nem sequer os sindicatos barafustam, aprenderam a ser flexíveis, porque havia a sociedade civil de protestar?
9.Pura e simplesmente e por dever cívico, devemos estar atentos ao futuro que os interesses privados nos preparam e aos discursos do poder económico e financeiro, já que o poder político totalmente delegou naqueles.
E as notícias de Ambiente devem ser procuradas nos jornais de Economia, bem como nos suplementos de Imobiliário.
O que seriam declarações previsíveis em membros do Governo (um Ministério do Ambiente, por exemplo, que já houve e deixou de haver, como houve uma Alta Autoridade Contra a Corrupção e deixou de haver), aparecem em líderes da comunidade empresarial, em membros do poder económico e financeiro (este sempre mais discreto e sem grandes declarações públicas).
Comum aos vários sectores em acelerado desenvolvimento verde (verdíssimo no caso de uma conhecido Banco) é a nomenclatura que entretanto tem tomado forma e que vai convergir na palavra-chave (e bastante cantabile!) «sustentabilidade».